Quintiliano Rodrigues de Mesquita nasceu no dia 20 de junho de 1849 no Município de Quixeramobim, que está localizado no Sertão Central do Estado do Ceará, distante 203 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de José Rodrigues Tavares Segundo com Rita Izabel Thereza de Oliveira.
Os seus avós paternos se chamavam Francisco Rodrigues Tavares e Leonarda Pinto Macedo, já os maternos eram Quintiliano Pinto de Mesquita e Rita Maria de São José.
Algum tempo depois, em 4 de agosto, seguindo o costume da confissão religiosa de seus pais, recebeu o sacramento do batismo em desobrigas no Macaco, no território do Município de Santa Quitéria, pelas mãos do Pe. Antônio de Sousa Neves.
Na época do seu nascimento a vila de Boa Viagem, que era conhecida pela alcunha de “Cavalo Morto”, era apenas um pequeno povoado existente dentro dos limites geográficos pertencentes ao Município de Quixeramobim.
“Distrito criado com a denominação de Boa Viagem, ex-povoado de Cavalo Morto, pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862. Elevado à categoria de vila com a denominação de Boa Viagem, pela lei provincial nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, desmembrado de Quixeramobim.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017)
Chegando a sua juventude o nosso país passava por significativas transformações no âmbito político e social e esses efeitos, aos poucos, conseguiram chegar também até ao distante Sertão de Canindé da Província do Ceará.
“O período compreendido entre os anos de 1780-1850, em geral, foi palco de intensas transformações no Brasil. O final do século XVIII assistiu a decadência da exportação açucareira no Nordeste, como também a gestação da lavoura cafeeira paulista. A vida nas áreas urbanas se intensificou havendo um significativo crescimento populacional; concomitantemente, a metrópole apostava na criação e proliferação das vilas enquanto formula de disciplinar a população e implementar estruturas administrativas e de fisco.” (VIEIRA JÚNIOR, 2004: p. 12)
Nessa mesma época, não diferente de hoje, a economia mundial conduzia a pauta de algumas transformações sociais e começava a surgir um abismo entre os sertanejos cearenses com o surgimento de uma frágil elite agropastoril, que dependia exageradamente das boas estações chuvosas para manter a sua vitalidade.
“Entre os anos de 1780-185o o Ceará assistiu a efetivação de sua colonização, a ascensão e decadência do ciclo pecuarista na pauta de exportação, o fortalecimento da vida urbana e o crescimento populacional… A partir dos anos 40 do século XIX o Ceará passou a conhecer um novo ciclo econômico, dominado essencialmente pelo algodão.” (VIEIRA JÚNIOR, 2004: p. 13)
Diante do desejo do Governo Imperial em ver a diminuição, e até mesmo acabar com o nomadismo sertanejo existente no Nordeste, resolveu investir no desenvolvimento dos pequenos núcleos urbanos já existentes.
Nesse contexto de vontade política, por conta de seu potencial econômico, a vila de Boa Viagem começou a tomar forma e passou a exercer certa influência no Sertão de Canindé.
“A formação de vilas se impunha como solução para o combate a dispersão, e tentativa de organizar o crescimento da população, principalmente no sertão, área tida como distante do controle metropolitano. As vilas e as residências fixas iam paulatinamente ganhando um sentido especial no processo de ordenação dos habitantes; combatiam o deslocamento das famílias sertanejas, instigavam a formação de uma incipiente agricultura e, acima de tudo, aumentavam o poder fiscalizador das autoridades administrativas.” (VIEIRA JÚNIOR, 2004: p. 54)
Investindo nos núcleos urbanos da zona rural da Província, o governo decidiu por meio da lei nº 1.025, de 18 de novembro de 1862, conceder autonomia para criação de algumas vilas e deu o pontapé dessa ação elevando ao status de matriz algumas das capelas existentes na região, dentre elas a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Pouco tempo depois, na gestão do Presidente Lafayette Rodrigues Pereira, através da lei nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, a Assembleia Legislativa do Ceará decidiu conceder autonomia política ao Município de Boa Viagem.
O passo seguinte dessa importante ação foi a definição dos limites geográficos do Município, o cadastro de seus eleitores e a organização das eleições municipais.
Em nossas primeiras eleições estavam excluídos desse processo, além daqueles que não tinham residência na região, aqueles que não tinham renda suficiente, os escravos e as mulheres.
Algum tempo depois disso, no dia 29 de fevereiro de 1872, conforme informações existentes em seu livro B-2, pertencente a secretaria da Paróquia de Santa Quitéria, página 1v, no Município de Santa Quitéria, diante do Pe. Francisco Manoel de Lima e Albuquerque, contraiu matrimônio com Tereza Rodrigues de Mesquita, sendo filha de Francisco Rodrigues Tavares Júnior com Rita Francisca de Mesquita.
Dessa relação não foram gerados filhos, tendo adotado Maria Dolôres de Macêdo Araújo, que se constituiu, alguns anos mais tarde, na herdeira universal de todo os seus bens.
Segundo as informações contidas no relatório do Recenseamento dos Estabelecimentos Rurais do Estado do Ceará, documento que foi publicado no dia 1º de setembro de 1920 pelo Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, página 35, era agropecuarista e a sua propriedade estava localizada em um local denominado de Fazenda Santa Fé, onde mantinha sua residência.
Alguns anos depois desses fatos, no dia 10 de junho de 1902, desejando entrar na vida pública do Município de Boa Viagem, foi escolhido pelos vereadores como intendente, quando nessa ocasião substituiu Manuel Henrique de Albuquerque, permanecendo nessa função até o dia 9 de junho de 1903, quando foi substituído por Francisco de Assis Marinho.
Faleceu no dia 31 de julho de 1925, poucos dias depois de completar 76 anos de idade, sendo sepultado por seus familiares em um pequeno cemitério particular existente ao lado de sua residência.
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará (1889-1930). Fortaleza: ABC, 1996.
- IBGE. História do Município de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- PEIXOTO, João Paulo M. & PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
- VIEIRA JÚNIOR, Antônio Otaviano. Entre Paredes e Bacamartes. História da Família no Sertão (1780-1850). Edições Demócrito Rocha: Fortaleza, 2004.
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