Raimundo Alves Batista

Raimundo Alves Batista nasceu no dia 9 de setembro de 1930 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Cristino Alves Batista e de Maria Benta de Jesus.
Os seus avós paternos se chamavam José Alves Batista e Joana Alexandrina de Jesus, já os maternos eram Manoel Vieira de Sousa e Sabina Maria de Jesus.
Passou toda a sua infância na localidade de Várzea da Tapera, nas proximidades da vila de Boqueirão, onde o seus pais possuíam uma pequena propriedade rural.
Por volta de 1950, na Capela de São José, que está localizada na Fazenda Boa Ventura, contraiu matrimônio com Maria Mesquita Alves, que era nascida no dia 27 de março de 1927, sendo filha de João Rodrigues Cavalcante com Antônia Rodrigues Cavalcante, que moravam nas proximidades de sua propriedade.
Dessa união foram gerados doze filhos, mas apenas sete conseguiram chegar a fase adulta, seis homens e uma mulher, sendo eles: Luís Alves Batista, José Alves Batista, Antônio Alves Batista, Raimundo Alves Batista, João Alves Batista, Maria Goreth Alves Batista Lima e Antônio Noé Alves Batista.
Algum tempo depois, adotaram como seus mais duas crianças, sendo elas: Noemias Cavalcante Alves e Maria Margareth Cavalcante Alves.
Pouco tempo antes de seu casamento, edificou uma casa nas proximidades da residência de seus pais, onde conseguiu conquistar significativa simpatia política, que o conduziu a ser eleito vereador em duas legislaturas consecutivas.
Durante anos, por conta de sua destacada inteligência e disposição ao trabalho, conseguiu conquistar boas condições financeiras através das negociações e da produção de alguns produtos em sua propriedade, que eram: leite, queijo, manteiga, doces, frutas, verduras e vários legumes.
Em sua propriedade, diferente de outras, mantinha também uma pequena sapataria e uma oficina, que costuma socorrer os vários proprietários que existiam nas redondezas e queriam manutenção em seus equipamentos de casa de farinha, carroças e até veículos.
Nesse tempo, depois de adquirir um jeep, costumava socorrer aqueles que precisavam de urgente atendimento médico na cidade.
Vale destacar ainda que, nessa época, havendo muita fome e uma alta taxa de mortalidade infantil, inexistindo programas sociais patrocinados pelo Governo Federal, mantinha muitas famílias, principalmente crianças, com os alimentos que eram produzidos em sua propriedade.
Diante de sua popularidade, foi convencido por alguns amigos a entrar na vida pública pleiteando uma das vagas do Poder Legislativo e no dia 15 de novembro de 1966, pela ARENA 1 – a Aliança Renovadora Nacional, colocou o seu nome na disputa, mas conseguiu receber apenas 102 votos, ficando na 6ª suplência de sua agremiação partidária.

“A ARENA tinha diretórios em todos os Municípios brasileiros, e, em muitos Municípios, apresentava candidato único, ou apresentava sublegendas (até 3) permitidas pela lei eleitoral, lançando 2 ou três candidatos a prefeito no mesmo Município, o que acomodava as diversas correntes do partido.” (S.N.T)

Nessa mesma época, juntamente com a sua família, passou a regularmente frequentar os ofícios religiosos que aconteciam na Igreja Evangélica Congregacional de Várzea da Tapera, sendo batizado no dia 13 de dezembro de 1968 pelo Rev. Ezequiel Fragoso Vieira.
Algum tempo depois, nos primeiros anos da década de 1970, envolvido nas causas sociais que tinham como intuito melhorar as condições de vida dos agricultores do Município, conseguiu figurar entre os fundadores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Boa Viagem, participando de sua primeira diretoria:

“O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Boa Viagem foi fundado aos 17 dias de outubro de 1971, pelo Sr. João Mendes de Andrade. A sua primeira diretoria foi composta por Francisco da Cunha Araújo e Raimundo Alves Batista, tendo de início 184 sócios.” (NASCIMENTO, 2002: p. 247)

Nas primeiras lutas o sindicato sofreu muita resistência por parte dos grandes proprietários rurais do Município, os seus diretores eram constantemente ameaçados de morte, o que fez com que o seu primeiro presidente renunciasse de suas funções em seu favor.
Assumindo à presidência, uma de suas primeiras atitudes foi locar uma caminhonete e sair pelo Município, juntamente com o seu filho e a sua nora, Luís Alves Batista e Maria Mocinha Teixeira Pinto Batista, arrecadando donativos para aquisição da sede do sindicato, meta que foi atingida dentro de pouco tempo ao adquirir duas casas na Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima.
Nessa época, como era de se esperar, o sindicato percebeu que tinha a necessidade de ter um representante dentro do Poder Legislativo municipal, e o seu nome figurou entre os melhores que tinha para o representar, sendo que, antes disso, ao sair da presidência, indicou o seu filho como seu sucessor.
Na eleição que ocorreu no dia 15 de novembro de 1976, dessa vez contando com o apoio de seu sindicato, voltou ao cenário político conseguindo uma das vagas da Câmara Municipal de Vereadores.

Imagem da solenidade de posse como vereador, em 1976.

No dia 7 de maio de 1977, no exercício de sua função, apresentou requerimento à mesa diretora da Câmara Municipal solicitando ao gabinete do prefeito a construção de três unidades escolares, sendo uma na localidade de Várzea da Ipoeira, outra na localidade de Areias e outra no Lázaro.
Nessa legislatura, que foi prorrogada por mais dois anos, dando apoio ao projetos vindos do gabinete do Prefeito Benjamim Alves da Silva, aprovou orçamento para construção do Centro Administrativo Gov. Virgílio de Morais Fernandes Távora; a instalação do projeto sertanejo; a construção do Terminal Rodoviário Samuel Alves da Silva; a construção do Terminal Aéreo Cel. Virgílio de Morais Fernandes Távora; a construção do Açude da Massangana; a construção das muralhas do Estádio Municipal Dr. Francisco Segismundo Rodrigues dos Santos Neto e a instalação da EMATERCE, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará.
No pleito seguinte, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1982, militando nos quadros políticos do PDS 2 – o Partido Democrático Social, apoiando a chapa que tinha o nome de um de seus filhos como candidato a vice-prefeito, Luís Alves Batista, e era encabeçada pelo nome do Dr. Francisco Segismundo Rodrigues dos Santos Neto, com a legenda nº 1.603, conseguiu receber a confiança de 468 eleitores, sendo reconduzido a uma das cadeiras do Poder Legislativo.
Nessa disputa eleitoral o voto era vinculado, quando o eleitor tinha de alinhar a sua escolha entre os poderes Executivo e Legislativo sob a pena de ter o seu voto anulado: 

“Em 15 de novembro de 1982 o eleitorado brasileiro foi chamado a eleger os governadores que administrariam os seus Estados pelo interregno temporal de quatro anos, a contar de 15 de março de 1983, num pleito que envolveu cerca de 70 milhões de eleitores sendo a primeira eleição direta para governador de Estado desde os anos 1960. Neste pleito valeu o ‘voto vinculado’: o eleitor teria que escolher candidatos de um mesmo partido para todos os cargos em disputa, sob pena de anular o seu voto.” (S.N.T)

Antes disso, manteve um relacionamento extraconjugal com Maria Santa Rodrigues Cavalcante, que era nascida no dia 25 de janeiro de 1938, sendo filha de Cecílio Rodrigues Cavalcante com Maria Rodrigues do Nascimento.
Desse relacionamento foram gerados quatro filhos, mas apenas três conseguiram sobreviver, dois homens e uma mulher, sendo eles: Antônio Cavalcante Alves Batista, Samuel Cavalcante Alves Batista e Rute Cavalcante Alves Batista.
No dia 24 de agosto de 1984, no exercício de sua função, apresentou requerimento à mesa diretora da Câmara Municipal solicitando ao gabinete do prefeito a pavimentação em pedra tosca das principais ruas da localidade de Boqueirão.
Pouco tempo depois, na sessão ordinária ocorrida no dia 3 de abril de 1987, encaminhou um requerimento à mesa diretora solicitando uma licença médica de 90 dias, sendo substituído pelo Vereador Manuel Magalhães Gomes.
Mais tarde, na sessão ordinária que ocorreu no dia 18 de março de 1988, solicitou da mesa diretora da Câmara uma licença de 90 dias para tratamento médico, em seu lugar assumiu o suplente, o Vereador Manoel Moreira de Melo.
Na disputa eleitoral seguinte, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1988, o seu herdeiro político, Luís Alves Batista, sofreu grave perseguição política movida pelo Dr. Deodato José Ramalho Júnior, correndo o risco de ter a sua candidatura à Câmara de Vereadores impugnada.
Diante desse fato, entendendo que o sindicato deveria ter um representante na Câmara de Vereadores, militando nos quadros políticos do PFL – o Partido da Frente Liberal, decidiu registrar a sua candidatura, que recebeu a legenda nº 25.610.
Poucos dias antes do pleito, em 4 de outubro, o Tribunal de Justiça Eleitoral do Estado do Ceará julgou o caso de seu filho e autorizou a sua candidatura, mesmo assim recebeu 3 votos e ainda conseguiu ver o seu filho eleito depois de receber uma expressiva votação.
No dia 17 de outubro de 1990, uma quarta-feira, às 12h40min, depois de vários anos de vida conjugal, foi surpreendido pelo repentino falecimento de sua querida esposa, que sofria de diabetes e corria o risco de amputar uma de suas pernas por conta de uma gangrena.
Pouco tempo depois disso, no pleito eleitoral ocorrido no dia 3 de outubro de 1992, deu total apoio ao projeto político de seu filho, que na época era vereador e havia novamente se candidatado a vice-prefeito, dessa vez na chapa que tinha como candidato majoritário o nome de José Vieira Filho – o Mazinho.
Em 1993, sofrendo de graves problemas cardíacos, por recomendação médica logo após uma delicada cirurgia, que ocorreu no Hospital da Clinicas, foi convencido a se afastar dos serviços da agricultura, entretanto, mesmo consciente de suas limitações físicas, não obedeceu a essas recomendações e poucos dias depois dessa cirurgia já trabalhava no serviço pesado de sua propriedade, atitude que agravou ainda mais os seus problemas de saúde.
Segundo informações existentes no livro C-06, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 5.024, folha 289v, faleceu às 15h10min do dia 18 de agosto de 2007, aos 76 anos de idade, em sua residência, na Várzea da Tapera.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu  corpo foi sepultado por seus familiares em um mausoléu existente no Cemitério das Lembranças.

BIBLIOGRAFIA:

  1. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  2. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  3. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão. A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Fortaleza: PREMIUS, 2015.
  4. VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito José Vieira Filho, através da lei nº 985, de 19 de dezembro de 2007, uma das ruas do Bairro Recreio, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura;
  2. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 1.089, de 28 de março de 2011, orientado pelo Ministério Público através do Promotor Dr. Marcus Vinícius Amorim de Oliveira, por força da lei nº 6.454, de 24 de outubro de 1977, que trata sobre a proibição da utilização do nome de pessoas vivas em edifícios públicos, bem como no que está escrito na Lei Orgânica do Município, a Escola de Ensino Fundamental Cláudio Carneiro, que está localizada na comunidade rural de Boa Ventura, teve o seu nome alterado para Escola de Ensino Fundamental Raimundo Alves Batista.

“Art. 14 – É vedado ao Município: VIII – Atribuir nome de pessoa viva a rua, praças, logradouros públicos, pontes, viadutos, reservatórios d’água, praças de esporte, estabelecimentos de ensino, hospitais, maternidade, auditórios, salas, distritos e povoados.”