José Rodrigues Gomes nasceu no dia 7 de setembro de 1910 no Município de Tamboril, que está localizado no Sertão de Crateús, distante 301 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Raimundo Gomes da Silva e de Maria Rodrigues da Silva.
Os seus avós paternos se chamavam Raimundo Ferreira Campos e Maria Campos, já os maternos eram Luiz Diogo de Sousa e Cândida Diogo de Sousa.
O seu nascimento ocorreu em uma localidade denominada de “Oliveiras”, que alguns anos depois passou a ser a vila do Distrito que recebeu o mesmo nome, onde passou grande parte de sua infância e juventude:
“Pela lei estadual nº 4.197, de 6 de setembro de 1958, é criado o Distrito de Oliveiras ex-povoado com áreas desmembradas do Distrito de Curatis e anexado ao Município de Tamboril.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=231320&search=ceara|tamboril|infograficos:-historico. Acesso no dia 3 de maio de 2017)
Pouco tempo depois, no dia 11 de novembro de 1910, segundo informações existentes no livro de batismos da Paróquia de Santo Anastácio, tombo nº 325, página 23v, da cidade de Tamboril, seguindo os costumes da confissão religiosa de seus pais, recebeu o sacramento do batismo pelas mãos do Mons. Francisco de Holanda Cavalcante, tendo como padrinhos José Rodrigues da Silva e Antônia Rodrigues da Silva.
Em sua adolescência, preocupados com a sua educação formal, os seus pais contrataram um professor particular, que dentro de poucas semanas lhe ensinou em sua casa as noções básicas da “cartilha do ABC” e as quatro operações matemáticas.
Mesmo com essas poucas aulas particulares e as muitas limitações pedagógicas, que foram compensadas pela rigidez e o estalo da temida palmatória, conseguiu desenvolver um forte senso de autodidata, fato que, anos mais tarde, o fez ser bastante exigente com os seus filhos e netos quando esses faziam colocações gramaticais erradas.
Alguns anos depois, desejando conseguir dinheiro, passou a ser o acompanhante das fatigantes viagens promovidas pelo seu pai, que era caixeiro-viajante, caminhando várias léguas com a sua tropa de burros fazendo compras na cidade de Crateús e revendendo os seus produtos, na maioria deles tecidos, nos Municípios vizinhos de onde residia.
Em uma dessas viagens, fazendo a sua rota pela localidade denominada de “Espírito Santo”, no Município de Tamboril, conheceu a jovem Gervina Barbosa Gomes, que nasceu no dia 5 de dezembro de 1920, sendo filha de Damião Barbosa Nascimento e de Maria Cordolino Sousa.
Depois de algum tempo fazendo à corte, no dia 25 de setembro de 1938, com 28 anos de idade, diante do Pe. Inácio Américo Bezerra, na capela de Nossa Senhora do Livramento, na época dentro dos limites geográficos do Município de Boa Viagem, firmou compromisso matrimonial diante do representante da Igreja Católica Apostólica Romana em uma cerimônia religiosa.
“Em divisão territorial datada de 31 de dezembro 1937, o Distrito de Monsenhor Tabosa figura no Município de Tamboril, assim permanecendo em divisão territorial datada de 1º de julho de 1950. Elevado à categoria de Município com a denominação de Monsenhor Tabosa, pela lei estadual nº 1.153, de 2 de novembro de 1951, desmembrado de Tamboril, sendo instalado em 25 de março de 1955… Pela lei estadual nº 6.898, de 16 de dezembro de 1963, é criado o Distrito de Nossa Senhora do Livramento e anexado ao Município de Monsenhor Tabosa.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230860&search=ceara|monsenhor-tabosa|infograficos:-historico. Acesso no dia 3 de maio de 2017)
Desse matrimônio foram gerados treze filhos, sete mulheres e seis homens, sendo eles: Maria do Socorro Gomes Facundo, Elias Rodrigues Barbosa, Aldenora Barbosa Facundo, Alfa Rodrigues Costa, Antônia Gomes de Melo, Natanael Rodrigues Barbosa, Marina Gomes Facundo, José Rodrigues Barbosa, Eliezer Rodrigues Barbosa, Cândida Gomes de Melo, Eugênia Barbosa Campos, Stênio Rodrigues Barbosa e Antônio Rodrigues Barbosa.
Depois de casado, levou a sua esposa para uma localidade que ainda é denominada de “Curimatã”, dentro dos limites geográficos do Município de Tamboril, onde construiu uma pequena casa ao lado da seu pai, local onde mantinha uma pequena mercearia.
Segundo informações existentes no livro B-16, pertencentes ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 2.672, folha 52v, confirmou os seus votos matrimoniais em uma cerimônia de casamento civil que foi ocorrida na cidade de Boa Viagem no dia 30 de julho de 1957.
Antes disso, nos últimos meses de 1942, por conta de longos anos de estiagem e vários prejuízos em sua pequena mercearia, resolveu levar a sua família para Serra de Uruburetama, local que costumava receber muitas famílias residentes no Sertão em períodos de seca.
“Os técnicos encarregados de observar e analisar as condições climáticas e as obras públicas encaminhadas em função das secas já previam que o ano de 42 poderia ser difícil… a inquietação da população rural se verificava em função não só de um mau inverno de 1941, mas principalmente de uma carestia exorbitante que a atormentava já no início de 1942, chegando a um quase pânico em março, quando o mau inverno foi seguido por outro.” (CASTRO NEVES, 2001: Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882001000100006. Acesso no dia 4 de maio de 2017)
Nos primeiros meses de 1944, depois que recebeu notícias de seu sogro sobre a normalização das chuvas no Sertão, resolveu regressar com a sua família, instalando-se dessa vez na localidade de “Espírito Santo”, onde se estabeleceu com uma pequena mercearia até 1953.
Nessa época, recebeu uma proposta de sociedade comercial do amigo Luiz Alves de Mesquita, passando a residir na vila de Nossa Senhora do Livramento, onde abriu as portas de uma grande mercearia, que recebeu o nome de “A Santina”, uma das filiais de “A Quiteriense”, da cidade de Monsenhor Tabosa.
“De todos os estabelecimentos comerciais de Monsenhor Tabosa, o que mais me marcou, deixando-me grandes recordações, foi ‘A Quiteriense’, a loja de Luiz Alves de Mesquita… com o correr dos tempos e o desenvolvimento dos negócios, ‘A Quiteriense’ expandiu-se e abriu filiais, uma na Madalena, hoje Catunda… e outra no Livramento, sob a responsabilidade, inicialmente do Sr. João Veríssimo e depois, do Sr. Anastácio Martins de Araújo, do Sr. Gonçalo de Farias e por fim do Sr. José Rodrigues Gomes.” (MESQUITA, 2000: p. 43 – 44)
Alguns anos depois, por volta de 1958, o Sertão foi atingido por outra grande estiagem, o que forçou ao fim da sociedade comercial e a significativa diminuição do volume de suas mercadorias.
Nessa época, passou uma curta temporada na cidade de Crateús, aonde a família não se adaptou, e logo depois na localidade de Grota Verde, dentro dos limites do Município de Tamboril, quando aos poucos, juntamente com o sua esposa, assistiu a partida de alguns dos seus filhos para cidade de Brasília, que nessa época estava sendo construída e se constituía em um local de refugiu para muitos cearenses que fugiam dos seguidos anos de secas.
Mais tarde, em 1965, o seu filho primogênito, depois de muitas economias, enviou uma grande soma em dinheiro para aquisição de uma propriedade na localidade de “Flores”, no Município de Boa Viagem, onde passou a residir.
Pouco tempo depois, no dia 14 de janeiro de 1973, juntamente com a sua família, foi surpreendido pelo inesperado e trágico falecimento de uma de suas filhas, Alfa Rodrigues Costa, que perdeu à vida em um difícil trabalho de parto.
Nesse mesmo dia, juntamente com a sua esposa e contando com a permissão de seu genro, Leandro Costa Leitão, assumiu a guarda de sua neta, que recebeu o nome Alfa Rodrigues Barbosa.
Em 1975, quando quatro de seus filhos já estavam estabelecidos no Distrito Federal, foi convencido a seguir o mesmo caminho no dia 30 de dezembro, mas dentro de pouco tempo retornou ao Estado do Ceará, pois descobriu que não conseguia se adaptar ao clima e nem ao modo de vida da cidade grande.
Pouco tempo depois, em 1978, fixando residência na cidade de Boa Viagem, logo se adaptou ao local onde resolveu se estabelecer definitivamente com a sua esposa até que, em 1986, foi acometido de graves problemas em sua próstata e em seus rins.
Mais tarde, segundo informações existentes no livro C-04, pertencentes ao Cartório Geraldina, tombo nº 1.767, folha 75, veio a óbito, prestes a completar 77 anos de idade, no dia 24 de junho de 1987.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares em um túmulo existente no cemitério da vila de Nossa Senhora do Livramento, no Município de Monsenhor Tabosa.
BIBLIOGRAFIA:
- ALMEIDA MARTINS, Laís. De Telha a Monsenhor Tabosa. Fortaleza: Alcance, 1997.
- CASTRO NEVES, Frederico de. Getúlio e a seca: Políticas emergenciais na Era Vargas. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882001000100006. Acesso no dia 4 de maio de 2017.
- IBGE. Histórico do Município de Tamboril. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=231320&search=ceara|tamboril|infograficos:-historico. Acesso no dia 3 de maio de 2017.
- IBGE. Histórico do Município de Monsenhor Tabosa. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230860&search=ceara|monsenhor-tabosa|infograficos:-historico. Acesso no dia 3 de maio de 2017.
- MESQUITA, José Helder de. Monsenhor Tabosa e suas histórias. Fortaleza: MULTIGRAF, 2000.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- OLIVEIRA LIMA, Geraldo. Gênese da Paróquia de Monsenhor Tabosa. Fortaleza: Marques Saraiva, 1994.
- PARÓQUIA DE SANTO ANASTÁCIO. Livro de registro de batismos. 1910 – 1913. Livro A-12. Tombo nº 325, Página 23v.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão da Prefeito José Carneiro Dantas Filho – o Régis Carneiro, por meio da lei nº, de 2021, uma das ruas do Bairro Oséas Facundo, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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