Rev. Eduardo Carl Knechtel

Eduardo Carl Knechtel nasceu no dia 4 de abril de 1904 na cidade de Toronto, na Província de Ontário, no Canadá, que está localizado na América do Norte, sendo filho de Eduardo Knechtel e de Gertrude Cole.
Os seus avós paternos se chamavam Jonas Knechtel e Sussanah Otto, já os maternos eram Frank William Cole e Marie Louise Lord.
Por falta de informações mais precisas, ainda não temos conhecimento de nada sobre a sua infância e despertamento da vocação ministerial, sabemos apenas que nos últimos meses de 1928, com apenas 24 anos de idade, concluiu a sua graduação em Teologia no Toronto Bible College, uma instituição que prepara os pastores batistas para as suas igrejas.
Algum tempo depois, nos primeiros anos da década de 1930, através da UESA – a União Evangélica Sul-Americana, chegou à região Nordeste de nosso país, onde serviu como missionário e professor:

“A União Evangélica Sul-Americana, UESA, foi uma organização missionária fundada em 1911, depois da Conferência de Edimburgo, na Inglaterra. Essa sociedade missionária é fruto da fusão de várias outras agências, entre elas podemos citar: a Help for Brazil, criada em 1892 por iniciativa de Sarah Kalley; a South American Evangelical Mission e a Regions Beyond Missionary Union.” (S.N.T)

Por volta de 1934, ainda solteiro, residindo no Estado da Paraíba, conheceu a jovem, e também missionária da UESA, Dorothy Lucile Rasmussen, que era nascida no dia 9 de maio de 1927, sendo filha de William Rasmussen e de Gladys Lorena Harrington, nascida na cidade de East-Ridge, localizada no Estado de Nova Iorque, nos Estados Unidas da América.
Pouco tempo depois, no dia 25 de junho de 1936, na cidade de Maranguape, que está distante 30 quilômetros da cidade de Fortaleza, o seu novo campo de missões, contraiu matrimônio civil em um dos cartórios da cidade.
Desse matrimônio foram gerados três filhos, dois homens e uma mulher, sendo eles: Nathan Cole Knechtel, Gladys Lucile Knechtel e Carleton Edward Knechtel.
Depois de casado, enquanto aguardava ordens do escritório da missão, passou três meses assistindo algumas famílias no Bairro do Mucuripe, na cidade de Fortaleza, até que foi designado para o campo no Município do Ipu, distante 257 quilômetros da capital:

“Instalou-se na cidade de Ipu, viajava a pé, a cavalo e de trem, visitava as fazendas, os povoados e as cidades vizinhas, fazendo amizades e evangelizando os sertanejos e os serranos, igualmente. O trabalho era árduo e o sustento pouco para as tantas necessidades que viam.” (SIBIMA, 2012: Disponível em www.sibimaseminario.com.br. Acesso em 13 de maio de 2015)

Pouco tempo antes desses episódios, por conta de algumas divergências relacionadas à forma de batismo, a sua agência missionária passou por sérias mudanças administrativas:

“Com o passar do tempo esta missão, com sede na Inglaterra, cresceu e plantou igrejas aqui no Brasil, não só no Rio de Janeiro, mas também em São Paulo, Goiás, Pernambuco, Paraíba, além de outros países da América do Sul. No início da década de 20, alguns missionários norte-americanos começaram a se interessar pelo Brasil e foi aberto um escritório daquela missão nos Estados Unidos. Mas com isto apareceram diferenças em filosofia logística e doutrinária. Então, em 1934 a UESA se dividiu em UESA Britânica e UESA Norte Americana. Os campos foram divididos. Os ingleses foram para Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Pernambuco e Paraíba. Os norte-americanos foram para os novos campos do Ceará e Amazonas, áreas consideradas mais difíceis por causa do clima.” (SIBIMA, 2012: Disponível em www.sibimaseminario.com.br. Acesso em 13 de maio de 2015)

Em 1945, já no fim da II Guerra Mundial, depois de ter constatado o diagnóstico de tuberculose em sua esposa, a missão decidiu enviá-la imediatamente para tratamento médico nos Estados Unidos em um avião militar que havia pousado na base aérea da cidade de Fortaleza.

Imagem do Rev. Knechtel.

Cinco meses depois do embarque de sua família, sem poder acompanhar a sua esposa na época por conta da falta de espaço no avião, conseguiu reencontrá-la com os seus três filhos na Flórida:

“D. Dórothy ficou internada por um período de tempo numa casa de repouso no Canadá, enquanto a sua família passou com os pais do Pr. Eduardo. Quando puderam voltar para o Brasil, em 1947, o médico recomendou que eles não voltassem para o rigor da vida no Sertão devido à saúde dela.” (SIBIMA, 2012: Disponível em www.sibimaseminario.com.br. Acesso em 13 de maio de 2015)

Em 1947, por conta das específicas recomendações médicas, passou a residir na cidade de Fortaleza na Rua Monsenhor Tabosa, s/nº, Bairro Meireles, onde dava suporte logístico aos missionários que vinham do interior do Estado:

“Eles mantinham a casa de apoio, comprando e mandando mantimentos e remédios, por trem, aos colegas espalhados pelo Sertão. Recebiam aqueles que chegavam, nunca sabendo quantos iam almoçar ou jantar com eles em dado dia. Os filhos estudavam por correspondência com a supervisão da D. Dórothy e ela gerenciava as operações da casa.” (SIBIMA, 2012: Disponível em www.sibimaseminario.com.br. Acesso em 13 de maio de 2015)

Por volta de 1949, da janela de sua residência, costumava observar o grande fluxo de estudantes que caminhavam pela calçada e percebendo a necessidade de instrução das pessoas que congregavam em sua igreja decidiu organizar uma pequena classe noturna para ensinar os rudimentos da língua portuguesa aos analfabetos que frequentavam às igrejas que existiam na cidade.
Nessa mesma época, por conta das férias do Rev. Paulo Moody Davidson, auxiliou ao Rev. Cecil Flechtel, pastor da Igreja Cristã Evangélica de Itapipoca, nas atividades pastorais da Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira, comunidade que está localizada na zona rural do Município de Boa Viagem, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza.

Imagem do templo da Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira.

Muitos dos protestantes que haviam se estabelecido nessa região, pouco tempo antes, tinham migrado do Estado da Paraíba por conta da forte intolerância religiosa movida por membros da Igreja Católica na cidade de Brejo dos Santos.
Sobre esse assunto o escritor paraibano José Sylvestre nos fala dessa perseguição e equivocadamente atribui a autoria desse texto ao Rev. Josafá Vieira, quando na realidade essas notas pertencem ao Rev. Ezequiel Fragoso Vieira, testemunha ocular de alguns desses fatos:

“Ainda em 1938, os irmãos Sebastião Alves da Silva e José Vieira Filho, por causa da perseguição religiosa em Catolé do Rocha e Brejo dos Santos, deixam a Paraíba e fixam residência em Pitombeira, Município de Boa Viagem, dando início a uma congregação. Ao mesmo tempo, também por conta da perseguição, o irmão Amadeus Alves da Silva e outros vêm de Brejo dos Santos para Pedra Branca, uma fazenda também no Município de Boa Viagem, surgindo uma outra congregação. Organizada em igreja, Cachoeira recebe esses trabalhos, ou congregações, e o Rev. Paulo Moody Davidson continua dando assistência pastoral até 1954, quando é substituído pelo Rev. Cecil Flechtel, pastor da Igreja Cristã Evangélica de Itapipoca, o qual recebe também a colaboração dos missionários Rev. Percy Bellah e Rev. Eduardo Knechtel na assistência do vasto campo missionário.” (SYLVESTRE, 2014: p. 130)

Nessa época, no Estado da Paraíba, esses crentes eram assistidos pelos missionários da UESA inglesa e agora, habitando em solo cearense, o natural era que passassem a ser assistidos pelos missionários da UESA americana, porém, para não gerar conflito doutrinário referente ao modo de batismo, os missionários da UESA do Ceará, prudentemente, respeitaram as posições adotadas pelo novo rebanho.
O Rev. Eduardo, juntamente com outros companheiros, regularmente vinham para cidade de Boa Viagem, onde assistia aos cristãos reformados residentes na zona rural como também os da cidade.
Em uma dessas viagens, quando reuniam-se em um culto na residência de um dos crentes da cidade, foram surpreendidos com uma chuva de ovos e de pedras a mando do vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, o Pe. Francisco Clineu Ferreira, que regularmente incitava o povo a tomar esse tipo de atitude:

“Em 1983, vindo do Canadá para uma visita ao Brasil, esteve aqui o Rev. Cecil Flechtel. Pediu-me para levá-lo à casa onde foram realizados os primeiros cultos. Em frente à casa ele lembrou: ‘Aqui eu pregava enquanto os inimigos [do Evangelho] atiravam pedras e ovos sobre nós’. Acrescentou que, com a roupa suja de ovos, foi a Fortaleza falar com o governador do Estado do Ceará sobre a perseguição religiosa em Boa Viagem e pedir garantia para os crentes, pois estávamos em perigo. O governador tomou as providencias necessárias e a perseguição foi proibida.” (SYLVESTRE, 2014: p. 130-131)

Enquanto isso, na cidade de Fortaleza, quando visitava às igrejas do interior, a sua esposa zelava pelo funcionamento da escola, que começava a produzir alguns frutos:

“No segundo ano algumas mulheres pediam para estudar e Dórothy começou a ensinar um curso de Evangelismo de Crianças. Assim o instituto cresceu até ter 35 alunos. Não dava mais para comportá-los na sala de sua casa. A Igreja Presbiteriana ofereceu uma sala nas dependências de sua igreja na Rua Conde D’Eu. Mais tarde eles dariam aulas nas dependências da Igreja Cristã Evangélica Fortalezense, à Rua Monsenhor Tabosa.” (SIBIMA, 2012: Disponível em www.sibimaseminario.com.br. Acesso em 13 de maio de 2015)

Nessa época, percebendo as necessidades do campo, observou que muitos dos jovens vocacionados que eram enviados para os seminários da cidade do Recife ou de Anápolis não retornavam mais para o Nordeste, especialmente para o Estado do Ceará:

“Como não havia um seminário no Ceará, os missionários mandavam seus líderes em potencial para os seminários em Recife e Anápolis para se prepararem para o ministério. O resultado era que, depois de sair do Ceará e ver o resto do Brasil, a maioria não voltava.” (SIBIMA, 2012: Disponível em www.sibimaseminario.com.br. Acesso em 13 de maio de 2015)

Diante desse grave problema resolveu criar um seminário no Estado do Ceará, que foi denominado pela sigla SIBIMA, o Seminário e Instituto Bíblico Maranata, que atualmente está localizado na Rua do Giro, nº 30, no Bairro Parangaba, na cidade de Fortaleza:

“No segundo ano algumas mulheres pediam para estudar e a Dórothy começou a ensinar um curso em Evangelismo de Crianças. Assim o instituto cresceu até ter 35 alunos. Não dava mais para comportá-los na sala de sua casa. A Igreja Presbiteriana ofereceu uma sala nas dependências de sua igreja na Rua Conde D’Eu. Mais tarde eles dariam aulas nas dependências da Igreja Cristã Evangélica Fortalezense, à Rua Monsenhor Tabosa. Até este ponto o Instituto não tinha o propósito de preparar pastores. O propósito era ajudar leigos, professores da Escola Dominical, etc. para melhor servirem nas suas igreja. Então, os missionários sentiram a necessidade de um seminário residencial para preparar pastores. E em 1959, no Município de Nova Russas, num lugar chamado Pitombeiras, nasceu o Instituto Bíblico Rural. No ano seguinte o nome foi mudado para Instituto Bíblico Maranata. Em 1963 o Sítio Maranata, em Messejana (Distrito de Fortaleza) foi comprado pela missão para ser usado como sede sua e para servir de acampamentos para as igrejas. Logo depois, por causa da dificuldade de acesso a Pitombeiras, o Instituto Bíblico Maranata mudou-se para o Sítio Maranata, continuando como uma escola residencial. Em 1968 tornou-se necessário fechar o Instituto Bíblico Maranata (residencial). Então, os alunos que podiam achar lugar para morar em Fortaleza juntaram-se aos alunos do Instituto Bíblico Noturno de Fortaleza e o nome foi mudado para Instituto Bíblico Maranata.” (SIBIMA, 2012: Disponível em www.sibimaseminario.com.br. Acesso em 13 de maio de 2015)

Nos primeiros meses de 1955 a sua missão decidiu abrir uma livraria, a primeira livraria evangélica da cidade de Fortaleza, que nessa época estava localizada em um prédio alugado na Rua 24 de Maio, Centro. Daí o Instituto Bíblico Noturno de Fortaleza mudou-se para o fundo das dependências da Livraria Evangélica, onde ficou estabelecido até que, em 1974, a missão comprou o prédio na Rua Senador Pompeu, nº 724, Centro.
Mais tarde, em 1974, quando completou 70 anos de idade, depois de dedicar 40 anos de sua vida ao Nordeste brasileiro, o casal Knechtel se aposentou e regressou definitivamente aos Estados Unidos, estabelecendo-se em Chattanooga, no Estado do Tennessee.
Antes disso, por orientação da missão, deixou à direção do Seminário Bíblico Maranata aos cuidados do Rev. George Aubrey Clark.
Em Chattanooga, mesmo aposentado de suas funções eclesiásticas, deu continuidade ao seu ministério proferido palestras nas comunidades que o convidavam até que, no dia 5 de janeiro de 1992, prestes a completar 88 anos de idade, surpreendeu a todos com o seu falecimento.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por sua família na 5ª seção do Hamilton Memorial Gardens, em Hixon, no Tennesseen, nos Estados Unidos.

BIBLIOGRAFIA:

  1. KNECHTEL, Dorothy. Terra de Rios Secos. Fortaleza: Princípios, 2006.
  2. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  3. SANTANA FILHO, Manoel Bernardino de. Desbravadores do Sertão. A Inserção do Protestantismo no Nordeste do Brasil. São Paulo: Editora Reflexão, 2020.
  4. SIBIMA. Rev. Eduardo Carl Knechtel. Disponível em www.sibimaseminario.com.br. Acesso em 13 de maio de 2015.
  5. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão. A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Fortaleza: PREMIUS, 2015.
  6. SYLVESTRE, Josué. Fatos e Personagens de Perseguições a Evangélicos – Antes que as Marcas se Apaguem. Porto Alegre: Editora Mensagem, 1995.