Cícero Carneiro Filho nasceu no dia 17 de abril de 1920 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Cícero Carneiro e de Maria Ferreira Carneiro.
Os seus avós paternos se chamavam Manoel Vieira Carneiro e Ignácia Augusta Trindade, já os maternos eram José Ferreira e Helena Moreira da Silva.
Passou grande parte de sua infância e juventude na vila de Domingos da Costa, onde era agropecuarista e comerciante, sendo carinhosamente conhecido como “Cordeiro, passando a residir algum tempo depois na cidade de Boa Viagem.
“Antes quase não havia casas, somente três famílias habitavam o lugar: Dona Francisquinha Barbosa – Professora; Sabino Pereira Lima (Sabino Cosmo) – Fundador da vila e dono do terreno até o ano de 1942; e os dois irmãos Zé Carneiro e Cordeiro, que eram comerciantes. Hoje os terrenos pertencem aos Albertos e a outros herdeiros. Naquela época o que mais prosperava era o comércio. Tinha de tudo, até farmácia, e o que mais dava lucro eram os tecidos. Tudo era transportado através de jumentos e burros. Eles compravam todos os tipos de cereais e, inclusive, o seu Zé Carneiro negociava com algodão e ajudava no sustento da família. Com a saída do Zé Carneiro, a comunidade enfraqueceu, pois o que reinava era o comércio. Hoje a terra pertence aos herdeiros.” (FRANCO & CAVALCANTE VIEIRA, 2007: p. 21-22)
Em abril de 1947 contraiu matrimônio com Maria de Lourdes Peixoto Carneiro, nascida no dia 15 de novembro de 1928, sendo filha de José Peixoto Filho e de Maria Júlia Pereira Peixoto.
De seu matrimônio foram gerados seis filhos, três homens e três mulheres, sendo eles: Cícero Carneiro Neto, Lucineide Peixoto Carneiro, Fátima Peixoto Carneiro, Elvis Peixoto Carneiro, Roberto Peixoto Carneiro e Vera Lúcia Peixoto Carneiro.
Na vila de Domingos da Costa, onde mantinha uma farmácia, residia em uma suntuosa casa na Rua Sabino Pereira Lima, s/nº, Centro.
Mais tarde, quando se estabeleceu na cidade, durante alguns anos foi o proprietário de uma pequena confecção de roupas, onde mantinha várias costureiras, comercializando também em uma pequena farmácia que era denominada de Santo Antônio e estava localizada na Rua Agronomando Rangel, s/nº, próximo da Praça Antônio de Queiroz Marinho, no Centro da cidade de Boa Viagem.
Nessa farmácia, por conta de seus conhecimentos básicos em anatomia, durante muitos anos socorreu as pessoas de nossa região que sofriam cortes ou fraturavam algum membro.
Diante disso, como farmacêutico prático, conseguiu construir uma valiosa projeção no cenário político municipal pleiteando uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores.
Na eleição municipal ocorrida no dia 7 de dezembro de 1947, logo após a redemocratização de nosso país, militando nos quadros políticos do PSP – o Partido Social Progressista, conseguiu ser eleito para o exercício de seu primeiro mandato ao receber 94 votos, assumindo essa função no dia 25 de março de 1948, permanecendo nela até o dia 24 de março de 1951.
Pouco tempo depois, na eleição municipal do dia 3 de outubro de 1950, militando dentro dos quadros políticos da UDN – a União Democrática Nacional, quando apoiou ao Coletor Aluísio Ximenes de Aragão, concorreu à reeleição e conseguiu garantir a sua cadeira no Poder Legislativo depois de receber a confiança de 187 eleitores, ficando entre os oito candidatos de maior votação desse pleito.
Assumiu ao seu novo mandato no dia 25 de março de 1951 e nessa legislatura, infelizmente, enfrentando problemas pessoais, obrigou-se a licenciar-se da sua função no dia 10 de novembro de 1952, deixando em seu lugar o suplente, o Vereador Antônio Vieira de Lima.
No dia 11 de fevereiro de 1953, cumprindo as disposições estatutárias do seu partido, esteve presente na 7ª Convenção Ordinária Regional da União Democrática Nacional, que aconteceu na sede do partido, que estava localizada na Rua São Paulo, nº 14, no Centro da cidade de Fortaleza.
Nessa ocasião, como delegado do diretório municipal, participou do processo de escolha dos membros do diretório do seu partido, do conselho regional e dos representantes estaduais na convenção nacional.
Algum tempo depois, no dia 22 de fevereiro de 1955, ao retornar de sua licença, por conta do assassinato do Vereador Antônio de Queiroz Marinho, assumiu à presidência da Câmara Municipal de Vereadores.
Nessa legislatura, inicialmente prestou apoio aos projetos encaminhados pelo gabinete do Prefeito Aluísio Ximenes de Aragão, sendo eles: a aprovação da compra de máquinas agrícolas, que posteriormente foram destinadas ao auxílio de pequenos agricultores; a reforma e a construção da área interna do Mercado Público Municipal Jessé Alves da Silva, que foi destinado à venda de carne; abertura e pavimentação em paralelepípedo de ruas do Centro da cidade; o serviço de abertura e manutenção de rodovias municipais; a manutenção do funcionamento de 39 escolas; a reforma da cadeia pública; a manutenção do motor e do gerador de iluminação da cidade e de campanhas em favor da vacinação do rebanho.
Ainda nessa época, deu parecer favorável a consulta que foi encaminhada pelo Governo Federal em favor da estatização do petróleo e acompanhou os trabalhos do Governo Municipal na luta contra um surto de varíola que atingiu o Município.
Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 3 de outubro de 1954, ainda nos quadros políticos da UDN, concorrendo em uma nova disputa eleitoral, conseguiu ser reeleito com a maior votação dessa disputa, reassumindo a sua vaga no dia 25 de março de 1955, conseguido dessa vez concluir o seu mandato no dia 24 de março de 1959.
Nessa legislatura, no dia 5 de março de 1956, foi eleito pelos seus pares para presidir à mesa diretora da Câmara Municipal, dando total apoio ao projeto do Prefeito Delfino de Alencar Araújo para construção do Açude Público José de Alencar Araújo, na localidade de Capitão-Mor.
Algum tempo depois, no dia 24 de março de 1958, foi novamente conduzido pelos seus pares para presidir à mesa diretora da Câmara Municipal no último período legislativo desse mandato.
No pleito eleitoral seguinte, que ocorreu no dia 3 de outubro de 1958, ainda compondo a bancada da UDN, conseguiu ser conduzido ao exercício de seu quarto mandato eletivo no Poder Legislativo, tomando posse dele no dia 13 de abril de 1959.
Nessa legislatura, em apoio ao governo do Prefeito Dr. Gervásio de Queiroz Marinho, votou em favor da compra de um trator, que tinha o intuito de servir aos agricultores do Município; realizar convênio com o Governo Federal para fomentar o Ensino Primário; instalação de água e esgoto na cidade de Boa Viagem; criação do serviço de manutenção de estradas municipais; aprovação e modificação da nomenclatura das ruas da cidade; doação de um lote urbano para construção da Associação Atlética Boa-viagense; delimitação da zona urbana da cidade e das vilas de Domingos da Costa, Ibuaçu e Jacampari.
Na eleição municipal que ocorreu no dia 7 de outubro de 1962, em uma nova disputa pelo Poder Legislativo, conseguiu reassumir a sua vaga pela quinta vez, tomando posse de sua função legislativa no dia 25 de março de 1963, oportunidade que também foi escolhido pelos seus colegas para assumir a presidência da mesa diretora da Câmara Municipal, fato que se repetiu no ano de 1965.
No dia 26 de junho de 1965, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, votou em favor da reimplantação do pagamento do subsídio dos vereadores, pouco tempo depois, no dia 28 de outubro, deu parecer contrário à consulta realizada pela Assembleia Legislativa do Estado sobre o interesse de entregar do Distrito de Jacampari ao Município de Monsenhor Tabosa.
Nessa legislatura, que foi bastante tumultuada pelo número de prefeitos, prestou apoio aos projetos que vieram do Poder Executivo, foram eles: a implantação do Posto de Saúde Dr. Pontes Neto; a implantação do sistema de telefonia que interligou à cidade de Boa Viagem às vilas de Guia e Ibuaçu; a implantação da Escola de Ensino Fundamental Osmar de Oliveira Fontes, que na época recebeu o nome do Presidente John Fitzgerald Kennedy; o projeto de organização da nomenclatura das ruas e da numeração das casas da cidade; a implantação de um matadouro público; a construção da Escola de Ensino Médio Dom Terceiro; a instalação do sistema d’água na cidade de Boa Viagem; a construção do Obelisco em comemoração do 1º centenário do Município de Boa Viagem; a reforma administrativa da Prefeitura de Boa Viagem; a abertura e manutenção de rodovias municipais e construção do Açude Público Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima.
No dia 15 de fevereiro de 1966, por conta da renúncia do Prefeito Dr. Manuel Vieira da Costa, e do vice-prefeito, o Sr. José Vieira Filho, bem como pela influência do Dr. José Maria Sampaio de Carvalho, presidente da UDN, foi indicado como interventor do Município de Boa Viagem pelo presidente da República, o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco:
“Estávamos em plena Revolução Militar, a UDN com influência no poder central, e o Dr. José Maria Sampaio de Carvalho fez chegar às mãos do Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, através do Senador Paulo Sarasate Ferreira Lopes, o pedido para, em virtude da vacância do cargo de prefeito municipal, ser nomeado interventor municipal o Sr. Cícero Carneiro Filho.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 46-47)
E sua curta gestão no Poder Executivo, garantiu o pagamento do funcionalismo em dias; a permanência dos serviços essenciais de saúde, educação e limpeza pública, organizou o projeto de nomenclatura da Praça Capitão José Ribeiro e Silva e por meio da lei nº 78, de 28 de maio de 1966, conseguiu investimentos para instalação da iluminação pública e domiciliar na vila de Guia.
Pouco tempo depois desses fatos, em 1968, desanimado com os rumos políticos tomados no Município de Boa Viagem, decidiu migrar com a sua família para cidade de São José de Ribamar, na Região Metropolitana da cidade de São Luiz, capital do Estado do Maranhão, onde faleceu no dia 10 de fevereiro de 2000, aos 80 anos de idade.
BIBLIOGRAFIA:
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁ. Primeiras Eleições e Acervo Documental. Fortaleza: TRE, 2007.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 818, de 12 de dezembro de 2002, uma das ruas do Bairro Vila Holanda, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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