Pe. Antônio Correia de Sá

Antônio Correia de Sá nasceu no dia 5 de setembro de 1826 no Município de Aquiraz, que está localizado na Costa Leste do litoral cearense, distante 32 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de João Correia de Sá e de Tereza de Jesus Sá.
Pouco tempo depois do seu nascimento, no dia 22 de outubro, seguindo os preceitos recomendados pela Igreja Católica Apostólica Romana, os seus pais o levaram à pia batismal da Igreja Matriz de São José de Ribamar, onde foi batizado por um parente próximo, o Pe. Lourenço de Correia de Sá, que era vigário interino daquela igreja.
Ainda em tenra idade, logo que foi despertado em seguir a vocação religiosa, foi encaminhado aos estudos eclesiásticos no Seminário Episcopal de Nossa Senhora da Graça, que está localizado na Rua Bispo Coutinho, s/nº, no Bairro do Carmo, na cidade de Olinda, no Estado de Pernambuco, onde realizou os estudos propedêuticos e depois os necessários a seguir na vida sacerdotal:

“O Seminário de Olinda era um estabelecimento de cunho marcadamente iluminista […] O seu plano de estudos previa a formação do clero pelo cultivo das ciências, mas a instituição também era aberta aos leigos, recebendo como alunos muitos jovens de famílias abastadas. As suas cadeiras serviam como disciplinas preparatórias para os estudos superiores e incluíam gramática latina, grego, retórica, poética, filosofia (lógica, metafísica e ética), filosofia natural (história e ciências naturais) e matemática, além de teologia moral e dogmática.” (VEIGA, 2007: p. 66)

Depois de alguns anos de estudos, foi finalmente ordenado no dia 25 de julho de 1850 pelo bispo diocesano, Dom Frei João da Purificação Marques Perdigão, e logo em seguida foi nomeado vigário encomendado da Igreja Matriz de São José de Ribamar, na vila de Aquiraz, a sua terra natal, onde permaneceu até os primeiros meses de 1854.

Imagem da Igreja Matriz de São José de Ribamar, na cidade de Aquiraz, em 2012.

Pouco tempo antes disso, na primeira metade do século XVIII, era muito comum, no interior do Ceará, os delegados do Governo da Província de Pernambuco, bem como os visitadores apostólicos, os missionários e os representantes do bispado pernambucano, darem ordens para a edificação de igrejas no intuito de, no futuro, criarem novos curatos.
Nessa época, a vida religiosa no Ceará já estava bastante desenvolvida e de longe já se fazia sentir a necessidade de um bispado que atendesse melhor às necessidades do povo cearense.
Finalmente esse desejo foi concretizado no dia 6 de junho de 1854, quando o Papa Pio IX, em acordo com o governo brasileiro, criou o bispado de Fortaleza através da bula “Pro Animarum Salute”.
Depois de algum tempo, quando foi definida a área geográfica da nova diocese, o Pe. Antônio Correia de Sá resolveu continuar compondo o quadro de vigários da Província do Ceará.
Diante disso, ainda dentro do período de transição, recebeu a designação da diocese de Pernambuco de prestar assistência religiosa na área da Paróquia de Santo Antônio de Pádua, na vila de Quixeramobim, que está localizada no Sertão cearense.
Segundo informações existentes no periódico O Cearense, ano XI, nº 964, página 3, na eleição municipal ocorrida no dia 17 de setembro de 1856, pleiteando uma da cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores de Quixeramobim, recebeu 69 votos, ficando entre os 12 candidatos mais votados.
Dentro do perímetro pertencente a essa paróquia conseguiu, com muita dificuldade, desenvolver algumas de suas atividades pastorais na Capela de Jesus, Maria e José, na vila de Quixadá, comunidade que era rotineiramente visitada por ele.

“Numa dessas festas Quixadá foi visitada, pela primeira vez, por uma charanga, contratada de Baturité, pelo Pe. Antônio Correia de Sá, no ano de 1854. Este padre era vigário em Quixeramobim e vinha todos os anos (1854 a 1860) celebrar a festa de nossos padroeiros. Espírito vibrante, fazia dos festejos de Jesus, Maria e José um grande acontecimento religioso, com pregações diárias, dando oportunidade para que os seus paroquianos externassem, de público, toda a devoção, fé e esperança na proteção da Sagrada Família de Nazaré.” (COSTA, 2002: p. 20)

Nessa oportunidade, em Quixadá, substituiu o Pe. Tomás de Aquino Rocha, até que, pouco tempo depois, em 1860, por ordem da diocese, foi nomeado capelão de Boa Viagem, deixando em seu lugar o Pe. José da Cunha Pereira.
Na época a referida capela de Boa Viagem estava aos cuidados do Pe. Manoel Rodrigues Campos, que também acumulava a função pública de inspetor escolar, assumindo a sua função religiosa no dia 2 de maio de 1859 até que, pouco tempo depois, assumiu também a função de inspetor de instrução pública no lugar de José Bezerra da Silva Júnior.
Pouco tempo depois, no dia 4 de maio de 1863, depois da criação da paróquia e da definição de seus limites geográficos, agora sob as ordens de um novo bispo, D. Luís Antônio dos Santos, recebeu nomeação para assumir como vigário encomendado da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, permanecendo nessa função até o ano de 1864, quando foi substituído na paróquia e na inspetoria escolar pelo Pe. João Antônio do Nascimento e Sá.

“A nossa capela primitiva foi elevada à categoria de Matriz e desmembrada da freguesia de Santo Antônio de Quixeramobim pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862.” (NASCIMENTO, 2002: p. 81)

De acordo com as notas do Dr. Leonardo Mota, que existem no Arquivo Público do Estado do Ceará, enquanto esteve no Município de Boa Viagem, uma de suas principais ações frente a essa paróquia foi o levantamento de recursos junto ao Governo da Província no intuito de construir o Cemitério de Nossa Senhora da Conceição, conhecido atualmente como Cemitério Parque da Saudade, tendo em vista que naquela época os sepultamentos ainda eram feitos no piso ou nos fundos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem.

Ofício de 4 de março de 1862 – O capelão Pe. Antônio Correia de Sá informa ao presidente da Província do Ceará, Manoel Antônio Duarte de Azevedo, os apelos infrutíferos que dirigiu… em prol da construção do cemitério daquela localidade.” (MOTA, APEC: p. 214)

Lembrando que nessa época, devido ao acordo de padroado, o governo brasileiro era quem arcava com todas as despesas da Igreja Católica Apostólica Romana, inclusive os salários de seus religiosos, e todos os cemitérios eram administrados pelos padres, que eram os responsáveis pelos registros de compra e venda das terras, dos nascimentos e dos obituários de suas paróquias.

Imagem clássica do Pe. Antônio Correia de Sá.

Ainda nessa época, no dia 4 de março de 1864, ainda em solo boa-viagense, pleiteando um espaço na política provincial, algo comum naquela época, escreveu à junta eleitoral da Província no intuito de defender-se de algumas acusações até que, retornando para vila de Aquiraz, a sua terra natal, passou a dividir o seu tempo entre a política e a administração da herança deixada pelo seu genitor.

Ofício de 4 de março de 1864 – O vigário Pe. Antônio Correia de Sá defende-se perante o governo provincial das acusações que lhe foram feitas pela junta de qualificação eleitoral.” (MOTA, APEC: p. 214)

Depois das devidas explicações à junta de qualificação eleitoral da Província, já residindo na vila de Aquiraz, militando entre os liberais, conseguiu ser eleito deputado provincial do Ceará para legislatura de 1868 a 1869.
Algum tempo depois, no dia 12 de março de 1873, foi novamente nomeado vigário da Igreja Matriz de São José de Ribamar até que, no dia 26 de agosto de 1875, de acordo com o livro de óbitos existente na secretaria da Paróquia de São José de Ribamar, subitamente surpreendeu a todos quando aos 49 anos de idade veio a óbito, provavelmente vítima de um infarto fulminante.
Logo após o seu falecimento, depois das exéquias fúnebres realizadas por sua comunidade, o seu corpo foi sepultado no Cemitério de São José, que está localizado nas proximidades da Igreja Matriz de São José de Ribamar, na vila de Aquiraz.

Imagem do túmulo do Pe. Antônio Correia de Sá, em 2014.

BIBLIOGRAFIA:

  1. LIRA, João Mendes. Subsídios para a História Eclesiástica e Política do Ceará. Fortaleza: Companhia Brasileira de Artes Gráficas, 1984.
  2. MACÊDO, Diocleciano Leite de. Notariado Cearense – História dos Cartórios do Ceará. V II. Fortaleza: Expressão Gráfica, 1991.
  3. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  4. PARÓQUIA DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR. Livro de tombo dos óbitos. 1866-1879. Livro A-04. Tombo 501. Página 62.
  5. SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na Evangelização do Ceará (1700-2004). 1º Vol. Fortaleza: PREMIUS, 2004.
  6. VEIGA, Cinthia Greive. História da Educação. São Paulo: Editora Ática, 2007.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito Manoel Araújo Marinho, mesmo sem uma fundamentação legal, uma escola da rede municipal de Boa Viagem, a Escola de Ensino Fundamental Pe. Antônio Correia de Sá, recebeu o seu nome;
  2. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Gervásio de Queiroz Marinho, através da lei nº 30, de 3 de outubro de 1959, o trecho urbano da Rodovia Estadual CE-168, que divide o Bairro de Nossa Srª de Fátima do Bairro Osmar Carneiro, passando pelo Centro e dividindo o Bairro Vila Azul do Bairro Alto do Motor, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.