O Obelisco do Centenário

AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:

O Obelisco do Centenário é um monumento comemorativo com potencialidade turística que existe no centro da Praça Antônio de Queiroz Marinho, estando localizada entre as ruas Agronomando RangelJosé Rangel de AraújoJosé Leorne Leitão Antônio de Queiroz Marinho, no Centro da cidade de Boa Viagem, no Município de Boa Viagem, no Estado do Ceará.

Imagem do Obelisco do Centenário, em 2009.

Um obelisco é uma pedra monolítica, de base quadrangular, que é colocado em posição vertical e termina com uma pirâmide em seu topo, servido para marcar uma vitória ou feito comemorativo:

“Um obelisco (do latim obeliscus, do grego ὀβελίσκος, diminutivo de ὀβελός, que quer dizer espeto) é um monumento comemorativo, típico do Antigo Egito, constituído de um pilar de pedra em forma quadrangular alongada e sutil, que se afunila ligeiramente em direção a sua parte mais alta, normalmente decorado com inscrições hieroglíficas gravadas nos quatro lados, terminado com uma ponta piramidal.” (S.N.T.)

Esse obelisco foi construído na gestão do Preito Dr. Manuel Vieira da Costa – o Nezinho, tendo como objetivo marcar a passagem do primeiro centenário do Município de Boa Viagem, ocorrido solenemente no dia 21 de novembro de 1964.
A ideia de sua construção partiu do prefeito depois de ouvir uma sugestão do Dr. José Maria Sampaio de Carvalho, que na época era o presidente do diretório municipal da UDN – a União Democrática Nacional.

Imagem da Prefeitura de Boa Viagem, em 1964.

No dia de sua inauguração o Município de Boa Viagem se vestiu em festa para receber o governador do Estado, o Coronel Virgílio de Morais Fernandes Távora, que infelizmente não pôde comparecer ao evento.
Nessa solenidade, representando o governador do Estado, esteve o seu chefe de gabinete, o Prof. Amarílio Cartaxo, e o Deputado Dr. Almir Santos Pinto, que acompanharam o jovem prefeito cumprindo um protocolo de inaugurações.
Na oportunidade, logo após as solenidades de inaugurações da Escola Presidente John Fitzgerald Kennedy, atual Escola de Ensino Fundamental Osmar de Oliveira Fontes; de um parque infantil, que era localizado na Praça Monsenhor José Cândido de Queiros Lima, a comitiva seguiu imediatamente para o Obelisco.

Imagem da solenidade de inauguração e comemoração do primeiro centenário do Município de Boa Viagem.

Depois dessas inaugurações os convidados se reuniram com as autoridades locais em um farto banquete que foi patrocinado pelo Governo Municipal.
Nos últimos meses de 2014, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, preparando-se para passagem do sesquicentenário do Município de Boa Viagem, foi aprovada uma lei criando o Marco Zero do Município na Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, que até o presente ainda não foi construído.

AS CURIOSIDADES:

A placa existente no Obelisco é uma cápsula do tempo, transcrevendo para os seus leitores os governantes na três esferas: a Federal, Estadual e a Municipal.

Imagem da placa do Obelisco do Centenário.

Ainda nessa placa, para os leitores menos atentos, existem três pequenos detalhes registrados que merecem ser destacados:

  1. O mês de comemoração do aniversário do Município é Novembro e não “Dezembro”, como diz na placa;
  2. A palavra correta é vereador e não “veriador”, quem registrou essa palavra escreveu como talvez costumava pronunciar;
  3. Existe um detalhe político muito sutil nessa placa, pois na época só haviam 11 cadeiras na Câmara Municipal de Vereadores, mas existe o registro de 12 nomes, nessa época o Dr. José Maria Sampaio de Carvalho havia renunciado ao seu mandato, mas, por conta do seu prestígio, o seu nome também foi gravado.

Depois de todo esse tempo, mesmo com esses erros, essa placa não perdeu o seu charme de outrora, e como falamos anteriormente é uma cápsula do tempo que pode servir para exploração da história e do turismo local.
Um fato relacionado a esse equipamento, que deve ser mencionado, se refere ao humor apimentado de malícia que é comumente criado pela comunidade pois, algum tempo depois dessa inauguração, alguns desentendimentos políticos fizeram com que o Dr. Manoel Vieira da Costa abdicasse do seu cargo em favor do vice-prefeito, José Vieira Filho – o Mazinho, uma atitude administrativa inesperada que fez o povo achincalhar a situação dizendo: “Ele saiu, mas deixou o cotoco para o povo!”

Analogia entre o Obelisco e o gesto.

Analogia entre o Obelisco e o gesto obsceno.

Quem teve o privilégio de conhecer o Dr. Manoel Vieira da Costa sabe que ele era um refinado cavalheiro, jamais faria uma coisa dessa, mas da língua do povo ninguém escapa, principalmente quando se é uma figura política.

A DESCARACTERIZAÇÃO:

No ano 2000, na administração do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, percebendo a urgente necessidade de reforma, a Praça Antônio de Queiroz Marinho foi completamente demolida e ganhou um moderno desenho:

“Nove meses após a posse do Prefeito Fernando Antônio Vieira Assef a Praça Antônio de Queiroz Marinho foi totalmente reconstruída. O novo espaço de lazer ganhou arquitetura especial, iluminação, bancos, jardinagens, placas educativas e coletoras de lixo. Essa iniciativa da Prefeitura Municipal agradou a população.”

Nessa reforma, infelizmente, a base desse monumento foi completamente descaracterizada e por não dispor de uma lei de tombamento no Município, e querendo melhorar o aspecto visual desse equipamento, a sua base foi revestida com granito preto, escondendo os seus detalhes e as suas linhas de originalidade.
Um detalhe a se destacar foi a retirada da placa de identificação do equipamento de sua base e a fixação no Obelisco, algo que não deveria ter acontecido, sem falar que foi colocada uma placa de inauguração contendo o nome da praça, que deveria ter sido colocado em outro local.

Imagem do Obelisco na Praça Antônio de Queiroz Marinho, em 1964.

Sobre essa preservação, conforme o artigo 237 da Constituição Estadual, a Lei Orgânica deixa bem clara a competência do Município em seu artigo 157:

“Promover o levantamento, o tombamento e a preservação de seu patrimônio histórico e cultural, em articulação com a Secretaria de Cultura e Desporto do Estado e com o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).”

OS VANDALISMOS:

Mesmo com a sua importância para história do Município esse importante equipamento sofre constantemente nas mãos dos vândalos, entre eles alguns comerciantes, que utilizam a sua estrutura para colocação de seus cartazes.

Imagem do Obelisco do Centenário e o vandalismo.

Destacamos ainda que, a própria Prefeitura de Boa Viagem, nas festas carnavalescas, costumou utilizar esse equipamento como parte ou suporte para decoração de suas festas.
Já houve carnavais em que se flagrou funcionários do Governo Municipal fixando refletores e mascaras carnavalescas em sua estrutura, algo inadmissível para quem tem a obrigação legal de proteger esse equipamento.

AS CARACTERÍSTICAS:

Altura: 5,30m.
Material: Alvenaria e revestimento da base com granito.
Tombado: Não.
Vigilância: Sim.
Iluminação: Sim.
Identificação: Sim
Inauguração: 21 de novembro.
Responsável: Secretaria da Cultura, Turismo e Lazer.
Ano de Construção: 1964.

BIBLIOGRAFIA:

  1. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  2. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Boa Viagem: Rua, Praças e Avenidas. Boa Viagem: Guarany, 1986.
  3. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Um Pouco de Boa Viagem. Boa Viagem: Guarany, 1990.
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.