João Cordeiro

João Cordeiro nasceu no dia 31 de agosto de 1842 no Município de Santana do Acaraú, que está localizado na região metropolitana da cidade de Sobral, distante 228 quilômetros da cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, sendo filho de João Cordeiro da Costa e de Floriana Angélica da Vera Cruz.
Os seus avós paternos se chamavam Antônio da Costa Cordeiro e Rita Maria da Conceição, já os maternos eram Tomás Pereira Dutra e Maria Angélica da Vera Cruz.
Na época do seu nascimento Santana do Acaraú era conhecida pelo topônimo “Curral Velho”:

“As suas origens remontam ao início do século XVII e estão divididas em três fases distintas. A primeira relaciona-se com o que se poderia classificar de acidente de percurso, considerando o seu caráter de acidentalidade. A segunda, registrada pouco mais de um século após, vincula-se à primeira excepcionalidade na formação do reduto. E a terceira, já em pleno estado de funcionalidade, registra o agregamento de fazendeiros, colocando em atividade a segunda fase e formando a povoação que só teoricamente existia. Distrito criado com a denominação de Santana, pela lei provincial nº 470, de 29-081848 e ato provincial de 18-03-1842.” (WIKIPÉDIA, 2000: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Santana_do_Acara%C3%BA. Acesso no dia 9 de julho de 2023)

Estudou as primeiras letras entre os onze e doze anos de idade até que, sendo da confiança do Major Francisco Ferreira, que era seu parente, se destacou como caixeiro viajante de sua empresa comercial.
Depois disso, assumiu a responsabilidade por dois grandes armazéns, intermediando o comércio entre Sobral e Santana do Acaraú com dois grandes centros do Nordeste, as cidades de Fortaleza e do Recife.
Em 1860, aos dezoito anos de idade, buscando melhores condições de vida, passou a residir na cidade de Fortaleza, onde se empregou no escritório pertencente a Joaquim da Cunha Freire Primo, o Barão de Ibiapaba, onde permaneceu até 1864.
Depois disso, por conta de uma desavença profissional com o barão, pediu demissão e embarcou rumo a cidade de São Luís, no Maranhão, desejando seguir para cidade de Nova York, nos Estados Unidos.
Um mês depois, não havendo embarcações para América do Norte, retornou a Fortaleza para ser o guarda-livros da empresa “Monteiro & Barros” até que, em 1868, voltou a trabalhar para o Barão de Ibiapaba e o irmão deste, o Visconde Cauípe, na cidade de Mossoró, na Província do Rio Grande do Norte, em uma empresa de compra e exportação de algodão, a “Mossoró & Cia.”, onde permaneceu até 1871. Antes disso, nessa mesma cidade, sendo abolicionista e republicano convicto, fundou o periódico “Mossoroense”, veículo pelo qual difundia ideias republicanas.
De volta a Fortaleza, trabalhou com o português Antônio Neves Cardoso, um negociante importador, chegando a viajar para Portugal, Espanha, França, Bélgica, Itália, Alemanha e Inglaterra, negociando pela empresa.
No dia 23 de janeiro de 1875, aos 33 anos de idade, contraiu matrimônio com Carolina de Castro e Silva, nascida em 19 de junho de 1852, sendo filha de José Lourenço de Castro e Silva e de Maria Amélia Azevedo de Brito.
Desse matrimônio foram gerados seis filhos, três mulheres e três homens, sendo eles: Adalgiza Cordeiro de Aguiar, Almerinda Cordeiro, Francisco Juarez Cordeiro, José Colombo Cordeiro, Adelina Cordeiro e Luís Índio Cordeiro.
No ano seguinte, dissolvendo-se a sociedade, ficou com a firma, agora, em parceria com Domingos Bento de Abreu. Antes disso, sendo conhecido e influente no meio politico da capital, foi nomeado como diretor da Caixa Econômica do Ceará entre os anos de 1875 a 1879.
Nesse mesmo período, entre 1877 e 1878, foi eleito por seus pares para presidir a Associação Comercial do Ceará, entidade que foi fundada em 13 de abril de 1866 e teve entre os seus primeiros membros comerciantes estrangeiros, na maioria deles ingleses e franceses.
Em Fortaleza, pela causa abolicionista, juntamente com outros fundaram o jornal “Libertador”, a partir do qual lançou acirrada campanha contra a escravidão. Nesse mesmo ano, ao lado de Joaquim Catunda, Antônio Sales, João Lopes e outros, fundou o “Clube Republicano”.
Durante a Seca de 1877-1879, a convite do Presidente da Província, o Dr. Caetano Estelita Cavalcanti Pessoa, o Conselheiro Estelita, esteve à frente das políticas de socorro aos flagelados que migravam, aos milhares, para a cidade de Fortaleza.
As dificuldades no combate aos efeitos daquela seca foram ainda mais graves, por conta da epidemia de varíola. Nesse período, em 10 de dezembro de 1878, o Dia dos Mil Mortos, havia 1.004 corpos a serem sepultados em Fortaleza.

Imagem dos membros da Sociedade Libertadora Cearense. Em pé: Isac do Amaral, Papi Júnior, William J. Ayres, Abel Garcia, João Cordeiro, Antônio Bezerra, Dragão do Mar e Alfredo Salgado. Sentados: Oliveira Paiva, João Lopes, José do Amaral e Antônio Dias Martins.

Compunha o quadro de membros da Loja Maçônica Fraternidade Cearense, sendo nessa mesma época convidado a participar da Sociedade Libertadora Cearense, quando foi aclamado entre seus sócios como seu presidente:

“João Cordeiro, nas memórias que escreveu, ao correr do lápis, esclarece que foi convidado por alguns sócios da Perseverança e Porvir para fundarem uma sociedade que se ocupasse da propaganda e da abolição dos escravizados. Aceitou o convite com grande entusiasmo e com os rapazes da perseverança convocou para Palacete da Assembleia da Província, uma reunião dos abolicionistas para a fundação de uma associação, que instalou com o nome de Cearense Libertadora. Compareceu grande número de abolicionista e ele, João Cordeiro, foi aclamado Presidente e, tomando posse do cargo, deu por instalada a sociedade e nomeou uma comissão para organizar os estatutos.” (MARTINS, 2001: Disponível em http://cearanobre.blogspot.com/2014/03/joao-cordeiro-um-abolicionista-cearense.html. Acesso no dia 9 de julho de 2023)

Aos 27 de janeiro de 1881, a Sociedade Libertadora Cearense convocou uma greve de jangadeiros em Fortaleza, que fechou o porto da cidade ao tráfico de escravos. Poucos meses depois, em 30 de agosto, comandou outro momento de enorme tensão no movimento grevista em renhida oposição das forças policiais. A conclusão é que a Província termina libertando oficialmente os escravos aos 25 de março de 1884.
Proclamada a República, ocorrida no dia 15 de novembro de 1889, não aceitou sua nomeação para ser o presidente do Estado do Ceará, chegando a compor a Comissão Executiva em forma de Ministério, sendo encarregado pelos negócios da Secretaria da Fazenda do Estado até o dia 4 de abril de 1891, quando, provisoriamente, assumiu o governo por mais de uma vez.
Era amigo pessoal do Marechal Floriano Peixoto, prestando-lhe direto e efetivo apoio ao seu governo no senado, quando representou o Estado entre os anos de 1892 e 1905.

“Foi Senador da República, amigo íntimo de Floriano Peixoto. Figura máxima do abolicionismo no Ceará. Político de corajosas atitudes e de enorme prestigio junto aos poderes constituídos. Foi considerado nas notas de Eusébio de Sousa deixadas e publicadas na Revista do Instituto do Ceará do ano de 1945 o seguinte: ‘invicto General da Companhia da Abolição’, foi o centro gravitacional da redentora do Ceará. Considerado temperamental quando necessariamente teria que agir, não medindo esforços e nem contava o que era preciso fazer. Tinha uma linha de conduta que até hoje não conseguimos definir, devido o seu direcionamento a tudo e a todos. Foram vários os conceitos a sua pessoa inclusive considerando o seu Cérebro como daqueles que não raciocinava dificuldade. Vencia tudo e muito rapidamente. Nas suas diferentes funções exercidas ao longo de sua existência, ora estava alto, mas dominantemente decidido e decidindo, superando sempre as dificuldades com o seu altruísmo.” (MARTINS, 2001: Disponível em http://cearanobre.blogspot.com/2014/03/joao-cordeiro-um-abolicionista-cearense.html. Acesso no dia 9 de julho de 2023)

Nessa época, estando viúvo, contraiu novas núpcias, dessa vez com Arabela de Paula Barros, nascida em 1877, sendo filha de Francisco de Paula Barros e de Leonor Dowsley Machado.
Desse matrimônio foram gerados quatro filhos, três mulheres e um homem, sendo eles: Yta Porangaba Cordeiro, Jurita Vera Cordeiro, Juarez Benedicto Cordeiro e Leonor América Cordeiro.
De 7 de maio de 1906 a 31 de dezembro de 1908, na cidade do Rio de Janeiro, voltou a representar o Estado do Ceará como Deputado Federal até que, a convite do Presidente Nilo Peçanha, renunciou ao mandato para assumir a função de prefeito do território do Alto Juruá, atual parte do Acre.
Depois disso, ainda na cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 3 de maio de 1909 e 31 de dezembro de 1911, voltou a assumir sua cadeira de Deputado Federal na Câmara de Deputados.
Faleceu na cidade de Fortaleza no dia 12 de maio de 1931, aos 88 anos de idade.

BIBLIOGRAFIA:

  1. MARTINS, Francisco de Assis. João Cordeiro. Disponível em http://cearanobre.blogspot.com/2014/03/joao-cordeiro-um-abolicionista cearense.html. Acesso no dia 9 de julho de 2023.
  2. WIKIPÉDIA. Santana do Acaraú. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Santana_do_Acara%C3%BA. Acesso no dia 9 de julho de 2023.
  3. WIKIPÉDIA. João Cordeiro. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cordeiro. Acesso no dia 12 de julho de 2023.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, no dia 15 de janeiro de 1891, na gestão de Manoel Benício Bezerra de Menezes, presidente do Conselho de Intendência do Município de Boa Viagem, uma das ruas da cidade de Boa Viagem, a antiga Rua da Glória, recebeu a sua denominação.