Patrício Alves de Lima nasceu em 28 de junho de 1807 no Município de Riacho do Sangue, atual Solonópole, que está localizado no Sertão do Estado do Ceará, distante 272 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Ignácio Alves Meirelles e de Isabel Maria de Lima.
Os seus avós paternos se chamavam Manoel Geraldo Alves Meireles e Idalina Cunha Souto Maior, já os maternos ainda nos são desconhecidos.
Na época do seu nascimento a vila de Boa Viagem, que também era conhecida pela alcunha de “Cavalo Morto”, era apenas uma minúscula localidade existente dentro dos limites geográficos pertencentes ao Município de Quixeramobim.
“Distrito criado com a denominação de Boa Viagem, ex-povoado de Cavalo Morto, pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862. Elevado à categoria de vila com a denominação de Boa Viagem, pela lei provincial nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, desmembrado de Quixeramobim.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017)
Mais tarde, ainda menino, não sabemos por qual motivo, passou a residir com alguns dos seus familiares na ribeira do Caranguejo, na região do Jaguaribe, onde permaneceu toda a sua infância e juventude.
Nesse tempo, em 1822, aos 15 anos de idade, foi tomado de surpresa com a notícia do rompimento do Brasil com Portugal.
Depois disso, nos primeiros meses de 1832, aos 25 anos de idade, de acordo com o jornal Pedro II, ano 49, número 36, página 2, edição do dia 1º de março, em seu obituário, temos conhecimento de que esteve presente combatendo às forças de Joaquim Pinto Madeira naquilo que ficou conhecido na história brasileira como Insurreição do Crato.
“Como oficial das antigas milícias fez parte das forças legais que em seu auxílio o governo conseguiu debelar os revoltosos de 1832 capitaneados por Pinto Madeira, tomando parte ativa, além de outras ações, nas que se travaram em Icó, Barbalha, Missão Velha e Barra do Jardim.”
Foi casado em primeiras núpcias com Maria do Carmo de Sousa Lima, com quem gerou seis filhos, aos quais não sabemos os nomes.
Muitos anos depois, já estabelecido no Sertão Central, no dia 24 de julho de 1840, segundo informações existentes no livro B-04, pertencente à secretaria da Igreja Matriz de Santo Antônio de Quixeramobim, página 180v, no Sítio Jantar, estando viúvo, diante do Pe. Inácio Antônio Lobo, contraiu matrimônio com Maria Joaquina do Nascimento Lima, sendo filha de Bento Pereira de Sousa e de Ana Rosa dos Prazeres.
Desse matrimônio foram gerados 21 filhos, sendo que apenas 10 chegaram a idade adulta, dentre eles destacamos Delfino Alves Pinheiro e Lima e Patrício Alves de Lima Filho, que foi professor e durante algum tempo, depois da Proclamação da República, ocupou uma das cadeiras do Conselho de Intendência do Município de Boa Viagem.
Mais tarde, em conformidade com as informações existentes no jornal A Constituição, ano X, nº 170, edição do dia 22 de novembro de 1872, página 2, ocupou uma das cadeiras do Poder Legislativo do Município de Boa Viagem na segunda legislatura daquela casa, que foi de 1873 a 1877.
Nessa legislatura, que teve início em julho de 1873, o Município passou por uma estiagem e os produtores sofreram com graves problemas financeiros, mesmo assim, no exercício de seu mandato, deu apoiou a execução das seguintes ações: o recebimento de um imóvel para servir de cadeia, uma doação que foi realizada por José Duarte de Araújo; o recebimento de doação financeira feita por Ana Gonçalves Leal para construção de uma Casa de Cadeia e Câmara; o acompanhamento da arrematação e aplicação dos impostos camarários, entre eles o da décima urbana; o acompanhamento da adequação do comércio do Município ao novo sistema de pesos e medidas determinado pelo Governo Imperial; a aprovação do orçamento para manutenção da escola existente na vila; o acompanhamento da comunicação com o Governo da Província sobre os produtos cultivados no Município; o acompanhamento da resolução do litígio de limites com o Município de Tamboril, quando Boa Viagem perdeu autonomia sobre o perímetro do povoado de Telha, atual cidade de Monsenhor Tabosa.
Era comerciante em Boa Viagem, negociando até 1887, desempenhando também diversas funções públicas, dentre elas a de juiz de paz.
“Negociou por muitos anos nessa praça, retirando-se do comércio em 1887, deixando firme o seu crédito.”
De acordo com informações existentes no jornal Pedro II, faleceu em Boa Viagem no dia 29 de março de 1889, aos 82 anos de idade.
“A sua morte, geralmente sentida por quantos o conheceram, teve lugar em consequência de padecimentos gástricos, que há muito tempo sofria. Mas ao passo que ia aos poucos extenuando as suas forças físicas… sentindo os últimos momentos congregou a sua família, de quem se despediu, transmitindo as suas últimas disposições…”
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará (1889-1930). ABC: Fortaleza, 1996.
- FARIAS, Aírton. História do Ceará. Dos índios à geração Cambeba. Fortaleza: Tropical, 1997.
- FERREIRA NETO, Cicinato. A Tragédia dos Mil Dias: A seca de 1877-79 no Ceará. Premius: Fortaleza, 2006.
- IBGE. Histórico do Município de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017.
- PARÓQUIA DE SANTO ANTÔNIO DE QUIXERAMOBIM. Livro de registro de casamentos. 1831-1843. Livro B-04. Página 180v.
- PEIXOTO, João Paulo M. & PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
- VIEIRA JÚNIOR, Antônio Otaviano. Entre Paredes e Bacamartes. História da Família no Sertão (1780-1850). Edições Demócrito Rocha: Fortaleza, 2004.
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