AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:
A Comissão de Socorros e Serviços Públicos de Boa Viagem foi um grupo de pessoas escolhidas, ou indicadas pelo poder público, para socorrer inicialmente às vítimas da seca que ocorreu entre 1877 e 1879 no Município de Boa Viagem, no Sertão do Estado do Ceará.
Essa Comissão existiu até 1915 e em nossos dias, o serviço disponibilizado por esse grupo se assemelha muito ao prestado pela Defesa Civil.
“A Defesa civil no Brasil está incluída no Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), que tem atualmente o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), grupo de apoio a desastres com finalidade de fortalecer os órgãos de defesa civil locais, além da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), pertencente ao Ministério do Desenvolvimento Regional.” (WIKIPÉDIA, 2000: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Defesa_civil_no_Brasil. Acesso no dia 6 de outubro de 2021)
UM POUCO DE SUA HISTÓRIA:
No presente ainda desconhecemos o ato de criação da primeira Comissão de Socorros Públicos que ficou encarregada pelas vítimas da seca que atingiu ao povo do Município de Boa Viagem, que ganhou a sua autonomia política no dia 21 de novembro de 1864.
Nessa época, embora já sendo um território autônomo, os flagelados pela seca eram dependentes da Comissão de Socorros e Serviços Públicos de Quixeramobim, que só ganhou esse nome depois da implantação do Projeto Pompeu-Sinimbú, algo que ocorreu entre 1877 e 1879.
“Ele consistiu na proposta do Governo do Ceará de utilizar a mão de obra disponível durante as secas para realizar obras públicas e, com isso, corrigir o seu déficit de infraestrutura e urbanização em relação àquelas que progrediam subvencionadas pela Coroa. Essa política se espraiou pelas províncias do Nordeste, embora a maior parte dos recursos tenha sido canalizada para socorrer os desvalidos cearenses e edificar obras na província como pontes, estradas de ferro, escolas, praças e prédios públicos.”
Essa Comissão de Socorros, que geralmente atuava nos momentos de estiagem e possivelmente era nomeada pela Câmara Municipal de Vereadores, inicialmente tinha por finalidade cadastrar e repartir os alimentos e medicamentos recebidos entre àqueles que passavam necessidade para que esses não migrassem.
“De 1877 a 1915 a região Nordeste foi atingida pelas secas de 1877-1879, 1888-1889, 1900, 1915. Nesse período, os governos das províncias, que após a Proclamação da República em 1889 passaram a serem chamadas de Estados, adotaram planos de enfrentamento aos efeitos das secas. Esses planos, dependendo da época e da relação política entre o governo do Brasil e o local, podiam ser centralizados ou descentralizados, sendo os primeiros quase a regra, no Império e na República.” (SOUSA, 2002: Disponível em file:///C:/Users/Eliel/Downloads/56355-Texto%20do%20artigo-179152-1-10-20220501.pdf. Acesso no dia 15 de janeiro de 2023)
Uma das primeiras ações dessa Comissão, além do cadastro de indigentes, distribuição de alimentos, foi a coordenação da construção da parede de contenção do Açude da Comissão, uma barragem que segundo matéria do jornal Gazeta do Norte, publicação do dia 3 de dezembro de 1882, ano 3, nº 272, página 3, recebeu um investimento de 1:000$00 (Um conto de réis).
Essa Comissão também dividiu o serviço de reforma das capelas espalhadas pelo território, a construção do muro de alguns cemitérios, de salas de aula, a construção do edifício da cadeia pública e Câmara Municipal e até a base do que mais tarde veio a ser o Mercado Público Municipal Jessé Alves da Silva.
Nesse período, infelizmente sem provas evidentes, as principais acusações contra os envolvidos em sua organização foi corrupção, enriquecimento ilícito e a vergonhosa seleção daqueles que eram socorridos, de quem tiravam algum tipo de vantagem.
MEMBROS DA COMISSÃO DE SOCORROS E SERVIÇOS PÚBLICOS:
- 1877 – 1880
- Antônio Sabino de Araújo;
- José Galdino de Araújo Marinho;
- José Rabêlo da Silva;
- Marcolino Pinto de Magalhães.
- 1900
- Manoel Herminio de Sousa Leitão (Presidente).
- 1901
- Aristóteles José da Silva Lobo (Presidente);
- Francisco Ferreira Brasil;
- Manoel Nunes Leitão;
- Manoel Duarte de Araújo;
- Vicente de Paula Cavalcante de Albuquerque.
BIBLIOGRAFIA:
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SOUSA, José Weine de Freitas. Planos de Assistência aos Desvalidos das Secas na Região Nordeste do Brasil (1878-1915). Disponível em file:///C:/Users/Eliel/Downloads/56355-Texto%20do%20artigo-179152-1-10-20220501.pdf. Acesso no dia 15 de janeiro de 2023.
- WIKIPÉDIA. Defesa Civil. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Defesa_civil_no_Brasil. Acesso no dia 6 de outubro de 2021.
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