Joaquim Marinho Falcão

Joaquim Marinho Falcão nasceu no dia 1º de setembro de 1820 no Município de Quixeramobim, que está localizado no Sertão Central do Estado do Ceará, distante 203 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Bernardo Marinho Falcão e de Francisca Umbelina de Magalhães.
Os seus avós paternos se chamavam Manuel de Melo Pereira e Teresa Maria de Melo, já os maternos eram Francisco Teixeira de Magalhães e Vicência de Leitão Arnaud.
Na época do seu nascimento a vila de Boa Viagem, que também era conhecida pela alcunha de “Cavalo Morto”, era apenas uma minúscula localidade existente dentro dos limites geográficos pertencentes ao Município de Quixeramobim.

“Distrito criado com a denominação de Boa Viagem, ex-povoado de Cavalo Morto, pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862. Elevado à categoria de vila com a denominação de Boa Viagem, pela lei provincial nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, desmembrado de Quixeramobim.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017)

Segundo informações existentes no livro B-06, pertencente à secretaria da Paróquia de Santo Antônio de Quixeramobim, página 47, no dia 19 de setembro de 1860, diante do Pe. Joaquim Ferreira de Menezes, contraiu matrimônio com Maria da Glória Marinho, nascida em 1846, sendo filha de Francisco Marinho Falcão e de Maria Águida de Magalhães.
Desse matrimônio foram gerados seis filhos, entre eles destacamos: Ernesto Marinho Falcão, Joaquina Marinho Falcão, Manoel Marinho Falcão, Maria de Jesus, Maria de Nazareth e Minervino Marinho Falcão.
No dia 15 de maio de 1865, conforme notícia publicada no dia 1º de junho no jornal O Cearense, edição 1831, ano XIX, 1ª página, foi demitido a pedido da função de delegado do Município de Boa Viagem.
Mais tarde, em conformidade com as informações existentes no jornal A Constituição, ano X, nº 170, edição do dia 22 de novembro de 1872, página 2, militando nos quadros do PL – o Partido Liberal, ocupou uma das cadeiras do Poder Legislativo do Município de Boa Viagem na segunda legislatura daquela casa, que foi de 1873 a 1877. Um fato curioso desse pleito é que, nessa disputa, o seu irmão Antônio Marinho Falcão também disputou uma das cadeiras do Poder Legislativo.
Nessa legislatura, através de um ofício emitido no dia 13 de agosto de 1874, um “fato desagradável” ficou registrado nos anais da história política do Município de Boa Viagem envolvendo o seu nome naquilo que consideramos o primeiro escândalo político existente naquela casa.
Nessa data o escrivão da Câmara Municipal, que se chamava Delfino Alves Pinheiro e Lima, solicitou demissão de sua função por conta de sua mudança de domicílio e os vereadores prontamente propuseram a sua substituição.
Na ocasião, prontamente indicou o nome de José Targino da Silveira, que era seu genro e ao mesmo tempo cunhado de outro vereador, algo que não era permitido por conta do parentesco, sendo imediatamente advertido pelo presidente da mesa, o Vereador Vicente Alves da Costa, notícia que deu início a um grave tumulto.
Ficando insatisfeito com a recusa de sua proposta, fez inúmeros insultos ao presidente da casa, que temendo o pior imediatamente interrompeu a sessão e propôs a sua reabertura em outra data.

Imagem da Casa de Câmara e Cadeia do Município de Boa Viagem, fim da década de 1940.

Depois disso, juntamente com outros, colocou o presidente da mesa diretora para fora do edifício da Câmara Municipal e em seguida reiniciou os trabalhos colocando a sua proposta em votação, que imediatamente foi aprovada:

“O Presidente da Câmara sofreu vários insultos, inclusive do 2º suplente de sub-delegado, Marcolino Pinto de Magalhães, que era ‘natural de Assaré, separado da esposa legítima e entregue a todos os vícios’.”

Nessa legislatura, que teve início em julho de 1873, o Município passou por uma estiagem e os produtores sofreram com graves problemas financeiros, mesmo assim, no exercício de seu mandato, deu apoiou a execução das seguintes ações: o recebimento de um imóvel para servir de cadeia, uma doação que foi realizada por José Duarte de Araújo; o recebimento de doação financeira feita por Ana Gonçalves Leal para construção de uma Casa de Cadeia e Câmara; o acompanhamento da arrematação e aplicação dos impostos camarários, entre eles o da décima urbana; o acompanhamento da adequação do comércio do Município ao novo sistema de pesos e medidas determinado pelo Governo Imperial; a aprovação do orçamento para manutenção da escola existente na vila; o acompanhamento da comunicação com o Governo da Província sobre os produtos cultivados no Município; o acompanhamento da resolução do litígio de limites com o Município de Tamboril, quando Boa Viagem perdeu autonomia sobre o perímetro do povoado de Telha, atual cidade de Monsenhor Tabosa.
No pleito seguinte, que aconteceu no dia 1º de outubro de 1876, colocou novamente o seu nome na disputa em busca da reeleição a uma das cadeiras do Poder Legislativo municipal, conseguindo receber a confiança de 125 eleitores, a terceira maior votação entre os seus pares.
Nessa legislatura, que se estendeu entre 1877 a 1881, enfrentou grandes desafios, dentre elas uma grande seca, que ficou conhecida como a “seca dos 1000 dias”, ocorrida entre 1877 e 1879.

“Todas as correspondências enviadas do interior da província nos primeiros anos de seca tinham em comum os espantosos relatos acerca da terrível condição dos moradores do sertão, mesmo os que podiam ser chamados de pessoas de posse… a solução foi a emigração em massa. Os pequenos e médios proprietários abandonaram terras e venderam ou trocaram seus escravos.” (FERREIRA NETO, 2006: p. 69)

No dia 15 de janeiro do primeiro ano de sua gestão, por conta da seca, alguns vereadores solicitaram o adiamento de suas posses, sendo que muitos deles não compareciam às reuniões, passando a Câmara de Vereadores dois anos sem funcionar, quando até as arrematações dos impostos camarários foram desprezadas diante da falta de interessados, deixando as contas e outras responsabilidades do Município em atraso.
Mais tarde, no dia 28 de outubro de 1881, por meio de ofício, o Governo da Província, preocupado com a capacidade hídrica da região, solicitou o número de açudes públicos existentes, bem como os seus proprietários.
Algum tempo depois, de acordo com informações de jornais de sua época, migrou com a sua família para o Município de Missão Velha, na região do Cariri cearense, onde era agropecuarista, responsável pela agência dos correios e militava no partido conservador.
No dia 11 de maio de 1885, em acordo com uma nota publicada no jornal O Cearense, edição nº 71, ano XXXIX, faleceu aos 65 anos de idade no Sítio Caipora, no Distrito de Coité.

BIBLIOGRAFIA:

  1. CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará (1889-1930). ABC: Fortaleza, 1996.
  2. FERREIRA NETO, Cicinato. A Tragédia dos Mil Dias: A seca de 1877-79 no Ceará. Premius: Fortaleza, 2006.
  3. IBGE. Histórico do Município de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017.
  4. PARÓQUIA DE SANTO ANTÔNIO DE QUIXERAMOBIM. Livro de tombo de casamentos. 1859-1865. Livro B-06. Página 47.
  5. PEIXOTO, João Paulo M. & PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
  6. VIEIRA JÚNIOR, Antônio Otaviano. Entre Paredes e Bacamartes. História da Família no Sertão (1780-1850). Edições Demócrito Rocha: Fortaleza, 2004.