Deodato José Ramalho

deodato-jose-ramalhoDeodato José Ramalho nasceu no dia 5 de fevereiro de 1931 no Município de Quixadá, que está localizado no Sertão Central do Estado do Ceará, distante 167 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Francisco Deoclécio Ramalho e de Maria Letícia de Queiroz Ramalho.
Os seus avós paternos se chamavam Deodato José Ramalho e Ana Dionísia Ramalho, já os maternos eram José Leal de Oliveira e Maria Sabina de Queiroz Oliveira.
No dia 3 de outubro de 1947, prestes a completar 17 anos de idade, de acordo com as informações contidas no livro C-04, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 1.214, folha 90, partilhou com os seus familiares da perda de sua mãe.
Alguns meses depois disso, já em 1948, assistiu ao casamento de seu pai com Francisca Ivani Citó Ramalho, uma jovem senhora que logo conseguiu cativar o seu carinho e respeito.
Pouco tempo depois, no dia 27 de julho de 1951, com apenas 20 anos de idade, contraiu núpcias com Maria Zélia Cavalcante Ramalho, que nasceu no Município de Tauá no dia 10 de abril de 1934, sendo filha de Domingos Alves Cavalcante e de Izabel Cavalcante Mota.
Desse enlace matrimonial foram gerados oito filhos, quatro homens e quatro mulheres, sendo eles: Domingos Francisco Cavalcante Ramalho, Deodato José Ramalho Júnior, José Carlos Cavalcante Ramalho, Paulo Roberto Cavalcante Ramalho, Izabel Letícia Cavalcante Ramalho, Ana Paula Cavalcante Ramalho Brilhante, Liliam Cristina Cavalcante Ramalho Johannesson e Flávia Maria Cavalcante Ramalho.
Depois de casado, no dia 12 de abril de 1952, outra significativa perda se abateu sobre os seus ombros, dessa vez foi a noticia do falecimento de seu avô materno, que durante anos exerceu influência sobre a sua vida por ter sido vereador e prefeito do Município de Boa Viagem.
Foi agropecuarista, comerciante e durante muitos anos, juntamente com a sua esposa, foi o responsável por uma pequena agência do IAPC – o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários, na cidade de Boa Viagem:

“No ano de 1964, foi nomeada representante do INSS, na época IAPC, na cidade de Boa Viagem, onde residia. Trabalhou durante 26 anos na área urbana, estendendo-se até a cidade de Pedra Branca, por oito anos. Deu, ainda, periodicamente, assistência na área rural, atendendo solicitação da agencia do INSS.” (MARINHO, 2014: p. 183)

Durante muitos anos residiu, juntamente com a sua família, na Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, nº 109, no Centro da cidade de Boa Viagem.
Nos primeiros anos da década de 1950, exercendo uma forte liderança politica em nossa região, herança de seu avô materno, resolveu concentrar esforços no intuito de entrar na vida pública do Município de Boa Viagem.
Na eleição municipal ocorrida no dia 3 de outubro de 1954, pleiteando chegar a uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, colocou o seu nome na disputa por uma das vagas do Poder Legislativo, ficando entre os sete vereadores que receberam a maior votação desse pleito.
Nessa época, assumiu a sua primeira legislatura dando sustentabilidade ao governo do prefeito e amigo Delfino de Alencar Araújo, que teve início no dia 25 de março de 1955 e foi encerrado no dia 24 de março de 1959:

“Político por vocação, muito jovem ingressou na política, encaminhado por seu grande amigo, Delfino de Alencar Araújo, naquela época prefeito desta terra. Quando doente, Delfino escrevia para Deodato pedindo-lhe para regar sua ‘Flores’, que eram os seus ‘correligionários’. E, assim, atencioso, cumpriu esse pedido. Sempre teve muita dedicação por todos que dele precisavam, acompanhando doentes para Fortaleza, Quixeramobim e para onde preciso fosse.” (MARINHO, 2014: p. 64)

Nessa legislatura, deu total apoio ao projeto da construção do Açude Público José de Alencar Araújo, na localidade de Capitão-Mor.
Na disputa eleitoral ocorrida no dia 3 de outubro de 1958, conseguido fazer um mandato diferenciado entre os seus pares, compondo os quadros políticos do PSD – o Partido Social Democrático, foi reeleito para o desempenho parlamentar em uma nova legislatura, que teve início no dia 25 de março de 1959 e foi concluída no dia 24 de março de 1963.
Nessa legislatura, em apoio ao governo do Prefeito Dr. Gervásio de Queiroz Marinho, votou em favor da compra de um trator, que tinha o intuito de servir aos agricultores do Município; a realizar convênio com o Governo Federal para fomentar o Ensino Primário; a instalação de água e esgoto na cidade de Boa Viagem; a criação do serviço de manutenção de estradas municipais; a aprovação e modificação da nomenclatura das ruas da cidade; a doação de um lote urbano para construção da Associação Atlética Boa-viagense; a delimitação da zona urbana da cidade e das vilas de Domingos da Costa, Ibuaçu e Jacampari.
Depois disso, na convenção municipal de seu partido que definiu os candidatos do pleito seguinte, sendo um dos homens da confiança do Governo Municipal e principalmente da “Oligarquia Araújo”, foi indicado como cabeça da chapa da situação e tinha como vice o nome do estudante José Vieira Filho, que era conhecido pela alcunha de Mazinho:

“O meu companheiro de chapa era o Sr. Deodato José Ramalho, vereador pelo PSD, coletor estadual que disputava a prefeitura com o Sr. Manuel Vieira da Costa, pela UDN, tabelião público conceituado, guarda livros do comércio local e representava o novo, para derribar a chamada oligarquia Araújo…” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 37)

Nessa época, uma das características desse pleito, era a desvinculação da chapa, ou seja, embora os candidatos estivessem juntos poderiam caminhar separados, poderiam pedir votos apenas para si.
Na chapa adversária, que foi indicada pela UDN – a União Democrática Nacional, estavam juntos os nomes do Dr. Manuel Vieira da Costa – o Nezinho, e do ex-Prefeito Aluísio Ximenes de Aragão.

Imagem de Deodato José Ramalho.

Imagem de Deodato José Ramalho ao lado de sua esposa e amigos.

O curioso desse pleito é que no último dia permitido para o registro das candidaturas, em uma bela jogada articulada pelo presidente do Diretório Municipal da UDN, o Dr. José Maria Sampaio de Carvalho, ardilosamente registraram um candidato com o nome homônimo ao de José Vieira Filho, ou seja, havia dois candidatos a prefeito e três a vice, sendo que dois possuíam o mesmo nome.
Poucos dias depois disso, no dia 7 de outubro de 1962, depois de uma acirrada campanha, ansioso pelo resultado do pleito, que pelo tumulto parecia incerto, amargou a sua primeira derrota política nas urnas:

“Houve a eleição e, quando apuraram os votos, o Dr. Manuel Vieira da Costa, o Nezinho, venceu o Sr. Deodato por uma diferença de 226 votos. Houve mais de 800 votos nulos do Sr. José Vieira Filho, e consegui vencer o Sr. Aluísio com 77 votos a mais de diferença. Valeu a vontade do povo, sufragando os candidatos, Nezinho e Mazinho, dois primos carnais, embora de partidos e palanques opostos.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 37)

No pleito seguinte, que aconteceu no dia 15 de novembro de 1966, deu continuidade ao seu projeto de chegar ao comando do Poder Executivo. Nesta ocasião, figurando dentro dos quadros da ARENA 2 – a Aliança Renovadora Nacional, foi indicado pelo seu diretório a colocar novamente o seu nome na disputa eleitoral e coincidentemente tinha como adversário o seu antigo companheiro de chapa, José Vieira Filho.
Nessa eleição, sem ter um vice, praticamente sem apoio, sozinho conseguiu tirar 1.980 votos, contra os 3.948 votos da poderosa chapa adversária.
Depois dessas duas seguidas derrotas, passou um período de reflexão fora da vida pública e resolveu voltar a pleitear uma das cadeiras da Câmara Municipal na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1972.
Nessa eleição, ainda militando nos quadros políticos da ARENA, dessa vez apoiando ao candidato José Vieira Filho, conseguiu retomar o seu espaço político depois de receber 520 fotos, sendo o sétimo candidato com a maior votação dessa disputa.
Nessa legislatura, apoiou aos projetos encaminhados pelo gabinete do Prefeito Dr. Francisco Vieira Carneiro – o Major Carneiro, foram eles: a criação do plano rodoviário municipal; a construção do Centro Comunitário Dep. José Vieira Filho; a construção da Escola de Ensino de Fundamental David Vieira da Silva; a construção do Centro de Abastecimento Municipal Walkmar Brasil Santos; a reforma da Praça Vereador José Vieira de Lima; a instalação da CODAGRO – a Companhia de Desenvolvimento Agronômico e Pecuário do Ceará, e outros.
Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1976, permanecendo na bancada da ARENA, conseguiu ser reconduzido ao exercício de seu terceiro mandato no Poder Legislativo depois de receber a confiança de 1.471 eleitores, sendo o vereador de maior votação dessa disputa.
No dia 18 de março de 1978, no exercício de sua função, apresentou requerimento à mesa diretora da Câmara Municipal solicitando ao gabinete do prefeito a construção de uma escola na localidade de Poço do Gado.
Pouco tempo depois, na cidade de Fortaleza, no dia 5 de agosto de 1978, faleceu repentinamente com apenas 47 anos de idade, deixando perplexa a população boa-viagense. Com o seu falecimento, em pleno exercício de seu mandato, alguns dias depois assumiu o suplente, o Vereador Francisco Joel Lima e Silva.

“No dia 5 de agosto de 1978, sofreu uma grande dor: a morte súbita de seu querido esposo, quando ele vinha de Fortaleza para a sua residência, nesta cidade. Faleceu, de infarto do miocárdio, na BR-020, sendo acompanhado pelo seu amigo José Urbano.” (MARINHO, 2014: p. 184)

Logo após o seu falecimento o seu corpo foi imediatamente trazido para o Município de Boa Viagem, onde recebeu as homenagens fúnebres que são de costume, sendo sepultado em seguida no mausoléu da família que existe no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.

Mausoléu da família Queiroz Ramalho.

Imagem do mausoléu da família Queiroz Ramalho, em 2013.

Muitos anos depois, testemunhando sobre ele, assim se expressou um de seus filhos, o Dr. Deodato José Ramalho Júnior, na passagem dos trinta e oito anos de sua morte:

“Desde cedo mostrou-se um jovem sensível às dores dos mais humildes, o que o levou a dedicar quase toda a sua vida à militância social e política. Pessoa boníssima formou em sua volta uma legião de amigos. Pessoa simples e despojada, era capaz de, como se dizia na época, ‘tirar a roupa do corpo’ para socorrer o mais necessitado. Toda a minha infância e parte da adolescência vivenciei, juntamente com minha querida e guerreira mãe, Maria Zélia Cavalcante Ramalho, e meus sete irmãos, o grande afluxo de pessoas do povo na nossa residência. Mais do que um pai ele foi para mim um exemplo de cidadão e de pessoa do bem, o que influenciou enormemente o que eu penso da vida.”

BIBLIOGRAFIA:

  1. MARINHO, Antônia de Lima. A Filha do Nordeste e Frutos Nordestinos. Boa Viagem: Máximos Impressões Gráficas, 2015.
  2. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  3. VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada Por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, através da lei nº 459, de 21 de março de 1988, a rua que divide os Bairros Ponte Nova e Alto da Queiroz, nome urbano da Rodovia Estadual CE-266, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura;
  2. Em 1997, depois de uma ampla reforma patrocinada pelos recursos da família, a sua antiga residência foi completamente modificada para um centro comercial, que recebeu o seu nome.
Imagem do Centro Comercial Deodato José Ramalho, em 2013.

Imagem do Centro Comercial Deodato José Ramalho, em 2013.