José da Silva Bezerra Júnior

José da Silva Bezerra Júnior nasceu no dia 4 de dezembro de 1807 no Município de Quixeramobim, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 203 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de José da Silva Bezerra e de Joanna Baptista Guerreiro.
Os seus avós paternos se chamavam Antônio Bezerra do Vale e Izabel da Silva Carvalho, já os maternos era João Guerreiro Brito e Maria Mendes Rodrigues.
Na época do seu nascimento a vila de Boa Viagem, que também era conhecida pela alcunha de “Cavalo Morto”, era apenas uma minúscula localidade existente dentro dos limites geográficos pertencentes ao Município de Quixeramobim.

“Distrito criado com a denominação de Boa Viagem, ex-povoado de Cavalo Morto, pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862. Elevado à categoria de vila com a denominação de Boa Viagem, pela lei provincial nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, desmembrado de Quixeramobim.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017)

Desempenhou inúmeros serviços em favor do Município de Boa Viagem, como político e comandante da Guarda Nacional, tendo sido nomeado por carta do dia 8 de maio de 1857 com a patente de capitão.
A Guarda Nacional era uma companhia de homens que estava disponível para qualquer ação militar determinada pelo Governo da Província, possuindo importante participação na Guerra do Paraguai e outras pequenas insurreições.
Mais tarde, com a criação do Município de Boa Viagem, por meio do decreto nº 4.520, de 28 de abril de 1870, foi criado 52º Batalhão de Infantaria, sendo desmembrado do Município de Quixeramobim:

“A Guarda Nacional foi uma força paramilitar organizada por lei no Brasil durante o período regencial, em agosto de 1831, para servir de ‘sentinela da constituição jurada’, e desmobilizada em setembro de 1922. No ato de sua criação lia-se: ‘Com a criação da Guarda Nacional foram extintos os antigos corpos de milícias, as ordenanças e as guardas municipais.’ Em 1850 a Guarda Nacional foi reorganizada e manteve as suas competências subordinadas ao ministro da Justiça e aos presidentes de província. Em 1873 ocorreu nova reforma que diminuiu a importância da instituição em relação ao Exército Brasileiro. Com o advento da República a Guarda Nacional foi transferida em 1892 para o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Em 1918 passou a Guarda Nacional a ser subordinada ao Ministério de Guerra através da organização do Exército Nacional de 2ª Linha, que constituiu de certo modo sua absorção pelo Exército.” (S.N.T)

Antes disso, no pleito eleitoral que aconteceu no dia 1º de outubro de 1876, desejando entrar na vida pública por meio de um mandato eletivo na Câmara Municipal de Vereadores, colocou o seu nome na disputa por uma das cadeiras do Poder Legislativo, conseguindo receber a confiança de 142 eleitores, a maior votação entre os seus pares.

Imagem da Casa de Câmara e Cadeia do Município de Boa Viagem, fim da década de 1940.

Nessa legislatura, que se estendeu entre 1877 a 1881, enfrentou grandes desafios, dentre elas uma grande seca, que ficou conhecida como a “seca dos 1000 dias”, ocorrida entre 1877 e 1879.

“Todas as correspondências enviadas do interior da província nos primeiros anos de seca tinham em comum os espantosos relatos acerca da terrível condição dos moradores do sertão, mesmo os que podiam ser chamados de pessoas de posse… a solução foi a emigração em massa. Os pequenos e médios proprietários abandonaram terras e venderam ou trocaram seus escravos.” (FERREIRA NETO, 2006: p. 69)

No dia 15 de janeiro do primeiro ano de sua gestão, por conta da seca, alguns vereadores solicitaram o adiamento de suas posses, sendo que muitos deles não compareciam às reuniões, passando a Câmara de Vereadores dois anos sem funcionar, quando até as arrematações dos impostos camarários foram desprezadas diante da falta de interessados, deixando as contas e outras responsabilidades do Município em atraso.
Ao que indica, conforme informações existentes no jornal O Cearense, ano XXXIII, nº 51, página 4, edição do dia 16 de maio de 1879, faleceu no exercício de seu mandato, onde nessa matéria a sua esposa, Ana Joaquina de Carvalho, faz petição para prorrogação do prazo de seu inventário.

BIBLIOGRAFIA:

  1. CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará (1889-1930). Fortaleza: ABC, 1996.
  2. FERREIRA NETO, Cicinato. A Tragédia dos Mil Dias: A seca de 1877-79 no Ceará. Fortaleza: Premius, 2006.
  3. IBGE. Histórico do Município de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017.
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  5. PEIXOTO, João Paulo M. & PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
  6. SIMÃO, Marum. Quixeramobim: Recompondo a História. Fortaleza: MULTIGRAF, 1996.
  7. VIEIRA JÚNIOR, Antônio Otaviano. Entre Paredes e Bacamartes. História da Família no Sertão (1780-1850). Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2004.

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