Maria Dias Cavalcante Vieira

Maria Dias Cavalcante Vieira nasceu no dia 31 de maio de 1947 no Município Tamboril, que está localizado no Sertão de Crateús, distante 301 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filha de Valdemar Dias Cavalcante e de Josefa Costa Cavalcante.
Os seus avós paternos se chamavam Salustiano Cavalcante de Albuquerque e Antônia Ferreira Dias, já os maternos eram João Fernandes da Costa e Joana Costa de Albuquerque.
Na época do seu nascimento, veio ao mundo nas proximidades da cidade de Monsenhor Tabosa, que era conhecida pelo topônimo de “Telha”, na Serra das Matas, que nesse período era apenas um Distrito pertencente ao Município de Tamboril:

“Em divisão territorial datada de 31 de dezembro 1937, o Distrito de Monsenhor Tabosa figura no Município de Tamboril, assim permanecendo em divisão territorial datada de 1º de julho de 1950. Elevado à categoria de Município com a denominação de Monsenhor Tabosa, pela lei estadual nº 1.153, de 2 de novembro de 1951, desmembrado de Tamboril, sendo instalado em 25 de março de 1955.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230860&search=ceara|monsenhor-tabosa|infograficos:-historico. Acesso no dia 23 de junho de 2017)

Mais tarde, nos primeiros meses de 1954, aos sete anos de idade, deu início a sua carreira acadêmica em uma das escolas isoladas existentes em sua terra natal, sendo transferida logo em seguida para as Escolas Reunidas Pe. Inácio Américo Bezerra, atual Escola de Ensino Fundamental e Médio Vicente Ribeiro do Amaral, onde concluiu o 5º ano nos últimos meses de 1959:

“A Escola de Ensino Fundamental e Médio Vicente Ribeiro do Amaral foi construída em 1958 em um terreno doado pela Prefeitura de Monsenhor Tabosa, na gestão de seu primeiro prefeito, Joaquim Américo Bezerra. Ela possui uma área de 10.000m². Recebeu o nome inicial de Escola Reunidas Padre Inácio Américo Bezerra, religioso de destaque no processo histórico desse Município. Na década de 1970 passou a ser chamada de Grupo Escolar Vicente Ribeiro do Amaral, em reconhecimento e homenagem ao seu fundador, que lutou e conseguiu recursos para sua construção.” (RODRIGUES, 2014: Disponível em http://paginaaberta.com.br. Acesso em 3 de março de 2016)

Antes disso, no pleito eleitoral ocorrido no dia 3 de outubro de 1958, pelo PTB – o Partido Trabalhista Brasileiro, o seu pai conseguiu ser eleito para uma das cadeiras do Poder Legislativo da Câmara Municipal de Vereadores de Monsenhor Tabosa depois de receber a confiança de 198 eleitores.
Essa conquista pessoal de seu pai foi um fator determinante para toda a sua vida, pois de alguma forma sempre esteve envolvida na vida pública.
Nos primeiros meses de 1960, no intuito de concluir o curso ginasial, foi encaminhada pelos seus pais para cidade de São Benedito, na região da Ibiapaba, dando continuidade aos seus estudos no Centro Educacional Virgem Poderosa, uma escola confessional de orientação romana.
Nessa época, mesmo distante de sua cidade natal, não perdia a oportunidade de saber notícias de seus familiares, entre essas notícias o resultado da eleição do dia 7 de outubro de 1962, quando o seu pai foi reconduzido ao Poder Legislativo taboense.
Depois disso, em 1964, com apenas 17 anos de idade, passou a residir na cidade de Fortaleza, sendo matriculada no Curso Normal do Colégio Rui Barbosa e ao mesmo tempo na Escola Doméstica São Rafael, concluindo os dois cursos por volta de 1967.

“A Escola Doméstica São Rafael, situada na Avenida Imperador, nº 1490, fundada em 24 de outubro de 1936, pelas Filhas da Caridade da Associação de São Vicente de Paulo, tinha por objetivo a formação da juventude feminina, em harmonia com a educação secundária do 1º Ciclo, formando ‘Donas de Casa’, uma tendência da época, ministrando cursos especiais de artes femininas.” (GARCIA, 2011: Disponível em http://www.fortalezaemfotos.com.br. Acesso em 03 de março de 2016)

Antes disso, no pleito eleitoral ocorrido no dia 15 de novembro de 1966, pela ARENA – a Aliança Renovadora Nacional, o seu pai deu um passo mais ousado ao disputar uma acirrada campanha contra Salustiano José de Melo, se elegendo nessa oportunidade como prefeito do Município de Monsenhor Tabosa.
Nesse pleito, acompanhado de Antônio Regino do Amaral, recebeu a confiança de 1.281 eleitores, enquanto o seu adversário, que não possuía candidato a vice-prefeito, recebeu apenas 930 votos.

“Valdemar Dias Cavalcante foi, para mim, o mais perspicaz político dos que mourejaram na cidade. Nascido em Tamboril, casou-se com uma parenta… subiu a serra e veio se estabelecer na Pendência, vendendo miudezas e comprando gêneros e peles. Com o passar do tempo melhorou de vida, mudou-se para a cidade onde se estabeleceu no Mercado Público, continuando no mesmo ramo de importação e exportação de gêneros. Em 1957, juntamente com vários amigos, acompanhou o seu compadre Luiz Alves de Mesquita, deixando a UDN e passando para o PTB. A partir dai a sua estrela brilhou, jamais tendo encontrado adversário que lhe impingisse uma derrota.” (MESQUITA, 2000: p. 113)

Pouco tempo depois dessa eleição, em sua residência, recebeu a visita do prefeito do Município de Boa Viagem, José Vieira Filho – o Mazinho, que vinha acompanhado de alguns correligionários da vila de Jacampari, antigo Catolé, no intuito de parabenizar o seu pai pela vitória no pleito que havia se encerrado.

“Sempre gostei muito de visitar os mais variados Distritos e localidades pertencentes ao Município… ocasião em que fui convidado pelo amigo e correligionário Manoel Júpiter de Albuquerque… para irmos até a cidade de Monsenhor Tabosa, cumprimentar também o prefeito eleito… que eu ainda não conhecia.” (VIEIRA FILHO, 2009: p. 53)

O resultado desse primeiro encontro foi a promessa de voltarem a se ver com regularidade, e depois de algum tempo de namoro, no dia 8 de março de 1969, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Fortaleza, em uma cerimônia que foi celebrada pelo Monsenhor Gerardo Andrade Ponte, contraiu matrimônio com José Vieira Filho, que era nascido no dia 5 de setembro de 1939, sendo filho de José Vieira de Lima com Adília Maria de Lima.

Imagem da família Cavalcante Vieira.

Desse matrimônio foram gerados cinco filhos, três mulheres e dois homens, sendo eles: Diana Cavalcante Vieira, Marcelo Cavalcante Vieira, José Vieira de Lima Neto, Aline Cavalcante Vieira e Lívia Cavalcante Vieira.

“Maria Dias passou a me ajudar na constituição de nossa família, bem como desempenhou papel importante para o êxito de nossa administração e sucesso político, enfim de nossa vida pública.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 55)

Pouco tempo antes disso, nos primeiros meses de 1968, depois que retornou para a sua terra natal, passou a lecionar na Escola Vicente Ribeiro do Amaral e logo em seguida assumiu a pasta da Secretaria da Educação do Município de Monsenhor Tabosa.
Nesse ano, no dia 18 de outubro, na cidade de Boa Viagem, esteve presente em uma solenidade de inauguração que foi presidida pelo seu noivo na Praça Antônio de Queiroz Marinho, ocasião em que ele recebia uma comitiva de autoridades que vinham da capital.

Imagem da solenidade de inauguração da energia elétrica vinda da Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso, em 1968.

Depois dos discursos de praxe, juntamente com os outros convidados dirigiu-se com ele ao prédio da Escola de Ensino Médio Dom Terceiro, local onde estava sendo servido um farto banquete.
Ao chegarem no destino foram recebidos por uma grande multidão, quando ficaram sabendo que a vida de seu noivo corria perigo, foram momentos de angústia que só não foram piores porque estavam sendo protegidos pelos militares que participavam da festa:

“De momento, chega o meu primo Walkmar Brasil Santos Filho e me informa que, dentro do ambiente, existiam 3 elementos que vieram me assassinar. Um deles o Chico Quixadá… o boato logo se espalhou e os amigos me levaram para uma sala do colégio… Houve um suspense muito grande e, ao chegar a polícia, fugiram em correria, um deles ainda deu um tiro que atingiu de raspão o ombro de um vigilante… Logo depois a polícia prendeu um deles, Juarez Camurça… Logo em seguida, tomou-se conhecimento que o trio era composto de Juarez, Chico Quixadá e um genro do Sr. Gervásio, que certamente era o mentor que trouxera os outros.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 60)

Algum tempo depois, já casada, as diferenças políticas existentes entre o seu esposo com o Deputado Dr. Gervásio de Queiroz Marinho lhe impressionaram tanto que o seu corpo não suportou a primeira gravidez, sofrendo um aborto.
Nessa época, já sendo a primeira-dama, transitava constantemente entre o Município de Boa Viagem e a cidade de Fortaleza, conseguindo construir um invejável currículo profissional.

Imagem de Maria Dias Cavalcante Vieira e um de seus filhos.

Entre os anos de 1973 e 1977, nas gestões dos prefeitos Francisco Vieira Carneiro – o Major, e Benjamim Alves da Silva, sendo o primeiro seu cunhado e o segundo um importante aliado político, recebeu nomeação para atuar como diretora do Hospital e Casa de Saúde Adília Maria de Lima.
Nesse período, depois de ocupar várias funções na Prefeitura de Boa Viagem, no dia 10 de abril de 1976, por meio da lei nº 255, foi agraciada pela Câmara Municipal de Vereadores de Boa Viagem com o título de cidadania.

“… Secretária da Educação, Saúde e Bem-estar Social de Boa Viagem (1969-1974); Diretora Superintendente do Serviço de Assistência Médica de Boa Viagem (1973-1975); Presidente da Comissão do MOBRAL do Município de Boa Viagem (1971-1974); Assessora Administrativa da Prefeitura de Boa Viagem (1976-1978); Supervisora Escolar da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (19778-1982) e da TV Educativa (1982)…” (Memorial Pontes Neto, 2004: p. 135-136)

Pouco tempo depois, nos últimos meses de 1978, pela UECE – a Universidade Estadual do Ceará, depois de algum anos de estudo, conseguiu concluir a sua licenciatura em Pedagogia.
Na eleição estadual que ocorreu no dia 15 de novembro de 1982, desejando entrar na vida pública do Estado do Ceará por meio de uma das cadeiras da Assembleia Legislativa do Estado, mesmo caminho tomado por seu esposo em pleitos anteriores, militando nos quadros políticos do PDS – o Partido Democrático Social, conseguiu receber a confiança de 17.888 fotos, ficando na primeira suplência de sua coligação, assumindo seu mandato durante algum tempo por conta dos acordos existentes na esfera do Poder Executivo estadual.
Nessa mesma eleição o seu esposo, que encerrava o seu segundo mandato como deputado, conseguiu o seu terceiro mandato como prefeito do Município de Boa Viagem, recebendo forte sustentação política quando assumiu a sua cadeira na Assembleia Legislativa e posteriormente em uma das pastas do governo:

“Fomos eleitos desta vez para um mandato de seis anos, 1983 a 1988, e minha esposa, Maria Dias, candidata à Deputada Estadual, ocupou o Legislativo por dois mandatos seguidos, tendo neste período, ocupado a Vice-Liderança do Governo Gonzaga Mota e, também, a pasta da Secretaria de Administração do Estado na gestão do Governador Tasso Ribeiro Jereissati.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 72)

Sobre esse pleito, que alguns anos mais tarde se transformou em uma tese de doutorado, apresentada ao programa de pós-graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, intitulada de “Trajetórias de Vida, Espaços de Sociabilidade, e Projeto Político da Burguesia ‘Mudancista’ Cearense (1978-1986)”, o seu autor, Altemar da Costa Muniz, nos apresenta a forma como eram feitas as campanhas politicas:

“Uma estratégia de campanha foi dar novas versões para fatos indicados como prova do compromisso histórico do candidato do PMDB com a ética e a transparência, como apontar o passado clientelista dos apoiadores de Tasso, como no artigo de 08 de julho, em que Themístocles se referia ao prefeito de Boa Viagem, José Vieira Filho, que declarara apoio ao ‘dono da Coca-Cola’, porque iria desmantelar toda a oligarquia dos coronéis. Lembrava o jornalista que o referido chefe municipal, quando deputado estadual, apresentou projeto de lei dando o nome de Adauto Bezerra à sede do Poder Legislativo e que era genro de um histórico chefe político e prefeito de Monsenhor Tabosa, Waldemar Dias Cavalcante, pai de sua esposa, a Deputada Estadual Maria Dias, a quem elegeram num esquema de clientelismo e oligarquia que funcionava nos dois Municípios. As argumentações para desqualificar o prefeito de Boa Viagem acabaram revelando as práticas políticas utilizadas nos processos eleitorais, em que o voto era dado para além da gratidão do povo, como Themístocles defendera anteriormente numa polêmica com Tasso. Confessou que, nas eleições de 1974 e de 1984, a referida família havia assegurado a dois candidatos a deputados federais do PDS, respectivamente ligados a Adauto Bezerra e Virgílio Távora, quase dez mil votos. ‘E eles não conheciam sequer dez pessoas na região’.” (MUNIZ, 2007: p. 232-233)

No dia 15 de janeiro de 1985, no exercício de seu mandato, representou os cearenses na escolha do presidente da república, declarando o seu voto em favor de Tancredo de Almeida Neves.

“A eleição do sucessor do General Figueiredo seria indireta, isto é, só os deputados e senadores votariam. Em vez de mais de 50 milhões de eleitores, votariam apenas 686 brasileiros: os senadores, os deputados federais e seis representantes de cada Assembleia Legislativa.” (PILETTI & PILETTI, 2004: p. 131)

Na eleição estadual seguinte, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1986, dessa vez militando nos quadros políticos do PMDB – o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, com a legenda nº 15.115, conseguiu ser eleita ao receber a confiança de 29.057 eleitores, estando entre os quatro deputados com maior número de votos dessa eleição em sua coligação.

Imagem de seu material de campanha.

Nessa legislatura, sendo indicada pelo Gabinete do Governador como vice-líder do governo na Assembleia Legislativa, ocupou a vice-presidência da Comissão de Serviço Público e das comissões de Constituição e Justiça e de Educação.
Ainda nesse período, entre 1987 e 1989, a convite do Governador Tasso Ribeiro Jereissati, assumiu a pasta de Secretária da Administração do Estado do Ceará, função que lhe deu poder e prestígio para indicar diversos servidores dentro do quadro de funcionários, especialmente no Município onde o seu esposo mantinha liderança política.
Diante desse fato, no dia 2 de junho de 1989, em uma das sessões ordinárias da Câmara Municipal de Vereadores, segundo informações existentes na página 24 de uma de suas atas, o seu nome esteve diretamente envolvido em uma grave denúncia formulada em plenário pelo Vereador Antônio Argeu Nunes Vieira, sendo veementemente defendida por um de seus principais correligionários, o Vereador Eduardo Patrício de Almeida:

“Fez uso da palavra o Vereador Eduardo Patrício… que ia fazer um pronunciamento sobre o PAPE, e que houve acusações muito sérias a respeito da Deputada Maria Dias e entregue a ele… sobre cisternas que foram construídas em propriedades de mais de cem hectares.”

Depois dessas palavras, ao pedir oportunidade para se pronunciar, o Vereador Antônio Argeu Nunes Vieira fundamentou a sua denúncia afirmando que essas cisternas foram construídas na propriedade de seus eleitores e que vários produtores do Município de Boa Viagem deixaram de ser beneficiados propositalmente por não terem votado em seu candidato ao governo do Município de Boa Viagem, o Vereador João Soares de Lima Filho, que foi derrotado nas eleições do dia 15 de novembro de 1988 pelo Prefeito Benjamim Alves da Silva.

“No Distrito de Domingos da Costa foram construídas 5 cisternas, e como não tinha mais casas dos organizadores do esquema do grupo, foram todas construídas juntas dentro do mato… disse que era um absurdo, porque muitas comunidades que necessitavam de água solicitaram dos organizadores… mas por terem votado no candidato da oposição, ou seja, o atual prefeito, tiveram as suas cisternas desviadas.”

Ainda nessa época, segundo relatos da escritora Edileusa Magalhães, fez o que esteve ao seu alcance para prejudicar o desejo do grupo que lutava em favor da emancipação política do Município de Madalena:

“Vale relembrar um episódio intrigante, que certamente desaceleraria o processo de mobilização em que a luta se encontrava. Na ocasião em que fomos à Rádio Asa Branca, em Boa Viagem, recebemos o apoio do locutor, que se comprometeu a levar a nossa manifestação a Deputada Maria Dias, esposa do Mazim, então prefeito de Boa Viagem. Alguns dias antes da manifestação, recebemos um telefonema do locutor, confirmando a presença da deputada. Sugeriu que a entrega solene do abaixo-assinado fosse feita exclusivamente a ela, pois, sendo da região, estaria mais empenhada em acolher a nossa reivindicação e nos representar na Assembleia Legislativa… cancelaríamos a presença de outros parlamentares, inclusive do Deputado Carlos Benevides, que já havia confirmado a presença, garantindo assim todo o espaço para deputada da região… Segundo informação sigilosa, a proposta de exclusividade à Deputada Maria Dias tratava-se de uma armação maquiavélica para desarticular o grupo. Combinaram que a deputada não compareceria no dia da manifestação, e sim mandaria seu representante, que receberia o documento e o passaria ao grupo oponente à nossa luta.” (MAGALHÃES, 2009: p. 63)

Mais tarde, nas eleições do dia 3 de outubro de 1990, nessa oportunidade dentro dos quadros políticos do PSDB – o Partido da Social Democracia Brasileira, colocou o seu nome na disputa por uma das cadeiras da Câmara dos Deputados, oportunidade em que conseguiu receber apenas 18.404 votos, ficando na 3ª suplência de sua coligação.
Nessa mesma eleição o seu esposo, que disputou esse pleito tentando retomar o seu espaço na Assembleia Legislativa, conseguiu receber apenas 8.196 votos, ficando na 17ª suplência de sua coligação.
Pouco tempo depois, nos últimos meses de 1993, no Centro de Estudos Sociais Aplicados da UECE – a Universidade Estadual do Ceará, concluiu a sua especialização em Administração de Recursos Humanos.
Entre os anos de 1993 e 1995, na gestão do Deputado Francisco Paula Rocha Aguiar, e logo depois na do Deputado Arthur Silva Filho, foi contratada como diretora geral da ALECE, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.

Imagem da recordação de uma de suas viagens à Europa.

Mais tarde, nos últimos meses de 2000, pela UVA – a Universidade Estadual Vale do Acaraú, em parceria com a Universidade Internacional de Lisboa, apresentou a tese intitulada de “Descentralização Administrativa Municipal: A Experiência do Programa de Alimentação Escolar do Município de Boa Viagem nas décadas de 1980/90”, obtendo o título de Mestre em Gestão e Modernização Pública.
No dia 17 de outubro de 2002, inesperadamente, recebeu a difícil notícia da prematura morte de sua filha, que cometeu suicídio arremessando-se de seu apartamento, que estava localizado na Rua Paula Nei, nº 55, apartamento nº 902, Aldeota, na cidade de Fortaleza.
Na eleição municipal que ocorreu no dia 3 de outubro de 2004 o seu esposo voltou a concorrer em uma refrega eleitoral, disputa que ficou marcada na memória popular pelo fato de seus principais apoiadores aconselharem ao seu esposo a não deixar-lhe subir no palanque temendo a perda de votos, estratégia que obteve êxito.
Durante os quatro anos dessa gestão foi uma das pilastras de sustentação do governo, onde ocupou diversos cargos e utilizou de sua influência para afastar de seu esposo aqueles que lhe queriam distante na campanha, um dos motivos que levou ao seu esposo a perder a reeleição.
Nesse período, tomando proveito da parceria existente com o Governo do Estado, durante um bom tempo esteve como “funcionária fantasma” nos quadros da Escola de Ensino Médio Dom Terceiro, fato que obrigava ao coordenador administrativo dessa unidade escolar a regularmente tomar a sua assinatura de frequência na sala da Secretaria da Educação no Centro Administrativo Coronel Virgílio de Morais Fernandes Távora.
Ao fim dessa gestão, por conta da vigilância do Ministério Público, segundo o processo nº 6380-19.2015.8.06.005/0, folha 51, foi constatado que sua administração frente a pasta da educação foi temerária ao erário do Município, mas por conta de sua idade esse processo foi arquivado:

“Narram os autos, em síntese, que, no curso do exercício financeiro do ano de 2008, Maria Dias Cavalcante, então secretária municipal de educação de Boa Viagem, foi responsável pela aquisição de combustível no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), sem o correlato procedimento licitatório. Percebe-se, à luz dos fatos discriminados, que a ora investigada, em tese, praticou conduta tipificada no art. 89, lei nº 8.666/1993, cujo preceito secundário imputa pena de detenção máxima de cinco anos de reclusão. A propósito, depreende-se que, no último dia 31 de maio, a investigada completou 70 (setenta) anos de idade… portanto, à luz das disposições do art. 115, do CPB, os prazos prescricionais devem ser reduzidos pela metade.”

No processo nº 9574-56.2017.8.06.0051/0, página 47, foi exposto o relato de mais uma má atitude contra o patrimônio do Município vinda de seu gabinete, nunca recebendo punição por esses atos:

“Narram os autos, em síntese, que, no curso do exercício financeiro do ano de 2008, Maria Dias Cavalcante, então secretária municipal de educação de Boa Viagem, foi responsável pela contratação, à minguá de procedimento licitatório, de serviços especializados na área de assessoria jurídica, junto ao credor Carneiro e Fragoso Advogados e Associados, perfazendo a quantia de R$ 36.900,00 (trinta e seis mil e novecentos reais). Percebe-se, à luz dos fatos discriminados, que a ora investigada, em tese, praticou conduta tipificada no art. 89, lei nº 8.666/1993, cujo preceito secundário imputa pena de detenção máxima de cinco anos de reclusão. A propósito, depreende-se que, no último dia 31 de maio, a investigada completou 70 (setenta) anos de idade… portanto, à luz das disposições do art. 115, do CPB, os prazos prescricionais devem ser reduzidos pela metade.”

Alguns anos depois desses fatos, no dia 22 de janeiro de 2010, juntamente com os seus filhos, partilhou a dor da perda de seu esposo, que faleceu em sua residência, na Fazenda Jantar, aos 70 anos de idade.
Mais tarde, entre os anos de 2011 e 2015, exerceu a função de diretora acadêmica da FCRS – a Faculdade Católica Rainha do Sertão, na cidade de Quixadá, prestando também serviços à Prefeitura de Canindé, na gestão do Prefeito Luiz Ximenes Filho, em que qualificou o corpo docente daquele Município.
Antes disso, entre os dias 20 e 23 de agosto de 2013, o seu nome ganhou evidência em um artigo publicado na VI Jornada Internacional de Políticas Públicas, que tratou sobre a participação das primeiras-damas na política cearense, em especial no domínio da política local.

“Em segundo lugar, destacamos Maria Dias Cavalcante Vieira, que foi casada com José Vieira Filho, um dos clãs políticos identificados em Boa Viagem… liderou a Associação das Primeiras Damas dos Municípios do Ceará – APDM-CE em 1987, e em seu Município atuou como secretária de ação social. Em entrevista concedida ao programa Aprece na TV, afirmou que com a criação da APDM-CE a primeira-dama deixa de ser ‘acessório’ do marido e passa a ser atuante no Estado e no Município constituindo um espaço de desenvolvimento social de realização pessoal e profissional. Maria Dias, afirma: ‘[…] O Estado do Ceará ainda é um Estado pobre e ainda tem espaço para muito assistencialismo, que não é uma coisa tão boa, mas é também um mal necessário, onde tem espaço para fazer o que é preciso ser feito’.” (COSTA LOPES, et al, 2013: AS PRIMEIRAS-DAMAS NA POLÍTICA CEARENSE: um estudo das décadas de 1970 à de 2010. Disponível em http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/
joinpp2013/JornadaEixo2013/anaiseixo3estadolutassociaisepoliticaspub
licas/asprimeirasdamasnapoliticacearenseumestudodasdecadasde1970a
de2010.pdf. Acesso no dia 8 de agosto de 2017)

Pouco tempo depois, nos primeiros dias de 2017, na gestão da Prefeita Aline Cavalcante Vieira, sua filha, mesmo estando na lista dos agentes públicos envolvidos em improbidade administrativa, voltou a ser presenteada ao ser nomeada ao comando da secretária da educação do Município de Boa Viagem.

“O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ, por intermédio do Promotor de Justiça signatário, no exercício de suas funções constitucionais e legais e atendendo às determinações constantes na Recomendação nº 003/2014-CGMP/PGJ/CE, de 20 de junho de 2014… CONSIDERANDO o trâmite do Procedimento Administrativo nº 23/2012 instaurado nesta Promotoria de Justiça o qual está tramitando há mais de 180 (cento e oitenta) dias, que visa apurar irregularidades nas contas de gestão apresentadas pelo Fundo Municipal de Saúde de Boa Viagem/CE – exercício financeiro de 2007, de responsabilidade da ex-gestora Maria Dias Cavalcante Vieira, as quais foram julgadas irregulares, com aplicação de multa no valor de R$ 2.447,43.” (JUSBRASIL, 2015: Disponível em https://www.jusbrasil.com.br/diarios/98758130/djce-administrativo-27-08-2015-pg-31. Acesso no dia 8 de agosto de 2017)

Nesse período a sua pasta foi responsável por uma grande onda de assédio moral aos professores ampliados da rede municipal, que mesmo amparados pela justiça tiveram os seus direitos desrespeitados.
Nos últimos meses de 2019, além de ser aposentada como professora, depois de algum tempo na justiça, recebeu também o direito de aposentadoria pela Assembleia Legislativa do Estado.

“O Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Ceará, decidiu, neste ano, retomar o julgamento de vários processos de registro de pensão de ex-deputados estaduais cearenses, assim como o de pensões para dependentes dos ex-deputados já falecidos. Sempre com o voto contrário da conselheira Soraia Victor. Os novos beneficiados, com a decisão do TCE, ainda não estão na relação dos beneficiados com a pensão parlamentar, embora a folha de pagamento das pensões a ex-deputados ou a seus descendentes somem um total de 109. Os valores das pensões vão de R$ 2.536,20, para os descendentes, e chega a R$ 25.322,25, o teto pago aos deputados em exercício como subsídios mensais. Na relação oficial do Poder Legislativo cearense, sem identificação de valores, estão além dos 109 recebedores da pensão parlamentar, na folha de agosto passado, mais 50 nomes.” (SILVA, 2019: Disponível em https://blogdoedisonsilva.com.br/2019/09/15-ex-deputados-estaduais-garantem-o-direito-de-receber-como-aposentados-da-assembleia-legislativa-do-ceara/?fbclid=IwAR1USywE89ppjBlrxbcNBMOT_MfIcT6F3EWy6jNEDGEnWNEdm5Iy3rxFqsw. Acesso no dia 31 de maio de 2020)

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  3. CEARÁ, Assembleia Legislativa. Memorial Deputado Pontes Neto: Deputados Estaduais. 24ª Legislatura 1995-1998. Fortaleza: INESP, 2007.
  4. COSTA LOPES, Emanuella & et al. AS PRIMEIRAS-DAMAS NA POLÍTICA CEARENSE: um estudo das décadas de 1970 à de 2010. Disponível em http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/
    joinpp2013/JornadaEixo2013/anaiseixo3estadolutassociaisepoliticaspub
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    de2010.pdf. Acesso no dia 8 de agosto de 2017.
  5. DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO. Série 3, Ano 1, Nº 181, página 138. Fortaleza, 28 de setembro de 2009.
  6. FRANCO, G.A. & CAVALCANTE VIEIRA, M.D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  7. GARCIA, Fátima. A Escola Doméstica São Rafael. Disponível em http://www.fortalezaemfotos.com.br. Acesso em 03 de março de 2016
  8. IBGE. Histórico do Município de Monsenhor Tabosa. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230860&search=ceara|monsenhor-tabosa|infograficos:-historico. Acesso no dia 23 de junho de 2017.
  9. JUSBRASIL. Disponível em https://www.jusbrasil.com.br/diarios/98758130/djce-administrativo-27-08-2015-pg-31. Acesso no dia 8 de agosto de 2017.
  10. MAGALHÃES, Edileusa. Um Sonho de Felicidade. A História da Emancipação de Madalena. Fortaleza: Littere, 2009.
  11. MARINHO, Antônia de Lima. A Filha do Nordeste e Frutos Nordestinos. Boa Viagem: Máximos Impressões Gráficas, 2015.
  12. MARTINS, Laís Almeida. Um século de vida pública na Serra das Matas: ensaio (1900 – 2000). Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2017.
  13. MESQUITA, João Helder de. Monsenhor Tabosa e suas Histórias. Fortaleza: MULTIGRAF, 2000.
  14. MUNIZ, Altemar da Costa. Trajetórias de Vida, Espaços de Sociabilidade e Projeto Político da Burguesia ‘Mudancista’ Cearense (1978-1986). Dissertação apresentada ao departamento de pós-graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007
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  16. PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudino. História & Vida. 8ª série. São Paulo: Ática, 2004.
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