Aluísio Ximenes de Aragão nasceu no dia 4 de março de 1896 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Antônio Ximenes de Aragão e de Ana Benvinda Ximenes.
Os seus avós paternos se chamavam João Ximenes de Aragão e Perciliana Soares de Freitas, já os maternos eram Francisco Manoel de Almeida e Isabel Carneiro Monteiro.
Sobre os primeiros anos de sua infância e adolescência poucas informações chegaram a nossa época, mas temos plena certeza das inúmeras dificuldades enfrentadas pelos seus pais que, por conta de seu meio de subsistência, enfrentaram as terríveis secas que aconteceram, especialmente nos primeiros anos do século XX, buscando conservar a pequena semente de gado que teimava em resistir.
Em 1915, aos 19 anos de idade, no governo do Intendente Salviano de Sousa Leitão, teve a infeliz oportunidade de assistiu a uma das mais terríveis estiagens que já se abateu sobre a região de nosso Município.
Era à inclemência e a devastação de tudo acima e abaixo da terra, do desespero do homem e da dizimação dos rebanhos, da fome e da sede que se alastravam em progressão alarmante, das muitas levas de retirantes que iam aos poucos abandonando o nosso pequeno lugarejo.
Foi nessa longa estiagem que, para impedir que os retirantes se dirigissem à capital, o governo cearense criou os campos de concentração nos arredores da cidade de Fortaleza, no qual recolhia os flagelados sertanejos em fuga.
Nessa época, para piorar essa situação, a varíola fazia centenas de mortos no Campo do Alagadiço, próximo de Fortaleza, onde se espremiam mais de oito mil pessoas e a falta de condições sanitárias e de comida completavam o trágico quadro de terror.
Esse geralmente era o tema que provocava as conversas, que costumeiramente frequentavam as rodas de amigos que à noite se reuniam para falar das experiências, atentamente observando o horizonte na expectativa da vinda de um bom inverno para o nosso Município.
Mas a seca nem sempre dava a última palavra, o solo fértil do Município de Boa Viagem logo voltava a verdejar quando as primeiras gotas de chuva tocavam o chão. O riso e a alegria de seus contemporâneos voltavam à face quando de enxada no ombro, semente no bornal e cabaças abastecidas se dirigiam aos roçados para garantir a próxima colheita e atentamente acompanhar, aos poucos, o gado ganhar peso e a reproduzir.
Com a boa quadra invernosa a nossa pequena cidade, aos poucos, voltava a sentir os ares do progresso quando, em 1919, o intendente municipal, o Coronel José Cândido de Carvalho, corajosamente, resolveu impulsionar o comércio financiando por sua conta e risco a construção do Mercado Público Municipal, algum tempo depois denominado de Jessé Alves da Silva.
No ano seguinte, segundo informações existentes no livro B-05, pertencente à secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombo nº 3, folha 117, no dia 30 de maio de 1920, diante do Mons. José Cândido de Queiroz Lima, contraiu matrimônio com Maria Alice Albuquerque Gomes, que era nascida em 10 de julho de 1898, sendo filha de Trajano Cavalcante de Albuquerque com Luziânia Ribeiro Gomes.
Pouco tempo depois, segundo informações existentes no livro B-04, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 5, folha 64v, no dia 26 de julho, aos 24 anos de idade, desempenhando a função de coletor estadual, em sua residência, em uma solenidade que foi dirigida pelo Dr. Manoel Antônio de Macêdo, confirmou os seus votos em uma cerimônia de casamento civil.
Desse matrimônio foram geradas apenas duas filhas, sendo elas: Alice Albuquerque de Aragão, conhecida como Aluce; e Alda Albuquerque de Aragão, chamada de Consuelo. Algum tempo depois, adotou como sua uma criança que foi denominada de Francisca Neves de Aragão.
Na cidade de Boa Viagem, durante muito tempo, residiu com a sua família na Rua Agronomando Rangel, nº 463, Centro, endereço que, segundo Antenor Gomes de Barros Leal, costumava estar sempre muito frequentado:
“Os meus nobres e inesquecíveis hospitaleiros foram os prezados amigos Senhor Aluísio Ximenes de Aragão e sua inteligente e prendada consorte, D. Maria Alice Albuquerque de Aragão. Cumpre-me acrescentar que foi em sua mesa que tomei o primeiro café e as primeiras refeições. Jamais deixarei apagar-se da retina da minha memória a lhaneza de seu trato. Oportuno ainda é dizer que nessa época não havia hotel na cidade e a residência de Aluísio, chefe político e coletor estadual, era o ponto visado, de modo impertinente, para hospedagem de grande parte de amigos, compadres, correligionários, viajantes comerciais e desconhecidos! Ainda hoje procuro saber como conseguiu aquele casal sobreviver, suportando tamanha despesa e extraordinário trabalho.” (BARROS LEAL, 1996: p. 138)
No âmbito político, na época de seu casamento, o chefe do executivo municipal não se chamava prefeito e sim intendente, que era a figura investida dos poderes policiais e tributários que foi criado na época do Império e permaneceu até 1930, quando surgiu o formato administrativo como conhecemos hoje. Até então a intendência era o órgão público administrativo que gerenciava o Município e a sua chefia estava à disposição de escolha do presidente do Estado, em nossos dias chamado de governador.
Nessa época, o nosso Município era ainda mais pobre do que é hoje e não possuía um centro administrativo, em virtude disso o local das decisões da vila eram geralmente tomadas na residência do gestor municipal.
No plano federal, também nessa época, nosso país andava agitado com as revoltas tenentistas. Essas rebeliões, de cunho político-militar, eram encabeçadas por jovens oficiais de baixa e média patente do exército, que no início da década de 1920 estavam descontentes com a situação política do Brasil.
Eles propunham urgentes e necessárias reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto de cabresto, a instituição do voto secreto e a reforma da educação pública.
Embora esse movimento se concentrasse nos grandes centros do país o Município de Boa Viagem não estava distante dos efeitos de tudo isso. Nessa época, qualquer agitação em nossa capital causava um efeito que logo modificava por completo toda a estrutura administrativa dos Municípios do interior.
Por fim, como sabemos, o movimento tenentista não conseguiu produzir os resultados imediatos na estrutura política da nação, já que nenhuma de suas tentativas obteve sucesso, mas conseguiu manter viva a revolta contra o poder das oligarquias estaduais, representada na política do “Café com Leite”, e preparou o caminho da Revolução de 1930, que alterou definitivamente as estruturas de poder em nosso país.
Foi nesse bojo de conflitos políticos e sociais que agitavam o Brasil que iniciou o seu engajamento político, aderindo plenamente ao desejo de seu irmão mais velho, Luís Ximenes de Aragão, que nesse tempo era vereador, em pleitear o cargo de chefia do Poder Executivo municipal.
Nessa época, como hoje, o controle do Poder Executivo municipal possibilitava as vitórias eleitorais nas outras esferas do poder. O partido que contasse com o apoio do presidente do Estado dificilmente perderia uma eleição. A agremiação partidária governista dispunha da polícia, do pessoal administrativo, das mesas eleitorais e das câmaras apuradoras.
Infelizmente, do primeiro pleito direto para a escolha do intendente de nosso Município, não dispomos de nenhuma informação concreta, não sabemos a quantidade de eleitores e nem se havia uma corrente de oposição ao nome de seu irmão:
“Em 1926, segundo informações dos mais antigos, foi eleito, na nossa primeira eleição direta para prefeito, o senhor Luís Ximenes de Aragão. Permaneceu até 1930, tempo em que foi realizada a segunda eleição, com a vitória do senhor Manoel Araújo Marinho.” (NASCIMENTO, 2002: p. 65)
Dentro do contexto político de seu tempo, o seu irmão procurou se aliar com as principais lideranças políticas estaduais e, juntamente com a “Oligarquia Araújo”, que dominava o Município naquela época, ajudou a eleger o advogado Dr. José Carlos de Matos Peixoto à chefia do Governo do Estado.
“Os Araújos, família rica e filiada a outras das mais antigas do norte do Ceará, vivia na mesma região [Sertão de Canindé], tendo como sede principal a povoação de Boa Viagem.” (SIMÃO, 1996: p. 190)
O Dr. José Carlos de Matos Peixoto havia sido secretário do Interior e da Justiça em nosso Estado no governo do Dr. José Moreira da Rocha, quando teve a oportunidade de fomentar a aprovação da lei nº 2.367, de 31 de janeiro de 1926, que tratava do voto secreto e obrigatório em nosso país.
Pouco tempo depois, em 1927, foi apresentado como o candidato de conciliação à presidência do Estado do Ceará pelas facções políticas envolvidas na disputa pelo Poder Executivo estadual. Depois disso ele governou o nosso Estado desde o dia 12 de julho de 1928 até o dia 8 de outubro de 1930, quando foi deposto pelo advento da Revolução de 1930.
Em Boa Viagem, pouco tempo antes de ocorrerem esses fatos, as rédeas do Poder Executivo municipal passaram às mãos de Manoel Araújo Marinho, o seu ex-cunhado, que graças às agitações políticas no âmbito federal governou Boa Viagem por pouco tempo, pois no dia 28 de outubro de 1930 foi destituído de seu cargo pelo interventor do Estado, o Dr. Manuel do Nascimento Fernandes Távora, que nomeou Teodoro Amaro de Oliveira como interventor de nosso Município.
Depois disso, o comerciante Teodoro Amaro de Oliveira governou por menos tempo ainda, pois no dia 20 de maio de 1931 foi decretada a extinção do Município de Boa Viagem, que perdeu a sua autonomia política e voltou à condição de simples Distrito do Município de Quixeramobim:
“O interventor federal do Estado do Ceará, Dr. Manuel do Nascimento Fernandes Távora, considerando que a atual organização municipal deve ser modificada por não atender ao interesse público; Considerando que, para a constituição de qualquer Município, se torna necessária uma população nunca menor de quinze mil habitantes, uma renda anual não inferior a trinta contos de reis e outros fatores de valor; Considerando que muitos dos atuais Municípios não preenchem esses requisitos, sendo meras expressões territoriais, sem vida própria. Considerando que, dest’art, para proporcionar aos Municípios uma existência normal, se impõe a supressão de alguns deles, decreta: Art. 1º – O território do Estado divide-se, administrativamente; em 51 Municípios e estes em Distritos. Art. 4º – Ficam extintos os seguintes Municípios:…. Campos Sales, Conceição do Cariry, Santa Cruz, Várzea Alegre…. Boa Viagem que passará respectivamente a fazer parte do Município de Quixeramobim…” (CAVALCANTE MOTA, 1989: p. 38-39)
Segundo as informações do Dr. Tomás Pompeu de Sousa Sobrinho, o Senador Pompeu, nessa época, sem receber nenhuma ajuda por parte das esferas governamentais para o enfrentamento das secas, o nosso Município sofria sérios problemas nos períodos de estiagem.
As insuficientes riquezas produzidas e os poucos valores coletados em impostos não cobriam as despesas da máquina pública de nosso Município, e isso despertou ao Governo Federal a extinguir aquilo que era taxado na lei como uma “mera extensão territorial”:
“No Ceará, o Sertão de Boa Viagem, em 1932, conservou-se estéril; 201 milímetros de chuva não permitiram que a lavoura vingasse e até o pasto nativo foi escasso e inexistente.” (SOUSA SOBRINHO, 1960: p. 40)
Com o prolongamento das secas, costumeiramente, muitos habitantes de nosso Município, procurando um meio de sobreviver, decidiram migrar para as outras regiões de nosso país, e nunca mais voltaram.
Nesse período os seus olhos puderam contemplar a triste fuga de muitos cidadãos que, transformados em flagelados, em nome da sobrevivência, procuravam refúgio em locais mais promissores. Algumas dessas fugas visavam se unir as frentes de trabalho do Açude Pompeu Sobrinho, na cidade de Choró:
“Para os acampamentos do ‘Açude Choró’ foram enviados compulsoriamente cerca de 3 a 5 mil flagelados, especialmente do campo de concentração do Patu. Mas, espontaneamente chegaram mais de 30.000, sobretudo das regiões de Boa Viagem e Quixeramobim, bem como do Baixo Jaguaribe, do Rio Grande do Norte, muitos do sul do Município de Quixadá e dos de Cachoeira [Solonópole], Frade e Morada Nova.” (SOUSA SOBRINHO, 1960: p. 49)
Embora o nosso Município tenha passado por esse momento de ocaso em sua história política o nosso valor voltou enfim a ser reconhecido no dia 28 de dezembro de 1936 com a restauração de nossa desejada autonomia administrativa:
“Com a autonomia de Boa Viagem, mérito e vitória da luta e do esforço de Francisco Rangel de Araújo, o Agronomando Rangel, que tudo fez para que esta terra voltasse, novamente, à sua independência.” (NASCIMENTO, 2002: p. 66)
Nessa ocasião, por indicação do Governador Francisco de Menezes Pimentel, interventor do Estado, José Rangel de Araújo, pai de Francisco Rangel de Araújo, o Agronomando Rangel, assumiu à Prefeitura de Boa Viagem.
Ainda nessa época, embora satisfeito com essa importante vitória, juntamente com os seus conterrâneos, se vestiu de luto com a prematura morte de seu querido irmão e ex-intendente desse Município, que ocorreu no dia 2 de maio de 1939.
Pouco tempo depois, no dia 26 de novembro de 1941, ainda na administração do Prefeito José Rangel de Araújo, por ser funcionário público estadual, foi indicado pelo juiz do Município a servir como perito em um imbróglio existente entre o Governo Municipal e o cidadão José Inácio de Carvalho:
“O José Inácio, que era líder da oposição à nossa situação, entendeu de construir a sua casa residencial…, quase colada à Matriz. A prefeitura embargou a obra. Ele foi ao juiz e eu fui designado como perito. O laudo que lavrei foi o seguinte: ‘intimado de ordem do Sr. Dr. juiz de Direito da Comarca, para esclarecer o 2º quesito – (esse terreno é de todo imprestável para construção de qualquer edifício ou prédio, nos termos e na conformidade das leis municipais (Código de Posturas?) – na qualidade de perito nomeado na ação executiva movida pela prefeitura dessa cidade contra o cidadão José Inácio de Carvalho, passo a prestar os seguintes esclarecimentos: 1° – O terreno em apreço está cercado por José Inácio de Carvalho, fica dentro da área urbana e mede 61,50 metros de frente por 132 metros de fundo, sendo que na parte da frente (virada para o sul) apenas 17 metros obedece ao alinhamento da rua e se presta para a construção, o restante, 44,50 metros fica um pouco afastado do referido alinhamento por ter sido este, interrompido com a construção da Igreja Matriz desta cidade e, em parte, é banhado por um riacho, dentro do qual no terreno se acham construídos um cacimbão e um banheiro; 2º – Na parte correspondente aos 132 metros (frente para o nascente) obedecendo ao alinhamento da travessa, também se presta para construção, exceto a parte banhada pelo dito riacho, calculadamente de 20 a 30 metros. Julgando assim desempenhada a espinhosa missão de que fui incumbido, dou fido ao presente laudo.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 11)
Algum tempo depois, no dia 17 de maio de 1944, outra perda irreparável assolou a sua vida, a sua genitora, que aos 81 anos de idade pereceu deixando o seu velho pai desconsolado.
Sem desanimar frente a esses problemas, deu continuidade ao legado deixado pelo seu irmão e, no dia 21 de dezembro de 1945, assumiu às rédeas do Poder Executivo municipal no lugar de Enedina de Carvalho como interventor indicado pelo Dr. Benedito Augusto Carvalho do Santos, Interventor Federal do Estado.
Nessa ocasião, em sua primeira passagem pela chefia do executivo municipal, enfrentou uma forte perseguição política de José Inácio de Carvalho, principal articulador da oposição, que o acusou de irregularidades à frente da prefeitura:
“A adesão do Coronel José Inácio de Carvalho às correntes partidárias que apoiam a candidatura do general, fez com que o ódio dos elementos olavistas se voltasse contra o Coronel José Inácio. E, segundo informações que colhemos de fontes fidedignas, nesta Capital, houve uma desinteligência entre o Coronel Inácio e o ex-prefeito daquela cidade, Dr. Aluísio, por causa de irregularidades na administração daquele cidadão. Denúncias que foram apresentadas ao Exmo. Sr. interventor federal e parece que a veracidade das mesmas foram apuradas, porque, sexta-feira passada, foi lavrado o ato de demissão daquele cavalheiro.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 58)
O pomo da cizânia para essa denúncia partiu de problemas ligados à locação de uma propriedade particular nos arredores da cidade de Boa Viagem:
“No verão de 1945, José Inácio de Carvalho arrendou a propriedade de Antônio Gonçalo, nos arredores da cidade, e nela soltou reses sua. Ocorre que, todo ano a mesma propriedade era arrendada a Delfino de Alencar Araújo. Vendo a pastagem ser destruída pelo gado do adversário, Delfino conseguiu com o Interventor Aluísio Ximenes de Aragão, prender o gado com fundamento numa portaria do secretário de Justiça do Interventor no Estado, Luís [Cavalcante] Sucupira. José Inácio foi a Fortaleza e conseguiu revogar a portaria, originando uma rixa de graves consequências entre os três: José Inácio, Delfino e Aluísio.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 64-65)
Nesse meio tempo, na cidade de Fortaleza, os ares da política estadual estavam passando por mudanças. Nessa época, quando um grupo ascendia ao poder, operava-se uma faxina na máquina pública, magistratura, servidores, destacamento policial, tudo era removido sem nenhum tipo de justificativa:
“Não havia suspiro para os que não concordavam com o Estado Novo implantado no país em 1937. O interventor do Ceará era nomeado pelo ministro da justiça…, seus seguidores nos Municípios implantavam o regime do terror usando e abusando dos delegados de polícia, dos juízes corruptos e dos coletores de impostos sem escrúpulos. Quase não havia organização. O interventor estadual nomeava o prefeito, o coletor, o delegado de polícia, não havia Câmara Municipal e os frustrados em seus pleitos não tinham para quem apelar.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 25)
Para quem saia do poder o seu destino já estava traçado: as demissões em massa, as remoções injustas, as destituições violentas multiplicavam-se no dia-a-dia; tudo para acomodar parentes, correligionários e amigos de quem estava no poder, e agora chegava à vez do Coronel José Inácio de Carvalho:
“Boa Viagem, finalmente, entregou-se à sua liderança [José Inácio de Carvalho] depois de dez anos de oposição à família Araújo, do PSP.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 55)
Logo após essas denúncias, no dia 28 de novembro de 1946, foi destituído do cargo e, em seu lugar, no intuito de apaziguar os mais exaltados, assumiu a interventoria do Município o Tenente José Silvino da Silva, que era ligado diretamente ao grupo denunciante:
“Era tudo uma manobra. Em novembro de 1946, para liquidar com a força política do Senador Olavo Oliveira, o Interventor [José] Machado Lopes demitiu todos os prefeitos do PSP, inclusive Aluísio Ximenes de Aragão, de Boa Viagem. Em Boa Viagem o interventor cooptou o Coronel José Inácio de Carvalho para fundar o PSD, dando-lhe todos os poderes políticos inerentes à nova chefia que surgia em apoio à candidatura do General Onofre Muniz [Gomes da Silva]. A família Araújo e Aluísio continuaram a apoiar a candidatura do Desembargador Faustino de Albuquerque [e Sousa]. Demitindo Aluísio, para o seu lugar foi nomeado o Tenente José Silvino [da Silva], com o aval político da liderança emergente, José Inácio de Carvalho.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 60-61)
Tudo parecia estar acontecendo perfeitamente de acordo com o que foi rigorosamente planejado por José Inácio de Carvalho, o Aluísio estava fora da prefeitura e a família Araújo sem o prestígio do poder municipal. Era, sem dúvida, uma excelente oportunidade para uma nova liderança que emergia aparecer com toda força:
“José Inácio de Carvalho, nos idos de 1940, vivia no auge de sua carreira política. O interventor do Município, Tenente José Silvino [da Silva], obedecia à sua orientação política. O Coletor Fausto Costa era da sua grei política. O vigário da Matriz, Padre Pedro Vitorino Dantas, era seu confidente e orientador espiritual. O juiz, Dr. Lourival Soares, todo dia passava em sua casa para troca de ideias. A sua casa vivia cheia de gente do Município e dos coordenadores da candidatura do General Onofre Gomes Muniz ao governo do Estado. Transbordava de felicidade.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 55)
Essa mudança repentina na chefia do executivo municipal poderia também ocasionar em uma alteração no pleito ao governo estadual que se avizinhava. O fato de sua demissão gerou um forte descontentamento entre as fileiras de seu grupo:
“A adesão do Coronel Inácio de Carvalho às correntes partidárias que apoiam a candidatura do general, fez com que o ódio dos elementos olavistas se voltassem contra o Coronel José Inácio. E segundo informações que colhemos de fontes fidedignas, nessa capital, houve uma desinteligência entre o Coronel Inácio e o ex-prefeito daquela cidade, Dr. Aluísio, por causa de irregularidades na administração daquele cidadão. Denúncias que foram apresentadas ao Exmo. Sr. interventor federal e parece que a veracidade das mesmas foram apuradas, porque, sexta-feira passada, foi lavrado o ato de demissão daquele cavalheiro.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 55)
Depois desses acontecimentos, no dia 28 de dezembro de 1946, por volta das 20h30min, coincidentemente um mês após a sua destituição do cargo de intendente, ocorreu o lamentável assassinato do Coronel José Inácio de Carvalho. Nessa noite, duas rodas de amigos debatiam sobre o destino da política estadual quando o tom da conversa subitamente foi interrompido pelo eco de um disparo.
No primeiro grupo, formado pelos partidários do General Onofre, estavam sentados vizinho à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, na calçada do Coronel José Inácio de Carvalho, no segundo grupo, a 100 metros desse, os partidários do Senador Olavo Oliveira, que estavam na calçada da casa do Vereador Antônio Tupinambá de Araújo e entre estes o ex-intendente Aluísio Ximenes de Aragão:
“Ouviu-se um estrondo na direção da igreja. Todos se levantaram e instintivamente olharam na direção da torre da igreja, escassamente iluminada, notando, porém, que a mesma não caíra. Segundos após, passou um rapaz vindo da casa de José Inácio, correndo e avisando que ele fora assassinado com um tiro.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 56)
Não demorou muito para que a suspeita da encomenda desse bárbaro e bem planejado crime caísse sobre as suas costas e sobre as de Delfino de Alencar Araújo, seus desafetos:
“Os amigos e familiares sentenciaram desde logo: foram os Araújo que mataram o José Inácio. A cidade ficou dividida. O policiamento foi reforçado com praças vindos de Quixeramobim e Canindé.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 57)
Pouco tempo depois desse fato, no dia 30 de dezembro de 1947, na capital do Estado, o jornal Diário da Tarde estampou na manchete a seguinte notícia:
“Assassinado barbaramente, em Boa Viagem, o Coronel José Inácio de Carvalho. O bárbaro e revoltante crime é atribuído aos inimigos políticos do ex-prócer udenista naquela cidade.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 57)
Logo após esses fatos o interventor do Estado designou o Major Antônio Leite Furtado, que era de sua plena confiança, com a finalidade de elucidar o misterioso crime. Nos bastidores desse acordo, entre as recompensas por essa descoberta, estava uma promoção, de um jeito ou de outro, por bem ou por mau, um culpado tinha de surgir!
“O Major Furtado Leite viajou para Boa Viagem com plenos poderes, na companhia do escrivão experiente, Aristóteles Carvalho, três investigadores de Polícia Civil, oficiais e praças da Polícia Militar, ocupando três automóveis. A primeira providência do major foi mandar prender mais de 27 pessoas ligadas aos Araújo e apreender todas as armas registradas, além de uma forte busca de armas na cidade e no Município.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 63-64)
Não fica difícil de imaginar as atrocidades cometidas pelo Major Furtado Leite na condução dessa investigação. Todos os esforços e atenção da justiça no Município estavam voltados para o esclarecimento desse misterioso caso:
“Agindo sempre com o assentimento do juiz, Dr. Lourival Soares, que inclusive saiu de sua casa e passou a morar na própria Pensão da Maria Antônia, para melhor assistir ao major em suas diligências, o major usava e abusava das truculências muito comuns na época, tais como: levar as pessoas para o cemitério e mandar abrir sua própria cova, se não falasse a verdade; alimentar os presos com comida salgada e não oferecer água durante dias; ameaçar sequestrar os familiares dos presos para obter depoimento favorável e outras.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 65)
Com as constantes e brutais investidas do oficial militar e temendo por suas vidas, juntamente com Delfino de Alencar Araújo, resolveu passar um período longe da cidade de Boa Viagem:
“Delfino Alencar Araújo e Aluísio Ximenes de Aragão, por segurança pessoal, abandonaram Boa Viagem e passaram a morar em [um] sítio de propriedade do Chagas Araújo, na cidade de Mulungu, na aprazível Serra de Baturité.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 65)
Em uma das diligências da polícia, não sabemos se por denúncia ou por mera coincidência, surgiu o primeiro suspeito. O crime, na perspectiva do Major Furtado Leite, já estava esclarecido:
“Surgia a primeira vitória policial, numa busca no lugar ‘Catolé’, na estrada que liga Boa Viagem a Pedra Branca, na residência do Sr. Francisco Pereira Lima, alcunhado de Chico Celedônio. Foi apreendido um rifle, marca Winchester, calibre 44 m/n, nº 282.909, com mira branca de metal adaptado para tiro noturno, havendo sido usado recentemente pelos vestígios de pólvora no cano. Preso, Celedônio confessou que a arma era de propriedade do comerciante Delfino de Alencar Araújo, ferrenho inimigo da vítima, a quem lhe era devedor de alentada quantia, conforme exame preliminar no livro-caixa na firma Araújo. Com relação ao crime negou.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 64)
Depois de vários dias de investigação, a conclusão a que chegou o Major Leite Furtado foi apoiada ainda pelos atritos recentes que haviam envolvido à vítima e um dos principais suspeitos:
“Associando-se então aos membros da família Araújo, não titubeou em promover também perseguições políticas a José Inácio de Carvalho, porquanto esse não havia recebido muito bem a sua nomeação. Apesar da amizade que sempre o ligou a José Inácio de Carvalho e dos favores que a este devia, Aluísio Ximenes de Aragão, dizem, ameaçou publicamente de morte àquele.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 83)
Pouco tempo depois do encerramento do inquérito, que dizem ter sido confeccionado através de torturas e de forte terror psicológico, foi expedido o mandato de prisão com o nome dos principais envolvidos:
“Com os depoimentos da viúva da vítima, da mulher de Celedônio, da filha de Celedônio, de José Vieira de Lima, de Fausto Costa e de mais cinco amigos de José Inácio, o Major Leite representou o Dr. Lourival Soares, juiz de Direito, requerendo a prisão preventiva para o autor material Francisco Pereira Lima e para autores intelectuais Delfino de Alencar Araújo e Aluísio Ximenes de Aragão.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 71)
Esse inquérito, alguns dias depois, recebeu ainda o reforço de uma carta escrita pelo Coronel Wicar Parente de Paula Pessoa, um importante agropecuarista da região que não tinha um bom relacionamento com os membros da “Oligarquia Araújo” e que via com bons olhos essa oportunidade de enfraquecer um clã rival:
“Wicar [Parente] de Paula Pessoa sempre foi uma figura folclórica nos Municípios do Sertão Central do Ceará, principalmente em Quixeramobim e Boa Viagem. Descendente dos Paula Pessoa da época do Império, cujo chefe era o Senador Paula, de Sobral, granjeou reputação de respeito e medo pelos métodos que empregava no seu relacionamento com as pessoas… Entre o Dr. Wicar, como era conhecido, e a família Araújo existia um distanciamento respeitoso, mas ambos preparados para uma possível contenda… O crime de José Inácio foi a ocasião propícia para o Dr. Wicar atingir os Araújo.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 93-94)
Sobre a conclusão dos dados que compuseram o inquérito, assim se expressou o Dr. Raimundo Gomes de Matos em uma carta enviada ao Secretário de Polícia e Segurança Pública do Estado do Ceará, o Capitão Atila Viana, no dia 16 de janeiro de 1947:
“Acredita-se nas rodas políticas que as exageradas exigências policiais realizadas em Boa Viagem, com a prisão de 15 homens dos principais da terra, comerciantes, agricultores e criadores, com transporte de alguns deles, obedecendo a um plano político dos pessedistas, a fim de que os perseguidos chefes do eleitorado local não possam comparecer à frente de seus elementos ao próximo pleito… Quero aludir agora à atitude, não só facciosa, porém evidentemente criminosa de certos delegados militares que estão agindo no interior de modo violento e desrespeitando os magistrados, em diversos Municípios… Já ontem dirigi petição ao presidente do Tribunal de Justiça, reclamando contra a vinda do inquérito de Boa Viagem, o que por si só atesta a ignorância dos que o trouxeram, colocando V. Sa. tão mal perante a sociedade e os que têm o trato da lei.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 73)
Em meio a essa turbulência de acusações, percebendo o abuso por parte de algumas das autoridades constituídas, o juiz da comarca, o Dr. Moacir Bastos, temendo proferir uma decisão injusta, resolveu ir ele mesmo à procura de informações sobre o assunto, refazendo a cavalo todo o trajeto do pretenso “acusado” e coletando uma série de elementos relevantes ao processo que esclareceram muitas de suas dúvidas.
Dentre esses dados coletados descobriu que José Inácio de Carvalho possuía uma vultosa quantidade de inimigos, inclusive o nome de pessoas que não constavam nos autos e que poderiam ter algum tipo de envolvimento, chegando à conclusão de que era impossível encontrar um culpado.
“Antônio de Queiroz Marinho, parente perto do réu, Delfino de Alencar Araújo, ostentava valentia e sentia exteriorizar seu ódio a vítima, declarando sem reservas que ainda eliminaria a vítima, José Inácio de Carvalho, adiantando que o tiro para a sua eliminação seria bem em cima da região peitoral, ou seja, em cima do coração… Pedro Ribeiro emboscara mais de uma vez, de rifle em punho, a vítima José Inácio de Carvalho, outro antecedente ao fato verificado na prova dos autos. Ainda outros antecedentes ao fato e vêm os casos de Altino Gomes, Cícero Lobo e Sargento Liberalino, em que graves incidentes se deram com a vítima, tudo como consta nos autos… A mulher da vítima, nos primeiros instantes de desespero, diante da irrevogável morte, gritava a plenos pulmões, que os criminosos eram os Araújo, indicando o nome de Antônio de Queiroz Marinho, conhecido por Totonho. José Vieira de Lima, uma das testemunhas da cena sinistra, revela em suas declarações na polícia que a vítima certa vez declarara que dos seus inimigos o que mais temia era o Aluísio.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 99-101)
Diante de tantas informações que compunham aquele complicado quebra-cabeça e da grande responsabilidade que recaia sobre os ombros do juiz ao proferir a sentença, assim ele se expressou no dia 12 de novembro de 1948:
“Adoto, desde que ingressei na magistratura, o sistema razoavelmente recomendado por tradicional princípio de Direito, de não condenar na dúvida. Reconheço a responsabilidade que me cabe nesse neste momento e por isto é que penetrei o mais possível meu estudo nos autos… raciocinei, meditei e acabei por não encontrar indícios fortes e suficientes para a pronuncia dos três réus que igualmente são três chefes de família que vivem a trabalhar, desconhecendo-se desonra dos mesmos a não ser a presente acusação… indícios vagos ou remotos que resultem uma autoria são francamente percorridos em três horas como tenho conhecimento próprio, pois depois que estou em Boa Viagem, já fiz a cavalo, dita viagem… Decido pela improcedência da denúncia e pela impronuncia dos réus.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 109-110)
Podemos concluir, sobre esse crime, que nem todas as vertentes foram devidamente exploradas, tendo em vista que desde o início o desejo de seus investigadores era o de relacionar-lhe as intrigas políticas:
“O assassinato do José Inácio, líder oposicionista à situação política de Boa Viagem, ocorrido no dia 28 de dezembro de 1946, à noite, oferece ao pesquisador duas vertentes: uma política e outra amorosa. No próprio dia do crime Davi gritou: – O crime é muito parecido como crime de honra. A vertente política foi investigada pela polícia e pela justiça, concluindo-se pelo arquivamento do processo que envolvia os políticos como mandantes.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 139)
O escritor e jurista Dr. José Aroldo Cavalcante Mota, em sua obra “Boa Viagem Realidade e Ficção”, livro que foi publicado sob a responsabilidade do Instituto Jurídico Eleitoral e Histórico, sustenta que existia ainda a hipótese relacionada a um escândalo descoberto acidentalmente por José Inácio de Carvalho, um romance extraconjugal existente entre pessoas da sociedade boa-viagense que eventualmente se encontravam em Fortaleza, hipótese desde o início descartada pelo Major Leite Furtado.
Segundo o texto, essa valiosa descoberta serviu-lhe de trunfo para usar como chantagem e ter algumas pessoas do meio político em suas mãos, nessa época, em Boa Viagem, um assunto desses tomava imensas proporções e poderia causar um verdadeiro escarcéu no cenário administrativo do Município.
Diante disso, ainda hoje, comenta-se entre os mais velhos que o José Inácio de Carvalho gostava de se envolver com os problemas alheios, logrou a fama de fofoqueiro e terminou tendo a sua vida ceifada.
Logo após a conclusão do caso de assassinato do José Inácio de Carvalho o curso de vida das pessoas da cidade de Boa Viagem voltou ao normal até que, no dia 7 de dezembro de 1947, elegeram como Prefeito Manoel Araújo Marinho, viúvo de Júlia Ximenes de Aragão, irmã de Aluísio:
“Manoel Araújo Marinho governou Boa Viagem de 25 de março de 1948 até o dia 25 de março de 1951. Realizou as seguintes obras: Construção do prédio dos Correios; Escola de 1º Grau Padre Antônio Correia de Sá; Praça Antônio de Queiroz Marinho; vários prédios escolares no Município; instalação de um motor para gerar luz elétrica em toda a cidade, cuja inauguração se deu no dia 6 de janeiro de 1949, em grande solenidade; primeiro calçamento, de pedra tosca, na Rua Agronomando Rangel; chafariz e outros.” (NASCIMENTO, 2002: p. 68)
Em seu governo Manoel Araújo Marinho, que era conhecido pelo apelido de Néo Araújo, quase não sentiu dificuldade para eleger o seu ex-cunhado como sucessor, que no dia 3 de outubro de 1950, militava nos quadros políticos do PSP, o Partido Social Progressista:
“Em Boa Viagem a coligação governista era representada pela família ‘Araújo’ sob a liderança do ex-prefeito Manuel Araújo Marinho (PSD) e pelo PSP, que era presidido pelo Prefeito Aluísio Ximenes de Aragão. Enquanto as oposições coligadas seguiam o Vereador José Vieira Lima, da UDN.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 11)
Nesse pleito, que nos parece bastante confuso por não termos conseguido o registro da votação de seu concorrente, que era um antigo aliado, sabemos apenas que conseguiu ser eleito recebendo a confiança de 2.031 eleitores.
“Meu pai, que já exercera três mandatos de vereador e em 1950 disputou o cargo de prefeito municipal, perdendo para o seu compadre Aluísio Ximenes de Aragão, enfrentava alguns descontentamentos dentro do seu partido e estava sem ânimo para continuar na política.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 52)
Dessa campanha, seguindo o ritmo da música “Forró de Mané Vito”, composição de Luiz Gonzaga, algumas pessoas ainda guardam na memória a quadrinha que foi feita em forma de insulto para o Vereador José Vieira de Lima pelos eleitores do Aluísio:
“Seu Zé de Lima se esqueça da prefeitura;
ponha a faca na cintura
e vá pra roça trabaiá.”
Depois de tudo isso, em uma grande festa, assumiu o comando da Prefeitura de Boa Viagem em um segundo mandato, que teve início no dia 25 de março de 1951 e foi encerrado no dia 24 de março de 1955.
Em seu governo enfrentou uma epidemia de varíola; promoveu uma grande reforma no prédio da cadeia municipal; comprou o terreno para a construção da barragem do Açude Público José de Alencar Araújo; adquiriu ferramentas agrícolas, que depois eram doadas aos agricultores; construiu prédios escolares; construiu a parte central do mercado público; garantiu a manutenção da iluminação pública urbana; realizou a abertura de estradas vicinais e a pavimentação de algumas ruas, estando presente na inauguração da Rodovia Estadual CE-168, trecho que liga o Município de Boa Viagem à cidade de Pedra Branca.
Mesmo com todo esse volume de trabalho, nos parece que manteve um péssimo relacionamento com os componentes da Câmara Municipal de Vereadores, fato que ficou claramente manifesto em diversas sessões.
No dia 9 de novembro de 1953, o Vereador Otacílio de Alencar Araújo proferiu um inflamado discurso onde demonstrou o tom de insatisfação que sentia pela forma de seu governo:
“Senhores vereadores, apreciando as mensagens que ultimamente o Sr. Prefeito municipal enviou a esta câmara quero vos falar devagarinho para mostrar o que de verdade vai em todas elas. A primeira mensagem, que trata da criação de escolas, sob nº 3, criando neste Município oito escolas, e eu mais do que qualquer outro aqui presente tenho autoridade para dizer de público que o Sr. Prefeito nada mais quer do que fazer política. Por mais de uma vez pedi pessoalmente ao Sr. Prefeito para criar escolas municipais para várias localidades deste Município, onde se fazia necessária a instalação das mesmas. Entretanto, o que eu recebia como resposta era a evasiva nua e crua de todo aquele que não quer atender as necessidades dos seus munícipes, a resposta de que o erário público não estava em condições de arcar agora com as despesas de criação de mais escolas além das 45 que o Sr. Manoel Araújo Marinho havia criado. Não tinha dinheiro nos cofres da prefeitura para a criação e a manutenção de nem mais uma só escola. Agora meus senhores, como se aproxima a época da campanha eleitoral, surge o projeto nº 3 do Sr. Prefeito criando mais oito escolas municipais. É muito engraçado tudo isso. Porque o Sr. Prefeito não criou verba no orçamento para 54 a fim de instalar essa oito escolas de que precisa somente agora. Porque? Simplesmente porque meus amigos queria deixar para que se aproximasse a época de prometer aos matutos tudo o que no futuro não pode dar e ajeitar para os tolos. Agora, com nomeação de uma professorinha municipal. Isso o Sr. Prefeito não pode negar porquanto é sabido que sua senhoria prometeu a ‘a’ e a ‘b’ instalar agora uma escola em sua propriedade em troca de votos. Resta agora saber se nós, os legisladores de Boa Viagem, estamos dispostos a isto, a esta politicagem desenfreada do Sr. Prefeito, quando é sabido que anteriormente muito dinheiro chegou nos cofres municipais e ele nem de leve se abalou para aplicá-lo em coisas úteis para o Município. Em relação ao projeto de lei nº 4, achamos que ele mais se parece com uma marmelada do que com um projeto de lei. Eu não posso considerá-lo como um projeto de lei, mais sim como um abacaxi. É todo cheio de imperfeições e verdadeiros absurdos. Vamos apreciá-lo também devagarinho; a fim de condená-lo para todos os efeitos. Primeiro em um só projeto de lei ele, o prefeito de Boa Viagem, quer suplementar várias dotações orçamentárias em uma importância de quase 200.000,00, duzentos mil cruzeiros, ou seja, quase toda a arrecadação orçamentária de um ano. Isso está se vendo que é humanamente impossível. Pois assim mais se parece com outro orçamento no mesmo exercício financeiro e não com projeto de lei de abertura de crédito. E mesmo assim estamos aqui, nós os vereadores para defender os interesses do povo e não para ficar de acordo com atos dessa natureza que vem de encontro aos brios de homens honrados e limpos como somos. Lei direcionada ao eleitorado que nos colocou aqui. Se fizermos a aprovação de tudo o que o Sr. Prefeito quer para encobrir os seus gastos astronômicos na prefeitura. No projeto de lei nº 4, conforme o artigo 2º, que diz assim: ‘Ficam criados os seguintes créditos especiais para fazerem face às seguintes despesas do exercício anterior’, preste bem atenção meus senhores, ‘do exercício anterior’. Como é que o Sr. Prefeito fez despesa no exercício anterior e não pediu no tempo oportuno a autorização a essa câmara como manda a lei? E passo a dizer que essas despesas são para pagar 11.500,00 de saldos variados, ora, nós sabemos que no exercício anterior houve foi saldo dessa verba. Já se vê que aí existe uma grande marmelada como frisei no início. Quanto ao projeto de lei nº 5, este eu afirmo que efetivamente que se trata de coisa de grande utilidade, pois prevê a desapropriação para abrir ruas e travessas nos fundos de alguns quintais e etc… é de muita utilidade sim, mais só quando o Município tiver condições de suportar no seu orçamento as caríssimas indenizações que a prefeitura tem de pagar e presentemente a prefeitura não vem pagando nem o professorado em dia, como quer fazer despesas de desapropriação para abrir novas ruas. É melhor que a prefeitura cuide em beneficiar as ruas que já estão abertas e que estão sem calçamento e sem meio fio, muitas delas ainda sem calçada e sem arborização, sem asseio e outras coisas de melhoramento que uma prefeitura sabe e deve fazer, mas não criar projetos para abrir ruas e desapropriar terrenos caros, demolir prédios e muros de terceiros, isso não pode ser aprovado. É o meu voto e acho ser o de todos nós.”
Pouco depois desse discurso a palavra foi facultada e o projeto foi defendido pelo Vereador Ataciso Cavalcante Mota, que em breves palavras deu o seu parecer em defesa dos planos do prefeito, que teve o projeto aprovado em cinco votos contra três.
Pouco tempo mais tarde, o movimento de oposição ao seu governo começou a tomar vulto a partir da reprovação de suas contas, que aconteceu em uma sessão no dia 31 de março de 1954 e foi registrada na pagina 52 do livro de atas da Câmara Municipal da seguinte forma:
“Estando presente o prefeito municipal, solicitou este do sr. presidente que lhe fosse facultada a palavra, o que sendo atendido passou ele a fazer a leitura enfadonha e massante de suas prestações de contas, ao invés de entregar o balancete a esta casa, como é de lei e conforme a solicitação do Vereador Otacílio de Alencar Araújo aprovada na sessão anterior… usou a mesma o Vereador Otacílio de Alencar Araújo para não só criticar aquela prestação de contas, bem como para comprovar os seus pareceres anteriores de que a prestação de contas do atual prefeito, sem um exame cuidadoso de todos os documentos pela Comissão de Finanças não merece aprovação desta casa, no que foi apoiada pelos demais.”
Na manhã do dia 5 de agosto de 1954, por conta de problemas políticos e pessoais, ocorreu o assassinato do Vereador Antônio de Queiroz Marinho, potencial candidato na sucessão ao Poder Executivo, que foi o ponto de desgaste que selou o seu rompimento com a “Oligarquia Araújo”:
“Ainda na década de 1950, o Vereador Antônio de Queiroz Marinho, conhecido como Totonho, filho do Sr. Néo Araújo, foi assassinado pela manhã cedo na farmácia de seu irmão, o médico Dr. Solon Ximenes de Araújo, pelo Nogueira, secretário e genro do prefeito, Sr. Aluísio, que os próprios Araújo ajudaram a eleger.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 52)
Antes disso, depois que a sua prestação de contas foi veementemente reprovada, o clima entre os dois poderes ficou totalmente desgastado, chegando ao ponto de passar praticamente um ano sem ter uma única sessão na Câmara, e quando teve os seus trabalhos reiniciados nos deixou o seguinte registro:
“Aos 22 dias do mês de fevereiro de 1955, às 13 horas, no salão destinado ao funcionamento da Câmara Municipal de Boa Viagem… em virtude de haver falecido o sr. presidente desta casa, aliás de maneira trágica e traiçoeiramente, o vereador de saudosa memória Antônio de Queiroz Marinho… em seguida o sr. presidente usando da palavra relembrou a atuação benéfica e salutar do presidente extinto, Antônio de Queiroz Marinho. Concluindo a sua fala solicitou da casa um minuto de silêncio em memória daquele inesquecível vereador, que tanto soube corresponder ao mandato que o povo de sua terra lhe confiou e que as forças do mal tramaram covardemente contra a sua existência.”
Ainda nessa gestão, parte do território do Município de Boa Viagem foi cedido para formação do Município de Monsenhor Tabosa. Antes dessa decisão o Governo do Estado realizou uma consulta e sem nenhum critério técnico aglutinou ao território do novo Município a vila de Nossa Senhora do Livramento, que nessa época estava dentro dos limites do Município de Boa Viagem.
Conta-se que essa decisão foi tomada porque naquela região havia muitos eleitores da “Oligarquia Araújo” e que ele não tinha o interesse de ceder a região do Jacampari e do Ibuaçu, o seu principal reduto eleitoral:
“Entre 1936 e 1937 foi criado o Distrito de Monsenhor Tabosa, que já foi chamado de Forquilha e de Telha, sendo esse Distrito pertencente ao Município de Tamboril. Em 1951 ele foi elevado à categoria de Município, desmembrado de Tamboril, mas só foi instalado em 1955. Em 1963 foram criados dois Distritos: Nossa Senhora do Livramento e Barreiros.” (S.N.T)
A sua administração terminou sob muita pressão, mesmo assim, no dia 3 de outubro de 1954, ainda no PSP, conseguiu migrar para o Poder Legislativo depois de conseguir uma das nove cadeiras da Câmara de Vereadores, sendo o vereador com a oitava maior votação dessa eleição.
Depois de eleito, por motivação política, foi transferido para coletoria da cidade de Quixeramobim e, segundo informações do jornal O Povo, edição do dia 20 de julho de 1957, página 11, através do correspondente Vieira da Costa, mesmo afastado de nosso Município, não deixou à presidência do PSP, procurando sempre estar presente nos importantes eventos que aconteciam na cidade de Boa Viagem:
“Encontra-se aqui o Sr. Aluísio Ximenes de Aragão, ex-prefeito de Boa Viagem e presidente municipal do PSP, atualmente exercendo a função de Coletor Estadual em Quixeramobim. A visita do chefe pessepista a esta cidade, segundo estamos seguramente informados se prende ao fato da fundação de uma Associação Educadora. Acrescentou-nos ainda aquele chefe político que será breve a sua permanência em nosso meio.”
Nessa época, por diversas vezes, solicitou de seus companheiros uma licença de sua função, recebendo resposta negativa de seus companheiros, o que nos leva em acreditar que queriam que ele renunciasse.
Mais tarde, no dia 23 de dezembro de 1957, enfrentando semanalmente o trajeto entre as duas cidades e com grande dificuldade para exercer o seu mandato, recebeu autorização de seus colegas para gozar uma licença de seis meses, período que foi assumido pelo suplente, o Vereador Luiz Araújo.
Antes disso, quando se dirigia ao seu reduto de eleitores, costumava ficar em um suntuoso casarão que foi construído na Rua João Raimundo do Nascimento, s/nº, esquina com a Rua Aluísio Ximenes de Aragão, no Centro da vila de Ibuaçu.
Depois de tudo isso passou um curto período fora da vida pública, afastando-se das decisões governamentais na gestão que se seguiu, a do Dr. Gervásio de Queiroz Marinho, que era irmão do Vereador Antônio de Queiroz Marinho, anteriormente assassinado pelo seu genro.
Algum tempo depois, visando o pleito eleitoral que ocorreu no dia 7 de outubro de 1962, resolveu retornar ao cenário político municipal colocando o seu nome na disputa ao cargo de vice-prefeito.
Nessa campanha eleitoral ocorreram algumas ironias que só a política partidária é capaz de produzir: a primeira delas era o apoio do grupo remanescente de José Inácio de Carvalho, que na época era encabeçado pelo seu filho, o Dr. José Maria Sampaio de Carvalho; a segunda era o fato da chapa ser desvinculada, o prefeito e o vice concorriam juntos, mas disputavam separados; e por fim o seu adversário, o jovem José Vieira Filho, conhecido pelo apelido de Mazinho, que era filho do Vereador José Vieira de Lima, o seu concorrente no pleito de 1950:
“Já para vice-prefeito, voto desvinculado do prefeito, meu concorrente, por ironia do destino, era o Sr. Aluísio Ximenes de Aragão, ex-prefeito que venceu as eleições que disputara com meu pai em 1950.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 34)
Essa campanha eleitoral, não diferente das outras em que concorreu, foi muito difícil, principalmente porque agora, aos 66 anos de idade, exigia muito esforço para superar o fôlego e a empolgação de um jovem que iniciava a sua brilhante carreira política:
“A campanha era feita de visitas corpo a corpo, pois naquela época no Município não existia nenhum meio de comunicação a rádio, e o candidato tinha que percorrer casa por casa, pedindo apoio num município com vasta extensão territorial de 3.254 km², e de poucas estradas vicinais trafegáveis. Nesse contexto eu, com os meus 22 anos, levava vantagem física.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 35)
O fim dessa grande expectativa pelo resultado ocorreu quando foram abertas as urnas, de um lado estavam o prestígio e a experiência de um político já feito, do outro a esperança de renovação de um jovem que estava se construindo como político:
“Houve a eleição e, quando apuraram os votos, o Dr. Manuel Vieira da Costa (Nezinho) venceu o Sr. Deodato por uma diferença de 226 votos. Houve mais de 800 votos nulos do Sr. José Vieira Filho, e consegui vencer o Sr. Aluísio com 77 votos a mais de diferença.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 35)
Foi a sua primeira derrota nas urnas, porém, depois dela, não deixou a vida pública completamente, permaneceu utilizando a sua influência para por fim a “Oligarquia Araújo”, pois no pleito seguinte aderiu ao nome de José Vieira Filho, que iniciou um novo ciclo político no Município de Boa Viagem.
Depois disso, nos primeiros anos da década de 1980, já em avançada idade e necessitando de melhor assistência médica, passou a residir com a sua família na Rua Ildefonso Albano, nº 613, no Bairro da Aldeota, na cidade de Fortaleza.
Pouco tempo depois, no dia 11 de agosto de 1984, aos 88 anos de idade, padecendo de câncer, veio a óbito na cidade de Fortaleza, causando grande comoção entre aqueles que o conheciam.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no Cemitério Parque da Paz, que está localizado na Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, nº 4.454, Passaré, na cidade de Fortaleza.
BIBLIOGRAFIA:
- BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Avivando Retalhos. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1983.
- BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Recordações de um Boticário. 2ª ed. Fortaleza: Verdes Mares, 1996.
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará, (1930-1945). Fortaleza: Stylus Comunicações, 1989.
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. Boa Viagem, Realidade e Ficção. Fortaleza: MULTIGRAF, 1995.
- MARTINS, Laís Almeida. Um século de vida pública na Serra das Matas: ensaio (1900 – 2000). Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2017.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SIMÃO, Marum. Quixeramobim, Recompondo a História. Fortaleza: MULTIGRAF, 1996.
- SOUSA SOBRINHO, Tomás Pompeu. A História das Secas no Século XX. Disponível em colecaomossoroense.org.br. Acesso no dia 13 de fevereiro de 2015.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, embora ainda sem legislação, uma das ruas da vila de Ibuaçu, no Município de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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