Francisco Nunes de Rezende Oliveira

Francisco Nunes de Rezende Oliveira nasceu no dia 16 de março de 1840 no Município de Quixeramobim, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 203 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de José de Oliveira Têves e de Maria Francisca do Espírito Santo.
Na sua infância a cidade de Boa Viagem, que também era conhecida pela alcunha de “Cavalo Morto”, era apenas um pequeno povoado existente dentro dos limites geográficos pertencentes ao Município de Quixeramobim.

“Distrito criado com a denominação de Boa Viagem, ex-povoado de Cavalo Morto, pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862. Elevado à categoria de vila com a denominação de Boa Viagem, pela lei provincial nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, desmembrado de Quixeramobim.” (IBGE, 2010: Histórico de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017)

Pouco tempo depois do seu nascimento foi carinhosamente adotado por um casal de parentes, que também eram os seus padrinhos de batismo, sendo eles Vitoriano Rodrigues Pires e Ana Gonçalves Leal, um casal de ricos agropecuaristas portugueses que possuíam vários hectares de terras em nossa região.
Com o passar dos anos essa relação de compadrio foi se estreitando e essa criança culminou se tornando a herdeira universal de seus bens, passando a residir definitivamente na Fazenda Almas.

Imagem do casarão da Fazenda Almas, em 1990.

De acordo com as informações existentes na página 70v do livro B-01, da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, no dia 11 de maio de 1869 contraiu matrimônio com Maria Ditoza do Vale Oliveira, de 19 anos de idade, sendo filha do Capitão Antônio Bezerra do Vale com Maria dos Prazeres de Jesus em uma cerimônia que foi celebrada pelo Pe. Francisco Ignácio da Costa Mendes no Sítio Boa-fé.
Desse matrimônio foram gerados dezesseis filhos, seis homens e dez mulheres, dentre eles destacamos: Maria Francisca de Oliveira, Salustiano Rezende de Oliveira, Francisco Nunes Filho, José Leal de Oliveira, Ana  Gonçalves Leitão, Leolina Tertulina de Oliveira, João Nunes de Rezende Oliveira, Theotônio Nunes de Oliveira, Emília Faria de Oliveira, Maria Ditosa de Oliveira, Luzia Albina de Araújo, Maria da Conceição de Oliveira Sampaio, Sebastiana Nunes, Maria das Dores de Oliveira, Júlia Altina de Oliveira e Manoel Nunes de Oliveira.
No dia 3 de dezembro de 1870, através de portaria, conseguiu ser nomeado com a patente de tenente da 4ª Cia, do 52º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, que era sediado no Município de Boa Viagem, recebendo promoção algum tempo depois.

“A Guarda Nacional foi uma força paramilitar organizada por lei no Brasil durante o período regencial, em agosto de 1831, para servir de ‘sentinela da constituição jurada’, e desmobilizada em setembro de 1922. No ato de sua criação lia-se: ‘Com a criação da Guarda Nacional foram extintos os antigos corpos de milícias, as ordenanças e as guardas municipais.’ Em 1850 a Guarda Nacional foi reorganizada e manteve as suas competências subordinadas ao ministro da Justiça e aos presidentes de província. Em 1873 ocorreu nova reforma que diminuiu a importância da instituição em relação ao Exército Brasileiro. Com o advento da República a Guarda Nacional foi transferida em 1892 para o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Em 1918 passou a Guarda Nacional a ser subordinada ao Ministério de Guerra através da organização do Exército Nacional de 2ª Linha, que constituiu de certo modo sua absorção pelo Exército.” (S.N.T)

O 52º Batalhão de Infantaria foi criado através do decreto nº 4.520, de 28 de abril de 1870, sendo desmembrado do Município de Quixeramobim e tinha como comandante o Tenente Coronel José da Silva Bezerra.
Conseguiu, durante muitos anos, ocupar parte do cenário econômico e político de nosso Município, onde desempenhou vários mandatos eletivos e recebeu do governo a carta-patente de capitão.

Imagem da Casa de Câmara e Cadeia do Município de Boa Viagem, fim da década de 1940.

Na eleição municipal que ocorreu no dia 1º de outubro de 1876, desejando entrar na vida pública por meio de um mandato eletivo na Câmara Municipal de Vereadores de Boa Viagem, conseguiu ser eleito depois de receber a confiança de 123 dos 258 eleitores aptos a votarem.
Nessa legislatura, que se estendeu entre 1877 a 1881, enfrentou grandes desafios, dentre elas uma grande seca, que ficou conhecida como a “seca dos 1000 dias”, ocorrida entre 1877 e 1879.

“Todas as correspondências enviadas do interior da província nos primeiros anos de seca tinham em comum os espantosos relatos acerca da terrível condição dos moradores do sertão, mesmo os que podiam ser chamados de pessoas de posse… a solução foi a emigração em massa. Os pequenos e médios proprietários abandonaram terras e venderam ou trocaram seus escravos.” (FERREIRA NETO, 2006: p. 69)

No dia 15 de janeiro do primeiro ano de sua gestão, por conta da seca, alguns vereadores solicitaram o adiamento de suas posses, sendo que muitos deles não compareciam às reuniões, passando a Câmara de Vereadores 2 anos sem funcionar, quando até as arrematações dos impostos camarários foram desprezadas diante da falta de interessados, deixando as contas e outras responsabilidades do Município em atraso.
Mais tarde, no dia 28 de outubro de 1881, por meio de ofício, o Governo da Província, preocupado com a capacidade hídrica da região, solicitou o número de açudes públicos existentes, bem como os seus proprietários.
Segundo informações existentes no livro C-01, pertencente à secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombo nº 7, folha 74, faleceu em sua propriedade, aos 71 anos de idade, no dia 8 de fevereiro de 1911.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares em um túmulo existente no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado da Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.

Imagem do túmulo do Capitão Francisco Nunes de Rezende Oliveira, em 2014.

BIBLIOGRAFIA:

  1. CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará (1889-1930). ABC: Fortaleza, 1996.
  2. FERREIRA NETO, Cicinato. A Tragédia dos Mil Dias: A seca de 1877-79 no Ceará. Premius: Fortaleza, 2006.
  3. IBGE. Histórico do Município de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017.
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  5. PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de tombo dos casamentos. 1863 – 1886. Livro B-01. Página 70v.
  6. PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de tombo dos óbitos. 1893 – 1916. Livro C-01. Tombo nº 7. Página 74.
  7. PEIXOTO, João Paulo M.; PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
  8. VIEIRA JÚNIOR, Antônio Otaviano. Entre Paredes e Bacamartes. História da Família no Sertão (1780-1850). Edições Demócrito Rocha: Fortaleza, 2004.

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