Samuel Alves da Silva nasceu no dia 25 de junho de 1930 no Município de Catolé do Rocha, que está localizado no Sertão do Estado da Paraíba, distante 411 quilômetros da cidade de João Pessoa, sendo filho de Sebastião Alves da Silva e de Delfina Vieira da Silva.
Os seus pais eram provenientes do Município de Brejo dos Santos, que na época era um pequeno Distrito pertencente ao Município de Catolé do Rocha, distante 360 quilômetros da cidade de João Pessoa.
Os seus avós paternos se chamavam José Alves da Silva e Maria Delfina do Amor Divino, já os maternos eram Martins José da Silva e Francisca Vieira de Freitas.
Para compreendermos alguns episódios de sua história precisamos mencionar os fatos que antecederam o seu surgimento no mundo. Alguns anos antes do seu nascimento o seu avô materno, Martins José da Silva, havia ficado viúvo quando a sua esposa, Francisca Vieira de Freitas, veio a óbito depois de um parto bastante complicado:
“O primeiro desse grupo de paraibanos, Martins José da Silva (∗1891 †1954) , que era filho de José Antônio da Silva e de Delfina Maria da Conceição, chegou por volta de março de 1926 motivado pelo baixo preço das terras cearenses. Ele era viúvo. Algum tempo antes, havia sido casado com Francisca Vieira de Freitas, que era conhecida pelos sobrinhos como tia Queco, e que, anos antes, lamentavelmente, por conta de um parto difícil, trigêmeos.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 189-190)
Diante dessas circunstâncias, desgostoso também com a pequena quantidade de terras em seu poder, foi informado da qualidade e do baixo preço do solo cearense através de uma de suas ex-cunhadas, que se chamava Felisbela Vieira de Freitas.
Dentro de pouco tempo, sem hesitar, mudou-se definitivamente com alguns dos seus filhos para o Estado do Ceará, estabelecendo-se no Município de Boa Viagem. Logo após essa corajosa decisão a sua filha, Delfina Vieira da Silva, temendo não mais rever ao seu amado pretendente, e contrariando a vontade paterna, decidiu contrair núpcias e permanecer residindo em sua terra natal até que, fatos motivados pela intolerância religiosa levaram ao óbito o seu sogro, que se chamava José Alves da Silva, tornando impossíveis as possibilidades de permanecerem residindo naquele local:
“Ao começar a demolição do templo, os crentes que moravam próximos acordaram com o barulho ensurdecedor dos predadores que agiam como vândalos descontrolados. Um dos presbíteros, José Alves da Silva, que era o patriarca de uma grande família que frequentava aquela igreja, não conformado com aquele barbarismo inconcebível foi reclamar daquela atitude. Os arruaceiros, com fúria infernal, bateram nele até deixá-lo gravemente ferido. Depois de alguns dias, não resistindo aos ferimentos, faleceu!” (OLIVEIRA, 1987: p. 106)
Chegando ao Município de Boa Viagem, prontamente ficou decidido pelo casal tentarem a sorte na zona rural, destino certo de muitos dos seus familiares.
Nessa oportunidade residiram por algum tempo próximo ao Rio Conceição, também conhecido como “Rio dos Cachorros”, em um local chamado de Lembranças, na propriedade de Antônio Ramiro Carneiro.
Os seus primeiros anos da vida não foram fáceis, foram anos marcados pelas constantes mudanças ocasionadas pelas intempéries do nosso clima, que faziam com que a sua família buscasse um local adequado para viver com dignidade entre os sertões dos Estados da Paraíba e do Ceará.
Em 1941, deixaram a localidade de Lembranças e passaram uma pequena temporada fixos em uma comunidade rural denominada de Pedra Branca, próximo à vila de Ibuaçu, antigamente denominada de “Socorro”, até que, no ano seguinte, retornaram novamente para o Estado da Paraíba.
Alguns meses depois, já em 1943, mais uma vez retornou para o Estado do Ceará, nessa ocasião o seu pai adquiriu uma pequena propriedade na localidade de Pitombeira, que era pertencente ao seu tio, que se chamava Argemiro Vieira da Silva, e lá se estabeleceu durante alguns anos com toda a sua família.
Nessa época, juntamente com os seus irmãos, desde cedo foi educado em um lar cristão bastante piedoso, onde a firme e reta conduta de seus pais lhe infundiu um coração generoso e dedicado às atividades religiosas em que se envolvia:
“Nessa época, em sua residência, eram realizados os cultos da localidade e costumeiramente havia a presença de um grande e atento auditório. Ao mesmo tempo, mantinham um trabalho na localidade de Pocinhos, na casa de José Totô.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 193)
Durante muitos anos contribuiu com os trabalhos evangelísticos e sociais que eram mantidos pela Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem, ocupando diversos cargos em sua administração, tendo sido inclusive o financiador da primeira professora do Instituto de Educação Paulo Moody Davidson.
“Pouco tempo depois, no dia 4 de junho de 1960, segundo informações de uma ata da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem, com a saída do Rev. José Borba da Silva Neto, a Profª Irene Fragoso Vieira passou a ser remunerada pelo comerciante Samuel Alves da Silva, que manteve esse compromisso por um ano, passando essa responsabilidade depois disso para o caixa da igreja.” (SILVA JÚNIOR, 2000: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/instituto-de-educacao-paulo-moody-davidson/. Acesso no dia 18 de maio de 2022)
Em 1950, vagando pelo comércio da cidade no intuito de fazer compras, teve a oportunidade de conhecer e flertar com uma bela jovem, chamada Maria Ozenir da Silva Lobo, que era nascida no dia 21 de maio de 1932, sendo filha de Cícero da Silva Lobo e de Odete Pereira Lobo.
Pouco tempo depois, não demorou muito para que os galanteios se tornassem em uma séria paquera e mais tarde em um feliz casamento, que foi realizado no Cartório Pessoa, existente no Município de Pedra Branca, no dia 16 de setembro de 1951, diante do Dr. Plínio Ramos Pinto, juiz daquela comarca.
Desse casamento foram gerados sete filhos, quatro homens e três mulheres, sendo eles: Eliete Alves da Silva, Eliézio Alves da Silva, Hélio Alves da Silva, Samuel Alves da Silva Filho, Edson Alves da Silva, Erinete Alves da Silva e Edina da Silva Vieira.
Depois de casado, percebendo a inclinação do Município de Boa Viagem pelo ramo calçadista, investiu as suas economias na aquisição de couro, matéria prima que existia em abundância no Município de Catolé do Rocha, a sua terra natal, e iniciou a sua vida de empresário em uma pequena fábrica de sapatos e sandálias que estava localizada na Rua Agronomando Rangel, n° 309, Centro.
Pouco tempo depois, devido à forte concorrência, resolveu investir no ramo de tecidos para finalmente, com a expansão automobilística e as melhorias nas estradas do Município, expandir os seus negócios explorando o ramo da venda de combustíveis e seus derivados em um posto de gasolina que ficava em frente ao seu comércio.
Mais tarde, na eleição municipal ocorrida no dia 7 de outubro de 1962, militando nos quadros políticos da UDN – a União Democrática Nacional, envolvido com as turbulentas transformações políticas que ocorriam na época, decidiu colocar o seu nome na disputa por uma das cadeiras do Poder Legislativo do Município de Boa Viagem, oportunidade em que conseguiu ser eleito para o exercício de seu primeiro mandato.
Nessa legislatura, que foi bastante tumultuada pelo número de prefeitos, prestou apoio aos projetos que vieram do Poder Executivo, foram eles: a implantação do Posto de Saúde Dr. Pontes Neto; a implantação do sistema de telefonia que interligou à cidade de Boa Viagem às vilas de Guia e Ibuaçu; a implantação da Escola de Ensino Fundamental Osmar de Oliveira Fontes, que na época recebeu o nome do Presidente John Fitzgerald Kennedy; o projeto de organização da nomenclatura das ruas e da numeração das casas da cidade; a implantação de um matadouro público; a construção da Escola de Ensino Médio Dom Terceiro; a instalação do sistema d’água na cidade de Boa Viagem; a construção do Obelisco em comemoração do 1º centenário do Município de Boa Viagem; a reforma administrativa da Prefeitura de Boa Viagem; a instalação de energia elétrica na vila de Guia; a abertura e manutenção de rodovias municipais e a construção do Açude Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima.
No dia 26 de junho de 1965, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, votou em favor da reimplantação do pagamento do subsídio dos vereadores, pouco tempo depois, no dia 28 de outubro, deu parecer contrário à consulta realizada pela Assembleia Legislativa do Estado sobre o interesse de entregar do Distrito de Jacampari ao Município de Monsenhor Tabosa.
Na disputa eleitoral seguinte, ocorrida no dia 15 de novembro de 1966, dessa vez militando na bancada da ARENA – a Aliança Renovadora Nacional, conseguiu pela segunda vez se eleger a vereador, oportunidade em que recebeu 631 votos.
Em seu segundo mandato conseguiu ser eleito com o maior número de votos entre os seus concorrentes, contribuindo nessa legislatura com o chefe do Poder Executivo na construção do Hospital e Casa de Saúde Adília Maria de Lima, na instalação de uma agência do BEC – o Banco do Estado do Ceará, em nosso Município e na implantação do SAAE – o Serviço Autônomo de Água e Esgoto.
Mais tarde, no dia 16 de maio de 1969, solicitou licença de seu mandato por um prazo de dez meses, quando em seu lugar assumiu o suplente, o Vereador Antônio de Queiroz Sampaio.
Satisfeito com o seu engajamento político e com as ações do seu segundo mandato, no pleito seguinte, que ficou conhecido em nossa história como o “Mandato Tampão”, ocorrido no dia 15 de novembro de 1970, mais uma vez conseguiu ser o vereador com a maior votação do pleito, recebendo nessa ocasião a confiança de 863 eleitores, voltando a presidir os seus pares na Câmara Municipal.
“Visando unificar o período das eleições majoritárias e proporcionais no país, a Justiça Eleitoral, baseada na nova legislação em vigor, determinou que os candidatos, eleitos em 15 de novembro de 1970, deveriam ter um mandato mais curto de maneira que, na próxima eleição, fossem eleitos do presidente da república ao vereador no mesmo pleito”. (COSTA, 2002: p. 357)
Nessa legislatura, apoiou os projetos encaminhados pelo gabinete do Prefeito Osmar de Oliveira Fontes – o Osmar Carneiro, sendo eles: a aquisição de máquinas e equipamentos para manutenção das estradas municipais e aquisição de equipamentos para o Hospital e Casa de Saúde Adília Maria de Lima.
Nos últimos meses de 1972, próximo ao fim do seu terceiro mandato, desgostoso com os rumos da política municipal e pleiteando assumir a cadeira de vice-prefeito, decidiu indicar o nome de um de seus irmãos, Benjamim Alves da Silva, para suceder-lhe em sua cadeira na Câmara de Vereadores.
Desiludido pela falta de apoio do Prefeito José Vieira Filho em suas pretensões políticas de sucessão, resolveu liquidar as suas posses na cidade de Boa Viagem e mudou-se com toda a sua família para o Município de Dourados, que está localizado na região Centro-Oeste do país, no Estado de Mato Grosso do Sul.
Quatro meses depois, insatisfeito com o clima frio da região e cheio de saudades de seus pais e irmãos, resolveu retornar para o Estado do Ceará, fixando residência nessa oportunidade na cidade de Fortaleza.
Inicialmente se estabeleceu no Bairro do Pici, em uma casa alugada pertencente ao amigo e Vereador Antônio Tupinambá de Araújo, e logo depois na Rua Irmã Agostinha, nº 1.041, no Bairro Henrique Jorge.
Nos últimos meses de 1976, ainda nutrindo o desejo de disputar o Poder Executivo de nosso Município, teve as suas esperanças diminuídas quando soube da preferência do Deputado José Vieira Filho pelo nome do comerciante Jessé Alves da Silva, seu irmão, como candidato do partido.
Nessa ocasião, em uma reunião política privativa das lideranças políticas, Jessé Alves achou por bem indicar o nome de seu outro irmão, Benjamim Alves da Silva, que na época tinha o seu nome em melhor evidência na mente do povo por ser ele vereador e e também presidente da Câmara.
Desgostoso com essa decisão e sem legenda para concorrer ao Poder Executivo municipal resolveu investir na compra de gado e em uma transportadora que os trazia para o abate no FRIFORT – o Frigorífico Industrial de Fortaleza.
Alguns meses depois, na manhã do dia 30 de maio de 1977, em uma dessas viagens, quando buscava o entroncamento que levasse à Rodovia Federal Alberto Santos Dumont, a BR-116, trafegando pelo Estado de Goiás estava atrasado para a entrega dos animais.
Nessa oportunidade o veículo era conduzido por um inexperiente motorista, de apenas 23 anos de idade, visto que não sabia dirigir, estando provavelmente bastante cansado da enfadonha viajem.
O seu caminhão, um Mercedes-Benz 1113, de cor vermelha, sofreu um grave acidente frontal envolvendo uma caçamba que estava carregada de arroz, nesse desastre todos os envolvidos vieram a óbito.
Poucas horas depois o Município de Boa Viagem ficou estarrecido com a pavorosa notícia e se preparou solenemente para receber o seu ataúde, que foi respeitosamente velado por sua família e uma grande multidão de amigos e correligionários no templo da Igreja Evangélica Congregacional.
Em seguida, depois da solenidade fúnebre de costume, o seu corpo foi sepultado no mausoléu da família que existe no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade.
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE COSTA, João Eudes. Retalhos da História de Quixadá. Fortaleza: ABC Editora, 2002.
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- OLIVEIRA, Josué Alves de. Vocação & Projeção. Santos: A Tribuna de Santos, 1987.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão. A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Fortaleza: PREMIUS, 2015.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Instituto de Educação Paulo Davidson. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/instituto-de-educacao-paulo-moody-davidson/. Acesso no dia 18 de maio de 2022.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, como destacado comerciante e importante personagem político de sua época, o Terminal Rodoviário Samuel Alves da Silva, que está localizado na Rua 26 de Junho, s/nº, Centro, embora inaugurado em 1981, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, apesar de ter recebido o seu nome, nunca foi tramitado na câmara a oficialização de sua nomenclatura;
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, através da lei nº 459, de 21 de março de 1988, uma das ruas do Bairro Tibiquari, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura;
- Em sua memória, na administração do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 718, de 23 de março de 2000, uma das dependências da Câmara Municipal de Vereadores recebeu o seu nome;
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 1.179, de 23 de setembro de 2013, uma das escolas da rede municipal recebeu a sua denominação.
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