João Martins de Lima

João Martins de Lima nasceu no dia 16 de maio de 1947 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Raimundo Gonçalo de Lima e de Antônia Martins de Lima.
Os seus avós paternos se chamavam Francisco Martins Chaves e Antônia Saraiva de Sousa, já os maternos eram Gonçalo José de Lima e Ana Francisca Martins Chaves.
Na época em que nasceu o Município de Boa Viagem não dispunha de uma casa de parto, fato que obrigou aos seus pais a contar com os valiosos serviços de uma parteira na vila de Olho d’Água do Bezerril, onde passou grande parte de sua infância:

“Durante muitos anos, os únicos profissionais de saúde existentes em nossa região foram às parteiras, mulheres que normalmente recebiam esse aprendizado de forma hereditária, ou seja, a filha de uma parteira acompanhava a sua mãe no atendimento às mulheres em trabalho de parto auxiliando-a de acordo com as necessidades do momento, possibilitando, assim, após algum tempo de prática, o aprendizado para continuidade do ofício.” (SILVA JÚNIOR, 2016: A História da Saúde no Município de Boa Viagem. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/saude/. Acesso em 25 de outubro de 2016)

Nessa localidade, do período de sua infância até a sua juventude, juntamente com os seus pais, enfrentou o duro trabalho no campo para sustentar com dignidade a sua família em uma pequena propriedade pertencente ao seu pai:

“Desde criança, João mostrou grande entusiasmo pelo trabalho, acompanhando seu querido pai em todos os labores do Sertão. Menino destemido, corajoso, jamais encontrou dificuldade em qualquer trabalho que a ele fosse confiado.” (MARINHO, 2014: p. 118)

Nessa época, por conta do árduo trabalho ao Sol, herdou de seu pai o apelido que levou durante toda a sua vida, “João Neguinho”.
No dia 29 de junho de 1967, com pouco mais de 20 anos de idade, contraiu matrimônio com Maria Martins de Lima, com quem gerou apenas um filha, sendo ela Jânia Maria de Lima.
Nessa época, desejando uma melhor assistência social para os seus filhos, os seus pais decidiram se estabelecer na cidade de Boa Viagem, fazendo com que ficasse sozinho na propriedade até que, nos últimos meses de 1974, depois de ter conseguido juntar algumas economias, resolveu também se estabelecer nessa cidade, onde passou a explorar uma pequena mercearia na Rua Antônio Domingues Álvares, s/nº, no Bairro Boaviaginha, local onde construiu muitas e duradouras amizades.

“Nesse mesmo ano (1967), seus pais e irmãos vieram morar na cidade, assim sendo, João se sentia muito sozinho, longe de seus familiares, em 1974, resolve vir também morar na sede do Município.” (MARINHO, 2014: p. 118)

Nesse período, nos primeiros anos da década de 1980, entre os seus amigos, recebeu forte influência do Dr. Deodato José Ramalho Júnior para entrar na vida pública pleiteando uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores.

Imagem dos candidatos pelo PMDB, em 1982.

Pouco tempo depois, no pleito eleitoral ocorrido no dia 15 de novembro de 1982, compondo os quadros políticos do PMDB – o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, com a legenda nº 5.603, ingressou na vida pública conseguindo ser eleito ao receber a confiança de 326 votos, ficando com a última vaga do Poder Legislativo e sendo o único vereador da bancada de seu partido.
Nessa disputa eleitoral o voto era vinculado, quando o eleitor tinha de alinhar a sua escolha entre os poderes Executivo e Legislativo sob a pena de ter o seu voto anulado: 

“Em 15 de novembro de 1982 o eleitorado brasileiro foi chamado a eleger os governadores que administrariam os seus Estados pelo interregno temporal de quatro anos, a contar de 15 de março de 1983, num pleito que envolveu cerca de 70 milhões de eleitores sendo a primeira eleição direta para governador de Estado desde os anos 1960. Neste pleito valeu o ‘voto vinculado’: o eleitor teria que escolher candidatos de um mesmo partido para todos os cargos em disputa, sob pena de anular o seu voto.” (S.N.T)

No dia 27 de maio de 1983, no exercício de sua função, apresentou requerimento à mesa diretora da Câmara Municipal solicitando ao gabinete do prefeito a pavimentação em pedra tosca das ruas existentes na localidade de Olho d’Água do Bezerril.

Imagem do Vereador João Martins de Lima, em 1982.

Pouco tempo depois, no dia 23 de março de 1984, pediu licença de seu mandato à mesa diretora da Câmara por 120 dias buscando tratamento médico, em seu lugar assumiu o Vereador Antônio Egídio Serafim Dias. Mais tarde, na sessão ordinária ocorrida no dia 20 de fevereiro de 1987, fez a mesma solicitação, sendo substituído pelo mesmo suplente.
Mais tarde, no dia 28 de setembro de 1984, em um novo requerimento apresentado à mesa diretora da Câmara Municipal solicitando a construção de uma escola nas localidades de Caiçara, Xique-xique, Vertentes, e de uma praça com televisor na vila de Ibuaçu.
Algum tempo depois, no dia 7 de março de 1986, solicitou uma nova licença para tratamento médico, em seu lugar assumiu o suplente, Raimundo Nonato Oliveira Lima. Mais tarde, no dia 7 de agosto de 1987, em uma sessão ordinária, pediu licença para tratamento médico por 120 dias, sendo substituído pelo suplente, Francisco Tibiriçá Façanha.
Nessa legislatura, embora não tenha passado todo o período de seu mandato na Câmara, apoiou os projetos encaminhados pelo gabinete do Prefeito José Vieira Filho, sendo eles: a reconstrução da Praça Antônio de Queiroz Marinho; a construção do edifício anexo à Escola de Ensino Médio Dom Terceiro; a construção da Escola de Ensino Fundamental Pe. Paulo de Almeida Medeiros; a construção do edifício da Teleceará e a instalação do sistema DDD; a construção do Parque de Vaquejadas e Eventos Joaquim Vieira Lima; a construção do Parque de Exposições Agropecuárias José Vieira de Lima; a construção do Açude Prefeito José Vieira Filho; a construção da Barragem Presidente Tancredo de Almeida Neves; a construção do Açude São José; a construção de cinquenta prédios escolares, postos de saúde e de uma Agência da Previdência Social.
No pleito seguinte, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1988, ainda filiado na bancada do PMDB, com a legenda nº 15.666, conseguiu ser reeleito ao seu segundo mandato depois de receber a confiança de 378 eleitores, estando entre os quatorze vereadores de maior votação dessa eleição.

“Desenvolveu um excelente trabalho, que beneficiava os mais carentes. E, vendo a necessidade daquele povo tão humilde e sofrido que confiava nele, se candidata pela segunda vez, em 1988, e foi reeleito satisfatoriamente.” (MARINHO, 2014: p. 118)

Pouco tempo depois, na sessão ordinária ocorrida no dia 24 de fevereiro de 1989, encaminhou requerimento a mesa diretora da Câmara solicitando ao Gabinete do prefeito a construção da Praça Maria Queiroz Marinho. Nessa mesma sessão, apresentou um projeto a mesa diretora da Câmara em que autoriza a Assembleia Legislativa do Estado a elevar a categoria de vila os povoados de Massapê dos Paés e de Olho d’Água do Bezerril.
No dia 5 de abril de 1990, depois de muitas discussões, no exercício de sua função como edil, participou da assembleia municipal constituinte como membro da Comissão de Sistematização que deu origem a Lei Orgânica do Município de Boa Viagem.
Nessa legislatura, deu apoio aos projetos encaminhados pelo gabinete do Prefeito Benjamim Alves da Silva, foram eles: a construção do Camelódromo; a construção do Ginásio Poliesportivo Dirceu José dos Santos; a construção do Centro de Convivência do Idoso Olavo Bilac Brilhante; a construção do Hospital Infantil Sebastião Alves da Silva; a construção da Creche Comunitária Miriam Brito Fialho; a construção da Escola Agrotécnica Janival Almeida Vieira, além de várias casas populares.
Na eleição que ocorreu no dia 3 de outubro de 1992, ainda na bancada do PMDB, com a mesma legenda do pleito anterior, conseguiu o seu terceiro mandato depois de receber 523 votos, ficando na décima terceira posição entre os vereadores de maior preferência dos eleitores.

Imagem de seu material de campanha.

Segundo informações existentes no jornal “Voz & Vez”, ano I, nº 2, edição de outubro de 1995, participou com outros colegas do seminário regional que tratou sobre aposentadoria e ocorreu na cidade de Quixeramobim:

“Assunto de vital importância para o trabalhador rural, comerciantes e empresários… Na comitiva de Boa Viagem estavam presentes os seguintes vereadores: João Mozart Silus Cunha, Rosa Vieira, Maria Conceição, Antônio França, Antônio Pereira, José Mendes, Hermínio Veras, Valdeni Vieira, Fernando Assef, José Diniz, João Martins e Francisco Lobo… O destaque de nossa representação no encontro foi a participação direta nos debates, quando os vereadores Fernando Assef e Valdeni Vieira questionaram e se posicionaram contra a política oficial do governo por ser ‘burocrática e exigir uma documentação excessiva para se requerer uma aposentadoria rural’. Os nossos vereadores falaram com conhecimento de causa, o primeiro é advogado e o segundo é um ex-sindicalista ativo na região.”

Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 3 de outubro de 1996, partindo para o seu quarto mandato, dessa vez filiado nos quadros políticos do PSDB – o Partido da Social Democracia Brasileira, dessa vez com a legenda nº 45.666, recebeu 768 votos e ficou entre os nove vereadores de maior votação dessa eleição.
Nesse período passou a viver em união estável com Eugênia Mesquita do Nascimento, com quem gerou dois filhos, um homem e uma mulher, sendo eles: Jamire Mesquita Lima e João Paulo Mesquita Lima.
No pleito eleitoral que ocorreu no dia 1º de outubro de 2000, o primeiro a ser completamente informatizado no Município de Boa Viagem, caminhando para o seu quinto mandato, dessa vez militando nos quadros políticos do PSD – o Partido Social Democrático, com a legenda nº 41.635, recebeu 584 votos e ficou com a última vaga de ingresso ao Poder Legislativo.

Imagem de seu material de campanha.

Nessa época, passando por graves problemas em sua saúde ocular, por recomendação médica e pressão de sua família resolveu se afastar da vida pública para receber tratamento cirúrgico em sua retina.
Algum tempo depois, no dia 13 de julho de 2007, quando já tinha praticamente se recuperado desse procedimento operatório, sofreu um grave acidente na Rodovia Federal Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, a BR-020, fato que o impediu de retornar à vida pública.

BIBLIOGRAFIA:

  1. MARINHO, Antônia de Lima. A Filha do Nordeste e Frutos Nordestinos. Boa Viagem: Máximos Impressões Gráficas, 2015.
  2. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  3. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. A História da Saúde no Município de Boa Viagem. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/saude/. Acesso em 25 de outubro de 2016.