A POTENCIALIDADE VIÁRIA DO MUNICÍPIO DE BOA VIAGEM

AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:

O Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, comparado aos outros Municípios do seu Estado, possui uma localização geográfica cheia de vantagens para quem quer investir.

Imagem da Distribuidora Ruty Cosméticos, às margens da BR-020, em 2011.

Essa localização, junto a uma das principais vias de acesso à capital, a Rodovia Federal Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, a BR-020, lhe dá franca condição de cuidar, de forma econômica e segura, da parte logística de qualquer grande centro de distribuição que existe em nosso país.
A sua posição geográfica, praticamente no centro do Estado, permite que da cidade se chegue com a maior brevidade a qualquer parte do Ceará pelas rodovias que cortam o seu território, oferecendo um fornecimento ágil e a possibilidade de armazenamento de produtos para entrega “Just in Time”.
Sobre esse assunto a revista Municípios do Ceará, nº 46, ano V, edição de novembro de 2001, trata sobre essa capacidade e das vantagens de investir no Município de Boa Viagem:

“A cidade de Boa Viagem terá em breve o seu mini distrito industrial. Pensando no desenvolvimento econômico do Município, o Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef já desapropriou uma área às margens da BR-020, numa extensão de 8 hectares, com toda infraestrutura básica, ou seja, disponibilidade de água, esgoto e energia, para implantação do mini distrito industrial. A Prefeitura de Boa Viagem e o Governo do Estado do Ceará estão sintonizados com o PROGRAMA DE INVESTIMENTOS INDUSTRIAIS e oferecem aos seus parceiros, além de um acompanhamento técnico completo, a partir do protocolo de intenções, até a construção do parque industrial, recrutamento de pessoal até a ativação. Por isso, se você anda a procura de uma grande chance de negócio, não pode deixar de conhecer os programas, os incentivos fiscais e obras estruturantes do Governo do Ceará que estão transformando o Estado em um autêntico celeiro de oportunidades seguras e rentáveis nas mais diferentes áreas, como comércio, a indústria e a agricultura irrigada. Conheça melhor os incentivos ofertados pelo Estado e pelo Município de Boa Viagem.”

Ainda nessa matéria, o periódico divulga a relação de alguns dos incentivos fiscais oferecidos para o empresário que pretende se instalar no Município de Boa Viagem, sendo eles:

  • Pelo Município:
  1. Isenção por 12 anos do IPTU, o Imposto Territorial Urbano;
  2. Isenção por 10 anos do ISS, o Imposto Sobre Serviços;
  3. Isenção por 10 anos do ITBI, o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis;
  4. Doação de terreno em parceria com o Governo do Estado, locado para implantação da empresa;
  5. Comodato de galpão, cedido pelo Governo Municipal, para a empresa até a construção do parque industrial.
  • Pelo Estado:
  1. Plantas industriais localizadas nas regiões consideradas do semiárido;
  2. Concessão de benefícios especiais, dentro das peculiaridades de cada projeto, na forma da isenção;
  3. Apoio aos investimentos e a concessão de crédito financeiro no Banco do Nordeste, Banco do Brasil e no BNDES.

Essa potencialidade oferecida pelo Município de Boa Viagem reduz o custo operacional e de armazenamento de qualquer empresa, diminuindo assim o comprometimento de seu capital econômico de forma significativa.

O DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO E A SUA LIGAÇÃO COM AS ESTRADAS:

É consenso entre os historiadores, empresários e comerciantes que o desenvolvimento econômico do Município de Boa Viagem sempre dependeu da construção e do bom estado de conservação de suas rodovias.

Imagem de um Chevrolet ano 1948, denominado pelos passageiros carinhosamente de “misto”.

Quem primeiro percebeu essa necessidade foi o Prefeito José Cândido de Carvalho, que no dia 11 de fevereiro de 1920, por telégrafo, preocupado com a penúria e a miséria do povo, solicitou do Governo Federal o estudo de ampliação da rede ferroviária que partindo do Município de Quixeramobim, passaria pela cidade de Boa Viagem, Tamboril e seguiria até o Município de Crateús, deixando fortes perspectivas de progresso em nossa região.
Alguns dias depois, dessa vez dirigindo-se ao Governo do Estado, por conta da gravidade de uma estiagem, solicitou urgentemente recursos para organização das frentes de trabalho para abertura da rodovia carroçável que durante anos ligou o Município de Boa Viagem ao de Quixeramobim:

“Cumprindo um dever de humanidade, para com os nossos infelizes irmãos assolados pela impiedosa seca, tenho a súbita honra de dar-vos por cópia o telegrama que os habitantes desta vila transmitiram a suas excelências, presidente da república, ministro da viação e deputados, Dr. Justiniano de Serpa, Coronel Ildefonso Albano, Marechal Osório de Paiva e Coronel Vicente Sabóia, no sentido dos mesmos conseguirem trabalhos para os milhares de flagelados, que açoitados pela seca, estão morrendo de fome e na mais completa nudez. É desesperador o quadro de miséria em que se acham os meus munícipes flagelados. Em nome destes mesmos flagelados apelo para os sentimentos nobres de vossa excelência intervir perante os poderes competentes a quem os referidos habitantes desta vila dirigiram-se para conseguir trabalho urgente, em benefício dessa terra cearense.”

Das solicitações encaminhadas aos governos a única respondida positivamente foi feita pelo Dr. João Tomé de Sabóia e Silva, na época governador do Estado do Ceará, que disponibilizou meios para minimizar os efeitos da estiagem sobre a nossa população.
Depois da abertura dessa estrada o fluxo entre essas cidades se tornou mais frequente e bem mais agradável até que, anos depois, um acesso carroçável entre Boa Viagem e Fortaleza foi concluído:

“Na década de 1930, com grandes sacrifícios, começaram a trafegar alguns veículos para cidade de Fortaleza, bem como de lá até aqui. A antiga estrada – hoje BR-020 – apresentava muitos desvios e precárias condições de tráfego.” (NASCIMENTO, 2002: p. 259)

Nesse tempo, o transporte de mercadorias e passageiros era rotineiramente feito por animais de carga, ou pequenos caminhões, através das poucas estradas carroçáveis que cortavam o Sertão.

Imagem de Sebastião de Sousa Santiago entre funcionários da Prefeitura de Boa Viagem.

Muitos desses caminhões, com três boleias e carroceria de madeira, recebiam uma espécie de adaptação em seu chassi para esse tipo de serviço, onde o conforto e a segurança eram totalmente esquecidos.
Esses possantes veículos, que cortavam as empoeiradas estradas da região, eram denominados pela população de “mistos”, tendo em vista que dividiam o espaço de carga entre os passageiros e as mercadorias, muitas delas sendo vivas, conforme nos relata o farmacêutico Antenor Gomes de Barros Leal:

“Chegara eu à cidade de Boa Viagem depois da meia-noite, vindo da cidade de Fortaleza, em companhia do vigário, do juiz, de dois comerciantes ricaços e suas esposas em um caminhão de boleia dupla. Era a condução ostentosa que tínhamos para os ricos e pobres; servia também ao intercâmbio de mercadorias entre Fortaleza e Boa Viagem. Sempre as viagens eram feitas em conjunto: gente, fardos de lã, porcos, bodes, carneiros, galinhas, ovos e perus, do Sertão para o consumo na capital. A volta se fazia mais animada com jovens, homens, mulheres e mercadorias. A noite era um nevoeiro fino e muito frio, que nos agulhava a pele e mal se podia aguentar. Quase todos estavam agasalhados com cobertores de lã.” (BARROS LEAL, 1983: p. 166)

Inicialmente o destino predileto dos boa-viagenses era dividido entre os Municípios de Quixeramobim e de Pedra Branca, ali costumavam fazer as suas compras, vender a sua produção agrícola ou artesanal, realizar consultas médicas e resolver os mais variados tipos de problemas.
Quase que diariamente, sem um órgão regulador do trânsito, os veículos paravam em qualquer lugar para apanhar qualquer tipo de carga e nem sempre tinham uma rota previamente estabelecida, pois dependiam da demanda de passageiros e da boa vontade dos condutores dos veículos.

Imagem do misto pertencente a Francisco Rosiêr Uchôa Araújo.

Em uma matéria do jornal O Povo, intitulada de “Boa Viagem agora melhor servida de transportes”, de 20 de julho de 1957, página 11, através do correspondente Dr. Manuel Vieira da Costa – o Nezinho, temos um relato de como estavam às estradas que ligavam Boa Viagem a outros Municípios:

“Apesar dos pesares, melhoram consideravelmente os meios de transportes deste Município, isto em virtude da estrada abaulada que dentro em breve será concluída. Já contamos com nada menos de 15 caminhões no Município, além de outros que por aqui passam. Há um misto que faz horários as quartas para Fortaleza, saindo pela manhã e as segundas e terças para o Quixeramobim. O veículo pertence ao Sr. Francisco Rosiêr Uchôa Araújo, que tem cumprido a risca suas promessas. As terças-feiras para aqui um caminhão misto, procedente de Crateús, que também faz linha para Fortaleza, acontecendo o mesmo procedente de Pedra Branca. Segundo nos declarou o Sr. Marcelo Sanford, por ocasião de sua última visita a Boa Viagem, será inaugurada a rodovia Fortaleza-Boa Viagem o mais tardar a 7 de setembro próximo.”

Com o passar dos anos e a criação e as exigências dos órgãos reguladores do trânsito, a qualidade e o tipo dos veículos destinados ao transporte de passageiros foram passando por algumas transformações:

“Uma vez por outra, alguns marchantes retornavam à cidade de Boa Viagem no final da tarde de sexta-feira, no caminhão do Luiz Araújo ou do Tupinambá, chegando à cidade no amanhecer do sábado. Muitas vezes, utilizando esse meio de transporte. O normal era a volta pelo trem da manhã do sábado até Quixeramobim, rumando a seguir para cidade de Boa Viagem, no lombo de um burro, na época de chuva; e, na estiagem, num caminhão.” (CARVALHO FILHO, 2008: p. 21)

O velho pau-de-arara, como era carinhosamente chamado, deixou de trafegar fazendo o transporte intermunicipal e aos poucos surgia o ônibus, um veículo mais confortável, seguro e o melhor, não permitia o transporte de cargas vivas, como anteriormente era feito.

Imagem de um ônibus intermunicipal da Mercedes-Bens, com carroceria da Ciferal, em 1978.

Com essa importante mudança, e a melhoria do acesso, a partir dos primeiros anos da década de 1960, o roteiro de destino dos boa-viagenses começou a mudar para cidade de Fortaleza, que aos poucos viu a sua distância sendo diminuída de 300 para 217 quilômetros.
Nessa época, a primeira empresa de ônibus a instalar um guichê para exclusiva venda de passagens intermunicipais no Município de Boa Viagem foi a Empresa Redenção, algum tempo depois as empresas: Salgado, Horizonte, Rápido Crateús, Varzea-alegrense e outras firmaram parcerias com os comerciantes locais e as suas passagens passaram a ser vendidas no balcão de algumas mercearias:

“Em 1959, a Empresa Redenção – a pioneira – inaugurou uma linha de ônibus com uma viajem diária para Fortaleza/Boa Viagem e vice-versa, embora já circulassem alguns ônibus entre nós. É importante lembrar que as viagens para a nossa capital durante muitos anos, eram feitas pela cidade de Quixeramobim. De lá se seguia de trem.” (NASCIMENTO, 2002: p. 259)

Durante muito tempo o ponto de partida dos transportes de passageiros foi feito na Rua Agronomando Rangel, próximo à Praça Antônio de Queiroz Marinho, no Centro da cidade de Boa Viagem.

Imagem do ponto de ônibus no Centro, fim da década de 1970.

Depois disso, por volta de 1974, na gestão do Prefeito Dr. Francisco Vieira Carneiro – o Major Carneiro, a Câmara Municipal de Vereadores aprovou o PRM – o Plano Rodoviário Municipal, um documento que tinha por finalidade organizar as estradas vicinais pertencentes ao Município de Boa Viagem, que lamentavelmente foi sendo desprezado pelas gestões que se seguiram, até cair no completo esquecimento.
Nos primeiros anos da década de 1980, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, foi finalmente concluída a mais importante obra já financiada pelo Governo Federal em nossa região, a pavimentação em asfalto da Rodovia Federal Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, importante via de acesso à capital e ao Estado do Piauí.
Alguns anos depois, por volta de 2002, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, o Governo do Estado concluiu a pavimentação da Rodovia Estadual CE-168, que anos antes, em 1952, na gestão do Prefeito Aluísio Ximenes de Aragão, havia sido aberta e depois passado por uma terraplanagem, facilitando ainda mais o acesso do Município de Boa Viagem às regiões Centro-Sul e Cariri do Estado do Ceará.
Por fim, nos últimos meses de 2013, novamente na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, o Governo do Estado pavimentou o trecho da Rodovia Estadual CE-266 entre a cidade de Boa Viagem e o Distrito de Nossa Senhora do Livramento, no Município de Monsenhor Tabosa, que melhorou ainda mais o acesso a Zona Norte do Estado do Ceará.

AS RODOVIAS QUE CORTAM O MUNICÍPIO:

As rodovias que cortam o Município de Boa Viagem estão classificadas em três tipos, a principal, que é a BR-020; as secundárias, que são as CEs, e as terciárias, que são as BVs.
As três esferas do Poder Executivo compartilham das responsabilidades sobre as rodovias que cortam o seu território, sendo eles:

O Governo Federal

O Governo Estadual
 

O Governo Municipal

OS TERMINAIS DE ACESSO AO MUNICÍPIO:

Um terminal, seja ele aéreo, marítimo ou rodoviário, é uma estrutura física que tem por finalidade abrigar os passageiros, os acompanhantes e as bagagens no embarque ou desembarque de seus destinos.

Imagem do Terminal Rodoviário Samuel Alves da Silva, em 1984.

Podemos afirmar que a organização e a qualidade da gestão do Poder Executivo de um Município podem ser avaliadas pela forma como cuida da porta de entrada e de saída de sua unidade administrativa. Essa porta nada mais é do que os seus terminais de embarque e desembarque de passageiros.
Na cidade de Boa Viagem registramos a existência dois terminais, um terrestre e outro aéreo, são eles:

BIBLIOGRAFIA:

  1. BRAGA, Renato. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Ceará. v. 1º. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1964.
  2. CARVALHO FILHO, José Cândido de. Boa Viagem da Minha Infância. São Paulo: Thesauros/Itiquira, 2008.
  3. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.