AS INFORMAÇÕES BÁSICAS:
O Matadouro Público João Marcos Uchôa estava localizado na Rua Raimundo Pereira Batista, s/nº, esquina com a Rua Coronel Luís Amaro Bezerra, no Bairro Várzea do Canto, na cidade de Boa Viagem, no Município de Boa Viagem, no Estado do Ceará.
Esse equipamento público era destinado ao abate de animais e ao processamento de carnes para o consumo humano, sendo gerenciado pela Prefeitura de Boa Viagem, que nessa época ainda não possuía um departamento destinado à vigilância sanitária.
“Abatedouro, matadouro ou açougue é a instalação industrial destinada ao abate, processamento e armazenamento de produtos de origem animal. A localização, operação e os processos utilizados respondem a uma variedade de conceitos, como proximidade do produtor, logística, saúde pública e até preceitos religiosos. Mais recentemente, medidas de direitos dos animais levaram a alterações que diminuem a crueldade para com os animais. Problemas de poluição por dejetos também podem ser evitados com planejamento e equipamentos adequados.” (WIKIPÉDIA, 2000: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Abatedouro. Acesso no dia 27 de novembro de 2021)
A BASE LEGAL DE SUA DENOMINAÇÃO:
Esse abatedouro público nunca teve a sua nomenclatura regulamentada pela Câmara Municipal de Vereadores de Boa Viagem.
UM POUCO DA HISTÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃO E FINALIDADE:
O Matadouro Público João Marcos Uchôa foi construído nos últimos anos da década de 1970, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, tendo por finalidade substituir o antigo matadouro municipal, que havia sido construído em 1964, na gestão do Prefeito Dr. Manuel Vieira da Costa – o Nezinho, que estava em péssimas condições de funcionamento e dentro do perímetro urbano.
“A intenção dessa importante medida era melhorar as condições de higiene, a fiscalização sanitária, bem como estabelecer uma técnica padronizada para abater tais animais, algo que visava diminuir a crueldade. Nessa época esse simples matadouro era formado apenas por um simples galpão e curral, sendo que o abate dos animais era feito com uma ou mais pancadas de machado sob suas cabeças.” (SILVA JÚNIOR, 2014: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/o-matadouro-municipal/. Acesso no dia 28 de novembro de 2021)
Nessa época, embora tenha recebido nova estrutura, a forma de abate dos animais ainda não seguia um regramento humanizado, algo que gerava profundo desconforto entre alguns de seus consumidores, especialmente por conta da falta de higiene.
Durante muitos anos foi comum aos vizinhos desse matadouro ouvirem a pancada, os urros e os berros em desespero de sofrimento dos animais que agonizavam em sua morte.
Sobre a sua higiene, nos últimos meses de 1989, esse polêmico assunto, em forma de troca de denúncia, se tornou a pauta de discussões da Câmara Municipal onde o Vereador Luís Alves Batista fez graves acusações contra um dos irmãos do Vereador Sidônio Fragoso Vieira, que era o veterinário responsável pela carne produzida nesse local.
“No dia 17 de novembro de 1989, no plenário da Câmara Municipal, conforme informações existentes na página 69 de seu livro de atas, fez outra grave denúncia ao Governo Municipal tecendo críticas ao setor de vigilância sanitária e ao seu veterinário, Sinésio Fragoso Vieira: ‘Quatro donos de frigoríficos me procuraram denunciando que foi abatido um boi doente e foi consumido pela população. Mas, o mais grave é que o boi era do pai do veterinário, pois não poderia ficar omisso pois todos sabem que o veterinário é irmão do Vereador Sidônio Fragoso Vieira.'” (SILVA JÚNIOR, 2015: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/luiz-alves-batista/. Acesso no dia 28 de novembro de 2021)
Muitos anos depois, nos últimos meses de 2004, no fim da gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, diante da expansão urbana da cidade para os bairros de sua vizinhança, o Governo Municipal investiu na construção de uma nova estrutura e na criação sem sucesso de uma associação de açougueiros.
Mais tarde, nos primeiros meses de 2007, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, cansados de esperar a transferência de sua estrutura para o edifício que foi construído na periferia da cidade, os moradores de sua vizinhança produziram cenas lamentáveis de vandalismo coletivo:
“Mais tarde, nos primeiros meses de 2007, já na gestão do Prefeito José Vieira Filho, depois de alguns meses fechado e sem o interesse em o fazer funcionar, o Governo Municipal foi surpreendido com um movimento popular formado pelos moradores de sua vizinhança que o incendiou e depredou a estrutura do antigo matadouro no intuito de forçar a sua imediata desativação, algo que aconteceu poucos meses depois por conta do pleito municipal.” (SILVA JÚNIOR, 2014: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/matadouro-municipal-edmilson-patu/. Acesso no dia 27 de novembro de 2021)
O ardente desejo popular estava fundamentado na falta de higiene existente no local e na perspectiva de um melhor manuseio com a carne que seria produzida no Matadouro Municipal Edimilson Patu.
Nesse local registramos a corriqueira ocorrência de verdadeiras cenas de tortura em alguns dos animais abatidos que ainda são comentadas por suas testemunhas, em uma delas um garrote tentava fugir do cercado e dava muito trabalho aos seus cuidadores, que lhe batiam com todas as forças.
Querendo conter o animal em fúria esses tratadores propositalmente molharam o piso liso e em seguida colocaram o garrote na sala, o que fez o pobre e indefeso animal cair, em seguida os seu “cuidadores” cortaram os cascos do animal com machado, que depois disso passou horas se batendo tentado se colocar em pé.
Depois disso, com a sua desativação, nesse local foi construído a estrutura do Fórum Desembargador Júlio Carlos de Miranda Bezerra.
“Vale registrar ainda que no local escolhido para construção desse fórum, durante muitos anos, funcionou o Matadouro Público João Marcos Uchôa, pertencente ao Governo Municipal.” (SILVA JÚNIOR, 2014: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/forum-desembargador-julio-carlos-de-miranda-bezerra. Acesso no dia 27 de novembro de 2021)
Durante o seu período de funcionamento, o gado que era abatido e retalhado tinha a sua carne transportada em um veículo totalmente inadequado para os frigoríficos, veículo que recebeu o nome de “Carro da Bactéria”.
BIBLIOGRAFIA:
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Matadouro Municipal Edmílson Patu. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/matadouro-municipal-edmilson-patu/. Acesso no dia 27 de novembro de 2021.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Fórum Desembargador Júlio Carlos de Miranda Bezerra. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/forum-desembargador-julio-carlos-de-miranda-bezerra. Acesso no dia 27 de novembro de 2021.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Luís Alves Batista. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/luiz-alves-batista/. Acesso no dia 28 de novembro de 2021.
- WIKIPÉDIA. Abatedouro. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Abatedouro. Acesso no dia 27 de novembro de 2021.
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