AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:
O desenvolvimento da humanidade está marcado por constantes contatos e desses surgem alguns conflitos, entre esses conflitos destacamos os modos diferentes de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la.
Nos últimos tempos a cultura vem chamando atenção, ela se tornou um campo de estudo para nos fazer entender um ao outro no intuito de melhorar os relacionamentos e diminuir os efeitos dos conflitos.
“A marca mais forte da civilização é a transferência de cultura de uma geração para a seguinte. Os animais passam para os seus filhos apenas a carga genética, enquanto o homem, além desta, também transfere uma carga cultural. É justamente essa possibilidade que cria o que chamamos de civilização. Se cada geração tivesse de aprender apenas por sua conta, seriamos como os répteis, que se comportam e vivem, hoje, como se comportavam e viviam no período carbonífero, há 350 milhões de anos, quando surgiram. Somos diferentes porque construímos algo especial – a cultura humana.” (MUSSAK, 2006: p. 10)
Se bem entendida, a cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos em particular. Cada realidade cultural tem a sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer para que façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais estas passam.
A SUA ETIMOLOGIA:
A palavra cultura é de origem latina e deriva do vocábulo “agricultura”, que possui o sentido ou a “ação de tratar”, de “cultivar conhecimentos”. Ela vem do verbo “colere”, que quer dizer “cultivar”. Pensadores romanos ampliaram esse significado e a usaram para se referir ao refinamento pessoa.
“Em grego, a palavra cultura pode ser representada por duas palavras diferentes, dependendo do significado que se deseja exprimir. Será georgia para significar ‘lavoura, cultivo dos campos’ e mathemata para simbolizar ‘instrução, conhecimentos adquiridos’. Já no latim – a meio caminho do português -, esses dois significados foram incorporados a mesma palavra, cultura, pois tanto lavoura quanto o conhecimento devem ser ‘cultivados. Enquanto aquilo que nasce independentemente da ação humana é representado por natura.” (MUSSAK, 2006: p. 10)
Essa palavra possui vários conceitos, sendo o mais corrente aquele que vem da antropologia, que foi formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual nos diz que cultura é:
“Todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade.” (LAKATOS, 1982: p. 122)
O homem não existe sem a cultura, sendo justamente no momento em que ele é capaz de fazer cultura que ele se define como homem. Se por um lado o homem é o produtor da cultura, por outro a cultura produz o homem.
“Não há indivíduo humano desprovido de cultura, exceto o recém nascido e o homo ferus; um, porque ainda não sofreu o processo de socialização e, o outro, porque foi privado do convívio humano.” (LAKATOS, 1982: p. 123)
É através da cultura que o homem adquire conhecimentos técnicos e necessários à sua sobrevivência física e social, podendo dominar e controlar, na medida do possível, o seu meio ambiente.
A CULTURA E A DIVERSIDADE:
Em nossa sociedade existe a formação de instituições políticas centralizadas, que muitas vezes, de forma precipitada, se esforçam em colocar ou tratar todas as culturas humanas de uma mesma forma, sem entender as suas peculiaridades.
Cada cultura é o resultado de uma história em particular, e isso inclui também as suas relações com outras culturas, as quais podem ter características bem diferentes.
“Cada cultura tem seus próprios critérios de avaliação e que para uma tal hierarquização ser construída é necessário subjugar uma cultura aos critérios das outras.” (SANTOS, 1983: p. 13)
A diversidade das culturas existentes acompanha a variedade da história humana, expressa possibilidades da vida social organizada e registra graus e forma diferentes de domínio humano sobre a natureza.
Sendo assim, a observação e o julgamento de uma cultura alheia se faz segundo pontos de vista definidos pela cultura do observador, que os critérios que se usam para se classificar uma cultura são também culturais.
BIBLIOGRAFIA:
- CHINOY, Ely. Sociedade. Uma Introdução à Sociologia. 4ª edição. São Paulo: Cultrix, 1973.
- DUVIGNAUD, Jean. Festas e Civilizações. Trad. L. F. Raposo Fontenelle. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Ceará, 1983.
- FRANCO, G.A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- HERSKOVITS, Melville J. Antropologia Cultural. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1977.
- LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 1982.
- MUSSAK, Eugênio. Uma coisa de cada vez, atitudes para viver melhor. São Paulo: Editora Gente, 2006.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 16ª edição. São Paulo: Ática, 1996.
- RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. A Formação e o Sentido no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
- SANTOS, José Luiz dos. O que é Cultura. Coleção Primeiros Passos. 9ª edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.
- ULLMANN, Reinholdo Aloysio. Antropologia: O Homem e a Cultura. Rio de Janeiro: Petrópolis, 1991.
- VILA NOVA, Sebastião. Introdução à Sociologia. São Paulo: Atlas, 1985.