Virgílio de Morais Fernandes Távora

Virgílio de Morais Fernandes Távora nasceu no dia 29 de novembro de 1919 no Município de Jaguaribe, que está localizado na região do Jaguaribe, no Estado do Ceará, distante 308 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Manoel do Nascimento Fernandes Távora e de Carlota Augusta de Morais Fernandes Távora.
Os seus avós paternos se chamavam Joaquim Antônio do Nascimento e Clara Fernandes Távora, já os maternos eram Virgílio Augusto de Morais e Cândida Felícia Caracas.
Era descendente de uma das mais tradicionais famílias cearenses e ao longo dos anos conseguiu desempenhar um respeitável papel na política estadual, dando valorosa contribuição para o desenvolvimento do Município de Boa Viagem.
Durante a sua infância teve a oportunidade de acompanhar de perto o envolvimento político de vários de seus familiares, entre eles o de seu pai, que foi interventor federal do Estado do Ceará entre 1930 e 1931.

“Segundo dos três filhos de Dr. Távora e de D. Carlota, viveu uma infância igual a dos meninos das famílias abastadas do Ceará de então. Tão logo recebeu as primeiras noções do mundo circundante, o pequeno Virgílio percebeu o retraimento em que vivia a família. Não frequentava a sociedade local e à sua casa só iam os parentes e os amigos que não temiam o fato de seu pai ser um homem de posição.” (LINHARES, 1996: p. 21)

A sua vida acadêmica teve inicio nos primeiros meses de 1927 no Colégio Santa Cecília, logo depois, nos primeiros meses de 1929, passou para o Colégio Nossa Senhora das Vitórias até que, em 1930, foi internado no Colégio Militar do Ceará, onde realizou os estudos secundários, e logo em seguida, em 1936, ingressou na Escola Militar do Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, influenciado pela carreira militar do seu tio, o Capitão Juarez do Nascimento Fernandes Távora.
Recebeu sólida formação complementar na Escola de Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, onde foi diplomado como engenheiro.
Mais tarde, graças ao seu bom desempenho acadêmico, teve uma ascensão meteórica na carreira militar, em 1939 tornou-se 2º tenente e, em 1941, já foi promovido ao posto de 1º tenente.

“Era o primeiro aluno da turma e, como já se disse, não saiu aspirante, saiu diretamente segundo tenente, como acontecera antes, também, com Luís Carlos Prestes.” (LINHARES, 1996: p. 32)

Em 1944, no auge da II Guerra Mundial, foi promovido ao posto de capitão, em 1950 a major, em 1955 a tenente-coronel e em 1960 a coronel, posto que encerrou a sua brilhante carreira no Exército Brasileiro passando, depois disso, para a reserva.
Iniciou as suas atividades políticas em outubro de 1950 colocando o seu nome no pleito eleitoral para deputado federal pelo Estado do Ceará na legenda da UDN – a União Democrática Nacional.

“Decidi com grande pesar, após longa meditação, tomar um rumo diverso do da minha carreira de origem. Em junho de 1950 entrei em gozo de licença-prêmio a que fazia jus. Consciente de que essa atitude significava um adeus às Armas.” (LINHARES, 1996: p. 63)

A eleição ocorreu no dia 11 de março de 1951 e ele conseguiu receber 21.309 votos, sendo o deputado mais bem votado do seu partido.
No pleito seguinte, o de 3 de outubro de 1954, conseguiu se reeleger deputado federal na mesma legenda, obtendo nessa oportunidade o montante de 25.471 votos.
No início do ano de 1953 contraiu matrimônio com Luíza Morais Correia Távora, nascida no dia 1º de julho de 1923, e com ela gerou dois filhos.

“O casamento, como todos os fatos da vida de Virgílio, foi um acontecimento concorridíssimo, deixando de ser um mero registro social para se transformar numa demonstração de prestígio político. Acorreu no Rio de Janeiro, sendo o civil no apartamento do Deputado Edilberto de Castro, na Avenida Atlântica, um dos endereços mais nobres da capital da República. Já o religioso no dia seguinte, 5 de maio de 1953, no majestoso Palácio São Joaquim, tendo por oficiante Dom José Távora, bispo auxiliar do Cardeal do Rio, e seu primo.” (LINHARES, 1996: p. 98)

Em 16 de novembro de 1953, na cidade do Rio de Janeiro, Capital Federal, foi eleito diretor da Confederação Rural Brasileira, órgão que tinha a finalidade de fomentar o desenvolvimento agrícola do país.
Em fevereiro 1956, descontente com a eleição a presidência da república do Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, juntamente com o Coronel Fídeas Távora, seu primo, apoiou ostensivamente o levante militar que envolveu alguns oficiais da Aeronáutica, que se apoderaram da base aérea de Jacareacanga, no Estado do Pará.
Em 29 de setembro de 1957 a União Democrática Nacional lançou o seu nome como candidato ao governo do Estado do Ceará e daí partiu para uma intensa propaganda de divulgação do seu nome.
As eleições aconteceram no dia 3 de outubro de 1958 e lhe renderam a confiança 248.241 eleitores contra os 279.449 de José Parsifal Barroso. No Município de Boa Viagem recebeu apenas 1.620 votos contra os 2.423 de seu adversário.
Entre 1957 e 1959 ocupou a vice-presidência do diretório nacional da União Democrática Nacional.
Em janeiro de 1959, indicado por seu partido, deixou a Câmara Federal ao final da legislatura e atuou como representante da oposição no conselho de administração da Companhia Urbanizadora da Nova Capital – a NOVACAP, uma companhia criada pelo Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira para a construção de Brasília, a futura Capital Federal.
Ainda nesse ano, tornou-se membro do conselho nacional do Serviço Social Rural, foi reeleito vice-presidente do diretório nacional de seu partido e com a proximidade das eleições presidenciais foi designado secretário-geral da comissão nacional pró-candidatura do advogado e professor Jânio da Silva Quadros.
Sob o governo parlamentarista do Dr. João Belchior Marques Goulart, iniciado em setembro de 1961, foi nomeado por indicação de seu partido como ministro de Estado, assumindo à pasta da Viação e Obras Públicas no gabinete parlamentarista do Dr. Tancredo de Almeida Neves.
Em janeiro de 1962 inaugurou o sistema de telex entre os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, criou o Conselho Nacional de Transportes e, na qualidade de ministro, intensificou o ritmo de trabalhos no Polígono das Secas, como também percorreu grande parte do Nordeste nele incluída.
No pleito eleitoral do dia 7 de outubro de 1962 finalmente conseguiu eleger-se governador do Estado do Ceará na legenda da coligação “União pelo Ceará”, uma aliança política que reunia em torno de si a União Democrática Nacional, o Partido Social Democrático e o Partido Trabalhista Nacional.

Imagem do Cor. Virgílio Távora em uma solenidade de inauguração em Várzea Alegre.

Essa coligação pacificou o cenário político estadual e lançou as bases do que seria a Aliança Renovadora Nacional – a ARENA, após o decreto do bipartidarismo, via Ato Institucional Número Dois, que aconteceu em 1965.
Recém eleito, deu ampla cobertura à campanha do plebiscito empreendida pelo Presidente João Goulart em favor do retorno ao presidencialismo, preconizando também a adoção dos princípios capazes de ensejar as reformas propostas desde a campanha de Jânio Quadros.
Embora partidário de algumas medidas empreendidas pelo governo Goulart, Virgílio Távora apoiou o movimento político-militar de 31 de março de 1964.
Em seu governo a energia da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso chegou progressivamente a todo o Estado do Ceará e assim foi incrementada a infraestrutura local e a implantação do Distrito Industrial. Em sua gestão foi aplicado o chamado Plano e Metas, que ficou conhecido pela sigla PLAMEG.
No pleito eleitoral do dia 15 de novembro de 1966, após receber 73.213 votos, voltou à Câmara Federal para mais um mandato, dessa vez na legenda da Aliança Renovadora Nacional e, ao lado do Dr. César Cals de Oliveira Filho e de José Adauto Bezerra, formou o triunvirato de coronéis que dominou o cenário da política estadual cearense durante todo o Regime Militar.
Durante a legislatura que se iniciou em fevereiro do ano seguinte, tornou-se membro das executivas nacional e regional de seu novo partido.
No pleito eleitoral de novembro de 1970 elegeu-se senador pelo Estado do Ceará recebendo 246.029 votos, sempre na legenda da ARENA, obtendo a maior votação da região Nordeste.
Em janeiro de 1971 deixou a Câmara dos Deputados e imediatamente assumiu a sua cadeira no Senado. Nessa legislatura foi vice-presidente da Comissão de Finanças e membro das comissões de Segurança Nacional, de Relações Exteriores e de Transportes do Senado.
No governo do General Emílio Garrastazu Médici tornou-se o vice-líder da ARENA e o encarregado da defesa da política econômica do Governo Federal no Senado.
Participou intensamente da campanha em defesa da política nuclear brasileira, adotada desde 1969, com a posse do Dr. Antônio Dias Leite Júnior no Ministério das Minas e Energia, tendo ainda tomado parte nas negociações realizadas, em 1973, para a concretização dos termos em que se consubstanciou o Acordo Nuclear entre o Brasil e a Alemanha.
Em abril de 1978, aproximando-se as eleições, foi indicado pelo presidente da república, General Ernesto Beckmann Geisel, como candidato ao governo do Estado do Ceará. Para voltar a esse cargo precisou superar a forte oposição de seu antigo adversário, o ex-governador César Cals.
No pleito indireto de setembro do mesmo ano foi eleito governador em substituição ao Dr. José Valdemar Alcântara e Silva.
Deixou o senado em fevereiro de 1979 e assumiu o Governo do Estado no dia 15 de março. Em novembro de 1979 foi extinto o bipartidarismo e aconteceu a reformulação partidária no país. Nessa ocasião filiou-se ao Partido Democrático Social, o PDS, partido da base governista.
No dia 2 de agosto de 1980, projeto do Vereador Raimundo de Oliveira Mota, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, através da lei nº 347, recebeu o título de cidadania boa-viagense por conta dos vários serviços prestados a nossa comunidade.

Imagem da solenidade de inauguração do Terminal Rodoviário Samuel Alves da Silva, em 1982.

Em maio de 1982, desincompatibilizou-se do cargo de governador para se candidatar, no pleito de novembro, a uma cadeira no Senado. Ainda nessa eleição lançou o nome do Dr. Carlos Virgílio Augusto de Morais Távora, seu filho, como deputado federal pelo PDS, que graças ao prestígio do pai conseguiu obter 91.162 votos.
Nesse pleito recebeu 1.120.069 votos, conseguindo se eleger senador da república na legenda do PDS e assumiu a cadeira no Senado em fevereiro de 1983.
Em novembro de 1987 votou na Comissão de Sistematização da Assembleia Nacional Constituinte a favor dos cinco anos de mandato para o Presidente José Ribamar Ferreira Araújo da Costa Sarney.
Em março de 1988, na sessão que decidiu o sistema de governo brasileiro, votou a favor do presidencialismo e tomou parte ainda nos debates e trabalhos que definiram o conceito de empresa nacional.
No dia 3 de junho de 1988, às 11 horas e 35 minutos, sofrendo de câncer na próstata, foi internado e veio a óbito no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Ao longo de sua vida Virgílio Távora recebeu diversas homenagens, entre elas podemos mencionar: a medalha Duque de Caxias, a medalha de Bons Serviços, a medalha Marechal Hermes, a medalha Mauá, a Medalha do Pacificador, a medalha da Ordem do Tesouro Sagrado, a medalha do Mérito Nacional, a medalha do Mérito Agrícola, a medalha de Tamandaré, a medalha do Patriarca, a medalha Cândido Rondon, a medalha José Bonifácio, a medalha do Sesquicentenário do Senado Federal, a medalha Bárbara de Alencar, a medalha Nilo Peçanha, a medalha da Abolição, a medalha da Escola Técnica Federal do Ceará, a medalha da Ordem do Mérito Militar e a medalha da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho.
Recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” da Universidade Federal do Ceará, da Faculdade de Filosofia do Ceará e da Escola de Administração do Ceará.
Deixou-nos várias publicações, entre elas citamos: O Acordo sobre a Cooperação no Campo dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear assinado entre a República Federativa do Brasil e a República Federal da Alemanha, em Brasília, Senado Federal, 1976; As Contas do Presidente da República, em Brasília, Senado Federal, 1978; Em defesa da Política Nuclear Brasileira, em Brasília, Senado Federal, 1973-1974; Petrobrás, em Brasília, Senado Federal, 1975; Pronunciamentos, em Brasília, Senado Federal, 1976; II Simpósio de Estudo de Problemas Brasileiros: Acordo Nuclear Brasil – Alemanha, em Fortaleza, Unifor, 1977; Trabalhos Legislativos, 1971; Discursos, em Brasília, Senado Federal, 1972; Trabalhos Legislativos, 1971 e por fim, Discursos, em Brasília, Senado Federal, 1972.
Logo após o atestado médico de seu óbito, o seu corpo foi trazido para o Estado do Ceará, onde recebeu as despedidas fúnebres e em seguida foi sepultado no Cemitério São João Batista, que está localizado na Rua Padre Mororó, nº 487, no Centro da cidade de Fortaleza.

BIBLIOGRAFIA:

  1. LINHARES, Marcelo. Virgílio Távora: Sua Época. Fortaleza: Casa de José de Alencar, 1996.
  2. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na administração do Prefeito Benjamim Alves da Silva, na cidade de Boa Viagem, embora ainda sem legislação, o seu nome recebeu homenagem no campo de pouso denominado de Aeroporto Coronel Virgílio de Morais Fernandes Távora;
  2. Em sua memória, na administração do Prefeito Benjamim Alves da Silva, através da lei nº 465, de 1° de outubro de 1988, o edifício que abriga a sede do Poder Executivo do Município de Boa Viagem, o Centro Administrativo Governador Virgílio de Morais Fernandes Távora, localizado na Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, nº 100, Centro, recebeu a sua nomenclatura.

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