Bernardino Fragoso Vieira nasceu no dia 14 de fevereiro de 1925 no Município de Pombal, que está localizado no Sertão paraibano, distante 371 quilômetros da cidade de João Pessoa, sendo filho de Cícero Bernardino de Freitas e de Maria Fragoso Vieira.
Os seus avós paternos se chamavam Bernardino Geraldo da Silva e Joana Floriano de Freitas, já os maternos eram Manoel Maria de Jesus e Antônia Vieira de Freitas.
Passou grande parte da sua infância, juntamente com a sua família, residindo em um sítio denominado de Jacu, uma pequena localidade rural existente no Município de Pombal que pertencia ao seu avô materno.
Certo dia, ainda bebê, um de seus tios ao chegar do roçado trouxe uma pequena flor na mão, resolveu entregar-lhe essa flor, ocasião em que lhe chamou de “Dedê”, apelido que o identificou entre os seus irmãos por toda existência.
Nessa época, juntamente com seus irmãos, passou uma infância bastante difícil por conta do inesperado abandono de seu pai, que resolveu largar a sua mãe para constituir outra família, motivo pelo qual não recebeu sobrenome paterno em sua identidade.
Pouco tempo depois, já no fim da década de 1920, a localidade onde residia foi alvo do evangelismo pessoal de alguns protestantes, algo que serviu para modificar a confissão religiosa de seus familiares.
“Tudo teve início quando uma simples revista, que acreditamos ser de escola dominical, chegou às mãos de Cícero Vieira de Freitas através de um protestante, que se chamava Adão e morava no Sítio Jericó, uma localidade vizinha.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 142)
Essa revista, que se tornou objeto de profundo interesse dos moradores daquela pequena localidade, principalmente entre alguns membros de sua família, deu origem a uma série de questionamentos sobre o comportamento e a fé cristã.
Dentro de pouco tempo Cícero Vieira de Freitas, um dos mais interessados nesse assunto, conseguiu entrar em contato com o Rev. Harry George Briault, um missionário inglês que era pastor da Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande e que gentilmente atendeu ao convite.
Mais tarde, já na década de 1930, em uma data ainda desconhecida, recebeu o sacramento do batismo pelas mãos do Rev. Harry George Briault no templo da Igreja Evangélica Congregacional do Jacu, conforme registros no livro de atas da Igreja Evangélica Congregacional da Cachoeira:
“A Igreja Evangélica Congregacional do Jacu, no Município de Pombal, no Estado da Paraíba, teve a sua organização eclesiástica às 12 horas do dia 21 de fevereiro de 1937, sob a administração do Rev. Harry G. Briault. Pouco tempo depois, em 1941, por conta da migração de seus membros para o Município de Boa Viagem, no Estado do Ceará, essa igreja voltou a ser congregação.”
Nesse tempo, no fim da década de 1930, alguns dos seus parentes já estavam residindo no Estado do Ceará, de onde rotineiramente informavam da qualidade e do baixo preço das terras cearenses, o que estimulou ainda mais o desejo de migrar do Estado da Paraíba.
“As notícias sobre as terras do Estado do Ceará não paravam de chegar ao Município de Pombal, especificamente o sítio Jacu, entre os familiares de Quintiliano Vieira Lima e de sua esposa, Felisbela Vieira de Freitas… Dentro de pouco tempo, outras famílias tomaram o mesmo rumo, o Estado do Ceará. Dentre elas a família de Manoel Maria de Jesus… e era casado com Antônia Vieira de Freitas, irmã da esposa de Quintiliano Vieira Lima.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 178)
Nessa ocasião, logo que chegaram ao Município de Boa Viagem, alguns desses protestantes se estabeleceram em uma localidade rural que é denominada Cachoeira dos Fragosos, onde conseguiram formar o primeiro núcleo de confissão protestante da região, a Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira, onde se tornou uma de suas colunas.
“O primeiro culto nessa comunidade foi celebrado no dia 12 de dezembro de 1941, uma sexta-feira, sendo conduzido pelo Rev. Paulo Moody Davidson.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 185)
Nessa igreja, por volta de 1944, reconhecido por sua assembleia de membros, sentiu-se vocacionado ao ministério pastoral, sendo recomendado aos estudos eclesiásticos no Seminário Congregacional que funcionava na cidade de Fortaleza e era dirigido pelo Rev. Paulo Moody Davidson.
“Em 1944, o educandário foi transferido para a cidade de Fortaleza, mudando o nome para Instituto Bíblico Nordestino, e, quando o casal Barros visitou Fortaleza em 1948 o Instituto funcionava na casa do casal Davidson. Mas Fortaleza não era uma cidade central, a maioria das igrejas estava na Paraíba e em Pernambuco. Por este motivo, e após as devidas negociações entre a U.E.S.A. norte-americana e as igrejas do Nordeste, o Instituto foi transferido para Recife em 1945, para a Avenida 17 de Agosto, no Bairro do Monteiro.”
Em Fortaleza, distante de sua família e comprometido sentimentalmente com uma de suas primas, optou em não seguir para o Recife, voltando ao lar materno em Boa Viagem na intenção de se organizar para o seu matrimônio.
Com essa decisão, no dia 6 de março de 1946, com apenas 21 anos de idade, de acordo com as informações existentes no livro B-10, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 1.025, folha 63, diante do Dr. Lourival Soares e Silva, juiz da comarca, contraiu núpcias com Adalgisa Fragoso Vieira, que nasceu no dia 13 de dezembro de 1929, sendo filha de Cícero Fragoso Vieira e de Maria Vieira de Andrade.
Nessa ocasião, no cartório na cidade de Boa Viagem, serviram de testemunhas o seu cunhado, Cirilo Fragoso Vieira, e Eleutério Manoel da Silva.
Desse feliz matrimônio foram gerados sete filhos, seis mulheres e um homem, sendo eles: Aldeídes Fragoso Vieira, Aurenível Fragoso Vieira, Alda Fragoso Vieira, Sira Fragoso Vieira, Ivanilde Fragoso Vieira, Jucileide Fragoso Vieira e Eliézio Fragoso Vieira.
Depois disso, em 1953, atestando o seu bom testemunho e serviço, foi eleito pela assembleia de membros da Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira como um de seus diáconos, função exercida até 1956, quando por necessidade migrou com a sua família para vila de Guia.
Habitou nessa vila por uma curta temporada, transferindo-se logo depois para cidade de Boa Viagem, onde inicialmente conseguiu um emprego como comerciário e, logo depois, como comerciante em uma loja de tecidos e depois de calçados, oportunidades que manteve sociedade com o Dr. Manuel Vieira da Costa – o Nezinho e com Manoel Fragoso da Silva.
Na cidade de Boa Viagem, durante algum tempo residiu com sua esposa e filhos na Rua Antônio Domingues Álvares, nº 296, Centro.
Nessa mesma época, já em 1956, com a expansão do trabalho congregacional para cidade, passou a compor o quadro de membros da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem, onde foi eleito para servir como um de seus presbíteros.
Bastante conhecido por seu temperamento calmo e justo, recebeu nomeação do Governo do Estado para servir como delegado na cidade, ocasião em que ocorreu um episódio que o fez ser lembrado por muitos anos.
Certo dia
Nos últimos meses de 1963, juntamente com os seus familiares, foi surpreendido pelo diagnóstico do quadro de saúde de sua esposa, que rotineiramente reclamava de fortes dores na cabeça.
“Nos últimos meses de 1963, sofrendo com fortes dores na cabeça, com muita dificuldade descobriu a existência de um tumor maligno, fato que causou grande tristeza entre os seus familiares, que nada puderam fazer para lhe ajudar a escapar do óbito. Pouco tempo depois, conforme as informações existentes no livro C-10 do Cartório Geraldina, tombo nº 4.081, folha 75v, o seu falecimento ocorreu na cidade de Boa Viagem no dia 11 de julho de 1965, quando estava prestes a completar 36 anos de idade.” (SILVA JUNIOR, 2017: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/adalgisa-fragoso-vieira/. Acesso no dia 9 de dezembro de 2024)
Mais tarde, no dia 19 de janeiro de 1967, segundo informações existentes no livro B-20, pertencente ao Cartório Geraldina, termo nº 4.456, folha 72, diante do Dr. Miguel Aragão, contraiu matrimônio civil com Hilda Fragoso Vieira, nascida no dia 1º de fevereiro de 1949, sendo filha de Antônio Manoel da Silva e de Florípes Fragoso da Silva.
Desse novo relacionamento conjugal foram gerados quatro filhos, dois homens e duas mulheres, sendo eles: Adalgiza Fragoso Vieira, Cleriston Fragoso Vieira, Bernardino Fragoso Vieira Júnior e Bernardete Fragoso Vieira.
Nos primeiros anos da década de 1990 enfrentou um grave problema de saúde quando sofreu um aneurisma cerebral, tendo passado por uma delicada cirurgia no Hospital Batista.
Nesse mesmo período, morando há muitos anos na Rua Delfino Alves Pinheiro e Lima, nº 490, esquina com a Rua Amélia Ribeiro e Silva, Centro, edificou uma residência com maior conforto na Rua 26 de Junho, nº 61, no Bairro Vila Azul, onde passou o final dos seus dias rodeado pelo carinho de toda a sua família.
Segundo informações existentes no livro C-10, pertencente ao Cartório Geraldina, termo nº 8.593, folha 82, veio a óbito no dia 19 de setembro de 2021, ao 96 anos de idade.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no mausoléu da família que existe no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Bairro Centro.
BIBLIOGRAFIA:
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão: A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Boa Viagem, CE: Premius, 2015.
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