Nilse Ayres de Alencar Araújo nasceu no dia 11 de novembro de 1916 no Município de Jardim, que está localizado na região Sul do Estado do Ceará, distante 540 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filha de Luís Ayres de Alencar e de Maria Ancilon de Alencar Barros.
Os seus avós paternos se chamavam Aristides Newton Saldanha de Alencar e Ana Carolina de Alencar, já os maternos eram Ancillon Lopes de Barros e Silva e Ana Clara Linda de Barros e Sá.
Sobre a sua linha de parentesco, Nilse Ayres de Alencar Araújo é sobrinha trineta de Bárbara Pereira de Alencar, pois seu trisavô, Luís Pereira de Alencar, era o irmão caçula de Bárbara de Alencar.
De sua infância descobrimos que foi alfabetizada por sua irmã mais velha, a escritora Ana Lígia Ayres de Alencar, conseguindo concluir o curso primário anos mais tarde na cidade de Jardim e o ginasial na cidade do Crato.
Nos últimos meses de 1938, já residindo na cidade de Fortaleza, depois de alguns anos estudando no Colégio das Dorotéias, foi diplomada como normalista.
No ano seguinte, percebendo a grande necessidade de professoras nas cidades do interior do Estado do Ceará, atendeu ao convite de vir lecionar na cidade de Boa Viagem, passando a residir com a família do Sr. Francisco das Chagas Araújo, que tinha constante contato com a sua família na região do Cariri, residindo também com o casal Acúrcio de Alencar Araújo e Dedita de Alencar Araújo:
“Numa tarde invernosa de 1939, para bem e felicidade desta terra, aqui chegava aquela bonita jovem, detentora de vastos conhecimentos e de elevada educação, atendendo ao convite do Sr. Francisco das Chagas Araújo.” (NASCIMENTO, 2002: p. 132)
Algum tempo depois, na cidade de Fortaleza, no dia 17 de julho de 1943, aos 27 anos de idade, contraiu núpcias com Delfino de Alencar Araújo, que era filho de Francisco Duarte de Araújo e de Isabel de Alencar Araújo.
De seu matrimônio não foram gerados filhos, tendo adotado duas crianças do sexo feminino, uma de sua irmã e a outra da irmã de seu esposo, sendo elas: Maria do Socorro Menezes Alencar e Sara Maria Magalhães Barreto.
Depois de casada, enquanto residiu na cidade de Boa Viagem, habitou nas proximidades da Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, onde com alguns amigos costumava promover animadas tertúlias.
Pouco tempo depois do seu matrimônio, por conta das rivalidades políticas locais, o seu esposo passou a ter problemas pessoais com o Cel. José Inácio de Carvalho, que formulou graves denúncias junto ao Governo do Estado contra o intendente do Município de Boa Viagem, Aluísio Ximenes de Aragão, que partilhava de interesses políticos dentro da “Oligarquia Araújo”.
Esse desafeto ganhou maior proporção depois da locação de uma propriedade particular nas cercanias da cidade de Boa Viagem:
“No verão de 1945, José Inácio de Carvalho arrendou a propriedade de Antônio Gonçalo, nos arredores da cidade, e nela soltou reses sua. Ocorre que, todo ano a mesma propriedade era arrendada a Delfino de Alencar Araújo. Vendo a pastagem ser destruída pelo gado do adversário, Delfino conseguiu com o Interventor Aluísio Ximenes de Aragão, prender o gado com fundamento numa portaria do secretário de Justiça do Interventor no Estado, Luís [Cavalcante] Sucupira. José Inácio foi a Fortaleza e conseguiu revogar a portaria, originando uma rixa de graves consequências entre os três: José Inácio, Delfino e Aluísio.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 64-65)
O desfecho desses problemas terminou com o misterioso assassinato do Cel. José Inácio de Carvalho e o envolvimento direto de seu esposo, que foi duramente perseguido por Antônio Leite Furtado, major da Polícia Militar.
Nos primeiros meses de 1945, atendendo a nova política administrativa educacional do Governo do Estado, assumiu a direção das Escolas Reunidas de Boa Viagem, que alguns anos depois foi denominada de Escola de Ensino Fundamental Pe. Antônio Correia de Sá.
Mais tarde, na eleição ocorrida no dia 3 de outubro de 1954, contando com o apoio da “Oligarquia Araújo”, o seu esposo conseguiu ser eleito chefe do Poder Executivo do Município de Boa Viagem e nessa gestão, como primeira-dama, empreendeu grande esforço pela construção do edifício que abriga a Escola de Ensino Fundamental Pe. Antônio Correia de Sá, unidade de ensino em que esteve à frente até os últimos meses de 1961, quando foi substituída pela Profª. Ana Dalva de Almeida Pereira:
“Algum tempo depois, por volta de 1956, na gestão do Governador Paulo Sarasate Ferreira Lopes, um grupo de professoras, que foram representadas por Nilse Ayres de Alencar Araújo, na época primeira-dama e diretora da escola, solicitou em audiência com o governador uma forma do Governo do Estado encampar essa unidade de ensino.” (SILVA JÚNIOR, 2015: Disponível em www.historiadeboaviagem.com.br. Acesso em 18 de setembro de 2016)
Alguns anos mais tarde, concluindo esse mandato no Poder Executivo, o seu esposo foi eleito vereador para o exercício da legislatura de 1959 a 1963, antes disso, no dia 28 de novembro de 1961, sofreu o duro golpe da inesperada perda de seu esposo, que estava na cidade do Rio de Janeiro em busca de tratamento médico:
“Em 1961, padecendo de grave enfermidade pulmonar por conta do cigarro, procurou tratamento médico especializado na capital federal, o Rio de Janeiro… Depois desses fatos, no dia 28 de novembro de 1961, com apenas 53 anos de idade, para surpresa de muitos, veio a óbito por conta de um câncer no pulmão.” (SILVA JÚNIOR, 2015: Disponível em www.historiadeboaviagem.com.br. Acesso em 18 de setembro de 2016)
Desconsolada, fixou residência na cidade de Fortaleza na Rua Monsenhor Otávio de Castro, nº 922, no Bairro de Fátima, costumando sempre visitar os seus amigos no Município de Boa Viagem, regularmente ficando hospedada na Fazenda Palmira.
Já estando madura, cheia de experiência e insatisfeita com os problemas do país, fazendo comparação aos salários do professor e dos jogadores de futebol, costumava afirmar: “o país que troca a cabeça pelos pés não pode ter desenvolvimento!”
Mais tarde, no dia 18 de setembro de 1998, na cidade de Fortaleza, veio a óbito prestes a completar 82 anos de idade.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu ataúde foi conduzido por seus familiares ao Cemitério Parque da Paz, que está localizado na Avenina Juscelino Kubitschek, nº 4.454, no Bairro Passaré.
BIBLIOGRAFIA:
- BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Avivando Retalhos – Miscelânea. 2ª edição. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1983.
- BEZERRA DE MELO, Maria José. Ex-Educadores de Boa Viagem. Monografia apresentada ao departamento de pós-graduação e pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú, 2002.
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. Boa Viagem, Realidade e Ficção. Fortaleza, MULTIGRAF, 1996.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão. A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Fortaleza: PREMIUS, 2015.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Delfino de Alencar Araújo. Disponível em www.historiadeboaviagem.com.br. Acesso em 18 de setembro de 2016.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 818, de 12 de dezembro de 2002, uma das ruas do Bairro Recreio, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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