José Góes de Campos Barros

José Góes de Campos Barros nasceu no dia 9 de agosto de 1907 no Município de Flores, no sertão pernambucano, distante 394 quilômetros da cidade do Recife, sendo filho de João do Nascimento Lopes Barros e de Maria de Goés Campos Barros.
Os seus avós paternos eram Joaquim Lopes Diniz e Gertrudes Maria das Virgens, já os maternos eram José Alves de Goés e Melo e Francisca Laudelina Campos Goés.
Nasceu em um lar pautado pela tradição militar, vindo nos primeiros anos de sua juventude a ingressar no Exército Brasileiro.
No dia 25 de janeiro de 1934 ingressou como cadete na Escola Militar do Rio de Janeiro, sendo declarado aspirante para arma de Infantaria do 22º Batalhão de Caçadores.
Depois disso, no dia 23 de junho de 1936, foi colocado a disposição pelo Ministério da Guerra a disposição do Governo do Ceará.
Pouco tempo depois, no dia 19 de setembro de 1936, já na cidade de Fortaleza, juntamente com alguns companheiros de farda, foi promovido a primeiro tenente em um jantar ocorrido no Restaurante Ramon em homenagem aos novos oficiais do 23° Batalhão de Caçadores.
Nessa época, no dia 9 de outubro, conforme registro existente no livro B-11 do Cartório de Registro Civil, na cidade de João Pessoa, no Estado da Paraíba, página 265, tombo nº 1.908, contraiu matrimônio com Neusa Guedes de Campos Barros, nascida em 9 de agosto de 1916, sendo filha de José Inácio Guedes Pereira Filho e de Maria da Silva Guedes Pereira, passando depois disso a morar em um confortável sobrado existente na Rua Teles de Souza, no Bairro Couto Fernandes, na cidade de Fortaleza, onde existia um grande pomar de mangueiras.
Desse matrimônio foram gerados sete filhos, cinco homens e duas mulheres, sendo eles: João Guedes de Campos Barros, Hélio Guedes de Campos Barros, José Guedes de Campos Barros, Maria Neusa Guedes de Campos Barros, Célia Goés de Campos Barros, Francisco de Assis Guedes Barros e Marcelo Guedes de Campos Barros.
Depois disso, em 10 de abril de 1938, ocupando a função de delegado do DEOPS – a Delegacia de Ordem Pública e Social, em diligência dirigida por ele, os seus homens conseguiram prender cerca de 40 integralistas de Jereraú e Pacatuba, inclusive o chefe, Sr. Eduardo Benevides, incursão em que foram apreendidas muitas armas.

“Escolhido o espião, as autoridades iniciaram as investigações. O Tenente José Góes de Campos Barros encarregou-se de comandar a destruição, que descreveu depois no seu ‘Relatório’. Nele, afirma que o número de habitantes do Caldeirão havia tomado tamanho vulto que as autoridades locais alertaram o Capitão Cordeiro Neto, Chefe de Polícia, de ‘certos fatos singulares, que ali estavam passando’. Para esclarecer os ‘fatos’, foi ao sítio o Capitão José Bezerra, disfarçado em industrial interessado nas possibilidades econômicas da região, em relação à indústria de oiticica.” (ALVES, 1994: Disponível em file:///C:/Users/ELIEL/Downloads/243100-154092-1-PB.pdf. Acesso no dia 19 de abril de 2020)

Em nossos dias essa página da história política do Ceará, que ocorreu no governo do Presidente Getúlio Dornelles Vargas, por medo e intolerância contra o regime comunista, muitos atos da força militar foram marcados pela crueldade contra os sertanejos que tentavam viver independentes dos coronéis que determinavam os rumos da política.

“O Tenente José Góes de Campos Barros comandou a expedição, no mês de setembro de 1936. O beato José Lourenço conseguiu fugir, escondendo-se na Serra do Araripe, acompanhado de algumas famílias. Em meio a todo tipo de violências, inclusive estupros, os militares atearam fogo em todas as casas, expulsaram os moradores, destruíram e saquearam o sítio. O Tenente José Góes, em seu relato, diz que após juntar todos os habitantes, explicou a eles para que viera: acabar com a comunidade, porque “o Estado ão podia permitir aquele ajuntamento perigoso”. As ordens eram que cada família juntasse seus pertences e voltassem para os seus locais de origem. ofereceu passagens de trem e de navio, que foram unanimemente rejeitadas: ‘E fato singular, ninguém tinha bens a conduzir. Tudo o que ali estava, diziam, era de todos, mas não tinha dono.'” (ALVES, 1994: Disponível em file:///C:/Users/ELIEL/Downloads/243100-154092-1-PB.pdf. Acesso no dia 19 de abril de 2020)

Em 28 de julho de 1938 ofereceu um banquete, no Ideal Clube, em honra ao Dr. José Martins Rodrigues, que por três meses esteve no exercício da Interventoria Federal de Francisco Menezes Pimentel.
Mais tarde, no dia 5 de setembro de 1942, já como coronel do Exército Brasileiro, assumiu o comando geral da Força Policial do Ceará, hoje Polícia Militar do Ceará, em substituição ao Coronel Luís David de Sousa, permanecendo nessa função até o dia 31 de outubro de 1945, quando foi substituído pelo Coronel João Medeiros Bastos.
Poucos dias depois, em 19 de setembro, tomou posse do cargo de Secretário de Polícia e Segurança Pública, substituindo Rui de Almeida Monte, que deixa o cargo para assumir o de Secretário da Agricultura.

Imagem da casa sede da Fazenda Boa Ventura, em 2020.

Nessa época adquiriu uma propriedade de 2000 hectares na zona rural do Município de Boa Viagem, no Sertão do Estado do Ceará, que recebeu o nome de Boa Ventura, local onde costumava passar as férias escolares com a sua família.

“Uma propriedade muito bem estruturada pelo general, com o plantio de feijão de corda, milho, mandioca, algodão herbáceo e mocó, cana-de-açúcar, engenho para fabrico de rapadura e cachaça. Funcionou como um centro de irradiação de novas técnicas, comprovando o sucesso, pela fartura dominante e o seu desenvolvimento no amplo sentido.” (FAMÍLIAS CEARENSES, 2002: Disponível em http://www.familiascearenses.com.br/index.php/2-uncategorised/116-um-bairro-chamado-damas-genealogia-5-parte. Acesso no dia 19 de abril de 2020)

Mais tarde, por volta de 1962, por conta da distância da capita, se desfez dessa propriedade e investiu no Município de Tururu, onde implantou mudas de café a título de experiência.
Antes disso, no dia 25 de setembro de 1950, foi promovido ao posto de capitão, época em que assumiu a cadeira de francês na Escola Preparatória de Fortaleza e concorreu ao senado como suplente pelo PSD – o Partido Social Democrata, ocasião em que recebeu 203.676 votos.
Nos últimos dias de 1958 um episódio ocorrido com um de seus filhos na Escola Preparatória do Exército terminou com a sua prisão:

“Sábado, 27 de dezembro de 1958 foi realizada solenidade de encerramento do ano letivo e do término de curso dos terceiranistas da Escola Preparatória do Exército. O orador da turma, Hélio Guedes de Campos Barros ‘verberou contra a atitude dos militares que procuram desmoralizar o regime’. O concluinte Hélio Guedes de Campos Barros teve a sua palavra caçada pelo comandante da Escola Preparatória, Coronel Vitor Hugo de Alencar Cabral. Ao final da sessão o Coronel Hugo pediu desculpas ao público presente pelo que tinha acontecido, acrescentando que apesar de ser de praxe o comandante censurar a palavra de seus comandados e só assim o fez pois parecia que o discurso do aluno não havia sido preparado por ele e sim por influência de terceiros da família. Presente ao ato solene, o pai do orador, Tenente Coronel José Goés de Campos Barros pediu a palavra e de pronto o comandante Coronel Vitor Hugo negou, reagindo o tenente chamando-lhe de covarde, no que recebeu ordem de prisão. Conta-se que a interferência de terceiros resolveu o imbróglio, restando punição apenas para o aluno Hélio Guedes de Campos Barros, que cumpriu dez dias de prisão. O fato foi determinante para o jovem aluno desistir do curso da AMAM, a Academia Militar das Agulhas Negras, e ingressar via vestibular na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, havendo ocupado elevadas funções na vida pública civil.”   (FAMÍLIAS CEARENSES, 2002: Disponível em http://www.familiascearenses.com.br/index.php/2-uncategorised/116-um-bairro-chamado-damas-genealogia-5-parte. Acesso no dia 19 de abril de 2020)

Pouco tempo depois desse episódio, no dia 6 de novembro de 1960, é promovido a general de brigada e mais tarde organiza a POLINTER – a Polícia Interestadual, e a Escola de Polícia do Ceará.
No dia 31 de agosto de 1969 assume a coordenação norte/nordeste da CIBRAZEM – a Companhia Brasileira de Armazenamento.
No dia 7 de maio de 1970 ocupou a presidência do IPEC – o Instituto de Previdência do Estado do Ceará, atual Instituto de Saúde dos Servidores do Estado do Ceará, no lugar de Cláudio Couto Lóssio, permanecendo nessa função até o dia 7 de abril de 1975, quando foi precedido por Luciano José Freitas Torres de Melo na intenção de ser o candidato a vice-governador indicado pelo Governador Cesar Cáls de Oliveira Filho.
Em 1979 assume assessoria de Cesar Cáls de Oliveira Filho, ministro de Minas e Energia.
Faleceu no dia 17 de dezembro de 2006, na cidade de Fortaleza, aos 99 anos de idade.

BIBLIOGRAFIA:

  1. ALVES, Tarcísio Marcos. A Santa Cruz do Deserto – Ideologia e protesto popular no sertão nordestino: A comunidade camponesa igualitária do Caldeirão. Dissertação, Mestrado em História – UFPE, 1994.
  2. BARROS, Ten. José Góes de Campos. A Ordem dos Penitentes. Fortaleza: Imprensa Oficial. 1937.
  3. CARIRY, Rosemberg. O Beato José Lourenço e o Caldeirão de Santa Cruz. In: Revista Itaytera. Crato, nº 26, pp.189-199, 1982.
  4. CAVA, Ralph Della. Milagre em Joaseiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1976.
  5. COSTA, Floro Bartholomeu da. O Padre Cícero do Juazeiro – Depoimento para a História. Rio de Janeiro. Anais da Câmara dos Deputados Federais, v. 07 – Sessão de 13 de setembro de 1923, pp. 711-712.
  6. FAMÍLIAS CEARENSES. Um bairro chamado Damas. Disponível em http://www.familiascearenses.com.br/index.php/2-uncategorised/116-um-bairro-chamado-damas-genealogia-5-parte. Acesso no dia 19 de abril de 2020.
  7. HOLANDA, João Xavier de. Polícia Militar do Ceará. Origem, memória e projeção. V I. Fortaleza: Imprensa Oficial do Estado, 1987.