Francisco Ferreira Brasil nasceu no dia 6 de janeiro de 1831 no Município de Baturité, que está localizado na região Norte do Estado do Ceará, distante 100 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Cosme Ferreira Brasil e de Antônia Manoela da Conceição.
Os seus avós paternos se chamavam Manoel Antônio Lisboa e Rosa Maria do Monte, já os maternos eram Antônio Nunes de Bizzaril e Theodora Maria da Conceição.
Quando nasceu a cidade de Boa Viagem, que era conhecida também pela alcunha de “Cavalo Morto”, era apenas um pequeno povoado que estava localizado dentro dos limites geográficos pertencentes ao Município de Quixeramobim.
“Distrito criado com a denominação de Boa Viagem, ex-povoado de Cavalo Morto, pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862. Elevado à categoria de vila com a denominação de Boa Viagem, pela lei provincial nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, desmembrado de Quixeramobim.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017)
Era agropecuarista em uma localidade denominada de Pocinhos, sendo casado com Maria Liotéria Nunes, que nasceu em 15 de janeiro de 1829.
Desse casamento foram gerados vários filhos, dentre eles destacamos: Epifânio Ferreira Brasil, Felintro Ferreira Brasil, Francisco de Sales Brasil, Severiano Ferreira Brasil, Maria Ferreira Brasil e Francisco Ferreira Brasil.
Nos primeiros meses de 1886, desejando entrar na vida pública do Município de Boa Viagem, concorreu por uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, desempenhando o seu primeiro mandato na legislatura que se seguiu entre 1887 e 1890, quando foi interrompida por conta da Proclamação da República.
Antes disso, nos últimos meses de 1888, por conta da incompatibilidade de cargos, foi demitido pelo governo da função de delegado.
Nessa legislatura, por conta da pobreza produzida pelas secas na região, enfrentou muita dificuldade para honrar os seus compromissos, pois não conseguia encontrar quem arrematasse os impostos camarários, tendo seu ponto alto com a construção do Açude da Comissão de Socorros e Serviços Públicos.
“Esse pequeno açude foi construído nos últimos anos do século XIX, entre 1877 e 1888, utilizando a mão de obra das vítimas da seca nas frentes de trabalho, que eram patrocinadas pelo Governo do Estado. Sendo beneficiada pela lei Pompeu-Sinimbú, a Comissão de Socorros e Serviços Públicos do Município de Boa Viagem investiu a mão-de-obra dos desvalidos para sua construção.” (SILVA JÚNIOR. 2016: Disponível emhttps://www.historiadeboaviagem.com.br/acude-da-comissao/. Acesso no dia 26 de junho de 2020)
Nesse período, depois da Proclamação da República, ocorrida no dia 19 de novembro de 1889, com a finalidade de agregar adeptos e simpatizantes ao novo regime, logo tratou de reformular a política administrativa e financeira, determinando a dissolução das câmaras municipais em todo o país, cujos membros haviam sido eleitos pelo voto, com a publicação do Decreto nº 107:
“Art. 1º – Os governadores dos Estados são autorizados a dissolver as câmaras municipais e a organizar os respectivos serviços, adotando em tudo que lhes forem aplicáveis…” (RIBEIRO, 2005: p. 12)
Mais tarde, depois de uma nova disputa, já no período da República, militando nos quadros políticos do PRF – o Partido Republicano Federalista, foi reconduzido para o desempenho de seu segundo mandato, que ocorreu entre o dia 10 de junho de 1900 até o dia 10 de junho de 1904.
Nessa legislatura uma das ações de maior importância está registrada no ofício enviado no dia 2 de outubro de 1902 pela Câmara Municipal de Vereadores ao presidente do Estado do Ceará, o Dr. Pedro Augusto Borges, onde foi relatado o estado de penúria e de miséria a qual se encontrava a população, que nessa época era castigada por uma terrível seca:
“Paço da Câmara Municipal da vila de Boa Viagem em 2 de outubro de 1900. Exmo. Sr. O acrisolado espírito de patriotismo de V. Exc. o amor as instituições republicanas e o extremo interesse pela prosperidade desse Estado, mormente na crise calamitosa porque ele passa, com uma secca exterminadora, acompanhada de assombroso cortejo da peste…. para satisfazer um restricto e sagrado dever, não só para scientificar a V. Exc. o estado de miséria a que está reduzido a este Município…. Este Município, Exmo. Sr. Não tendo tido ao menos uma chuva regular, ficou todo ele reduzido a miséria pela falta de pastagem e água e nestas circunstancias a população esgotada de meios para sua subsistência em conseqüência da seca do anno de 1898 e extraordinárias inundações feitas pelo inverno do anno próximo passado, grande parte dela emigrou…. que vai extinguindo o gado vacum e cavallar, a peste assolando em diversos Municípios e a população inanida morrendo de fome…” (CAVALCANTE MOTA, 1999: p. 90)
Esse período de governo foi marcado também por uma epidemia de varíola, que dizimou a vida de diversas pessoas.
Na eleição municipal seguinte conseguiu ser reconduzido para o desempenho de seu terceiro mandato parlamentar, que teve início no dia 10 de junho de 1904 e foi encerrado no dia 10 de junho de 1908.
Segundo matéria publicada no Jornal do Ceará, edição do dia 22 de abril de 1904, nº 20, página 4, a disputa eleitoral que definiu os componentes dessa legislatura ocorreu no dia 1º de maio, uma eleição que ficou marcada em todo Estado por fraudes e violência, especialmente em Boa Viagem, onde segundo esse periódico José Rabêlo e Silva criou meios para garantir o sucesso eleitoral daqueles que apoiavam a Oligarquia Accioly.
Nessa legislatura, como ocorreu na anterior, participou da escolha do intendente municipal, cadeira que foi ocupada nesse período primeiramente por Francisco de Assis Marinho e logo depois por Manoel de Assis Marinho.
Em 1908 recebeu uma nova recondução ao Poder Legislativo, que foi encerrado em 1912.
Segundo informações existentes no livro C-01, pertencente à secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombo nº 15, página 88, faleceu no Sítio Pocinhos, na zona rural do Município de Boa Viagem, aos 83 anos de idade, no dia 18 de julho de 1914.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares em um túmulo existente no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará (1930 – 1945). Fortaleza: Stylus Comunicações, 1999.
- IBGE. Histórico do Município de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.phplang=&codmun=230240&search=cara| boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de tombo dos óbitos. 1893/1916. Livro C-01, Tombo nº 15. Página 88
- PEIXOTO, João Paulo M. & PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
- RIBEIRO, Valdir Uchôa. Conselhos de Intendência no Ceará. Fortaleza: Premius, 2005.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. O Açude da Comissão de Socorros e Serviços Públicos. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/acude-da-comissao/. Acesso no dia 26 de junho de 2020.
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