AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:
O Rio Conceição é um curso natural de água doce que corta grande parte do território do Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará.
Nesse percurso esse importante rio corta uma rodovia federal e uma estadual, sendo elas a BR-020, número da Rodovia Federal Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, e a CE-265. No local onde esse rio se encontra com a rodovia estadual existe uma passagem molhada, já na rodovia federal uma ponte, que fica distante aproximadamente 20 quilômetros do Centro da cidade de Boa Viagem.
A SUA NASCENTE E O SEU PERCURSO:
Esse rio possui aproximadamente 60 quilômetros de extensão e a maioria de suas nascentes está dentro do território do Município de Itatira, correndo em direção do lado direito do Rio Barrigas, um dos importantes tributários do Rio Quixeramobim.
“O Rio Boa Viagem (75 quilômetros), que tem como afluente o Riacho dos Cães (60 quilômetros), à direita, e o Riacho Capitão-Mor (45 quilômetros), à esquerda. O Boa Viagem nasce na Serra do Calogi e banha a cidade homônima.” (GOMES, 1970: p. 87)
Na localidade de Lajes dos Sousas esse rio se dividi em dois braços; um vindo da região de Itatira, sendo o menor em largura, já o outro vem da região de Santa Quitéria, sendo maior em largura.
O que vem do território de Santa Quitéria serve de limite territorial natural dos Municípios de Boa Viagem e Santa Quitéria, sendo o mesmo rio que passa na vila de Massapê dia Paés.
Quanto a sua temporalidade esse rio é classificado como intermitente e em sua extensão, desde a nascente até a sua foz, possui excelentes terras para o cultivo e a criação de animais, recebendo vários afluentes, dentre eles, pelo lado esquerdo, o Rio da Cachoeira, que é classificado como riacho e costuma jogar maior volume de águas quando o Açude Raimundo Rodrigues Cavalcante está em sua cota máxima.
“Vejamos os principais rios que banham o nosso Município: Quixeramobim, conhecido como Rio Juazeiro, nasce na Serra das Matas (Monsenhor Tabosa); Conceição ou Rio dos Cachorros (nasce em Itatira); Carrapateiras ou Jacaúna (abastece o Açude Vieirão). Origina-se na divisa de Boa Viagem com Pedra Branca; Barrigas, com nascente na Serra do Machado (Itatira); Tapera, nasce em Pedra Branca; Capitão-Mor, com surgimento nas proximidades da localidade de Salgadinho, em direção aos Barreiros e Rio Boa Viagem, que tem duas nascentes: uma em Borgado (Monsenhor Tabosa) e outra na Serra das Pipocas, que divide Boa Viagem de Independência. É importante lembrar que todos esses rios desaguam no Rio Quixeramobim.” (NASCIMENTO, 2002: p. 32-33)
Sobre a cor de suas águas, no período das enchentes, que costumam acontecer entre março e maio, as suas águas ficam escuras por conta dos sedimentos que costumam ser arrastados das partes mais altas de sua nascente.
Depois disso as suas águas ficam bem claras e costumam ficar em maior volume nos poços que são feitos naturalmente, onde fica fácil de encontrarmos várias espécies de aves, serpentes, peixes, batráquios e quelônios.
No percurso desse rio registra-se também a existência de alguns sítios arqueológicos, sendo o mais conhecido deles denominado de Pedra do Lajedo.
A ORÍGEM DO SEU HIDRÔNIMO:
A história do surgimento da nomenclatura desse rio, que é contada pelos antigos, é bastante curiosa e não sabemos se é real, pois esses relatos costumam afirmar que a sua denominação vem de uma dramática e violenta história de assassinatos que foram ocorridos em um longínquo passado.
Nessa época, quando um casal seguia a cavalo por uma das estradas do Sertão, sendo acompanhados por um arrieiro, ao passar nas proximidades de uma casa, o cachorro da fazenda assustou um dos cavalos, que derrubou a sua amazona e saiu arrastando o seu corpo morto.
Nesse momento, indignado pelo acontecido, o esposo da mulher sacou um revólver e imediatamente atirou no cachorro até que, poucos momentos depois, o dono do animal revidou o disparo em direção do esposo da amazona caída, que faleceu com o tiro.
Na troca dos tiros o arrieiro, para defender os seus patrões e a sua própria vida, atirou no dono do cachorro, que tombou morto.
Como falamos anteriormente, não temos certeza da veracidade de tal fato, o certo é que a partir dessa confusão esse rio recebeu o nome de “Rio dos Cachorros” pelos moradores da região.
Nessa mesma história tem o surgimento de outro nome para o rio, pois se conta que o nome da mulher que morreu por conta da queda do cavalo era “Conceição”, embora acreditemos que esse nome faça referência a Nossa Senhora da Conceição.
Por fim, outro nome que identifica esse rio é o de “Lembranças”, uma denominação que foi dada ao cemitério existente nas proximidades de seu leito.
“Os mais antigos contam que esse agropecuarista pretendia construir um cemitério dentro de sua propriedade e mandou um de seus trabalhadores começar a organizar a sua estrutura onde havia três cruzes, uma ordem que dentro de pouco tempo foi esquecida, mais tarde esse agropecuarista estava com uma filha prestes a morrer e chamou esse trabalhador para cobrar-lhe o que tinha lhe mandado, surgindo daí o nome de Cemitério das Lembranças.” (SILVA JÚNIOR, 2015: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/cemiterio-das-lembrancas/. cesso no dia 27 de março de 2021)
Sobre o nome “Rio dos Cachorros” o que temos de certo é que, conforme o 12º livro de Sesmarias da Capitania do Ceará, nº 28, página 38, a pedido de Manoel Gomes Araújo, em 3 de setembro de 1731, esse rio já era denominado por esse nome.
A ADMINISTRAÇÃO DO RIO CONCEIÇÃO:
Poucas pessoas sabem que o gerenciamento do Rio Conceição é da SEMACE – a Superintendência Estadual do Meio Ambiente, o órgão do Governo Estadual que administra os principais rios do Estado do Ceará.
A LISTA DAS BARRAGENS NO CURSO DO RIO CONCEIÇÃO:
No curso desse rio ele possui alguns pequenos açudes, que também são denominados na região de barreiros, sendo alguns deles:
- A Barragem de Lajes dos Rogérios;
- O Açude Público Rufino Gomes da Silva;
- O Açude Raimundo Rodrigues Cavalcante.
BIBLIOGRAFIA:
- BRAGA, Renato. Dicionário Geográfico e Histórico do Ceará. Tomo II. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1967.
- FRANCO, G.A & CAVALCANTE VIEIRA, M.D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 232.
- GOMES, Raimundo Pimentel. Corografia Dinâmica do Ceará. Fortaleza: Departamento de Imprensa Oficial do Ceará, 1970.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Cemitério das Lembranças. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/cemiterio-das-lembrancas/. cesso no dia 27 de março de 2021.
- SOUSA BRASIL, Thomaz Pompeo de. Ensaio Estatístico da Província do Ceará. Tomo I. Fortaleza: Fundação Waldemar Alcântara, 1997.
Pingback: RECURSOS HÍDRICOS | História de Boa Viagem
Pingback: Rio Boa Viagem | História de Boa Viagem
Pingback: Distrito de Águas Belas | História de Boa Viagem
Pingback: Distrito de Boa Viagem | História de Boa Viagem
Pingback: Distrito de Boqueirão | História de Boa Viagem
Pingback: A Pedra Encantada | História de Boa Viagem
Pingback: Distrito de Olho d’Água do Bezerril | História de Boa Viagem
Pingback: O Serrote da Onça | História de Boa Viagem
Pingback: BR-020 | História de Boa Viagem
Pingback: Samuel Alves da Silva | História de Boa Viagem
Pingback: Os Sítios Arqueológicos do Município de Boa Viagem | História de Boa Viagem
Pingback: Serrote da Cabeça de Pedra | História de Boa Viagem
Pingback: Sebastião Alves da Silva | História de Boa Viagem
Pingback: José Vieira Dantas | História de Boa Viagem
Pingback: A Pedra do Lajedo | História de Boa Viagem
Pingback: A Pedra do Letreiro | História de Boa Viagem
Pingback: Distrito de Jacampari | História de Boa Viagem
Pingback: O Letreiro dos Albertos | História de Boa Viagem
Pingback: Cemitério das Lembranças | História de Boa Viagem
Pingback: Açude Público da Vila do Poço da Pedra | História de Boa Viagem
Pingback: Distrito de Várzea da Ipoeira | História de Boa Viagem
Pingback: Eliel Rafael da Silva Júnior | História de Boa Viagem
Pingback: Rio da Cachoeira | História de Boa Viagem
Pingback: Topônimo das Localidades do Município de Boa Viagem | História de Boa Viagem
Pingback: Barragem de Lajes dos Rogérios | História de Boa Viagem
Pingback: Distrito de Poço da Pedra | História de Boa Viagem
Pingback: Poço da Pedra | História de Boa Viagem
Pingback: CE-265 | História de Boa Viagem
Pingback: Rua Projetada 2 (Boqueirão) | História de Boa Viagem
Pingback: Boqueirão | História de Boa Viagem
Pingback: Distrito de Ibuaçu | História de Boa Viagem
Pingback: Ibuaçu | História de Boa Viagem
Pingback: Delfina Vieira da Silva | História de Boa Viagem
Pingback: Areia dos Albertos | História de Boa Viagem
Pingback: Areias | História de Boa Viagem
Pingback: Lajes dos Rogérios | História de Boa Viagem
Pingback: Belmonte | História de Boa Viagem
Pingback: Agreste | História de Boa Viagem
Pingback: Argentina | História de Boa Viagem
Pingback: Aroeiras (Boqueirão) | História de Boa Viagem
Pingback: Barra do Ingá | História de Boa Viagem
Pingback: Barra do Umari | História de Boa Viagem
Pingback: Barreira Branca | História de Boa Viagem
Pingback: Conceição | História de Boa Viagem
Pingback: Boa Esperança (Boqueirão) | História de Boa Viagem
Pingback: Assentamento Boa Ventura | História de Boa Viagem
Pingback: Boa Ventura | História de Boa Viagem
Pingback: Bom Jesus | História de Boa Viagem
Pingback: Barra | História de Boa Viagem
Pingback: Pereiros | História de Boa Viagem
Pingback: Lembranças | História de Boa Viagem
Pingback: Capela de Santa Luzia – Lembranças | História de Boa Viagem
Pingback: Pedras Pretas | História de Boa Viagem
Pingback: Distrito de Olho d’Água dos Facundos | História de Boa Viagem
Pingback: Timbaúba (Domingos da Costa) | História de Boa Viagem
Pingback: Jacampari | História de Boa Viagem
Pingback: Francisco da Costa Freire | História de Boa Viagem
Pingback: Maria Carolina de Paula | História de Boa Viagem
Pingback: Açude da Boa Ventura | História de Boa Viagem
Pingback: Açude Público Rufino Gomes da Silva | História de Boa Viagem
Pingback: Manoel da Costa Freire | História de Boa Viagem
Pingback: Úrsula das Virgens Cavalcante | História de Boa Viagem
Pingback: Hilário Soares Gondinho | História de Boa Viagem