José Filipe Ribeiro da Silva nasceu no dia 19 de março de 1845 no Município de Sousa, que está localizado no Sertão do Estado da Paraíba, distante 438 quilômetros da cidade de João Pessoa, sendo filho de Luciano Alves da Silva.
Alguns anos depois do seu nascimento, não sabemos por qual motivo, migrou para o Estado do Ceará, se estabelecendo no Município de Quixeramobim.
Nesse tempo a cidade de Boa Viagem, que também era conhecida pela alcunha de “Cavalo Morto”, era apenas um pequeno povoado, que depois de algum tempo, no dia 21 de novembro de 1864 conseguiu a sua autonomia política.
Nesse novo Município se destacou como um importante agropecuarista, participando intensamente do movimento abolicionista, fazendo parte da diretoria da Sociedade Libertadora de Boa Viagem.
De acordo com as informações fornecidas pelo escritor José Aurélio Saraiva Câmara no livro “Fatos e Documentos do Ceará Provincial”, página nº 289, possuindo recursos, foi classificado como um dos eleitores de Província para o pleito eleitoral ocorrido em 1870, que escolheu os representantes cearenses para o Senado do Império.
“A Constituição do Império, no seu Artigo 94, impunha aos eleitores de senadores uma expressão econômica que se traduzia pela renda liquida anual mínima de 200$000 ‘por bens de raiz, indústria, comércio ou emprego’.” (CÂMARA, 1970: p. 281)
Mais tarde, no dia 18 de setembro de 1883, na qualificação do conselho dos guardas ativos do 52º Batalhão da Guarda Nacional de Boa Viagem, o seu nome figurou com a matrícula nº 84 no “Quarteirão da Pitombeira”, onde era designado como tenente da 3ª Cia.
O 52º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional foi criado através do decreto nº 4.520, de 28 de abril de 1870, sendo desmembrado do Município de Quixeramobim e tinha como comandante o Tenente Coronel José da Silva Bezerra Júnior.
“Matrícula das Guardas Nacionais e lista para o serviço ativo pelo Conselho de Qualificação do Município da Vila de Boa Viagem, em virtude da lei nº 602, de 19 de setembro e instrução de 25 de outubro de 1850.”
Antes disso, segundo informações existentes no jornal Libertador, ano IV, nº 116, órgão da Sociedade Libertadora Cearense, edição do dia 9 de junho de 1884, foi nomeado pelo Governo da Província como delegado no Município de Boa Viagem.
Mais tarde, segundo as informações contidas no relatório do Recenseamento dos Estabelecimentos Rurais do Estado do Ceará, documento que foi publicado no dia 1º de setembro de 1920 pelo Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, página 35, a sua propriedade estava localizada em um local denominado de Cachoeira, onde possuía um forno de cal.
“Essa propriedade se chamava Cachoeira e no passado pertenceu ao Tenente José Filipe Ribeiro e Silva, um agropecuarista que possuía a patente da Guarda Nacional, e se envolveu com o movimento antiescravagista, criando com outros, no dia 1º de julho de 1883, a Sociedade Libertadora de Boa Viagem.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 182)
Foi casado com Maria Joaquina do Nascimento e não temos conhecimento se chegou a gerar filhos.
BIBLIOGRAFIA:
- ABREU, Júlio. Fragmentos da História Política do Ceará. Vitória da Conquista: Gráfica Cruzeiro do Sul. 1956.
- BARROSO, José Parsifal. Uma História da Política do Ceará. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 1984.
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará (1889-1930). 2ª edição. Fortaleza: ABC Fortaleza, 1999.
- PEIXOTO, João Paulo M. & PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
- RIBEIRO, Valdir Uchôa. Conselhos de Intendência do Ceará. Fortaleza: Premius Editora, 2005.
- SARAIVA CÂMARA, José Aurélio. Fatos e Documentos do Ceará Provincial. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1970.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão. A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Fortaleza: PREMIUS, 2015.
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