Cícero Fragoso Vieira nasceu no dia 3 de março de 1893 no Município de Catolé do Rocha, que está localizado no Sertão paraibano, distante 411 quilômetros da cidade de João Pessoa, capital daquele Estado, sendo filho de Manoel Maria de Jesus e de Antônia Vieira de Freitas.
Os seus avós paternos se chamavam Manoel Fragoso Pereira de Melo e Antônia Maria de Jesus, já os maternos eram Pedro Vieira Carneiro e Maria Floriana de Morais.
Passou grande parte de sua infância e juventude no Sítio Jacu, na zona rural do Município de Pombal, onde conseguiu, ainda não sabemos como, aprender o ofício de alfaiate.
Ainda bem jovem, nos últimos anos da década de 1910, contraiu matrimônio com uma de suas primas, que se chamava Maria Vieira de Andrade, nascida no dia 1º de abril de 1900, sendo filha de Lucas Vieira de Freitas e de Raquel Vieira de Andrade.
Desse matrimônio foram gerados dez filhos, cinco homens e cinco mulheres, sendo eles: José Fragoso Vieira, Zulmira Fragoso Vieira, Antônia Fragoso da Silva, Cirilo Fragoso Vieira, Lindalva Fragoso Vieira, Adalgisa Fragoso Vieira, Ezequiel Fragoso Vieira, Elisa Fragoso Vieira, Ezequias Fragoso Vieira e Epitácio Fragoso Vieira.
Em meados de 1928, depois de abraçar a confissão protestante, foi batizado pelo Rev. Harry George Briault na Igreja Evangélica Congregacional de Jacu.
Pouco tempo antes disso, um simples acontecimento foi determinante para muitas mudanças que aconteceram na trajetória de sua vida e na de seus filhos:
“Tudo teve início quando uma simples revista, que acreditamos ser de escola dominical, chegou às mãos de Cícero Vieira de Freitas através de um protestante, que se chamava Adão e morava no Sítio Jericó, uma localidade vizinha.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 142)
Essa revista, que se tornou objeto de profundo interesse dos moradores daquela pequena localidade, principalmente entre alguns dos membros de sua família, deu origem a uma série de questionamentos sobre o comportamento e a fé cristã.
Dentro de pouco tempo, um dos mais interessados nesse assunto, Cícero Vieira de Freitas, um de seus tios, conseguiu entrar em contato com o Rev. Harry George Briault, pastor da Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande, que gentilmente atendeu ao seu convite.
“Em pouco tempo era o maior trabalho evangélico do Sertão, com uma animada escola dominical, com mais de cem alunos matriculados. Em 1927, para ajudar os irmãos Cícero Vieira de Freitas e Amadeu Alves da Silva, o Evangelista Eulálio, que prestou bons serviços ao Evangelho, levando várias famílias ao conhecimento da Palavra de Deus.” (CARNEIRO, 2006: p. 25)
O Rev. Briault, quando visitava o Sítio Jacu, ocasionalmente costumava utilizar o alpendre de sua casa como ponto de exposição das Escrituras Sagradas naquela localidade rural, momento em que costumava reunir um grande número de pessoas.
Naquele tempo, declarar-se de uma confissão diferente da católica romana era correr o risco de receber diversas punições da comunidade em que se vivia, mas isso não o desanimou em testemunhar de sua fé:
“Os cultos, inicialmente, eram celebrados abertamente ao público na casa de Cícero Fragoso Vieira, sendo depois transferidos para casa de seu irmão, Daniel Fragoso Vieira.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 180)
Dentro de pouco tempo, juntamente com os outros congregados, percebeu a necessidade da construção de um templo, que mais tarde veio a se tornar em símbolo da organização e do trabalho em mutirão daquela pequena comunidade.
“A primeira assembleia foi realizada às 12 horas do dia 21 de fevereiro de 1937, sendo presidida nessa oportunidade pelo Rev. Paulo Moody Davidson, no salão de culto, na residência do irmão Daniel Fragoso Vieira, que na ocasião foi eleito presbítero da igreja. Foram eleitos: diáconos: Manoel José da Silva e Pompeu Fragoso Vieira; secretário: Manoel Maria de Jesus e tesoureiro: Cícero Fragoso Vieira.” (FRAGOSO VIEIRA, 2005: Disponível em www.adoreisnet/iecbv/nossahistoria. Acesso em 11 de janeiro de 2011.)
Pouco tempo antes disso, no dia 14 de março de 1936, juntamente com a sua esposa, partilhou da inesperada e irreparável perda de seu filho primogênito, José Fragoso Vieira.
Sem desanimar, durante a maior parte do ano, residia com os seus filhos na cidade de Pombal, local onde funcionava a sua alfaiataria, mas sazonalmente, dependendo da estação chuvosa, ia para propriedade de seu pai, onde com os seus irmãos lavravam à terra e campeavam o gado.
Essa propriedade, no Sítio Jacu, era pequena e insuficiente para alimentar a todos, o que fez com que o velho patriarca buscasse uma propriedade maior e com mais recursos disponíveis.
Nesse tempo, alguns dos seus parentes estavam residindo no Estado do Ceará, de onde rotineiramente informavam da qualidade e do baixo preço das terras cearenses, o que estimulou ainda mais o desejo de migrar do Estado da Paraíba.
“As notícias sobre as terras do Estado do Ceará não paravam de chegar ao Município de Pombal, especificamente ao Sítio Jacu, entre os familiares de Quintiliano Vieira Lima e de sua esposa, Felisbela Vieira de Freitas… Dentro de pouco tempo, outras famílias tomaram o mesmo rumo, o Estado do Ceará. Dentre elas a família de Manoel Maria de Jesus… e era casado com Antônia Vieira de Freitas, irmã da esposa de Quintiliano Vieira Lima.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 178)
Por correspondência, a negociação da compra de uma propriedade rural foi alinhavada, e para conferir as terras a serem compradas, juntamente com um de seus irmãos, Pompeu Fragoso Vieira, foi encaminhado pelo seu pai para o Município de Boa Viagem.
“O negócio já estava prestes a ser fechado, quando o pároco do Município, o Mons. José Gaspar de Oliveira, interrompeu o acordo, visto que, na propriedade, existia uma capela romana dedicada a São José. O precavido religioso, insatisfeito com a negociação, alegava que os protestantes iriam derrubar ou utilizar essa capela para os seus cultos.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 181-182)
Com o entrave na negociação da Fazenda Boa Ventura ficou definido que iriam procurar outra propriedade na região, pois se agradaram da terra, até que souberam da disponibilidade de venda da Fazenda Cachoeira:
“Essa propriedade se chamava Cachoeira e no passado pertenceu ao Tenente José Filipe Ribeiro e Silva… Dentro de pouco tempo, a transação foi celebrada.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 182-183)
Pouco tempo depois disso, por volta de 1941, trouxe a sua família para sua nova aquisição, onde começaram uma nova vida. Nessa ocasião, logo que chegaram ao Município de Boa Viagem, juntamente com os seus outros familiares, conseguiram formar o primeiro núcleo de confissão protestante dessa região, a Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira.
Na cidade, depois do período das colheitas, regularmente recebia a visita dos pastores e missionários enviados pela UESA – a União Evangélica Sul-Americana.
“A União Evangélica Sul-Americana, UESA, foi uma organização missionária fundada em 1911, depois da Conferência de Edimburgo, na Inglaterra. Essa sociedade missionária é fruto da fusão de várias outras agências, entre elas podemos citar: a Help for Brazil, criada em 1892 por iniciativa de Sarah Kalley; a South American Evangelical Mission e a Regions Beyond Missionary Union.” (S.N.T)
Entre essas visitas destacamos o nome do Rev. Paulo Moody Davidson, que deu valiosa oportunidade de instrução acadêmica no Seminário Teológico Congregacional do Nordeste a vários de seus filhos, na qual três deles conseguiram seguir o ministério pastoral.
Alguns anos depois, no dia 11 de julho de 1965, juntamente com a sua esposa, foi a vez de lamentar a inesperada perda de mais um de seus filhos, Adalgisa Fragoso Viera, que faleceu vítima de câncer.
Segundo informações existentes no livro C-01, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 289, folha 106, faleceu no Município de Boa Viagem, aos 84 anos de idade, no dia 13 de dezembro de 1977.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.
BIBLIOGRAFIA:
- CARNEIRO, Osmar de Lima. Fotografando o Amor. História de Uma Igreja Perseguida. João Pessoa: JRC, 2006.
- FRAGOSO VIEIRA, Ezequiel. A História da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem. Disponível em www.adoreisnet/iecbv/nossahistoria. Acesso em 11 de janeiro de 2011.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão. A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Fortaleza: PREMIUS, 2015.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, através da lei nº 558, de 22 de maio de 1992, uma das ruas do Bairro Osmar Carneiro, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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