Açude Público José de Alencar Araújo

AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:

O Açude Público José de Alencar Araújo é uma barragem de terra compactada que tem a sua bacia hidráulica dentro de uma localidade que é denominada de Capitão-Mor, distante pouco mais de 4 quilômetros do Centro da cidade de Boa Viagem, que está localizada no Sertão de Canindé, dentro do Município de Boa Viagem, no Estado do Ceará.

Imagem aérea do Açude Público José de Alencar Araújo, em 2010.

Uma barragem, que também recebe o nome de açude ou represa, é uma barreira artificial feita de concreto ou terra compactada, construída em rios ou riachos, para a retenção de grandes quantidades de água.

A BASE LEGAL DE SUA NOMENCLATURA:

Essa importante represa, que foi construída na gestão do Prefeito Delfino de Alencar Araújo, nunca teve a sua nomenclatura regulamentada pela Câmara Municipal de Vereadores, sendo popularmente conhecido pelo nome da localidade onde tem a sua parede.

A HISTÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃO:

Nos primeiros anos da década de 1950 a cidade de Boa Viagem passava por uma grave crise de abastecimento d’água, e a subsistência de seus moradores dependia do Rio Boa Viagem e do Açude da Comissão e Socorros Públicos.

Imagem da bacia hidrográfica do Açude Público José de Alencar Araújo, em 1994.

Nesse tempo o Governo Municipal, na gestão do Prefeito Aluísio Ximenes de Aragão, desapropriou uma grande área rural em um local que era denominado de “Cachoeira”, tendo por intuito construir uma represa que garantisse o abastecimento da cidade.
Ainda nesse período, para diferir e não serem confundidos com o local onde se estabeleceram os primeiros protestantes do Município, onde fundaram a Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira, as pessoas dessa região passaram a chamar o local onde residiam de Capitão-Mor, fazendo referência ao nome do rio que iriam represar.

“Construído pelo então Prefeito Delfino de Alencar Araújo. Foi inaugurado com uma missa, celebrada ao lado da parede, pelo Padre Jaime Felício, no dia 8 de dezembro de 1956. O Padre Jaime Felício, então vigário de Quixeramobim, oficiou o ato religioso a pedido do Padre Irineu Limaverde Soares, que se encontrava no Rio de Janeiro. O referido açude é conhecido por ‘Açude Capitão-Mor’ em virtude de estar situado no lugar do mesmo nome.” (NASCIMENTO, 2002: p. 45)

As obras dessa barragem foram realizadas em uma parceria com o Governo Federal através do DNOCS – o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, sendo finalmente concluída na gestão do Prefeito Delfino de Alencar Araújo, quando recebeu como patrono o nome de José de Alencar Araújo, irmão do prefeito.
Em 1983, por conta de uma grande estiagem, a bacia hidrográfica dessa barragem entrou em colapso pela primeira vez, fazendo com que a cidade fosse abastecida por caminhões pipa, fato que voltou a ocorrer em 2014.

Imagem da estrutura da primeira estação de tratamento d’água.

Durante muitos anos esse reservatório d’água foi o responsável pelo abastecimento da cidade de Boa Viagem até que, com a construção do Açude Público Prefeito José Vieira Filho, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, por volta de 2001, o sistema de captação e tratamento de suas águas foi desativada, tendo os seus equipamento sido transferidos para ETA – a Estação de Tratamento d’Água Ermano Abreu Esteves.
Ainda nessa época, semelhante ao que vem acontecendo em outras represas, um perigoso fenômeno social para manutenção e potabilidade das águas desse açude começou a ser percebido nessa região, quando as propriedades que margeiam o lago da barragem passaram a ser muito valorizadas no mercado imobiliário para construção de casas de veraneio.
Em algumas dessas propriedades a mata ciliar foi completamente destruída por seus proprietários e o órgão responsável por sua defesa pouco fez para impedir a sua degradação.
Antes disso, desastrosas administrações no Município permitiram que construções irregulares tomassem as margens do açude, fato que acelerou a necessidade de sua desativação por conta da poluição de suas águas.

Imagem do sangradouro do Açude Público José de Alencar Araújo, em 1989.

Em 2016, por conta da estiagem que se abateu sobre o Estado do Ceará, o Governo Municipal precisa repensar a sua utilização, tendo em vista que a cidade não pode desprezar esse reservatório, principalmente se o açude na localidade de Cajazeiras for construído, que vai soltar as suas águas para dentro de sua bacia.

A BARRAGEM E O TURISMO:

Algumas pessoas, por falta de conhecimento, durante algum tempo insistiram na ideia de explorar esse açude como fonte de potencialidade turística, algo que é proibido por conta de suas águas serem para o abastecimento da cidade, sendo permitido apenas a visitação.

Imagem da parede do Açude Público José de Alencar Araújo.

Depois da construção dessa barragem, devidamente autorizada pelo Governo Municipal e contando com o seu apoio, através da lei nº 94, de 30 de setembro de 1967, a diretoria da Associação Atlética Boa-viagense edificou o Balneário Delfino de Alencar Araújo:

“Art. 1º – Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a abrir um crédito especial, adicional ao orçamento vigente, no montante de NCR$ 3.500,00 (Três mil e quinhentos cruzeiros novos), destinado a complementação das obras do Balneário Delfino de Alencar Araújo, pertencente a Associação Atlética Boa-viagense, situado à jusante do Açude Público Municipal José de Alencar Araújo.”

Antes disso, no dia 25 de janeiro de 1966, segundo informações existentes no livro B-03, pertencente ao Cartório Vieira, 2º Ofício, tombo nº 1.125, folha 176, foi registrado o contrato de locação e arrendamento de parte da jusante dessa barragem:

“Aos 25 dias do mês de janeiro de 1966… nos termos da proposta apresentada, efetuar e assinar o contrato de locação para arrendamento do imóvel… situado no lugar ‘Capitão-Mor”… formando uma gleba com dois hectares, setenta e dois metros e vinte e cinco centímetros, ou seja, 27.225,oo m²… o prazo dessa locação é de cinco anos… sujeitando-se também a rigorosa observância dos dispositivos constantes na lei municipal nº 43, de 19 de abril de 1961, publicada no Diário Oficial do Estado nº 8.159, páginas 3.620v, as quais constituem parte integrante desse contrato…”

Esse balneário está localizado por trás da parede do açude e durante muitos anos foi um excelente ponto de encontro para diversão, valendo lembrar que não era permitido tomar banho dentro da represa do açude.
Depois da criação e instalação do SAAE – o Serviço Autônomo de Água e Esgoto, esse balneário passou a contar com uma bica e depois com uma piscina, que refrescava os seus frequentadores.
No fim da década de 1990, devido a baixa frequência de seu usuários e desajustes entre os diretores da referida associação, o balneário foi desativado e pouco tempo depois a bica também parou de funcionar.
O resultado de tudo isso foi que o Município de Boa Viagem perdeu um excelente ponto turístico e viu aumentar o gargalo que dificulta o desenvolvimento desse setor em nossa região.

AS CURIOSIDADES DO AÇUDE:

Uma barragem de sua importância exerce muita influência sobre a população abastecida por ela, gerando alegria ou comoção por ocasião de seu sangramento ou seca:

  • Os anos em que sangrou:
  1. 1974;
  2. 1994;
  3. 2004
  4. 2009;
  5. 2011;
  6. 2023.
  • Os anos em que ficou completamente seco:
  1. 1983;
  2. 2014.

AS CARACTERÍSTICAS DO AÇUDE:

Essa barragem, quando foi construída, possuía estas características, sendo que algumas delas podem ter sido modificadas por conta dos anos de assoreamento.

LOCALIZAÇÃO:
Administração: Governo do Estado.
Coordenadas: (S) 05º 07′ 23.8” (W) 039º 43′ 42.6”.
Município: Boa Viagem.
Distrito: Boa Viagem (Sede).
Localidade: Capitão-Mor.
Sistema: Banabuiú.
Rio: Capitão-Mor.

HIDROLOGIA:
Bacia Hidrográfica:
Capacidade: 10.000.000 m³

BARRAGEM:
Comprimento do Coroamento:
Largura do Coroamento:
Altura Máxima:
Cota:

SANGRADOURO:
Cota:
Largura:

TOMADA D’ÁGUA:
Tipo:
Comprimento:
Diâmetro:

BIBLIOGRAFIA:

  1. BRAGA, Renato. Dicionário Geográfico e Histórico do Ceará. Tomo II. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1967.
  2. FRANCO, G. A.& CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  3. GOMES, Raimundo Pimentel. Corografia Dinâmica do Ceará. Fortaleza: Departamento de Imprensa Oficial do Ceará, 1970.
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  5. SOUSA BRASIL, Thomaz Pompeo de. Ensaio Estatístico da Província do Ceará. Tomo I. Fortaleza: Fundação Waldemar Alcântara, 1997.

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