Theóphfilo da Costa Oliveira nasceu no dia 7 de março de 1881 no Município de São Benedito, distante 360 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de João Amaro da Costa e de Isabel Rodrigues dos Reis.
Os seus avós paternos se chamavam Amaro José Benevides e Clarinda Maria da Conceição, já os maternos eram João Francisco Oliveira e Delfina Reis Oliveira.
O seu nascimento, ocorrido na região da Serra da Ibiapaba em uma localidade denominada de Campo Grande, está diretamente ligado aos movimentos de fuga das secas que costumam acontecer no Município de Boa Viagem.
Nessa época, sem a existência de grandes reservatórios que lhes garantissem a sobrevivência e a manutenção de seus poucos animais, era comum os sertanejos buscarem refúgio nas serras que mantinham forragem:
“Das grandes secas que marcaram o Estado do Ceará, uma das mais lembradas foi a de 1877-1879. Foram três anos seguidos sem chuvas, sem colheita, sem plantio, com perda de rebanhos e com fuga das famílias, deixando despovoado o sertão. A população de certo modo foi pega de surpresa, já que a última grande seca havia ocorrido fazia mais de 30 anos, de 1844 a 1845. Até as famílias abastadas partiram em busca de refúgio junto a parentes que habitavam nas serras e no litoral. Os adultos iam montados nos cavalos, seguidos pelos carros de bois, cheios de crianças, mulheres e bagagens, tendo na retaguarda os vaqueiros e os ajudantes conduzindo o que restara do gado.” (GARCIA, 2015: Disponível em http://www.museudeimagens.com.br/grande-seca-do-nordeste/. Acesso em 1º de junho de 2015)
Algum tempo depois, no dia 24 de novembro de 1900, com apenas 19 anos de idade, ao meio-dia, conforme informações existentes no livro B-02, destinado ao registro dos casamentos da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombo 28, página 112v, em um ofício que foi celebrado pelo Mons. José Cândido de Queiroz Lima na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, contraiu matrimônio com Francisca Juliana da Conceição, que era nascida no dia 30 de junho de 1885, sendo filha de Francisco Freire da Costa com Ana Francisca de Oliveira.
Desse matrimônio foram gerados dez filhos, três homens e sete mulheres, sendo eles: Pedro Costa de Oliveira, conhecido como “Pedro Teófilo”; Epifânio Costa de Oliveira, conhecido como “Senhorzinho”; Maria Francisca Vieira, conhecida como “Deildes”; Ernestina de Oliveira Rocha; Francisca de Oliveira Santos; Adília Maria de Lima; Teófilo da Costa Filho; Júlia Maria de Oliveira, Elvira Francisca de Oliveira Lima e Antônia Maria de Lima, conhecida como “Milita”.
Mais tarde, no dia 19 de maio de 1910, segundo informações existentes no livro B-01, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 2, folha 81, confirmou os seus votos em uma cerimônia de casamento civil.
Segundo as informações contidas no relatório do Recenseamento dos Estabelecimentos Rurais do Estado do Ceará, documento que foi publicado no dia 1º de setembro de 1920 pelo Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, página 35, era agropecuarista e a sua propriedade estava localizada em um local denominado de Fazenda Triunfo.
“Minha mãe, Adília Maria, era filha de Theóphfilo da Costa Oliveira e de Dona Francisca Juliana da Conceição, proprietários e criadores da Fazenda Triunfo, no Município de Boa Viagem.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 27)
Depois disso, no pleito eleitoral ocorrido em 1912, sendo conhecido pela alcunha de “Teófilo Amaro”, desejando entrar na vida pública, conquistou uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores para legislatura que ocorre entre 1912 a 1916.
Nessa legislatura, no dia 26 de junho de 1913, expediu correspondência informando ao Governo do Estado ter sido eleito pelos seus pares como presidente da mesa diretora, função ocupada por pouquíssimo tempo.
Depois disso, no dia 5 de maio de 1914, invocando o artigo 10 da lei nº 33, de 10 de novembro de 1892, possivelmente por conta da seca, no plenário da Câmara, foi informado por três dos seus companheiros da renuncia de seus mandatos, sendo eles: Manoel Herminio de Sousa Leitão, José Rodrigues de Oliveira e André Corsino do Vale.
Nesse período, em um curto espaço de tempo, ocorreram algumas turbulências políticas, quando os habitantes do Município foram pegos de surpresa com a renúncia de dois intendentes: Josias Barbosa Maciel e Benjamim Bastos.
Na eleição seguinte, militando nos quadros políticos do PRC – o Partido Republicano Conservador, conseguiu ser eleito pela segunda vez para uma das cadeiras do Poder Legislativo do Município de Boa Viagem na legislatura que se estendeu entre 1916 a 1920.
Entre os anos de 1924 e 1928 decidiu ficar fora da vida pública do Município, deixando em seu lugar um de seus irmãos na Câmara Municipal, Joaquim Amaro Bezerra.
No pleito eleitoral seguinte, na legislatura que ocorreu de 1928 a 1930, conseguiu ser reconduzido ao seu terceiro mandato eletivo, momento em que ocorreu uma Revolução no Distrito Federal, a cidade do Rio de Janeiro.
Nessa época, mesmo com essas transformações políticas, as rédeas do Poder Executivo municipal passaram às mãos de Manoel Araújo Marinho – o Nel Araújo, que graças às agitações políticas no âmbito federal governou Boa Viagem por pouco tempo, pois no dia 28 de outubro de 1930 foi destituído de seu cargo pelo interventor do Estado, o Dr. Manuel do Nascimento Fernandes Távora, que nomeou Teodoro Amaro de Oliveira, seu irmão, como interventor do Município.
Depois disso, o seu irmão governou o Município de Boa Viagem por menos tempo ainda, pois no dia 20 de maio de 1931 foi decretada a extinção do Município, que perdeu a sua autonomia política e voltou à condição de simples Distrito do Município de Quixeramobim:
“O interventor federal do Estado do Ceará, Dr. Manuel do Nascimento Fernandes Távora, considerando que a atual organização municipal deve ser modificada por não atender ao interesse público; Considerando que, para a constituição de qualquer Município, se torna necessária uma população nunca menor de quinze mil habitantes, uma renda anual não inferior a trinta contos de reis e outros fatores de valor; Considerando que muitos dos atuais Municípios não preenchem esses requisitos, sendo meras expressões territoriais, sem vida própria. Considerando que, dest’art, para proporcionar aos Municípios uma existência normal, se impõe a supressão de alguns deles, decreta: Art. 1º – O território do Estado divide-se, administrativamente; em 51 Municípios e estes em Distritos. Art. 4º – Ficam extintos os seguintes Municípios:…. Campos Sales, Conceição do Cariry, Santa Cruz, Várzea Alegre…. Boa Viagem que passará respectivamente a fazer parte do Município de Quixeramobim…” (CAVALCANTE MOTA, 1989: p. 38-39)
Segundo as informações do Dr. Tomás Pompeu de Sousa Sobrinho, o Senador Pompeu, nessa época, sem receber nenhuma ajuda por parte das esferas governamentais para o enfrentamento das secas, o Município de Boa Viagem sofria sérios problemas nos períodos de estiagem.
As insuficientes riquezas produzidas e os poucos valores coletados em impostos não cobriam as despesas da máquina pública de nosso Município, e isso despertou ao Governo Federal a extinguir aquilo que era taxado na lei como uma “mera extensão territorial”:
“No Ceará, o Sertão de Boa Viagem, em 1932, conservou-se estéril; 201 milímetros de chuva não permitiram que a lavoura vingasse e até o pasto nativo foi escasso e inexistente.” (SOUSA SOBRINHO, 1970: p. 40)
Com o prolongamento das secas, costumeiramente, muitos habitantes de nosso Município, procurando um meio de sobreviver, decidiram migrar para as outras regiões de nosso país, e nunca mais voltaram.
Nesse período os seus olhos puderam contemplar a triste fuga de muitos cidadãos que, transformados em flagelados, em nome da sobrevivência, procuravam refúgio em locais mais promissores. Algumas dessas fugas visavam se unir as frentes de trabalho do Açude Pompeu Sobrinho, na cidade de Choró:
“Para os acampamentos do ‘Açude Choró’ foram enviados compulsoriamente cerca de 3 a 5 mil flagelados, especialmente do campo de concentração do Patu. Mas, espontaneamente chegaram mais de 30.000, sobretudo das regiões de Boa Viagem e Quixeramobim, bem como do Baixo Jaguaribe, do Rio Grande do Norte, muitos do sul do Município de Quixadá e dos de Cachoeira [Solonópole], Frade e Morada Nova.” (SOUSA SOBRINHO, 1960: p. 49)
Embora o nosso Município tenha passado por esse momento de ocaso em sua história política o nosso valor voltou enfim a ser reconhecido no dia 28 de dezembro de 1936 com a restauração de nossa desejada autonomia administrativa:
“Com a autonomia de Boa Viagem, mérito e vitória da luta e do esforço de Francisco Rangel de Araújo, o Agronomando Rangel, que tudo fez para que esta terra voltasse, novamente, à sua independência.” (NASCIMENTO, 2002: p. 66)
Nessa ocasião, por indicação do Governador Francisco de Menezes Pimentel, interventor do Estado, José Rangel de Araújo, pai de Francisco Rangel de Araújo, o Agronomando Rangel, assumiu à Prefeitura de Boa Viagem.
No dia 16 de setembro de 1940, segundo informações existentes no livro C-02, pertencente ao Cartório Geraldina, folha 59v, partilhou com os seus familiares a dor pela perda de sua mãe, que faleceu aos 85 anos de idade.
Mais tarde, no pleito eleitoral ocorrido no dia 3 de outubro de 1950, desejando retornar à vida pública, com 69 anos de idade, dessa vez militando nos quadros políticos da UDN – a União Democrática Nacional, conheceu a sua primeira derrota nas urnas, quando recebeu apenas 54 votos e ficou na quarta suplência de seu partido.
Nessa época, fez uma importante doação para ampliação da área do Cemitério Parque da Saudade, que já necessitava de espaço.
Segundo informações do livro C-10, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 4.166, página 80, veio a óbito na cidade de Fortaleza, aos 84 anos de idade, no dia 5 de setembro de 1965.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, teve o seu corpo sepultado em um mausoléu da família que existe no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado da Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.
BIBLIOGRAFIA:
- CARVALHO FILHO, José Cândido de. Boa Viagem da Minha Infância. Brasília: Thesaurus/Itiquira, 2008.
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará, (1930-1945). Fortaleza: Stylus Comunicações, 1989.
- GARCIA, Fátima. A seca de 1877 a 1879. Disponível em http://www.museudeimagens.com.br/grande-seca-do-nordeste/. Acesso em 1º de junho de 2015.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SOUSA SOBRINHO, Tomás Pompeu. A História das Secas no Século XX. Disponível em colecaomossoroense.org.br. Acesso no dia 13 de fevereiro de 2015.
- PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de registro dos casamentos. 1886-1903. Livro B-02. Tombo nº 28. Página 112v.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, através da lei nº 139, de 12 de março de 1970, uma das ruas que se estendem pelos Bairros Vila Azul, Centro e Boaviaginha, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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