Hélio Alves da Silva

Hélio Alves da Silva nasceu no dia 24 de fevereiro de 1956 na cidade de Boa Viagem, que está localizada no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Samuel Alves da Silva e de Maria Ozenir da Silva Lobo.
Os seus avós, por ascendência paterna, eram o comerciante e agropecuarista Sebastião Alves da Silva e Delfina Vieira da Silva, naturais de Brejo dos Santos, no Estado da Paraíba, já pelo lado materno, eram o agropecuarista Cícero da Silva Lobo e Odete Pereira Lobo, ambos naturais do Município de Senador Pompeu, no Sertão do Estado do Ceará.
Nos primeiros anos de sua infância foi marcado por um dos ramos comerciais adotados pelo seu genitor, e essa escolha refletiu-se em sua vida até o seu último dia sobre a face da terra.
Quando era criança costumava acompanhar atentamente ao movimento dos veículos no posto de combustíveis de propriedade de sua família que era localizado no Centro da cidade. O ronco dos motores e a conversa dos motoristas lhe causavam um forte deslumbramento.
Durante a semana, após o período de aulas no Instituto de Educação Paulo Moody Davidson, era comum ver-lhe vagando entre as bombas de combustíveis, juntamente com outros abelhudos de todas as idades, observando os carros que abasteciam e aos curiosos mecanismos que faziam aquelas impressionantes máquinas sobre rodas ganharem movimento.
As bombas de combustíveis estavam localizadas na Rua Agronomando Rangel, s/nº, Centro, próximo ao Mercado Público Municipal Jessé Alves da Silva, em frente a uma loja de tecidos que nos fundos possuía uma fábrica de sapatos, que também eram de propriedade dos seus pais.
Costumeiramente aos domingos frequentava, logo pela manhã, juntamente com os seus pais e irmãos, a escola bíblica dominical da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem, que na época estava localizada na Rua Antônio Domingues Álvares, nº 374, Centro, praticamente vizinho a sua residência.
A ocasião era motivo de júbilo para a garotada, pois juntamente com outras crianças recebia atentamente as lições transmitidas pela Professora Emivanete da Silva Vieira, esposa do Rev. Ezequiel Fragoso Vieira.
Em 1966, com apenas dez anos de idade, estudando na Escola de Primeiro Grau Padre Antônio Correia de Sá, o seu pai iniciou a sua vida política candidatando-se a uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, mas, como qualquer outra criança, permanecia alheio a tudo isso.

“Em 1966, envolvido com as turbulentas transformações políticas que ocorriam na época e bastante querido pela população decidiu colocar o seu nome na disputa por uma das vagas do Poder Legislativo do Município de Boa Viagem. Nesse intuito procurou aliar-se a um parente e amigo de estima, José Vieira Filho, o Mazinho, colocando o seu nome para ser apreciado pela população na disputa do pleito eleitoral ocorrido no dia 15 de novembro de 1966, quando conseguiu pela primeira vez se eleger a vereador pela ARENA, Aliança Renovadora Nacional, com 631 votos.” (SILVA JÚNIOR, 2010: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/samuel-alves-da-silva/. Acesso no dia 27 de novembro de 2016)

Nessa época, nos momentos de lazer, os televisores eram escassos, as sua brincadeiras prediletas eram: salve o companheiro, trisca, andar de bicicleta, escalar paredes e árvores, como também jogar bila. No meio daquela garotada aguerrida, em uma dessas brincadeiras, ganhou o apelido de “rato”, herança do seu corpo franzino, ágil e de pequena estatura.
Com o passar dos anos ele foi crescendo e, na companhia de outros garotos, necessitava de dinheiro para se sentir mais independente de seus pais. Normalmente ficava em frente ao armazém do seu estimado tio, Jessé Alves da Silva, que era localizado na Rua 26 de Junho, nº 243, Centro, atentamente observando ao carregamento das inúmeras sacas de algodão nos caminhões e esperando algum mandato a ser cumprido.
Sempre que os motoristas do armazém saiam em busca de mercadorias da zona rural para cidade o companheiro certo de boleia do caminhão era o Hélio, e nessas viagens, não perdia a oportunidade de pedir aos motoristas que o ensinassem a dirigir, algo que era permitido e motivado pelo seu tio.
Aos poucos Hélio foi tomando prática com o volante, lentamente foi ganhando também a confiança do seu tio e de seus motoristas e paulatinamente foi recebendo a oportunidade de dirigir e tirar a sua tão sonhada carteira de habilitação.

Imagem do jovem Hélio, ao lado de sua tia e de alguns amigos.

Em 1972, finalizando o segundo mandato como vereador, o seu pai sentiu-se desgostoso com os novos rumos tomados pela política local, liquidou todos os bens da família e decidiu tentar a sorte no Município de Dourados, que está localizado na região Sudoeste do Estado de Mato Grosso do Sul, distante 235 quilômetros da cidade de Campo Grande, capital daquele Estado.
Decidido a não sair do Município de Boa Viagem Hélio Alves pediu autorização aos seus pais para ficar morando e trabalhando com o seu tio Jessé Alves da Silva, pois na casa do seu tio era considerado como um filho.
Depois da permissão o seu pai passou uma pequena temporada naquele Estado e insatisfeito com tal decisão logo voltou ao Estado do Ceará, passando a residir na cidade de Fortaleza.
Novamente estabelecido em nosso Estado o seu pai decidiu abrir uma empresa transportadora em sociedade com o seu tio, Jessé Alves, mesmo assim Hélio permaneceu morando na cidade de Boa Viagem.
O seu pai constantemente transportava gado do Estado de Goiás para o abate no FRIFOR, o Frigorífico de Fortaleza, até que, no dia 31 de maio de 1977, sofreu um grave acidente e veio a óbito, fato que pegou a todos de surpresa. Nesse lamentável desastre todos os envolvidos faleceram, foi uma perda irreparável para toda à família:

“Em uma dessas viagens, na BR-116, trecho dentro do Município de Paragominas, no Estado do Goiás, no dia 31 de maio de 1977, às 5 horas da manhã, atrasado para a entrega dos animais, acompanhado de seu inexperiente motorista, de apenas 23 anos, visto que não sabia dirigir, e bastante cansado da viagem, o seu caminhão Mercedes-Bens 1113, cor vermelha, sofreu um grave acidente frontal envolvendo uma caçamba carregada de arroz. No desastre todos os envolvidos vieram a óbito.” (SILVA JUNIOR, 2011: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/samuel-alves-da-silva/. Acesso em 14 de junho de 2012)

Depois da prematura morte do seu pai, recebeu a chance de possuir o seu tão sonhado caminhão. Nessa ocasião o seu tio Jessé propôs-lhe uma sociedade em um caminhão Mercedes-Benz, ano 1976, cor verde, placa QD 6459, que serviria para transportar algodão pelo Estado do Ceará.
Apesar da significativa perda tudo caminhava bem em sua vida até que, na noite do dia 24 de novembro de 1979, sozinho em sua cabine, trafegando pela Rodovia Estadual CE-060, conhecida como “a rodovia do algodão”, quando voltava da cidade de Juazeiro do Norte, ao atingir a localidade de Sítio Bravo, prestes a entrar na cidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Estado, o seu veículo sofreu um gravíssimo desastre.
Nessa ocasião o caminhão já vinha descarregado e em alta velocidade até que, quando chegou a um local de declive e em curva, perdeu a direção e bateu violentamente contra um corte que ainda existe na rodovia. No impacto o veículo tombou violentamente na pista danificando todo o lado direito, deixando o seu motorista gravemente ferido.

Imagem do Hélio em seu caminhão, em 1978.

Nessa mesma viagem um de seus amigos do armazém, José Alves de Andrade, que é popularmente conhecido por Tadeu, vinha logo em seguida em um outro veículo e pôde testemunhar o infeliz acidente.
Em desespero, segundo informações existentes no livro C-12/1, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 599, página 183v, imediatamente socorreu o seu companheiro em estado grave para o Hospital e Maternidade Agenor Araújo, que está localizado na Rua Dr. Vicente Bezerra da Costa, nº 338, Bairro São Sebastião, na cidade de Iguatu.
Infelizmente todo o seu esforço em salvar a vida do companheiro foi em vão, pois o mesmo faleceu de traumatismo craniano encefálico, acredita-se que provavelmente vinha sem o cinto de segurança. Com apenas vinte e três anos de idade deixou uma enorme saudade no coração de sua mãe, irmãos, parentes e amigos.
Depois disso o seu ataúde foi conduzido à cidade de Boa Viagem, onde o seu corpo foi velado por seus amigos no templo da Igreja Evangélica Congregacional, sendo sepultado ao lado do seu estimado pai no mausoléu da família que existe no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.

Imagem do mausoléu da Família Alves, em 2013.

BIBLIOGRAFIA:

  1. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Samuel Alves da Silva. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/samuel-alves-da-silva/. Acesso no dia 27 de novembro de 2016.
  2. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na administração do Prefeito Benjamim Alves da Silva, através da lei nº 558, de 22 de maio de 1992, um dos logradouros do Bairro Vila Holanda, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.