Aloísio Leo Arlindo Lorscheider

Aloísio Leo Arlindo Lorscheider nasceu no dia 8 de outubro de 1924 no Município de Estrela, distante 113 quilômetros da cidade de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, sendo filho de José Aloysio Lorscheider e de Verônica Gerhardt Lorscheider.
Os seus avos paternos se chamavam José Lorscheider e Maria Luiza Ruppes Lorscheider, já os maternos eram Jacob Gerhardt e Maria Rohenkohl.
Em sua infância, chegando o momento de enfrentar os bancos escolares, foi matriculado por seus pais em uma pequenina escola na localidade de Picada Winck, na zona rural de Lajeado, e logo depois em Palanque, localidade existente no Município de Venâncio Aires, onde foi alfabetizado.
Mais tarde, em 1934, contando já 10 anos de idade, ingressou no Seminário dos Padres Franciscanos, no Município de Taquari, onde concluiu o curso ginasial e colegial.
Nos primeiros meses de 1942, consciente de sua vocação, fez o noviciado e cursou o primeiro ano de filosofia no Convento de São Boa Ventura, em Daltro Filho, na cidade de Garibaldi.
Dois anos depois, em 1944, foi transferido para o Convento Santo Antônio, no Município de Divinópolis, no Estado das Minas Gerais, onde terminou o curso de Filosofia e ingressou no curso de Teologia, passando a adotar o nome religioso de “Frei Aloísio”, nome que conservou até o final de sua vida.
Pouco tempo depois, no dia 22 de agosto de 1948, no Município de Divinópolis, ingressou no sacerdócio ao ser ordenado. Nessa mesma época, já ordenado, lecionou latim, alemão e matemática no Seminário Seráfico, no Município de Taquari.
No final desse mesmo ano foi enviado a Roma, ao Pontifício Ateneu Antoniano, onde especializou-se em Teologia Dogmática. Depois disso, no mês de junho de 1952, defendeu sua tese doutoral, sendo promovido com nota máxima: “summa cum laude”.
Concluindo o seu curso, regressou ao Brasil, tornando a lecionar no Seminário Seráfico de Taquari, até que, no ano seguinte, recebeu nomeação para lecionar Teologia Dogmática no Convento Santo Antônio, em Divinópolis, onde em um período de 6 anos ocupou sucessivamente os cargos de Comissário Provincial da Ordem Franciscana Secular, Conselheiro Provincial e Mestre dos Estudantes de Teologia e dos Candidatos ao estado de Irmão Franciscano.
Nesse convento, além de Teologia Dogmática, lecionou também Liturgia, Espiritualidade e Ação Católica, sendo ainda assistente do Círculo Operário Divinopolitano.
Em 1958 tomou parte no Congresso Mariológico Internacional, ocorrido na cidade de Lourdes e, nesse mesmo ano, foi chamado a Roma para lecionar Teologia Dogmática no Pontifício Ateneo Antoniano.

“Enquanto estudava no Pontifício Ateneo Antoniano tinha como hábito assumir a limpeza dos corredores e lavatórios. A prática, dizia, servia para exercitar a humildade de um bom discípulo de São Francisco de Assis.” (WIKIPÉDIA, 2000: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alo%C3%ADsio_Lorscheider. Acesso no dia 27 de outubro de 2023)

No ano seguinte foi nomeado Visitador Geral para a Província Franciscana em Portugal, ainda nesse ano, de volta da visita canônica, recebeu o encargo de Mestre dos Padres Franciscanos e de Estudantes nas várias Universidades de Roma.
Mais tarde, no dia 3 de fevereiro de 1962, foi nomeado pelo Papa João XXIII bispo da recém-criada Diocese de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, recebendo ordenação episcopal na Catedral Metropolitana de Porto Alegre no dia 20 de maio.
Nessa ocasião, adotou como lema de seu episcopado IN CRUCE SALUS ET VITA (Na Cruz, a Salvação e a Vida). Depois disso, no dia 12 de junho, tomou posse de sua Diocese e, por 11 anos, foi seu bispo diocesano.
Em novembro do ano seguinte foi eleito pela Assembleia do Concílio Vaticano II membro das Comissões Conciliares, nomeadamente para a Secretaria de União dos Cristãos. Tomou parte como “padre conciliar” de todas as sessões do Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965.
Pertenceu ao quadro dos dirigentes da CNBB – a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a partir de 1968, como Secretário Geral, e como Presidente duas vezes consecutivas, de 1971 a 1975 e de 1975 a 1978.
Em outubro de 1970, quando era Secretário-geral da CNBB, foi preso durante uma ação do Dops – o Departamento de Ordem Política e Social, na sede do Ibrades – o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento, o que contribuiu para alterar o posicionamento da Igreja Católica em relação ao Regime Militar e mais tarde deu origem ao livro Brasil Nunca Mais, que registra o nome do boa-viagense David Capistrano da Costa, que foi deputado pelo Estado de Pernambuco

“O Projeto Brasil: Nunca Mais, que foi coordenado pelo Bispo Dom Paulo Evaristo Arns, o Rabino Henry Sobel, o Rev. Jaime Wright e equipe, foi realizado clandestinamente entre 1979 e 1985 durante o período final da ditadura militar no Brasil, no ano de 1985, e gerou uma importante documentação sobre a história do Brasil. O texto sistematizou informações de mais de 1.000.000 de páginas contidas em 707 processos do Superior Tribunal Militar revelando a extensão da repressão política no Brasil cobrindo um período que vai de 1961 a 1979, atualmente constitui-se no fundo mais pesquisado do Arquivo Edgard Leuenroth na UNICAMP, em Campinas. O relatório completo, resultado do esforço de mais de 30 brasileiros que se dedicaram durante quase seis anos a rever a história do período no país, reescrevendo-a a partir das denúncias feitas em juízo por opositores do regime de 64, bem como o livro publicado pela Editora Vozes, tiveram papel fundamental na identificação e denúncia dos torturadores do regime militar e desvelaram as perseguições, os assassinatos, os desaparecimentos e as torturas; atos praticados nas delegacias, unidades militares e locais clandestinos mantidos pelo aparelho repressivo no Brasil. Esse texto se torna importante para literatura do Município de Boa Viagem por registrar o nome do Deputado David Capistrano da Costa, um dos desaparecidos nesse período obscuro e sangrento de nossa história.” (SILVA JÚNIOR, 2o15: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/aloisio-leo-arlindo-lorscheider-bibliografia/. Acesso no dia 27 de outubro de 2023)

Em 1972, foi eleito primeiro Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano CELAM e reeleito em 1975. No ano seguinte, assumiu a presidência do mesmo organismo, em virtude da transferência do titular Dom Eduardo Peronio, Bispo de Mar del Plata, nomeado Cardeal, para a Prefeitura da Congregação dos Religiosos, com sede no Vaticano.

Imagem de uma celebração.

Antes disso, foi eleito Vice-Presidente da Cáritas Internacional e reeleito em 1972, assumindo sua presidência em fevereiro de 1974, em razão do estado de saúde do Monsenhor Vath, o presidente falecido em 1976.
No dia 4 de abril de 1973, com a renuncia do Arcebispo José de Medeiros Delgado, foi nomeado Arcebispo de Fortaleza, no Estado do Ceará, pelo Papa Paulo VI, tomando posse de sua arquidiocese no dia 5 de agosto, sendo substituído em sua antiga Diocese pelo bispo Dom Estanislau Amadeu Kreutz.
Mais tarde, no dia 24 de abril de 1976, Paulo VI nomeou-o Cardeal e, em 24 de maio, recebeu a investidura do Cardinalato com o título de São Pedro in Montorio.

“Tomou parte nos dois conclaves em 1978, que elegeram os papas João Paulo I e João Paulo II. Foi o sétimo cardeal brasileiro.” (WIKIPÉDIA, 2000: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alo%C3%ADsio_Lorscheider. Acesso no dia 27 de outubro de 2023)

No dia 15 de março de 1994 foi tomado como refém por detentos do Instituto Penal Paulo Sarasate, em Fortaleza, quando acompanhava uma visita da Pastoral Carcerária.

Imagem da ação onde foi feito refém.

Essa visita havia sido marcada devido as constantes reclamações dos presos em relação às instalações e à superlotação do complexo penitenciário. A vistoria começou às 9h e já havia passado por todas as celas quando, por volta das 10h, o detento Antônio Carlos de Souza Barbosa, conhecido como “Carioca”, o imobilizou.
Houve troca de tiros após um policial reagir e dois detentos morrerem, tendo um soldado ferido.
As negociações duraram 13 horas e, já perto da meia-noite, os detentos tiveram alguns pedidos atendidos, fugindo em seguida com os reféns para um sítio pertencente a um dos fugitivos no Município de Ibaretama.
Nas negociações pediu para que fosse o último dos reféns a ser libertado, o que aconteceu 20 horas depois, após intensa mobilização da polícia cearense. Ao ser libertado, disse que rezaria pelos sequestradores e chegou a lavar os pés de alguns deles, durante uma missa da Quinta-Feira Santa.
No ano seguinte, depois de constatar problemas cardíacos, solicitou ao Papa João Paulo II a sua transferência para uma diocese de menor porte, pedido que foi atendido quando foi transferido de Fortaleza para a Arquidiocese de Aparecida, no Estado de São Paulo, tomando posse no dia 18 de agosto do mesmo ano.

“Foi o único cardeal brasileiro até hoje a receber votos em um dos conclaves (primeiro conclave de 1978), tanto é que o cardeal Albino Luciani (que foi eleito papa), votou várias vezes nele. No filme The Godfather: Part III O Poderoso Chefão parte 3, é citado durante a votação para eleição do novo papa, em 1978, em que foi eleito o papa João Paulo I. Perguntado, na sua posse como Arcebispo de Aparecida, sobre quais medidas tomaria para conter a saída dos fiéis da Igreja Católica, D. Aloísio retrucou dizendo que havia um engano nessa informação, porque quem saiu da Igreja Católica não foram os fiéis e sim os infiéis, recebendo o aplauso de todos.” (WIKIPÉDIA, 2000: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alo%C3%ADsio_Lorscheider. Acesso no dia 27 de outubro de 2023)

No ano seguinte, na cidade de Guadalajara, no México, participou do II Encontro de Presidentes da CED – a Comissão Episcopal de Doutrina. Em 1997, recebeu o Pálio das mãos do Papa João Paulo II, fazendo parte no mesmo ano do Sínodo dos Bispos para a América.

“Dedicou particular atenção ao clero, no qual procurou desenvolver um profundo sentido de comunhão eclesial e um singular impulso apostólico. A sua atividade junto aos organismos da Santa Sé foi intensa. Participou de todas as assembleias ordinárias do Sínodo dos Bispos, distinguindo-se nas suas intervenções devido à solidez da doutrina e à prudência pastoral. Sagrou dez bispos e ordenou inúmeros sacerdotes.” (WIKIPÉDIA, 2000: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alo%C3%ADsio_Lorscheider. Acesso no dia 27 de outubro de 2023)

Em 2000, com 76 anos, anunciou a sua renúncia, já que pelas regras da Igreja Católica era obrigado a abdicar ao cargo por ter passado dos 75 anos, ocasião em que afirmou que, se fosse por vontade própria, continuaria em Aparecida.
Em 28 de janeiro de 2004, recebeu a notícia da aceitação de sua renúncia e, em 25 de março, entregou a arquidiocese para Dom Raymundo Damasceno Assis, tornando-se assim, arcebispo emérito de Aparecida.
Em seguida, retornou para o Convento dos Franciscanos na cidade de Porto Alegre, onde passou os seus últimos dias, falecendo às 5h30min do dia 23 de dezembro de 2007 no Hospital São Francisco, onde ficou internado por quase um mês.

“O corpo do Cardeal Lorscheider foi sepultado no Cemitério dos Franciscanos junto ao Convento São Boaventura em Imigrante. Nos anos que transcorreram sua páscoa, várias foram as solicitações advindas das dioceses por onde passou o Cardeal. Em 3 de julho de 2018, foi decidido pela província franciscana e a Arquidiocese de Aparecida, a transladação dos restos mortais de Dom Aloísio Lorscheider. Os restos mortais foram divididos em quatro locais, sendo a maior parte em Aparecida (última diocese que ocupou), a Catedral de Santo Ângelo, a Capela do Convento Franciscano São Boaventura e a Catedral Metropolitana de Fortaleza.” (WIKIPÉDIA, 2000: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alo%C3%ADsio_Lorscheider. Acesso no dia 27 de outubro de 2023)

Algum tempo depois do seu falecimento, a pedido de suas ovelhas, o seu corpo foi dividido em partes e sepultado no solo dos locais onde pastoreou, dentre eles a cidade de Fortaleza, onde repousa na Capela da Ressureição, dentro da Catedral Metropolitana.

Imagem de seu túmulo, em 2024.

BIBLIOGRAFIA:

  1. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  2. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Aloísio Leo Arlindo Lorscheider (Bibliografia). Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/aloisio-leo-arlindo-lorscheider-bibliografia/. Acesso no dia 27 de outubro de 2023.
  3. WIKIPÉDIA. Aloísio Leo Arlindo Lorscheider. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alo%C3%ADsio_Lorscheider. Acesso no dia 27 de outubro de 2023.

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