José do Vale Pedroza nasceu no dia 20 de junho de 1844 no Município de Quixeramobim, que está localizado no Sertão Central do Estado do Ceará, distante 203 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Antônio Benedito Pedroza e de Umbelina da Silva Pedroza.
Na época do seu nascimento a vila de Boa Viagem, que também era conhecida pelo topônimo de “Cavalo Morto”, era apenas um pequeno povoado existente dentro dos limites geográficos do Município de Quixeramobim:
“Distrito criado com a denominação de Boa Viagem, ex-povoado de Cavalo Morto, pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862. Elevado à categoria de vila com a denominação de Boa Viagem, pela lei provincial nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, desmembrado de Quixeramobim.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017)
Durante alguns anos foi um dos mais poderosos agropecuaristas da região e segundo algumas fontes não sabia nem ler e nem escrever.
No dia 18 de setembro de 1883, na qualificação do conselho dos guardas ativos do 52º Batalhão da Guarda Nacional de Boa Viagem, o seu nome figurou com a matrícula nº 39 do “Quarteirão da Vila”, onde foi designado como soldado de linha, passando a figurar, alguns anos depois, no “Quarteirão do Espírito Santo”.
O 52º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional foi criado através do decreto nº 4.520, de 28 de abril de 1870, sendo desmembrado do Município de Quixeramobim e tinha como comandante o Tenente Coronel José da Silva Bezerra.
“A Guarda Nacional foi uma força paramilitar organizada por lei no Brasil durante o período regencial, em agosto de 1831, para servir de ‘sentinela da constituição jurada’, e desmobilizada em setembro de 1922. No ato de sua criação lia-se: ‘Com a criação da Guarda Nacional foram extintos os antigos corpos de milícias, as ordenanças e as guardas municipais.’ Em 1850 a Guarda Nacional foi reorganizada e manteve as suas competências subordinadas ao ministro da Justiça e aos presidentes de província. Em 1873 ocorreu nova reforma que diminuiu a importância da instituição em relação ao Exército Brasileiro. Com o advento da República a Guarda Nacional foi transferida em 1892 para o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Em 1918 passou a Guarda Nacional a ser subordinada ao Ministério de Guerra através da organização do Exército Nacional de 2ª Linha, que constituiu de certo modo sua absorção pelo Exército.” (S.N.T)
Na eleição municipal para escolha dos juízes de paz, acontecida no dia 1º de outubro de 1876, para o exercício do mandato de 1876 a 1880, recebeu a maior votação do Município, 148 votos dos 258 eleitores aptos a votarem.
Nessa mesma data, no pleito para a escolha dos eleitores de província, foi um dos 25 eleitores escolhidos pelos eleitores da paróquia como um dos eleitores para a escolha dos representantes da Assembleia da Província do Ceará.
“Para ser considerado um eleitor apto o cidadão deveria pertencer ao sexo masculino e ter no mínimo 25 anos. Essa idade mínima só não era válida no caso dos homens casados, clérigos, militares e bacharéis formados. Além dessas primeiras exigências o sistema eleitoral daquela época instituiu o emprego do voto censitário. Nessa modalidade de sistema eleitoral, o cidadão só estaria apto a votar caso comprovasse uma renda mínima anual proveniente de empregos, comércio, indústria e propriedade de terras. Em uma sociedade escravista observamos que a utilização do voto censitário excluía a grande maioria da população. Assim, o voto se transformava em um instrumento de ação política exclusivo das elites. Naquela época, as poucas pessoas consideradas aptas a exercer o voto não escolhiam diretamente os seus representantes. No império, os chamados cidadãos votantes eram divididos entre os eleitores de paróquia e os eleitores de província. Os eleitores de paróquia eram todos aqueles que comprovavam uma renda anual mínima de 100 mil réis para votar nos eleitores de província, que, por sua vez, deveriam comprovar uma renda anual mínima de 200 mil réis para votar nos candidatos a deputado e senador.” (S.N.T)
Em acordo com uma matéria publicada no dia 28 de dezembro de 1885 no periódico A República, ano IV, nº 295, compunha o diretório do PRF – o Partido Republicano Federalista, grupo político existente no Município de Boa Viagem.
“No inicio da República não havia partidos nacionais. Assim, no Ceará, o Partido Republicano cindiu-se em busca do poder.” (CAVALCANTE MOTA, 1999: p. 23)
Aos 48 anos de idade, no pleito eleitoral acontecido no dia 29 de maio de 1892, deu iniciou a sua carreira política ocupando uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores entre o dia 15 de outubro de 1892 ao dia 10 de junho de 1896.
Nesse período, juntamente com os seus pares, elegeu como intendente Manoel Benício Bezerra de Menezes, responsável pelo Poder do Executivo do Município.
Nessa legislatura, quando o Município de Boa Viagem atravessava os rigores de uma estiagem, seguindo o que previa o Projeto Pompeu-Sinimbú, juntamente com os seus companheiros de vereança acompanhou a última fase da construção da Casa de Câmara e Cadeia Pública, onde também passaria a funcionar a escola da vila; acompanhou a construção da base do Mercado Público Municipal Jessé Alves da Silva, que só foi concluído por volta de 1919; assinou o manifesto do desejo de instalação de uma linha de telégrafo para cidade de Boa Viagem, um verdadeiro avanço para época; acompanhou os trabalhos de assistência médica que atenderam às pessoas que sofriam por conta de uma epidemia de varíola que ocorreu no Município; promoveu a abertura de novas ruas e o melhoramento no saneamento e limpeza das ruas já existentes.
Foi reconduzido a essa mesma função na eleição seguinte, acontecida no dia 5 de maio de 1896, permanecendo na intendência municipal do dia 10 de junho de 1896 até o dia 10 de junho de 1900.
Em seu governo apresentou na Câmara Municipal a aplicação dos recursos do Município; a entrega de sementes de milho, feijão e arroz para mil agricultores e a qualificação de seus eleitores.
Em 1900, depois de eleito, foi novamente reconduzido pelos seus pares à intendência municipal, permanecendo nessa função até o dia 1º de outubro desse ano, quando assumiu Antônio Jayme de Alencar Araripe, voltando a sua cadeira no Poder Legislativo.
Uma das ações de maior importância nessa legislatura está registrado no ofício enviado no dia 2 de outubro de 1902 ao Presidente do Estado do Ceará, Dr. Pedro Augusto Borges, relatando o estado de penúria e de miséria a qual se encontrava a nossa população, que nessa época era castigada por uma terrível seca.
“Paço da Câmara Municipal da Vila de Boa Viagem em 2 de outubro de 1900. Exmo. Sr. O acrisolado espírito de patriotismo de V. Exc. o amor as instituições republicanas e o extremo interesse pela prosperidade desse Estado, mormente na crise calamitosa porque ele passa, com uma secca exterminadora, acompanhada de assombroso cortejo da peste…. para satisfazer um restricto e sagrado dever, não só para scientificar a V. Exc. o estado de miséria a que está reduzido a este Município…. Este Município, Exmo. Sr. Não tendo tido ao menos uma chuva regular, ficou todo ele reduzido a miséria pela falta de pastagem e água e nestas circunstancias a população esgotada de meios para sua subsistência em conseqüência da seca do anno de 1898 e extraordinárias inundações feitas pelo inverno do anno próximo passado, grande parte dela emigrou…. que vai extinguindo o gado vacum e cavallar, a peste assolando em diversos Municípios e a população inanida morrendo de fome…” (CAVALCANTE MOTA, 1999: p. 90)
Aos 60 anos de idade, no pleito eleitoral ocorrido no dia 1º de maio de 1904, conseguiu ser eleito mais uma vez para uma das cadeiras do Poder Legislativo municipal, ocupando essa função do dia 10 de junho de 1904 até o dia 10 de junho de 1908.
Segundo matéria publicada no Jornal do Ceará, edição do dia 22 de abril de 1904, nº 20, página 4, a disputa eleitoral que definiu os componentes dessa legislatura ficou marcada em todo Estado por fraudes e violência, especialmente em Boa Viagem, onde segundo esse periódico José Rabêlo e Silva criou meios para garantir o sucesso eleitoral daqueles que apoiavam a Oligarquia Accioly.
Nessa legislatura, como ocorreu na anterior, participou da escolha do intendente municipal, cadeira que foi ocupada nesse período primeiramente por Francisco de Assis Marinho e logo depois por Manoel de Assis Marinho.
Foi casado em primeiras núpcias com Maria Felizalbina de Jesus, que faleceu no dia 30 de janeiro de 1899, recebendo as exéquias fúnebres do vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, o Mons. José Cândido de Queiroz Lima.
Algum tempo depois, conforme informações existentes no livro B-01, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, folha 85, tombo nº 7, no dia 6 de julho de 1902 contraiu novas núpcias, dessa vez com Philomena da Silva Pedroza, de 49 anos de idade, sendo filha de Galdino Rodrigues Guerreiro e de Maria de São José de Jesus.
Faleceu por conta de um ataque cardíaco, conforme o livro C-01 existente na secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, página 61, tombo nº 4, no exercício de seu mandato, no dia 2 de fevereiro de 1908, aos 64 anos de idade.
Logo após o seu falecimento, depois das homenagens fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por sua família em um túmulo existente no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, n° 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará (1889-1930). ABC: Fortaleza, 1996.
- FERREIRA NETO, Cicinato. A Tragédia dos Mil Dias: A seca de 1877-79 no Ceará. Premius: Fortaleza, 2006.
- IBGE. Histórico do Município de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- PEIXOTO, João Paulo M. & PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
- SARAIVA CÂMARA, José Aurélio. Fatos e Documentos do Ceará Provincial. Imprensa Universitária da Universidade Federal: Fortaleza, 1921.
- VIEIRA JÚNIOR, Antônio Otaviano. Entre Paredes e Bacamartes. História da Família no Sertão (1780-1850). Edições Demócrito Rocha: Fortaleza, 2004.
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