Pe. Francisco de Assis Castro Monteiro

Francisco de Assis Castro Monteiro nasceu no dia 15 de junho de 1889 no Município de Aquiraz, que está localizado na Costa Leste do litoral cearense, distante 32 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Francisco de Assis Monteiro e de Maria de Castro Monteiro.
Alguns dias depois do seu nascimento, em 4 de agosto, seguindo o costume da confissão religiosa de seus pais, recebeu o batismo pelas mãos do Pe. Leandro Teixeira Pequeno.
Alguns anos depois, almejando seguir o ministério eclesiástico, foi encaminhado aos estudos necessários ao exercício do sacerdócio no Seminário Episcopal do Ceará, atual Seminário da Prainha, que está localizado na Rua Tenente Benévolo, nº 201, Centro, na cidade de Fortaleza.
Em sua época de seminarista, foi contemporâneo do grande alarde causado pela controvérsia da suposta transformação em sangue da hóstia colocada na boca da beata Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo pelo Pe. Cícero Romão Batista, em Juazeiro do Norte.

“Rapidamente espalhou-se a notícia de que acontecera um milagre em Juazeiro. A diocese formou uma comissão de padres e profissionais da área da saúde para investigar o suposto milagre. A comissão tinha como presidente o Pe. Clycério da Costa e como secretário o Pe. Francisco Ferreira Antero, contava, ainda, com a participação dos médicos Marcos Rodrigues Madeira e Ildefonso Correia Lima, além do farmacêutico Joaquim Secundo Chaves. Em 13 de outubro de 1891 a comissão encerrou as pesquisas e chegou à conclusão de que não havia explicação natural para os fatos ocorridos, sendo portanto um milagre. Insatisfeito com o parecer da comissão, o bispo Dom Joaquim José Vieira nomeou uma nova comissão para investigar o caso, tendo como presidente o Pe. Alexandrino de Alencar e como secretário o Pe. Manoel Cândido. A segunda comissão concluiu que não houve milagre, mas sim um embuste. Dom Joaquim se posicionou favorável ao segundo parecer e, com base nele, suspendeu as ordens sacerdotais de Pe. Cícero e determinou que Maria de Araújo, que viria a morrer em 1914, fosse enclausurada.” (DIÁRIO DO NORDESTE, 2010: Disponível em http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/regiao/acervo-silencia-sobre-milagre-1.651367?page=1. Acesso no dia 17 de novembro de 2011)

Mais tarde, no dia 30 de novembro de 1912, aos 23 anos de idade, foi ordenado ao presbitério pelo bispo diocesano, Dom Joaquim José Vieira.
Poucos dias depois de sua ordenação, ainda inexperiente com o sacerdócio, recebeu a sua primeira designação pastoral para servir como coadjutor do Monsenhor José Coelho de Figueredo Rocha na Paróquia de Nossa Senhora de Santana, que está localizada na cidade de Iguatu, distante 380 quilômetros da cidade de Fortaleza, até o dia 13 de janeiro de 1914, quando recebeu uma nova ordem eclesiástica do arcebispo, Dom Manoel da Silva Gomes.
Depois disso, no dia 13 de fevereiro de 1914, tomou posse dos trabalhos religiosos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Amontada, a 157 quilômetros da cidade de Fortaleza, que na época tinha o nome de São Bento da Ribeira do Aracatiaçu, permanecendo nesse local até o dia 14 de março de 1916.

Imagem da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Amontada.

Alguns dias depois, no dia 8 de abril de 1916, foi indicado pela Arquidiocese de Fortaleza como vigário da Paróquia do Bom Jesus Aparecido, no Município de Solonópole, que anteriormente era conhecida como Cachoeira, tomando posse de suas funções eclesiásticas no dia 23 de abril e, por necessidades do campo, acumulava nesse mesmo período às funções pastorais de outras pequenas paróquias da região, sendo elas: Jaguaribe e Alto Santo.
Pouco tempo depois, no dia 4 de fevereiro de 1918, recebeu provisão para assumir à Paróquia de Nossa Senhora das Candeias, na cidade de Jaguaribe, substituindo nessa ocasião ao Pe. Miguel Xavier de Morais, permanecendo como seu pastor até o dia 17 de agosto de 1920, quando foi substituído pelo Pe. Marcondes de Matos Cavalcante.
Depois disso, em 1921, foi indicado pela Arquidiocese de Fortaleza para assumir o paroquiato na Igreja Matriz do Pequeno Grande, no Distrito de Alto Santo, que nesse tempo era conhecido como Alto Santo da Viúva e pertencia ao Município de Limoeiro do Norte.

“A paróquia, [atualmente] vinculada ao Bispado de Limoeiro do Norte, instituiu-se a 20 de setembro de 1921, sob a invocação do Pequeno Grande, tendo como primeiro vigário o Pe. Francisco de Assis Castro Monteiro.” (IBGE. 2010: Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/alto-santo/historico. Acesso no dia 14 de março de 2016)

De acordo com as informações existentes no Dicionário Geográfico e Histórico do Ceará, o Pe. Francisco de Assis Castro Monteiro foi o primeiro vigário dessa comunidade:

“Depende a paróquia, criada a 20-09-1941, sob a invocação do Pequeno Grande, do Bispado de Limoeiro do Norte. O primeiro vigário foi o Pe. Francisco de Assis Castro Monteiro.” (BRAGA, 1964: p. 111)

Algum tempo depois retornou ao paroquiato da freguesia de Solonópole e mesmo sobrecarregado, enfrentando alguns problemas pessoais, conseguiu em seu governo deixar significativas marcas nessa comunidade:

“Instituições fundadas em Cachoeira: Associação das Filha de Maria e das de Nossa Senhora do Carmo; Cruzada Eucarística e Liga Eucarística. Construção das capelas dos Distritos: de Cangati, Pasta, Boqueirão e Carnaubinha. A ermida do Boqueirão, hoje Prefeita Suelly Pinheiro, que foi erguida em 1923, encontrando-se já demolida com uma outra construída noutro local pelo Pe. Agenor Tabosa Pinho. A de Carnaubinha, erigida em 1926, ora pertence à Paróquia de Milhã.” (PINHEIRO, 2009: p. 374)

Contemporâneos do Pe. Castro Monteiro, como era conhecido, nos dão conta de que ele era um homem de temperamento colérico e isso o fez inimigo de algumas pessoas por onde pastoreou, fato que lhe fez solicitar a remoção do Município de Solonópole no dia 31 de dezembro de 1931, conforme relato de Pinheiro (2009: p. 734), “Neste período sofreu várias ameaças, no que solicitou a saída dali”.

Imagem da Igreja Matriz do Pequeno Grande, na cidade de Alto Santo.

Poucos dias depois, em 20 de janeiro de 1932, por determinação do arcebispo de Fortaleza, recebeu designação para assumir os trabalhos deixados pelo Pe. Felipe Pinheiro na Paróquia de São Francisco de Paulo, na cidade de Aratuba, distante 132 quilômetros da cidade de Fortaleza, onde permaneceu até o dia 15 de dezembro de 1934, deixando essa comunidade aos cuidados do Pe. José Francisco de Sousa.
Nesse mesmo dia recebeu provisão para assumir os trabalhos pastorais da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, ocasião em que substituiu o Pe. José Terceiro de Sousa.
Mais tarde, tomou posse de sua nova responsabilidade no dia 10 de janeiro de 1935, onde permaneceu até o dia 28 de dezembro de 1937, quando foi substituído pelo Pe. Irineu Limaverde Soares.

“Padre Francisco de Assis Castro Monteiro – Não fez o termo de posse. Aqui esteve de 1934 ao início de janeiro de 1938. Construiu a torre da igreja, em 1936, e fundou a Associação de nossa Senhora do Carmo em 16 de julho de 1935.” (NASCIMENTO, 2002: p. 86)

Atendendo nessa freguesia, dentro de pouco mais de três anos de atividades pastorais, enfrentou um forte e desagradável descontentamento pessoal que marcou para sempre a sua passagem por essa paróquia.
Esses conflitos tiveram início depois do misterioso “sumiço” de uma valiosa coroa de ouro que existia na imagem da padroeira local e estava exposta na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, fato que gerou sérios e absurdos mexericos na comunidade.
Outro fato que contribui decisivamente para piorar de vez o seu relacionamento com os seus paroquianos ocorreu em uma missa dominical, quando nessa oportunidade negou à hóstia a uma das filhas de Manoel Araújo Marinho alegando que essa usava roupas indecorosas.
Depois desses fatos, teve início uma forte campanha de difamação de sua honra, entre esses boatos o seu nome esteve na boca de seus paroquianos como possível pai em um escândalo de gravidez de uma jovem da comunidade que estava sob os seus cuidados.
Coincidentemente, na maioria dessas conversas, havia o envolvimento de alguns dos membros da família Araújo, que nessa época exerciam forte liderança política nessa comunidade.

Imagem da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, em 1936.

Em meio a todos esses problemas de relacionamento conta-se ainda que havia algumas pessoas na comunidade que queriam manipular a sua ação pastoral, atitude que fez com que o sacerdote, injuriado com os mexericos, solicitasse ao bispo a sua imediata remoção.
Alguns dias depois desse pedido, conforme Nascimento (2002: p. 86), ao sair da cidade de Boa Viagem, exclamou em alto e bom som, para que todos ouvissem, que “Boa Viagem cresceria como um rabo de cavalo e que após a sua saída até o seu rastro seria apagado”.
Contemporâneos desse infeliz episódio afirmam que, coincidentemente, depois de sua saída, uma pesada chuva se abateu sobre o solo e o rastro do jipe que o levava foi totalmente desfeito.

“As injurias de algumas línguas desta terra expulsaram esse sacerdote da nossa paróquia. Dizem que Boa Viagem ainda paga muito caro por tudo isso.” (NASCIMENTO, 2002: p. 86)

O seu descontentamento não parou por aí, disse que o jovem envolvido no roubo da coroa da imagem pagaria com a vida, por coincidência, meses depois de sua saída da paróquia, aconteceu um grave acidente que vitimou o jovem Francisco Rangel de Araújo, conhecido como “agronomando Rangel”, filho de José Rangel de Araújo.
Anos mais tarde, coincidência ou não de suas previsões, a jovem que foi o pivô naquele domingo de missa passou anos sofrendo com um grave problema de pele.
Em janeiro de 1938, distante da cidade de Boa Viagem, assumiu a coadjutoria da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no Município de São Miguel do Pau dos Ferros, que está localizado no Estado do Rio Grande do Norte, distante 393 quilômetros da cidade de Natal, até que, em 1940, substituiu o Pe. Francisco Mário Correia de Aquino, tornando-se o 6º vigário a assumir essa freguesia, permanecendo nessa função até 1942, quando foi substituído pelo Pe. Miguel Nunes.
Ainda em 1940, por decisão da Arquidiocese de Fortaleza, acumulou também as atividades da freguesia de Nossa Senhora do Rosário, em Ibicuitaba, no litoral cearense, uma vila pertencente ao Município de Aracati que antes era conhecida pelo topônimo de Areias.

Imagem do Pe. Castro Monteiro, em avançada idade, acompanhando um desfile cívico na cidade de Morada Nova.

Em 1942, estendeu as suas atividades para à Paróquia de Nossa Senhora da Soledade, na freguesia de Icapuí, distante 202 quilômetros da cidade de Fortaleza. Nessa época a vila de Icapuí, que também era conhecida como Caiçara, não passava de uma pequena vila pertencente ao Município de Aracati.

“Desenvolvendo-se a Caiçara mais que Areias, ocorreu em 8 de setembro de 1942 a transferência da sede da paróquia, vindo com ela o vigário de então, Pe. Francisco de Assis Castro Monteiro.” (BARROSO, 1999: p. 63)

Logo depois, em 1943, recebeu designação do arcebispado de Fortaleza, agora sob os cuidados de Dom Antônio de Almeida Lustosa, para assumir a cooperação dos trabalhos na Paróquia de Nossa Senhora de Santana.
Mais tarde, foi nomeado vigário da Paróquia do Divino Espírito Santo, no Município de Morada Nova, que está localizado a 168 quilômetros da cidade de Fortaleza, aonde veio a falecer no dia 17 de janeiro de 1968, com 79 anos de idade.

BIBLIOGRAFIA:

  1. BARROSO, Francisco de Andrade. Igrejas do Ceará. Crônicas Histórico-Descritivas. 2º v. Fortaleza: LCR, 1999.
  2. DIÁRIO DO NORDESTE. Acervo silencia sobre milagre. Disponível em http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/regiao/acervo-silencia-sobre-milagre-1.651367?page=1. Acesso no dia 17 de novembro de 2011.
  3. IBGE. História de Alto Santo. Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/alto-santo/historico. Acesso no dia 14 de março de 2016.
  4. LIRA, João Mendes. Subsídios para a História Eclesiástica e Política do Ceará. Fortaleza: Companhia Brasileira de Artes Gráficas, 1984.
  5. MACÊDO, Deoclécio Leite de. Notariado Cearense – História dos Cartórios do Ceará. V II. Fortaleza: Expressão Gráfica, 1991.
  6. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  7. PARÓQUIA DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR. Livro de tombo de batismos. 1887-1890. Livro A-22. Tombo nº 48. Página 128.
  8. PINHEIRO, Francisco Dantas. Solonópole. Fortaleza: ABC, 2009.
  9. SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na Evangelização do Ceará (1700-2004). 1º Vol. Fortaleza: PREMIUS, 2004.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, através da lei nº 459, de 21 de março de 1988, uma das ruas do Bairro Boaviaginha, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura;
  2. O seu nome também está gravado em uma das ruas e em um dos bairros da cidade de Morada Nova;
  3. O seu nome também foi lembrado em uma fundação existente no Município de Ibicuitinga, que foi reconhecida como entidade de utilidade pública pela lei estadual nº 11.252, de 16 de dezembro de 1986, e publicado no Diário Oficial do Estado do Ceará do dia 15 de janeiro de 1987.

“Art. 1 – Considerada de utilidade pública, nos termos da lei nº 10.044, de 20 de julho de 1976, a Fundação Pe. Francisco de Assis Castro Monteiro, entidade sem fins lucrativos, com sede no Distrito de Ibicuitinga e foro na cidade de Morada Nova, Estado do Ceará.”