Obmor Carvalho Bezerra de Menezes nasceu no dia 17 de novembro de 1923 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de João Inácio de Carvalho e de Maria Benícia Bezerra de Menezes.
Os seus avós paternos se chamavam Ignácio José de Carvalho e Maria de São José de Jesus, já os maternos eram Manoel Benício Bezerra de Menezes e Maria Rabêlo Bezerra de Menezes.
Ainda sabemos pouco de sua infância, mas em sua juventude testemunhou a crise mundial que foi ocasionada por conta da II Guerra Mundial, fazendo parte da relação dos boa-viagenses que foram recrutados pelo Ministério da Defesa para receber instrução militar no intuito de serem embarcados para o teatro de guerra europeu.
Nos primeiros anos da década de 1940 todos assistiam perplexos, através dos jornais e dos poucos rádios existentes, às notícias da II Guerra Mundial, que parecia aos brasileiros algo muito distante:
“No dia 28 de janeiro de 1942 o Governo Brasileiro atende a resolução nº 15 da Segunda Reunião de Consulta dos Chanceleres das Repúblicas Americanas e rompe relações diplomáticas com os países do Eixo.” (S.N.T)
Depois dessa movimentação diplomática, submarinos alemães passaram a torpedear as embarcações civis brasileiras que navegavam pelo litoral, o que tornava a neutralidade brasileira apenas teórica.
Diante desse fato o nosso país passou a organizar a sua força expedicionária, que inicialmente foi protelada por um ano até que, em julho de 1944, os soldados brasileiros passaram a ser enviados para frente de batalha:
“Devido à pressão popular, após meses de torpedeamento de navios mercantes brasileiros, finalmente o Brasil declarou guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista, em agosto de 1942. Sendo na época, um país com uma população majoritariamente analfabeta, vivendo no campo, com uma economia com foco principal voltado para exportação de commodities, uma política internacional tradicionalmente isolacionista com eventuais alinhamentos automáticos contra ‘perturbadores da ordem e do comércio internacionais’, sem uma infraestrutura industrial-médico-educacional que pudesse servir de sustentação material e humana ao esforço de guerra que aquele conflito exigia, o Brasil não apenas se viu impedido de seguir uma linha de ação autônoma no conflito como encontrou dificuldades em assumir mesmo um modesto papel.” (S.N.T.)
Nessa época, depois da declaração formal de guerra, o Ministério da Defesa passou a organizar a estrutura para o desafio da convocação, pois o Brasil não dispunha de equipamento bélico apropriado para o tipo de guerra que iria enfrentar e os seus militares mais experientes não possuíam táticas de guerra modernas:
“Entre o Brasil declarar guerra e conseguir enviar um contingente para lutar nos campos de batalha na Europa houve um longo intervalo de tempo. Os obstáculos eram muitos. Dentre outras razões, o material bélico de que o país dispunha já era obsoleto na época. Não bastasse isso, os militares brasileiros ainda seguiam uma organização e uma doutrina que remontavam à Primeira Guerra Mundial, nos moldes da escola militar francesa. Ou seja, os militares brasileiros seguiam um modelo criado na França, país que, desde junho de 1940, estava sob ocupação militar da Alemanha nazista. Uma das razões para a França ter sido ocupada pelos nazistas foi o fato de que a maioria dos estrategistas franceses apostava que a Segunda Guerra seria uma guerra de trincheiras, tal como havia sido a Primeira Guerra, subestimando a tática da blitzkrieg, a ‘guerra-relâmpago’ adotada pela Alemanha, que consistia num ataque maciço utilizando armamentos modernos, principalmente tanques de guerra. O modelo militar francês que ainda era adotado no Brasil também pecava por táticas militares fundadas em regras muito rígidas que, em determinadas circunstâncias, podiam ser totalmente inúteis ou inaplicáveis. Por exemplo, o modelo militar francês ditava que um pelotão de fuzileiros deveria sempre assaltar em ataques frontais as resistências inimigas. Tal regra podia ser adequada em terrenos planos, mas totalmente ineficaz num terreno montanhoso. Como se vê, o modelo francês era bastante inapropriado e nada flexível.” (VILELA, 2013: Disponível em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/brasil-na-segunda-guerra—surge-a-feb-dificuldades-para-criar-uma-forca-expedicionaria.htm. Acesso no dia 15 de março de 2015)
Diante dessa grande dificuldade o Brasil precisou do auxílio dos militares norte-americanos, que já estavam bastante qualificados para esse tipo de guerra graças aos acordos diplomáticos com os ingleses.
Para selar o acordo os dois presidentes, Roosevelt e Vargas, encontraram-se dentro do contratorpedeiro norte-americano Jouett, que estava ancorado no Rio Potengi, no Estado do Rio Grande do Norte, onde os dois presidentes, em francês, ajustaram a criação da FEB – a Força Expedicionária Brasileira, e o auxílio militar:
“Para se modernizar e estar preparado para a guerra, o Brasil precisou da ajuda dos Estados Unidos. No dia 27 de janeiro, Vargas e Roosevelt encontraram-se em Natal para firmar os termos da cooperação militar entre Brasil e Estados Unidos. No esforço de modernizar as forças armadas brasileiras, alguns oficiais brasileiros foram mandados aos Estados Unidos para realizar cursos e estágios. Assim, aos poucos, os então obsoletos modelos militares franceses passaram a ser substituídos pelos modernos modelos norte-americanos.” (VILELA, 2013: Disponível em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/brasil-na-segunda-guerra—surge-a-feb-dificuldades-para-criar-uma-forca-expedicionaria.htm. Acesso no dia 15 de março de 2015)
Depois disso a notícia chegou ao Município de Boa Viagem e não tardou muito para que o Exército viesse buscar os seus novos soldados, ocasião em que aos poucos foi formado um pequeno contingente de 45 recrutas.
Esse pequeno contingente formado no Município foi fruto da exigente comissão de médicos que selecionava os futuros combatentes:
“Outro problema enfrentado pelo Brasil foi a dificuldade para encontrar gente qualificada para serviços essenciais nas Forças Armadas: eletricistas, motoristas, mecânicos de automóveis, radiotelegrafistas, profissionais especializados em conserto de rádios, etc. Havia também um número insuficiente de oficiais da ativa, especialmente capitães e tenentes. A solução encontrada foi convocar reservistas, ex-alunos do CPOR, Centro de Preparação de Oficiais da Reserva. A maioria desses reservistas era formada por profissionais liberais (médicos, advogados, engenheiros, professores…) que, de uma hora para outra, se tornaram oficiais combatentes. Os reservistas transformados em oficiais combatentes ajudaram a desenhar um novo perfil para o exército brasileiro. Muitos oficiais graduados, que estavam servindo por mais tempo, tratavam os subordinados de maneira excessivamente ríspida. Esses subordinados costumavam sofrer prisões disciplinares por motivos insignificantes. Os novos oficiais, vindos do CPOR, adotavam uma postura diferente e mais sensata: como sabiam que a confiança mútua seria essencial em situações de combate, preferiam tratar os subordinados de maneira mais amigável e respeitosa. Tal tratamento era feito sem sacrifício da disciplina e da hierarquia. Outro obstáculo foi recrutar homens fisicamente aptos para prestar o serviço militar. Por razões médicas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, um grande número de brasileiros foi dispensado. Entre os motivos da dispensa médica, os mais frequentes eram problemas de dentição, subnutrição, doenças sexualmente transmissíveis, verminoses e outras infecções. Parecia quase impossível que o Brasil conseguisse formar um contingente para lutar na guerra. Os mais céticos diziam, em tom de deboche, que era mais fácil ‘ensinar uma cobra a fumar’ do que o Brasil conseguir formar uma força expedicionária para enfrentar os alemães.” (VILELA, 2013: Disponível em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/brasil-na-segunda-guerra—surge-a-feb-dificuldades-para-criar-uma-forca-expedicionaria.htm. Acesso no dia 15 de março de 2015)
Na cidade de Fortaleza ficou aquartelado na 10º região militar entre os primeiros meses de 1944 até agosto de 1945, quando recebeu a dispensa militar por conta do fim do conflito bélico.
Foi casado com Raimunda Cavalcante Carvalho, que era nascida em 17 de novembro de 1928, sendo filha de Marcolino de Paula Cavalcante com Carminha Cavalcante.
Desse matrimônio foram gerados seis filhos, três homens e três mulheres, sendo eles: Fátima Cavalcante Carvalho, Maria Lúcia de Carvalho, Francisco Marton de Carvalho, João Inácio de Carvalho Neto, Raimunda Nonata Cavalcante de Carvalho e Francisco de Assis Carvalho.
Ao retornar para cidade de Boa Viagem retomou a sua atividade de agricultor, tendo a sua propriedade localizada na localidade de Capitão-Mor, que anos depois foi negociada com Edoque Mendes Verçosa.
Mais tarde, depois que realizou esse negócio, passou a residir com a sua família na Rua 21 de Novembro, nº 349, Centro, onde prestava serviço ao Município como comissário de menores e vigilante.
Segundo informações existentes no livro C-01, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 623, folha 189v, faleceu na cidade de Boa Viagem, vítima de insuficiência renal, no dia 4 de janeiro de 1980, com apenas 56 anos de idade.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado no túmulo de sua família que existe no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.
BIBLIOGRAFIA:
- AZEVEDO, Stênio & NOBRE, Geraldo. O Ceará na Segunda Guerra Mundial. Fortaleza: ABC Editora, 1998.
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- VILELA, Túlio. Brasil na Segunda Guerra – Surge a FEB – Dificuldades para criar uma Força Expedicionária Brasileira. Disponível em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/brasil-na-segunda-guerra-surge-a-feb-dificuldades-para-criar-uma-forca-expedicionaria.htm. Acesso no dia 15 de março de 2015.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 818, de 12 de maio de 2002, uma das ruas do Bairro Padre Paulo, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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