AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:
A Barra do Umari é uma localidade existente na zona rural do Município de Boa Viagem, distante pouco mais de 15 quilômetros do Centro da cidade de Boa Viagem, no Estado do Ceará.
Dentro da divisão politico-geográfica, em relação ao Marco Zero, essa localidade está na região leste do Município, dentro dos limites geográficos do território do Distrito de Domingos da Costa.
A ORIGEM DE SEU TOPÔNIMO:
Designação toponímica classificada como complexa, tem a sua origem no encontro dos afluentes do Riacho da Santa Cruz, sendo complementado com a palavra tupi “ume’ri“, uma planta da família das icanáceas. A palavra umari, em nossa língua, possui diversos sinônimos, sendo eles: baliza, demarcação, divisa, fronteira, limite e outros.
AS SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
Em um passado bem recente, por volta de 1872, essa localidade já possuía algumas casas distantes umas das outras, servindo às famílias dos trabalhadores rurais que eram moradoras das várias fazendas existentes na região, que desde essa época já viviam da criação extensiva de gado e do plantio de culturas como milho, feijão, algodão, mandioca e outras em terras irrigadas pelo Riacho da Santa Cruz, afluente do lado direito do Rio Conceição, também chamado de Rio dos Cachorros.
“… ela constitui uma fazenda que no ano de 1872 já vinha pertencendo ao velho Sr. Manoel Mendes Machado, o qual, naquele tempo, alugou-a construindo casas, currais e cercados, benfeitorias que até o dia de hoje tem sido conservadas, não contando com uma tapera que, há poucos dias foi incendiada pela gente do Dr. Álvaro Fernandes.”
Nos primeiros anos da década de 1930, um longo relato exposto em matéria de jornal nos dá conta de que essa propriedade foi adquirida literalmente pelas armas em uma questão que envolveu os nomes do Dr. Álvaro Fernandes e do Dr. Godofredo Maciel, irmão do Intendente Josias Barbosa Maciel, que relatou o seguinte fato:
“Anunciam os jornais dessa capital… onde os grandes extorquirem as propriedades dos pequenos… Assim vem ser como se explicam os repetidos casos de extorsões pelo interior, especialmente em Boa Viagem, onde se acha afugentado o malévolo e astucioso advogado Vicente de Paula Pessoa, vulgo Vêpêpê, o qual, por dinheiro, comente as mais severas baixezas em detrimento da justiça.”
No texto supramencionado, escrita no dia 20 de outubro de 1931, Josias Barbosa Maciel afirma que o Dr. Álvaro Fernandes construiu uma casa dentro da propriedade do seu irmão, algo que reverberou nos tribunais, onde o referido advogado representou os interesses do invasor.
“O Dr. Álvaro Fernandes, [no dia 21 de setembro] a frente de um grupo armado, aos tiros a esmo, a fim de implantar o terror… insistiu no propósito de se apossar da propriedade alheia.”
Antes disso, por carta endereçada do Estado de São Paulo, desejando esclarecer a questão, o Sr. Josias Maciel alegou que o seu irmão, que possuía escritura pública, adquiriu a referida propriedade do Sr. Pedro Mendes Machado, que havia recebido essa propriedade em forma de herança de seus pais e que há 16 anos estava sob a sua responsabilidade.
“Para prova do que afirmo, de entre as inúmeras pessoas, que tem pleno conhecimento sobre a propriedade que defendo, cito o nome dos Srs: Manoel José de Farais, Antônio Rabêlo de Farias, Cordulino Rola, Vicente de Paula Cavalcante, Antônio Margarida do Nascimento, Manoel pereira de Souza, Francisco Antônio Mendes, Manoel dos Santos Rosa, Pedro Mendes Machado, Manoel Melchiades Mendes Machado, Josino Mendes Machado e João Norberto Mendes Machado, aos quais ao seu tempo se manifestarão.”
Passado muitos anos deste ocorrido, ainda não sabemos o desfecho dessa questão, se o Dr. Álvaro Fernandes compensou financeiramente ao Dr. Godofredo Maciel ou se a justiça lhe deu ganho de causa, haja vista percebermos que a sua influência política interferia nas decisões da justiça local.
Mais tarde, nos últimos anos da década de 1970, por conta dos investimentos na mecanização e da aplicação de modernas práticas na agricultura feitas pelo Dr. Sérgio Amaro Sátiro Fernandes, que era engenheiro agrônomo e descendente do Dr. Álvaro Fernandes, essa propriedade ganhou boa notoriedade entre os produtores da região.
Essa notoriedade econômica favoreceu aos interesses de Rosa Vieira Fernandes, esposa do referido agrônomo, que ganhou projeção política local e também referendou ao nome dos seus filhos na vida pública do Município de Boa Viagem, sendo eles: Rosana Clotilde Vieira Fernandes e Antônio Sérgio Vieira Fernandes.
Por volta de 2012, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, essa localidade foi beneficiada com a construção de uma passagem molhada no trecho da Rodovia Estadual CE-266.
AS LOCALIDADES DE SUA VIZINHANÇA:
O acesso para localidade de Barra do Umari, saindo da cidade de Boa Viagem, é feito por via terrestre por meio da CE-266, a Rodovia Estadual Senador Fernandes Távora, trecho que ainda aguarda ser pavimentado em manta asfáltica.
A Barra do Umari tem em sua vizinhança as seguintes localidades: Barra do Ingá, Boa Sorte, Buenos Aires, Castela, Domingos da Costa, Extrema, Santa Cruz, Sussuarana e Varginha.
BIBLIOGRAFIA:
- A RAZÃO. Com vistas ao excelentíssimo Interventor Federal no Estado. Edição do dia 24 de outubro de 1931, Página 7.
- BRAGA, Renato. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Ceará. v. 1º. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1964.
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Josias Barbosa Maciel. Disponível em dahttps://www.historiadeboaviagem.com.br/josias-maciel/. Acesso no dia 21 de fevereiro de 2021.
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