AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:
A Santa Maria, ou Fazenda Santa Maria, é uma localidade existente na zona rural do Município de Boa Viagem, distante pouco mais de 24 quilômetros do Centro da cidade de Boa Viagem, no Estado do Ceará.
Dentro da divisão politico-geográfica, em relação ao Marco Zero, essa localidade está na região norte do Município, dentro dos limites geográficos do território do Distrito de Boqueirão.
A ORIGEM DE SEU TOPÔNIMO:
Designação toponímica classificada como complexa, possui a sua origem na piedade popular, que escolheu como padroeira o nome desse santa, a mãe do Cristo:
“Maria, também conhecida como Maria de Nazaré e chamada pelos católicos e ortodoxos de Virgem Maria, de Santíssima Virgem e de Nossa Senhora, foi uma mulher israelita nascida em Nazaré, identificada no Novo Testamento e no Alcorão como a mãe de Jesus através da intervenção divina. Jesus é visto como o messias — o Cristo — em ambas as tradições, dando origem ao nome comum de Jesus Cristo. Maria teria vivido na Galileia no final do século I a.C. e início do século I d.C., é considerada pelos cristãos como a primeira adepta ao cristianismo.” (WIKIPEDIA, 2000: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_(m%C3%A3e_de_Jesus). Acesso no dia 21 de abril de 2020)
AS SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
No passado essa pequena localidade já possuía algumas casas distantes umas das outras, servindo às famílias dos trabalhadores rurais que eram moradoras das várias fazendas existentes na região, que desde essa época já viviam da criação extensiva de gado e do plantio de culturas como milho, feijão, algodão, mandioca e outras em terras irrigadas pelos afluentes do Riacho Seco, que nasce no Serrote da Olaria.
Nesse período um dos troncos familiares estabelecidos nessa localidade foram os “Guerra”, que espalharam descendentes pelos Municípios de Boa Viagem, Madalena e Itatira, onde destacamos os nomes de Ignácio Alves Guerra e de sua esposa, Ana Tereza de Jesus, pais de Antônio Alves Guerra, que construiu uma capela em cumprimento de uma promessa dedicada ao Menino Deus na cidade de Itatira por volta de 1870.
Algum tempo antes disso, comprometido com o desenvolvimento econômico da propriedade de seus pais, Antônio Alves Guerra realizou uma viagem de negócios para Fazenda Mocambo, que hoje é denominada de Pires Ferreira, onde conheceu uma moça chamada Tereza Ferreira de Oliveira, que era filha de Damásio de Oliveira, um rico agropecuarista daquela região.
“Retornando daquela viagem Antônio Alves Guerra falou para seu pai que tinha conhecido uma moça com quem pretendia casar-se. Em outra viagem que fizeram para o Mocambo o Sr. Ignácio Alves Guerra tratou do assunto com o Sr. Damásio de Oliveira, que se mostrou favorável ao casamento de sua filha com o distinto rapaz.” (TORRES VIANA, 2019: p. 151)
Depois dos ajustes necessários o pai da moça mudou de opinião e possivelmente querendo humilhar o jovem rapaz preparou-lhe uma ingrata surpresa. Essa surpresa, que na realidade era uma armadilha, foi feita na propriedade de seu pretendido sogro, onde possivelmente não poderia ser recusada.
“Acertaram a data do casamento e no dia do evento veio a surpresa: no lugar da pretendida moça o Sr. Damásio de Oliveira apresentou uma de suas escravas. Sem ter escolha e diante dos convidados e parentes, Antônio Alves Guerra aceitou a desfeita e casou-se com a moça que lhe foi apresentada.” (TORRES VIANA, 2019: p. 152)
Estando cativo de sua responsabilidade, apesar da desfeita, desconhecemos o motivo que fez o jovem Antônio Alves Guerra fixar residência na propriedade do Sr. Damásio de Oliveira, o que nos leva a crer que o referido não deu ou negociou a carta de alforria da escrava, algo que despediria o jovem com a sua consorte para Fazenda Santa Maria.
Diante desse fato tal decisão rendeu um novo desfecho na maldosa trama, que teve um de seus capítulos cheio de violência.
“Antônio Alves Guerra ficou morando na Fazenda Mocambo e passou a se encontrar as escondidas com Tereza Ferreira de Oliveira. essa história chegou aos ouvidos de Damásio Oliveira, que passou a preparar uma emboscada para puni-lo severamente. Consciente do que era capaz o pai de sua amada, Antônio Alves Guerra planejou a sua fuga. Contando com o apoio do seu tio Joaquim Alves Guerra, conhecido pela sua coragem e disposição, acertou tudo com Tereza e a escrava com quem havia casado e que era cúmplice de tudo o que estava acontecendo. Na madrugada do dia seguinte partiram rumo a Fazenda Santa Maria, que fica a mais de 30 léguas daquele lugar. Quando amanheceu o dia amanheceu o Sr. Damásio de Oliveira foi informado do que acontecera e preparou imediatamente uma tropa de homens armados para capturar os fujões trazendo sua filha e a escrava para fazenda. No entardecer daquele dia a tropa de homens armados conseguiram alcançar o grupo foragido. Travou-se uma grande luta havendo mortos e feridos de ambos os lados. Percebendo que não conseguiriam vencer, os ‘homens do Damásio” recuaram e retornaram para o Mocambo. Entre os sobreviventes desse ataque estavam: Dona Tereza Ferreira de Oliveira, a escrava, de quem não se sabe o nome, o Sr. Joaquim Alves Guerra e Antônio Alves Guerra, que estava gravemente ferido.” (TORRES VIANA, 2019: p. 152)
Em meio ao tiroteio Dona Tereza pediu proteção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e mais tarde, ao tomar conhecimento da promessa, já estando sarada as suas ferida, seu esposo decidiu construir uma capela em homenagem ao Menino Jesus de Praga.
“Foi com esse sentimento de gratidão que Antônio Alves Guerra doou parte do Sítio olho d’Água do São Pedro para construção da Capela do Menino Deus. A obra foi construída em 1870 e inaugurada no dia 23 de dezembro do mesmo ano com missa celebrada pelo Pe. Manoel Carlos da Silva Peixoto, lente do Seminário Episcopal de Fortaleza.” (TORRES VIANA, 2019: p. 152)
AS LOCALIDADES DE SUA VIZINHANÇA:
O acesso para localidade de Santa Maria, saindo da cidade de Boa Viagem, é feito por via terrestre por meio da Rodovia Federal Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, a BR-020.
A Santa Maria tem em sua vizinhança as seguintes localidades: Carnaubinha, Santa Marta e Poldrinha.
BIBLIOGRAFIA:
- BRAGA, Renato. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Ceará. v. 1º. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1964.
- FRANCO, G. A.; CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- TORRES VIANA, José Vandeir. História de Itatira: dos primórdios aos dias atuais. Canindé: Gecanindé, 2019.
- WIKIPEDIA. Maria, mãe de Jesus. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_(m%C3%A3e_de_Jesus). Acesso no dia 21 de abril de 2020.
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