Maria Cristina da Silva

Maria Cristina da Silva nasceu no dia 29 de julho de 1914 no Município de Itatira, que está localizado na Região Norte do Estado do Ceará, distante 176 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filha de Francisco Marques da Cruz e de Maria Cristina de Oliveira.
Na época do seu nascimento o Município de Itatira, que está localizado na Serra do Machado, onde viveu até aos 13 anos de idade, estava dentro dos limites geográficos do Município de Quixeramobim:

“A Serra do Machado é uma pequena cadeia montanhosa que está localizada na região central do Estado do Ceará. Funciona como divisor de águas entre as bacias hidrográficas dos rios Curu e Banabuiú. Apesar do clima tropical quente semi-árido, possui temperaturas mais amenas e pluviometria maior que as regiões circunvizinhas devido sua altitude. Isto faz com que possua fontes d’água permanentes mesmo em secas prolongadas. Embora distribuída pelos territórios dos Municípios de Canindé e Itatira, a maior parte pertence ao segundo e no alto desta localiza-se o sede do Município. Antes de ser nomeada Serra do Machado era conhecida como Serra da Samambaia.” (S.N.T)

Ao completar uma semana de seu nascimento o seu pai repentinamente veio a óbito e deixou a sua mãe em grande desespero, fato que se transformou em um divisor de águas em sua trajetória de vida.
Por volta de 1930, em uma das etapas das obras de construção da parede e dos preparativos do lago do açude da Fazenda Teotônio, passou a residir com algumas de suas tias dentro das cercanias do Município de Madalena, que na época também pertencia ao Município de Quixeramobim.
Nessa época, as suas tias mudaram de endereço porque cozinhavam e vendiam refeição para os trabalhadores envolvidos nessa obra.

Imagem de Maria Cristina da Silva, por volta de 1935.

Ainda nesse período, entre esses trabalhadores, conheceu o jovem José Pereira da Silva, filho de Manoel Pereira da Silva e de Francisca Pereira da Silva, que trabalhava como ferreiro do canteiro de obras.
Algum tempo depois, no dia 1º de janeiro de 1935, aos 21 anos de idade, contraiu núpcias em uma cerimônia religiosa e algum tempo depois, no dia 18 de dezembro de 1939, regularizou a sua situação conjugal frente ao Estado.
Dessa feliz união conjugal foram gerados onze filhos, sendo eles: Antônio Pereira da Silva (Marinho), Cristina Pereira da Silva, Raimundo Pereira da Silva, Luiz Gonzaga Pereira (Zaga); José Francisco da Silva (Zé Filho); Alaide Pereira de Oliveira, Aladir Pereira da Silva, Maria Auxiliadora Pereira da Silva, Ivola Pereira da Silva, Francisca Aila Pereira da Silva e Luzene Pereira da Silva.

Imagem de José Pereira da Silva, por volta de 1936.

Por volta de 1947, percebendo um valioso nicho de mercado a ser explorado, decidiu investir no ramo de hotelaria na vila de Madalena, localizada no Sertão Central do Estado, que na época costumava receber um grande número de viajantes que conduziam gado para o abate na cidade de Fortaleza, esse hotel recebeu o nome de Santa Terezinha.
Nessa época, por sugestão do agropecuarista Joaquim Vieira Lima, que costumava hospedar os seus tangerinos nessa estalagem, recebeu o conselho de mudar o seu hotel para um local com maior expectativa de desenvolvimento e a cidade de Boa Viagem, terra natal de seu esposo, foi a melhor opção.

Imagem do Hotel Santa Terezinha, em 2013.

Imagem do Hotel Santa Terezinha, em 2013.

Pouco tempo depois, no dia 19 de março de 1956, instalou o seu hotel na Rua Agronomando Rangel, nº 483, no Centro da cidade de Boa Viagem.

“Instalado em 1956, pela Senhora Maria Cristina da Silva, conhecida por ‘Neném Abelha’. Essa destemida e bondosa amiga, natural de Quixeramobim, era casada com o Sr. José Pereira da Silva e mãe de doze filhos. O Hotel Santa Terezinha possui 19 quartos.” (NASCIMENTO, 2002: p. 211)

Muito tempo depois, no dia 21 de janeiro de 1982, depois de mais de cinquenta anos de vida conjugal, foi surpreendida pelo repentino falecimento de seu estimado esposo, que segundo informações existentes no livro C-03, folha 33, tombo nº 933, registro existente no Cartório Geraldina, 1º Ofício, já contava 79 anos de idade.
Algum tempo antes disso, por seus serviços prestados como parteira na cidade de Madalena, recebeu uma comissão designada pela SOBEM – a Sociedade Beneficente de Madalena, para colher informações de sua vida, onde seria homenageada.
Entendendo que faria algo irregular, pois não poderia permitir que o seu nome fosse colocado em um equipamento público enquanto estivesse viva, sugeriu a denominação de “Mãe Totonha” para o novo hospital e maternidade, que foi quem lhe ensinou a fazer os trabalhos necessário em um parto.

“Eu tive a alegria de fazer parte da criação da SOBEM. Conversando com algumas pessoas… Já se falava, naquela época, de emancipação… Ele disse que era a maternidade, uma casa de parto… Em homenagem a ela, então, e à família, se deu o nome da maternidade – Mãe Totonha.” (MAGALHÃES, 2009: p. 142)

Muito tempo depois disso, no dia 26 de maio de 1986, de forma inesperada, foi surpreendida com o trágico falecimento de uma de suas netas, a estudante Gardênia Maria Pereira de Oliveira, que na cidade de Fortaleza, quando regressava da faculdade,  foi vítima de uma bala perdida enquanto aguardava o ônibus coletivo.
Serviu em seu hotel aos viajantes que passaram pelo nosso Município até o dia 13 de outubro de 1997, quando veio a óbito na cidade de Boa Viagem depois de completar 83 anos de idade, deixando o registro de seu falecimento no livro C-05, tombo nº 3.293, folha 156v, do Cartório Geraldina.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no mausoléu da família existente no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 818, de 12 de dezembro de 2002, uma das ruas do Bairro Recreio recebeu a sua nomenclatura;
  2. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 1.228, de 27 de fevereiro de 2015, uma cozinha comunitária, existente no Bairro Recreio, recebeu a sua denominação.