Pe. José Bezerra do Vale Filho

José Bezerra do Vale Filho nasceu no dia 19 de janeiro de 1919 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de José Bezerra do Vale e de Maria José Cavalcante.
Os seus avós paternos se chamavam João Bezerra da Silva e Rosalina Maria de Jesus, já os maternos eram José Bezerra Cavalcante e Maria Joaquina de Queiroz.
Poucos tempo depois do seu nascimento, no dia 22 de janeiro, cumprindo os costumes da confissão religiosa de seus pais, recebeu o sacramento do batismo das mãos do Mons. José Cândido de Queiroz Lima.
Pouco sabemos sobre os primeiros anos de sua infância, o que temos conhecimento é que, graças à sólida influência de seus pais, desde muito cedo, juntamente com outras duas irmãs, demonstrou forte pendor para vida religiosa.
Quando criança, logo que atingiu a idade permitida, se dispôs em ajudar o pároco como acólito nas celebrações das missas e ladainhas que eram promovidas com frequência pela Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Dentro de pouco tempo o vigário de sua época, o Mons. Francisco José de Oliveira, percebendo a vocação para o sacerdócio demonstrada pelo jovem rapaz, o referendou aos estudos eclesiásticos no Seminário Episcopal do Ceará, que está localizado na Rua Tenente Benévolo, nº 201, no Centro da cidade de Fortaleza.
Nessa época, janeiro de 1934, com apenas 15 anos de idade, saiu da cidade de Boa Viagem para ingressar em uma das turmas do Seminário da Prainha, onde realizou os estudos propedêuticos necessários ao seminário maior, onde pôde cursar inicialmente Filosofia e posteriormente Teologia.
Foi ordenado sacerdote romano no dia 5 de dezembro de 1943 na Igreja da Prainha pelo arcebispo de Fortaleza, Dom Antônio de Almeida Lustosa, sendo nomeado poucos dias depois vice-diretor do Colégio Castelo Branco, uma escola pertencente a Arquidiocese de Fortaleza:

“Fundado com a denominação de Instituto Miguel Borges, pelo Prof. Odorico Castelo Branco, que recebeu o atual nome em homenagem a seu fundador, falecido em 1921 e que ficou conhecido até hoje pelo nome de Colégio Castelo Branco. Ocupou um prédio da Rua Major Facundo, nº 156-B. Em 1910 mudou-se para Rua Senador Pompeu, nº 24, e depois foi para Praça Senador José Júlio, atual Coração de Jesus, onde ficou até a morte de seu proprietário. Teve o nome mudado para Castelo Branco e foi alienado o seu patrimônio para a Arquidiocese de Fortaleza e mudou-se para a Avenida Dom Luís, hoje Dom Manuel, nº 339.” (S.N.T)

Depois de ordenado, celebrou a sua primeira missa no dia 8 de dezembro na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha, que está localizada na Avenida Monsenhor Tabosa, s/nº, na Praia de Iracema.

Imagem do Pe. José Bezerra do Vale Filho e de sua irmã, que também era religiosa, e se chamava Irmã Joaquina.

Nessa época, em março de 1945, enquanto não recebia uma designação pastoral, teve a oportunidade e o grato privilégio de servir como secretário particular do arcebispo até que, depois de algum tempo, em janeiro de 1946, foi nomeado vigário coadjutor do Pe. Vicente de Paulo Araújo Matos, na Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, no Município de Capistrano, que está localizado na região Norte do Estado, no Maciço do Baturité, distante 140 quilômetros da cidade de Fortaleza.
Durante o tempo de sua coadjutoria, nessa freguesia, a sede da paróquia estava localizada no Distrito de Capistrano de Abreu, que pertencia ao Município de Baturité:

“Foi elevado a condição de Município com a denominação de Capistrano por meio da lei estadual nº 1.153, de 22 de novembro de 1951, sendo instalado no dia 25 de março de 1955.” (S.N.T)

Nessa mesma época, a partir do dia 31 de janeiro de 1945, serviu como coadjutor do Pe. Frei Policarpo Cornélio, na Igreja Matriz de São Francisco de Paulo, na cidade de Aratuba, onde permaneceu até o dia 18 de março, quando recebeu nova provisão, a Paróquia de São Luiz de Gonzaga, em Pitombeiras, um Distrito pertencente ao Município de Cascavel.

“Um novo pároco, Pe. José Bezerra do Vale Filho, entrou em 19 de fevereiro de 1950, logo anunciando que pretendia erguer uma igreja em Boqueirão do Cesário.” (BARROSO, 1999: p. 248)

Mais tarde, por meio do decreto episcopal nº 90, do dia 20 de janeiro de 1952, foi nomeado vigário da Igreja Matriz de São Sebastião, que está localizada na Avenida Coronel João Paracampos, nome urbano da Rodovia Estadual CE-456, s/nº, no Centro da cidade de Choró, no Sertão do Quixeramobim, distante 180 quilômetros da cidade de Fortaleza.
Nessa época, Choró era apenas um Distrito pertencente ao Município de Quixadá, e por algumas vezes conseguiu e perdeu a sua tão desejada autonomia política:

“O lugar era denominado de Boqueirão do Limão, local onde foi construído o Açude Pompeu Sobrinho, que represou o Rio Choró, ficando popularmente conhecido como Choró-Limão. Do acampamento de operários da construção desse açude surgiu o povoamento ao redor da Capela de São Sebastião.” (S.N.T)

Durante o seu longo pastorado nessa localidade conseguiu construir um forte laço de amizade com as pessoas daquela pequena e sofrida comunidade. O reflexo desta sólida simpatia do povo está gravado nas inúmeras homenagens prestadas a ele na sede daquele pequeno Município.

Imagem da Igreja Matriz de São Sebastião, na cidade de Choró.

Mesmo com as suas responsabilidades nessa paróquia, sempre que tinha oportunidade, visitava a sua terra natal para rever os seus parentes e amigos. Em uma dessas ocasiões, participou ativamente das Santas Missões realizadas em nosso Município, onde esteve ao lado do bispo da Diocese de Quixadá, Dom Joaquim Rufino do Rego.
Era muito querido e estimado por onde quer que andasse, destacava-se dos demais pela sua simplicidade e maneira amável como tratava todas as pessoas de sua paróquia, principalmente as mais humildes.
Contemporâneos nos deram conta de que, no final de sua vida, jé residindo na cidade de Quixadá, depois de afastado de suas atividades sacerdotais, costumeiramente andava com um pequeno valor em dinheiro em um dos bolsos de sua batina, esse gesto tinha o intuito de ajudar aos mais necessitados que perambulavam pelas ruas, por isso o seu falecimento causou uma grande consternação nas pessoas daquele Município.

Imagem do Pe. José Bezerra do Vale Filho.

Com apenas 61 anos de idade, sofrendo com problemas em sua delicada saúde, passou por uma intervenção cirúrgica no Hospital Cura d’Ars, que está localizado na Rua Costa Barros, nº 833, no Centro da cidade de Fortaleza.
Depois de alguns dias dessa operação, em um dos leitos daquele hospital, sofreu uma queda da cama, que prejudicou a sua recuperação e, para tristeza de todos os que o conheciam, lamentavelmente veio a óbito no dia 17 de agosto de 1980.
Depois de seu falecimento, imediatamente o seu corpo foi levado para o Município de Quixadá, onde recebeu as homenagens do clero e do povo, que fluiu de todas as direções, organizados em caravanas, no intuito de participarem do ofício fúnebre de despedida do querido sacerdote.
Logo em seguida, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu esquife foi sepultado no interior da Capela do Sagrado Coração de Jesus, que está localizada na Praça José de Barros Ferreira, no Centro da cidade de Quixadá, onde por algum tempo serviu como capelão.

“Após o altarzinho de São José fica uma lápide, no solo, indicando o lugar da inumação dos restos mortais do Pe. José Bezerra do Vale Filho. Esse sacerdote devia ser muito querido, já que ainda hoje colocam flores e se acendem velas junto à sua tumba.” (BARROSO, 2005: p. 263)

BIBLIOGRAFIA:

  1. BARROSO, Francisco de Andrade. Igrejas do Ceará. Crônicas Histórico-Descritivas. 2º v. Fortaleza: LCR, 1999.
  2. BARROSO, Francisco de Andrade. Igrejas do Ceará. Crônicas Histórico-Descritivas. 3º v. Fortaleza: PREMIUS, 2005.
  3. CAVALCANTE COSTA, João Eudes. Ruas que Contam a História de Quixadá. Fortaleza: ABC, 2008.
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  5. PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de registro de batismos. 1918-1920. Livro A-14. Tombo nº 333. Página 34.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito Renato de Araújo Carneiro, através da lei nº 998, de 23 de novembro de 1980, uma das ruas do Bairro Alto da Boa Vista, na cidade de Quixadá, recebeu a sua denominação;
  2. Em sua memória, na cidade de Choró, um busto foi edificado em homenagem ao seu pastorado naquela comunidade;
  3. Em sua memória, na cidade de Choró, o Governo Municipal decidiu utilizar a sua nomenclatura na unidade hospitalar existente naquela cidade, que está localizada na Rua Hilda Bezerra Piancó, nº 371, Centro;
  4. Em sua memória, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, através da lei nº 459, de 21 de março de 1988, um dos logradouros do Bairro de Nossa Srª de Fátima, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.

Imagem do busto do Pe. José Bezerra do Vale Filho, em Choró.