Otávio Alves Franco nasceu no dia 3 de junho de 1923 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Raimundo Alves Franco e de Maria do Carmo Oliveira.
Os seus avós paternos se chamavam Pedro Ferreira Franco e Raimunda Santana de Jesus, já os maternos eram Paulino Ferreira Franco e Maria Rosalina.
Alguns dias depois de seu nascimento, no dia 3 de julho, na Capela das Vertentes, seguindo o costume da confissão religiosa de seus pais, recebeu o batismo pelas mãos do Mons. José Cândido de Queiroz Lima.
Passou grande parte de sua infância habitando na localidade de Arara dos Francos, dentro dos limites geográficos do Distrito de Águas Belas, local onde veio ao mundo com auxílio de uma parteira:
“Durante muitos anos, os únicos profissionais de saúde existentes em nossa região foram às parteiras, mulheres que normalmente recebiam esse aprendizado de forma hereditária, ou seja, a filha de uma parteira acompanhava a sua mãe no atendimento às mulheres em trabalho de parto auxiliando-a de acordo com as necessidades do momento, possibilitando, assim, após algum tempo de prática, o aprendizado para continuidade do ofício.” (SILVA JÚNIOR, 2016: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/saude/. Acesso em 25 de outubro de 2016)
Mais tarde, chegando o momento de sua conscrição, no fim da Segunda Guerra Mundial, foi para cidade de Fortaleza, quando se apresentou ao serviço militar como recruta do 29º BC – o batalhão de caçadores, sendo engajado no dia 1º de novembro de 1945.
Pouco tempo depois, por conta da reestruturação que ocorreu nas organizações militares em nosso país, quando as forças militares de Fortaleza estavam subordinadas à 7ª Região Militar, que estava sediada na cidade do Recife, foi transferido para capital pernambucana, onde passou algum tempo.
Mais tarde, quando recebeu ordem do comando, foi transferido com o seu contingente para cidade de São Paulo, ficando aquartelado durante algum tempo no Depósito Regional de Material de Motomecanização, que era o responsável pela logística do material bélico, aonde chegou ao posto de terceiro sargento, solicitando o seu desengajamento do serviço militar no dia 31 de janeiro de 1949, sendo classificado como reservista de 1ª classe.
No ano seguinte, ao retornar para o Município de Boa Viagem, na eleição municipal ocorrida no dia 5 de outubro de 1950, desejando entrar na vida pública por meio de um mandato eletivo na Câmara Municipal de Vereadores, militando nos quadros políticos do PSP – o Partido Social Progressista, conseguiu receber apenas 164 votos, ficando na 1ª suplência de sua coligação.
Depois disso, sem oportunidade de emprego, decidiu se estabelecer na cidade de Fortaleza, passando a trabalhar como operário na Fábrica Brasil Oiticica, que estava localizada no Bairro Carlito Pamplona.
Mais tarde, no dia 17 de março de 1956, contraiu matrimônio com a sua prima, Julieta Matias Franco, que era nascida no dia 22 de dezembro de 1924, sendo filha de Sebastião Matias de Oliveira e de Joana Matias Oliveira.
Desse matrimônio foram gerados três filhos, um homem e duas mulheres, sendo eles: Clécia Matias Franco, Keller Matias Franco e Taylor Regina Matias Franco.
Nos últimos anos da década de 1950, depois de ser convencido pelo Dr. Manuel Vieira da Costa – o Nezinho, passou a residir na cidade de Boa Viagem, onde trabalhou durante algum tempo no Cartório Vieira, de 2º Ofício.
Ao se estabelecer na cidade de Boa Viagem, durante algum tempo habitou com sua família em uma casa nas proximidades da Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, nº 66, Centro.
Pouco tempo depois, no dia 30 de setembro de 1959, procurando se engajar na sociedade local, comprou um título de sócio da Associação Atlética Boa-viagense, procurando de todas as formas ser um de seus mantenedores.
Na eleição ocorrida no dia 7 de outubro de 1962, dessa vez militando nos quadros políticos do PTB – o Partido Trabalhista Brasileiro, conseguiu ser eleito ao seu primeiro mandato.
Nessa legislatura, que foi bastante tumultuada pelo número de prefeitos, prestou apoio aos projetos que vieram do Poder Executivo, foram eles: a implantação do Posto de Saúde Dr. Pontes Neto; a implantação do sistema de telefonia que interligou à cidade de Boa Viagem às vilas de Guia e Ibuaçu; a implantação da Escola de Ensino Fundamental Osmar de Oliveira Fontes, que na época recebeu o nome do Presidente John Fitzgerald Kennedy; o projeto de organização da nomenclatura das ruas e da numeração das casas da cidade; a implantação de um matadouro público; a construção da Escola de Ensino Médio Dom Terceiro; a instalação do sistema d’água na cidade de Boa Viagem; a construção do Obelisco em comemoração do 1º centenário do Município de Boa Viagem; a reforma administrativa da Prefeitura de Boa Viagem; a instalação de energia elétrica na vila de Guia; a abertura e manutenção de rodovias municipais e a construção do Açude Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima.
No dia 4 de maio de 1966, depois de algumas articulações, conseguiu ser conduzido pelos seus pares à presidência da mesa diretora da Câmara Municipal para o período legislativo de 1966.
Algum tempo antes disso, no dia 19 de setembro de 1963, buscando bons relacionamentos dentro da sociedade fortalezense, se associou também ao Clube de Regatas Barra do Ceará, que na época era um dos clubes mais famosos da capital cearense.
Na cidade de Boa Viagem, com muito esforço, procurava conciliar as suas atividades de parlamentar, tabelião e ao mesmo tempo lecionava a disciplina OSPB – Organização Social e Política Brasileira, na Escola de Ensino Médio Dom Terceiro, que foi municipalizado por meio de um projeto de sua autoria.
No dia 26 de junho de 1965, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, votou em favor da reimplantação do pagamento do subsídio dos vereadores, pouco tempo depois, no dia 28 de outubro, deu parecer contrário à consulta realizada pela Assembleia Legislativa do Estado sobre o interesse do Município em entregar a área que compreende o Distrito de Jacampari ao Município de Monsenhor Tabosa.
Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 3 de outubro de 1966, nesse pleito compondo a bancada da ARENA – a Aliança Renovadora Nacional, depois de exercer um bom mandato no Poder Legislativo, foi indicado pela convenção de seu partido a concorrer como candidato a vice-prefeito na chapa que tinha o nome do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho.
Nessa eleição a chapa concorrente era formada por Deodato José Ramalho, que tinha como vice-prefeito o nome do Vereador Raimundo Alves Campos, políticos que eram bastante experientes.
Sem desanimar frente ao grande desafio, ainda contando com o apoio da “Oligarquia Araújo”, mesmo com um orçamento bastante apertado, caiu em campo com o seu companheiro de chapa no intuito de divulgar a sua candidatura:
“Fiz uma campanha franciscana, de porta em porta, viajando em uma camioneta Rural Willys, de propriedade do Sr. João Abreu Filho, o Dadinho. Passava a semana inteira sem pisar na cidade. A força maior do eleitorado era da zona rural que, a essa altura, influenciava a cidade, que também me dava grande apoio.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 46-47)
Nesse momento, temendo uma derrota que parecia iminente, os seus adversários tentaram inicialmente impugnar a candidatura de seu companheiro de chapa alegando irregularidades de superfaturamento na aquisição de duas casas que foram adquiridas na Rua Antônio de Queiroz Marinho, no Centro da cidade, uma das quais que serviu de residência para o juiz do Município e a outra onde foi instalado o escritório da ANCAR – a Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural.
Em seguida, com a influência do Governo do Estado em suas mãos, os seus concorrentes conseguiram várias toneladas de donativos para utilizar como ferramenta de troca na véspera da campanha:
“Conseguiram carradas de alimentos da “Aliança para o Progresso”. Leite em pó, bulgor (muito parecido com arroz), fubá de milho, dentre outros para distribuir e pagar serviços de trabalhadores na recuperação de estradas municipais, construção de açudes, serviços de desmatamento para instalação das linhas telefônicas dos Distritos de Guia e Ibuaçu…” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 48)
Ao fim desse pleito, depois da apuração, às urnas proclamaram o seguinte resultado, José Vieira Filho conseguiu a preferência popular de 3.950 eleitores, enquanto Deodato José Ramalho, da chapa adversária, conseguiu receber apenas 1.977 votos, uma diferença de 1.973 sufrágios em favor da chapa que saiu vencedora.
Nessa eleição, juntamente com o seu companheiro de chapa, conseguiu obter vários resultados positivos, dentre eles destacamos a escolha dos deputados que comporiam a Assembleia Legislativa do Estado, entre eles o seu candidato, o Dr. Gervásio de Queiroz Marinho, que conseguiu receber 3.311 votos, número bem próximo do seu resultado, como também a escolha de nove das onze cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores.
Entre os dias 31 de março e 14 de maio de 1970, por conta da renúncia do prefeito, que decidiu concorrer para uma das cadeiras da Assembleia Legislativa, assumiu o comando do Poder Executivo e dentro de pouco tempo conseguiu deixar a sua própria marca:
“Mandou confeccionar a nossa bandeira, a qual foi oficializada pela Câmara Municipal no dia 8 de abril de 1970… realizou serviço de saneamento básico e manteve o funcionamento do Ginásio Dom Terceiro.” (NASCIMENTO, 2002: p. 71)
Aproximando-se do fim do seu mandato, em acordo com o seu grupo político, investiu esforços para eleição de seu sucessor, o comerciante Osmar de Oliveira Fontes – o Osmar Carneiro, que conseguiu ser eleito no pleito seguinte.
Algum tempo antes disso passou a ser comerciante em uma loja que recebeu o nome de fantasia de “Casa Nova América”, especializada na venda de tecidos e outros materiais para costura, estando localizada na Rua Agronomando Rangel, nº 355, Centro.
Sobre essa loja, nos últimos anos da década de 1960, por conta de denúncias infundadas, o Prefeito José Vieira Filho nos narra um episódio de truculência policial que ocorreu por conta de investigações do DOPS – o Departamento de Ordem Política e Social:
“Todas as denúncias e processos caíram, mas a perseguição ainda continuou… Ao sair da prefeitura, passaram na loja do Vice-Prefeito Otávio Alves Franco e levaram um primo dele, que era relojoeiro.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 64-65)
No dia 9 de março de 1974, desejando servir à comunidade boa-viagense, se associou também ao Lions Clube, que prestava serviço humanitário às vítimas das secas.
Pouco tempo depois, no dia 27 de abril de 1974, na cidade de Pedra Branca, foi iniciado no quadro de filiados da Loja Maçônica Construtores da Liberdade, nº 35, sendo elevado no dia 5 de dezembro de 1974 e exaltado posteriormente no dia 5 de maio de 1975.
Nessa mesma época, em acordo com a sua esposa, resolveu encaminhar os seus filhos para cidade de Fortaleza, onde teriam melhores oportunidades para estudar, adquirindo uma casa na Rua Damião Fernandes, nº 402, no Bairro da Parquelândia.
Nos últimos anos da década de 1970, depois de aprovado em um exame vestibular, passou a cursar Direito na extensão universitária da UFPB – a Universidade Federal do Estado da Paraíba, na cidade de Sousa, concluindo esse curso no dia 29 de dezembro de 1980.
Ao terminar esse curso, no dia 29 de setembro de 1983, depois de prestar exame para OAB – a Ordem dos Advogados do Brasil, recebeu o nº 4.319 e passou a exercer a função de advogado em nossa região.
Pouco tempo antes disso, na eleição municipal que ocorreu no dia 15 de novembro de 1982, depois de romper com o grupo do Deputado José Vieira Filho, firmou aliança em apoio à candidatura a Prefeito do Dr. Francisco Segismundo Rodrigues dos Santos Neto – o Dr. Sérgio, que tinha como vice o nome do sindicalista Luís Alves Batista – o Luís Cristino.
Mais tarde, sofrendo um AVC – um acidente vascular cerebral, foi levado as pressas para cidade de Fortaleza, onde faleceu aos 65 anos de idade no dia 8 de dezembro de 1988.
Logo após o seu óbito, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no mausoléu da família existente no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na administração do Prefeito Benjamim Alves da Silva, através da lei nº 559, de 5 de junho de 1992, uma das ruas do Bairro Várzea do Canto, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
BIBLIOGRAFIA:
- BEZERRA DE MELO, Maria José. Ex-Educadores de Boa Viagem. Monografia apresentada ao departamento de pós-graduação e pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú, 2002.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de tombo de batismos. 1923-1925. Livro A-16. Tombo nº 255. Página 38v.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. A História da Saúde no Município de Boa Viagem. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/saude/. Acesso em 25 de outubro de 2016.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
Pingback: Rua Otávio Alves Franco | História de Boa Viagem
Pingback: Administração de 1963 – 1967 | História de Boa Viagem
Pingback: Administração de 1967 – 1971 | História de Boa Viagem
Pingback: A Bandeira do Município | História de Boa Viagem
Pingback: JUNHO | História de Boa Viagem
Pingback: DEZEMBRO | História de Boa Viagem
Pingback: Maria Rosary Pereira | História de Boa Viagem
Pingback: Loja Maçônica Cavaleiros do Amor | História de Boa Viagem
Pingback: José Vieira Filho (Mazinho) | História de Boa Viagem
Pingback: Balneário Delfino de Alencar Araújo | História de Boa Viagem
Pingback: Associação Atlética Boa-viagense | História de Boa Viagem
Pingback: João Soares Lima Filho | História de Boa Viagem
Pingback: Câmara Municipal de Vereadores de Boa Viagem | História de Boa Viagem
Pingback: Julieta Matias Franco | História de Boa Viagem