Esperidião de Queiroz Lima

Esperidião de Queiroz Lima nasceu no dia 31 de outubro de 1880 no Município de Quixadá, distante pouco mais de 167 quilômetros da cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, sendo filho do Dr. Arcelino de Queiroz Lima e de Rachel de Queiroz Lima.
Os seus avós paternos eram o Coronel Pedro de Queiroz Lima e Francisca Helena Rosa de Lima, já os maternos se chamavam João Batista Alves de Lima e Joana Batista de Queiroz.
Nasceu graças a valiosa ajuda de uma parteira na Fazenda California, propriedades dos seus pais, onde passou grande parte de sua infância.

“Retirado da vida política, em que logrou o lugar de Senador Estadual (1891),faleceu em 19de novembro de 1895 em sua grande e bela Fazenda Califórnia, em Quixadá.” (STUDART, 2012: p. 147)

Mais tarde, chegando a época de estudar, por volta de 1889, habitando com os seus avós em Guaramiranga, frequentou o Externato Professor Manoel Theophilo da Costa Mendes.
Depois disso, migrando para cidade de Fortaleza, realizou os seus estudos preparatórios no Colégio Abílio até que, em 1896, desejando seguir para o curso superior, foi encaminhado por sua mãe para cidade do Rio de Janeiro.
Nos últimos meses de 1903, aos 23 anos de idade, concluiu o curso de Medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
No ano seguinte, depois de visitar a sua família em sua terra natal, resolve realizar o seu desejo de conhecer o Amazonas e o Acre, que tanto seduziam o seu espírito aventureiro.
Seguindo para o Norte, em parceria com um companheiro de tempos escolares, abriu um consultório médico próximo a uma Farmácia e em seguida foi nomeado Inspetor do Serviço Sanitário da cidade de Manaus, onde permaneceu durante algum tempo.
Ainda empolgado pelo espírito de aventura, não adaptando-se à tórrida e férvida cidade de Manaus, resolveu ir clinicar no Território do Acre, que o fascinava, como em geral aos audaciosos cearenses que o haviam descoberto e conquistado.
Aparelhou-se convenientemente para o almejado empreendimento com um microscópio, um pequeno laboratório para exames de sangue e de fezes, uma Monografia britânica “Culicidae” de Theobald do Museu Britânico, um grande ambulatório com remédios apropriados, muito quinino e ampolas para injeção.

Na imagem o Dr. Esperidião em seu laboratório, no Acre.

Considerando-se preparado, com roupas leves e mosquiteiros de rede, embarcou para o Acre, seguindo contente seu destino, levando grandiosos projetos de estudos e pesquisas.
Decidido a viver realmente no Território do Acre, resolveu tomar uma embarcação que, nas primeiras águas, subiria os rios Purus, Acre até Xapurí esperando, assim, conhecer a área e escolher a sua localização.
Nessa ocasião observou as circunstâncias de navegabilidade dos rios e o cotidiano da viagem como o atracamento em vários portos para receber carvão e lenha e a luta contra os piuns durante o dia, e as muriçocas ao escurecer.

“Notou e percebeu que o Acre parecia ter sido desenhado pela natureza, “no imenso painel de terra firme coberta de floresta”. E no Acre fixou-se o Dr. Esperidião, primeiro morando em Xapurí mudando-se, posteriormente, para a Empresa, onde presenciou ambiente de bajulação, de falsidade e de intrigas formado em torno das autoridades federais, destacando-se competição de proveitos e interesses. Levava a vida medicando pelos seringais, como Capatará, Remanso, Santa Flora, Itú.” (CASTRO E COSTA, 2012: Disponível em https://almaacreana.blogspot.com/2012/01/uma-doce-cobica.html. Acesso no dia 12 de outubro de 2024.)

Em 1908, retornado ao Ceará, contraiu matrimônio com sua prima, Maria de Góes Queiroz Lima, nascida no dia 19 de maio de 1885, sendo filha do Alferes Gaudioso Simão de Castro Góes e de Joanna Lydia Barreira Marinho Falcão.
Desse matrimônio foram gerados alguns filhos, sendo eles: Rodrigo Queiroz Lima, Sylvia de Queiroz Lima, Lydia Queiroz Lima, Myrtha Margarida Queiroz Lima e Doris Queiroz Lima.
Depois de selar o seu compromisso regressou ao Acre, que nesse período passava por uma crise devido ao assassinado de Plácido de Castro e a revolução do Juruá.
Em 4 de setembro de 1911, sem vislumbrar perspectivas favoráveis no horizonte, dada a turbulência política, acompanhado de toda a família, empregados e sua grande bagagem, deixa o Acre, numa viagem de mudança definitiva.
Ainda fascinado pelo ambiente amazônico, radicou-se no Amapá, onde prosseguiu prestando inestimáveis serviços de natureza médica, científica e assistencial.

“Médico, cientista, poeta e historiador, clinicou por longo tempo em Manaus e no Território do Acre, realizando estudos científicos que lhe valeram a nomeação como Médico do Serviço de Indústria Pastoril, do Ministério da Agricultura, no Pará, de onde foi transferido seguidamente para: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Mato Grosso e Santa Catarina. Continuando suas pesquisas, comprovou através de trabalhos realizados na Estação Experimental do Instituto de Biologia Animal de Deodoro (Rio de Janeiro), em1934, que os morcegos hematófagos são responsáveis pela transmissão da RAIVA em animais.” (A CASA DO ESCRITOR, 2020: Disponível em chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://acasadoescritor.com.br/wp-content/uploads/2020/10/CADEIRA-04-DA-AQL.pdf. Acesso no dia 12 de outubro de 2024)

Entre os anos de 1913 e 1914, no Acre, buscando uma sociedade mais justa, assumiu o Trono de Salomão da Loja Maçônica nº 4 em Tarauacá.
Depois de se aposentar como médico, ainda na cidade do Rio de Janeiro, escreveu a história de seus antepassados, “ANTIGA FAMÍLIA DO SERTÃO” (de 1880 a 1895), publicado em 1946, onde fala também da contenda existente entre as famílias Maciel e Araújo, de Boa Viagem.

“O livro é raro e de leitura agradável, o texto conta um pouco da história da família Queiroz no Brasil, especialmente no Sertão do Ceará, estando dividido em seis capítulos. Um de seus capítulos está dedicado a Luciano Domingos Araújo, descendente de Antônio Domingues Álvares, que foi ferido mortalmente em uma emboscada em Quixeramobim, tendo contraído matrimônio com sua noiva no leito de morte, a viúva-donzela descendente da família Queiroz.” (SILVA JÚNIOR, 2024: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/esperidiao-de-queiroz-lima-bibliografia/. Acesso no dia 12 de outubro de 2024)

Escreveu ainda “REMINISCENCIAS”, onde relata fatos de sua infância e mocidade, decorridos entre o sertão e a Serra de Baturité, a escola no Ceará e depois no Rio de Janeiro (de 1895 a 1903), ainda inédito.

Imagem do Dr. Esperidião no Palácio do Catete recebendo do Presidente Juscelino Kubitschek o Título de Inscrição no Livro do Mérito Científico.

Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 1º de janeiro de 1967, aos 86 anos de idade.

BIBLIOGRAFIA:

  1. A CASA DO ESCRITOR. Esperidião de Queiroz Lima. Disponível em chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://acasadoescritor.com.br/wp-content/uploads/2020/10/CADEIRA-04-DA-AQL.pdf. Acesso no dia 12 de outubro de 2024.
  2. CASTRO E COSTA, José Augusto de. Alma Acreana. Disponível em https://almaacreana.blogspot.com/2012/01/uma-doce-cobica.html. Acesso no dia 12 de outubro de 2024.
  3. LIMA, Esperidião de Queiroz. Antiga Família do Sertão. Rio de Janeiro: AGIR, 1946.
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  5. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Esperidião de Queiroz Lima (Bibliografia). Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/esperidiao-de-queiroz-lima-bibliografia/. Acesso no dia 12 de outubro de 2024.
  6. STUDART, Barão de. Dicionário Bio-Bibliográfico Cearense. Dr. Arcelino de Queiroz Lima. Vol. 1. p. 147. Fortaleza: SECULT, 2012.

HOMENAGEM PÓSTUMA

  1. Em sua memória, o seu nome serve como patrono da Cadeira 04 da Academia Quixadaense de Letras;
  2. Em sua memória, na cidade de Quixadá, uma das rua recebeu a sua denominação no Bairro Curicaca.

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