Francisco Tibiriçá Façanha nasceu no dia 24 de junho de 1909 no Município de Maranguape, que está localizado na região metropolitana da cidade de Fortaleza, sendo filho de Antônio Façanha Sobrinho e de Maria Brasileira Façanha.
Passou grande parte de sua infância e adolescência na vila de Itapebussu, que na época era um pequeno lugarejo denominado pelo nome de Lajedo, onde os seus pais residiam:
“Pelo Decreto-lei Estadual n.º 1.114, de 30 de dezembro de 1943, o Distrito de Lajedo passou a denominar-se de Itapebussú, Rocinha passou a denominar-se Amanari, Palmeiras passou a denominar-se Palmácia e Tabatinga passou a denominar-se Sapupara.” (IBGE, 2000: Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/ce/maranguape/historico. Acesso no dia 24 de junho de 2017)
Nessa época, enfrentando graves problemas em sua saúde, ficou dois anos prostrado, fazendo com que os seus pais, em desespero, recorressem a todos os recursos médicos que dispunham.
Algum tempo mais tarde, depois de ser levado a um centro espírita, milagrosamente voltou a caminhar, tornando-se a partir dessa experiência um adepto da confissão espírita.
Nessa época, não sabemos como, conseguiu um emprego de faxineiro na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, onde conseguiu construir sólida amizade com alguns enfermeiros, que lhe ensinaram várias técnicas dessa importante profissão.
Residindo na cidade de Fortaleza, na flor de sua juventude, conheceu uma jovem por nome de Maria, com quem contraiu matrimônio e gerou um filho, que recebeu o nome de Raimundo Façanha.
Alguns anos depois, um de seus irmãos, que se chamava José Ciro Façanha, resolveu abrir um pequeno cinema na cidade de Boa Viagem, servindo também como capataz na construção do Açude Público José de Alencar Araújo.
Nesse serviço, percebendo a quantidade de trabalhadores que ficavam doentes e sem condições de trabalho por conta dos pequenos acidentes, sentiu a urgente necessidade de ter em sua equipe alguém que prestasse algum tipo de assistência médica.
Diante desse fato, a convite de seu irmão, passou a residir na cidade de Boa Viagem, sendo que, antes de tomar essa decisão, resolveu dar um ponto final em seu relacionamento conjugal “fugindo” da cidade grande com a jovem Maria da Conceição Pereira, com quem gerou nove filhos, três homens e seis mulheres, sendo eles: Antônio de Pádua Façanha, Ataíde Pereira Façanha, Francisco Ubirajara Pereira Façanha, Eliane Pereira Façanha, Adelaide Pereira Façanha, Francisca Samaritana Pereira Façanha, Goreth Pereira Façanha, Rita Pereira Façanha e Elizabeth Pereira Façanha.
Estabelecido na cidade de Boa Viagem, passou a servir ao povo desse Município como enfermeiro e dentista prático, tornando a sua pequena casa em uma espécie de mini-hospital, onde conseguiu salvar muitas vidas:
“Aqui, com prontidão e destemor, fez pequenas cirurgias, curativos, extrações dentárias, bem como aplicou soro e injeções. Foi o enfermeiro dos ‘cassacos’ das frentes de serviços, em 1958.” (NASCIMENTO, 2002: p. 191)
Mais tarde, depois de conseguir juntar uma pequena soma em dinheiro, conseguiu comprar um veículo, que servia para levar e trazer doentes da zona rural, tendo escrito em seu para-choque a frase bíblica: “o bom samaritano”.
Durante muitos anos residiu com a sua família na Rua Antônio Domingues Álvares, nº 107, no Bairro Vila Azul.
Nessa mesma época, deu início às reuniões de orientação kardecista na cidade de Boa Viagem, sofrendo enorme preconceito de alguns moradores, conseguindo alguns anos depois, com muito sacrifício, fundar o Centro Espírita Cristão Emmanuel:
“Construído por volta de 1962, estando à frente dos trabalhos o Sr. Francisco Tibiriçá Façanha. Aqui, esse honrado cidadão iniciou as reuniões espíritas em 1958, em sua própria residência, com a presença de alguns membros.” (NASCIMENTO, 2002: p. 111)
Conquistando grande simpatia popular, no pleito eleitoral ocorrido no dia 15 de novembro de 1966, desejando entrar na vida pública do Município de Boa Viagem através de um mandato eletivo na Câmara Municipal de Vereadores, militando nos quadros políticos da ARENA 1 – a Aliança Renovadora Nacional, apoiando ao candidato José Vieira Filho – o Mazinho, conseguiu receber a confiança de apenas 129 eleitores, ficando na 5ª suplência do seu partido.
Na eleição municipal seguinte, que ficou conhecida no meio político como mandato tampão, pleito acontecido no dia 15 de novembro de 1970, apoiando ao candidato Osmar de Oliveira Fontes, ainda militando nos quadros políticos da ARENA, ficou novamente na 5ª suplência do seu partido, recebendo dessa vez a confiança de 243 eleitores.
“Visando unificar o período das eleições majoritárias e proporcionais no país, a Justiça Eleitoral, baseada na nova legislação em vigor, determinou que os candidatos, eleitos em 15 de novembro de 1970, deveriam ter um mandato mais curto de maneira que, na próxima eleição, fossem eleitos do presidente da república ao vereador no mesmo pleito.” (CAVALCANTE COSTA, 2002: p. 357)
Pouco tempo depois dessa eleição, nos primeiros meses de 1972, juntamente com os seus filhos, passou pela repentina perda de sua esposa, passando a viver dentro de algum tempo em união estável com Maria de Fátima Camelo de Souza, popularmente conhecida como “Maria Pinagé”, que nasceu no dia 12 de novembro de 1954, sendo filha de Antônio Camelo de Sousa e de Maria Carmelita de Sousa, com quem gerou apenas uma filha, sendo ela Rosalina Camelo de Sousa.
Mais tarde, nos últimos anos da década de 1970, se envolveu em uma nova união estável, dessa vez com Maria Benícia do Nascimento, que nasceu no dia 2 de julho de 1947, sendo filha de Francisco das Chagas do Nascimento e de Claudina Lopes da Silva.
Desse novo relacionamento gerou duas filhas, sendo elas: Ângela do Nascimento Façanha e Cláudia do Nascimento Façanha.
Na eleição municipal ocorrida no dia 15 de novembro de 1982, dessa vez compondo os quadros políticos do PMDB – o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, conseguiu receber apenas 148 votos, ficando na terceira suplência de seu partido.
Nessa disputa eleitoral o voto era vinculado, quando o eleitor tinha de alinhar a sua escolha entre os poderes Executivo e Legislativo sob a pena de ter o seu voto anulado:
“Em 15 de novembro de 1982 o eleitorado brasileiro foi chamado a eleger os governadores que administrariam os seus Estados pelo interregno temporal de quatro anos, a contar de 15 de março de 1983, num pleito que envolveu cerca de 70 milhões de eleitores sendo a primeira eleição direta para governador de Estado desde os anos 1960. Neste pleito valeu o ‘voto vinculado’: o eleitor teria que escolher candidatos de um mesmo partido para todos os cargos em disputa, sob pena de anular o seu voto.” (S.N.T)
No dia 7 de agosto de 1987, em uma sessão ordinária, prestou juramento assumindo a cadeira deixada pelo Vereador João Martins de Lima, que pediu licença para tratamento médico por 120 dias.
Nessa mesma sessão, encaminhou um requerimento à mesa diretora solicitando do gabinete do prefeito a construção de um galpão para acomodação dos feirantes, que obstruíam as calçadas do Centro da cidade.
Pouco tempo depois, no dia 21 de agosto de 1987, fez sérias denúncias no plenário da Câmara Municipal revelando que as vagas das frentes de trabalho estavam sendo utilizadas em benefício de pessoas que não eram carentes, logo depois, no dia 4 de setembro, encaminhou requerimento à mesa diretora solicitando a instalação de água potável no Bairro Recreio.
Em seu curto período como edil, utilizou o seu mandato como porta-voz dos funcionários públicos municipais, que não recebiam o salário mínimo nacional e nem possuíam a carteira de trabalho assinada pelo gestor do Poder Executivo.
Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1988, mesmo tendo decidido sair da vida pública, resolveu apoiar o desejo de um de seus filho em ingressar nesse caminho, que militando nos quadros políticos do PT – o Partido dos Trabalhadores, com a legenda nº 13.661, conseguiu receber apenas 37 votos.
Pouco tempo depois, no dia 5 de março de 1990, proposição do Vereador Eduardo Patrício de Almeida, em reconhecimento aos seus valiosos serviços em favor da saúde, foi indicado para receber o titulo de cidadania e algum tempo depois a Comenda Antônio Domingues Álvares.
Nos últimos anos da década de 1990, voltando a passar por problemas em sua saúde, recebeu inúmeras visitas de alguns membros da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem, tornando-se um de seus membros algum tempo depois, embora existam controvérsias dentro de sua família alegando que nunca abandonou as ideias kardecistas.
Mais tarde, segundo informações existentes no livro C-05, pertencentes ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 3.696, folha 257, faleceu às 16h35min do dia 6 de março de 2000, aos 91 anos de idade, na Casa de Saúde Adília Maria de Lima, na cidade de Boa Viagem.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, Centro.
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE COSTA, João Eudes. Retalhos da História de Quixadá. Fortaleza: ABC Editora, 2002.
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- IBGE. Histórico do Município de Maranguape. Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/ce/maranguape/historico. Acesso no dia 24 de junho de 2017.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na administração do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 718, de 23 de março de 2000, uma das dependências da Câmara Municipal de Vereadores recebeu o seu nome;
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 818, de 12 de dezembro de 2002, uma das ruas do Bairro Ponte Nova, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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