Maria Auzerina Chaves

Maria Auzerina Chaves nasceu no dia 12 de fevereiro de 1943 no Município de Tamboril, que está localizado na região do Sertão de Crateús, distante 301 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filha de Sebastião Martins Chaves e de Raimunda do Nascimento Chaves.
Os seus avós paternos se chamavam Antônio Martins Chaves Filho e Francisca Rosa de Jesus, já os maternos eram Profirio Alves do Nascimento e Maria Avelino Alves.
Na época em que veio ao mundo foi trazida pelas mãos de uma parteira na atual vila de Monsenhor Tabosa, que também era denominada de “Arraial da Telha”, uma pequena vila pertencente ao Município de Tamboril:

“A primeira manifestação de caráter político de Monsenhor Tabosa nasceu com a criação do Distrito de Paz, provindo da lei nº 2.011, de 6 de setembro de 1882, vinculado à jurisdição de Tamboril. Com a supressão do Município de Tamboril, conforme decreto lei nº 193, de 20 de maio de 1931, o já denominado Distrito de Telha transferiu-se para a jurisdição do Município de Santa Quitéria. Retornou à jurisdição do Município de Tamboril, quando da restauração deste, conforme decreto lei nº 1.156, de 4 de dezembro de 1933, com a denominação de Arraial da Telha. Vale ressaltar, no entanto e a título de melhores esclarecimentos, que o locativo Telha nada tem com a produção ceramista, a exemplo de outro Distrito de igual nome (Iguatu). Trata-se, segundo tradição oral, do fato de terem sido encontrados, quando da edificação da capela, remanescentes de uma antiga olaria, além de resíduos probatórios desse tipo de cerâmica. A sua elevação à categoria de Vila provém do decreto lei nº 169, de 31 de março de 1938, e à categoria de Município na forma da lei nº 1.153, de 22 de novembro de 1951, tendo sido instalado a 25 de março de 1955.” (IBGE, 2000: Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=231320. Acesso no dia 16 de novembro de 2017)

Nessa época, habitando nesse pequeno povoado, teve a oportunidade de assistir as diversas transformações políticas e administrativas que eram conduzidas pelo Pe. Inácio Américo Bezerra.
O seu pai era ourives e costumava negociar os seus artigos pelas comunidades da vizinhança até que, por volta de 1958, insatisfeito por algumas desavenças conquistadas na cidade de Monsenhor Tabosa, decidiu levar a sua família para começar uma nova vida na vila de Ibuaçu, que está localizada no Município de Boa Viagem.
Na vila de Ibuaçu, aos finais de semana, costumava assistir as missas que eram celebradas na comunidade e ali conheceu e se afeiçoou ao jovem Manoel Paiva Chaves, que era nascido no dia 28 de julho de 1938, sendo filho de Salustiano Martins Chaves e de Raimunda Paiva Chaves.
Algum tempo depois, contando com a permissão dos pais, contraiu matrimônio religioso no dia 27 de maio de 1967 na Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Depois dessa união conjugal o jovem casal passou a residir na Fazenda Gurupi, uma pequena propriedade pertencente ao seu sogro, em uma casa de taipa que foi previamente preparada pelo seu cuidadoso esposo.
Dessa união nasceram quatro filhos, dois homens e duas mulheres, sendo eles: Manoel Paiva Filho, Maria do Socorro Paiva Chaves, Márcia Maria Paiva Chaves e José Anchieta Paiva Chaves, mas apenas os dois filhos homens conseguiram sobreviver, as crianças do sexo feminino morreram antes de completar o primeiro ano de vida.
Alguns anos mais tarde, de acordo com as informações existentes no livro 3, tombo nº 1.183, folha 205v, pertencente ao Cartório Conceição Gomes, do Distrito de Ibuaçu,  no dia 4 de maio de 1977, diante do Dr. Nestor Facundo Costa, juiz de direito da comarca, regularizaram a sua união conjugal frente ao Estado.
Ainda nessa época, no dia 14 de janeiro de 1977, na gestão do Prefeito Dr. Francisco Vieira Carneiro – o Major Carneiro, necessitando obter uma renda fixa extra, resolveu prestar concurso público para os quadros funcionais da Prefeitura de Boa Viagem.
Depois de alguns dias de ansiedade pelo resultado do concurso foi surpreendida pela notícia de sua aprovação e pelo decreto nº 37, de 22 de janeiro de 1977, quando foi nomeada professora ruralista da 4ª série do antigo primeiro grau em uma das escolas da rede municipal de educação que era denominada de Escola Marechal Floriano Peixoto.

“O Prefeito de Boa Viagem, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 25, § 1º da Constituição da República Federativa do Brasil, de 24 de janeiro de 1967, combinado com a lei nº 277, de 30 de novembro de 1976, resolve: Nomear MARIA AUZERINA CHAVES, para professora primária municipal, em virtude da aprovação em concurso público, devendo ser lotada na Escola Marechal Floriano Peixoto, no lugar Gurupi, neste Município.”

Nessa mesma época, devido aos limitados investimentos do Governo Municipal, a escola onde iniciou a sua vida profissional não tinha um prédio próprio e funcionava de forma adaptada em uma das salas de sua residência no período da tarde.
Em sua residência, durante alguns anos, acumulou as funções de esposa, mãe, tia, vizinha, cunhada, nora e professora em uma dura jornada diária de trabalho que só tinha hora para começar.
A sua privacidade doméstica só foi finalmente respeitada quando anos depois, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, o edifício da Escola de Ensino Fundamental Sebastião de Paiva Roriz foi finalmente construído.
Nesse mesmo período, ainda enfrentando grandes dificuldades de qualificação de seu pessoal, como também a falta de equipamentos adequados, o Município de Boa Viagem investia no aprimoramento de seu quadro funcional.
Nessa intenção, mesmo segura pela estabilidade funcional, a Professora Maria Auzerina Chaves não se acomodou, procurou sempre estar presente nos encontros pedagógicos promovidos pela Secretaria da Educação do Município no intuito de receber qualificação profissional necessária para melhor transmitir os seus conhecimentos.
Com grande dedicação conseguiu cursar o supletivo de primeiro grau no Radioposto Dr. José Vieira Filho, estação de rádio existente na vila de Olho d’Água do Bezerril, onde era monitorada em seus rendimentos escolares pela Professora Antônia Lindalva Bié.
Companheira dedicada de seu esposo sempre o apoiou nas decisões mais difíceis, inclusive quando esse, por duas vezes, resolveu colocar o seu nome por uma das cadeiras do Poder Legislativo municipal:

“Antes disso, no dia 15 de novembro de 1988, o seu pai, que nessa época militava nos quadros políticos do PFL – o Partido da Frente Liberal, com a legenda nº 25.609, disputou uma das vagas ao Poder Legislativo do Município de Boa Viagem, recebendo nessa ocasião apenas 152 votos, ficando em uma das suplências de seu partido. Na eleição seguinte, que ocorreu no dia 3 de outubro de 1992, ainda no PFL, dessa vez com a legenda nº 25.611, tentou novamente conseguir uma das vagas, mas recebeu 183 votos, ficando novamente em uma das suplências de seu partido.” (SILVA JÚNIOR, 2016: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/jose-anchieta-paiva-chaves/. Acesso em 16 de novembro de 2016)

No dia 7 de fevereiro de 2002, depois de 25 anos, três meses e cinco dias de regência de classe, solicitou o afastamento de suas atividades docentes e do quadro de funcionários ativos da Prefeitura de Boa Viagem por tempo de contribuição.
Esse requerimento foi prontamente atendido através da portaria nº 748, de 8 de abril de 2002, e rapidamente encaminhado para apreciação do TCM – o Tribunal de Contas dos Municípios, através do ofício nº 119, de 8 de abril de 2002, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef.
Pouco tempo depois, nos últimos meses de 2008, consciente do projeto político de seu filho caçula, foi a sua conselheira e amiga em momentos de aflição em uma campanha política que obteve grande êxito.
Algum tempo depois, conforme informações existentes no livro C-07, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 5.719, folha 163v, lamentavelmente, de forma prematura, faleceu no fim da tarde do dia 16 de novembro de 2010, vítima de afogamento, aos 67 anos de idade, com óbito sendo constatado pelo Dr. Gutemberg Mendes Farias Filho.
Depois de sua morte o seu corpo foi velado em sua residência, onde recebeu diversas manifestações de carinho e apreço de amigos e familiares, sendo depois conduzido ao Cemitério de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Centro da vila de Ibuaçu.

BIBLIOGRAFIA:

  1. IBGE. História do Município de Monsenhor Tabosa. Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=231320. Acesso no dia 16 de novembro de 2017.
  2. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  3. SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. José Anchieta Paiva Chaves. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/jose-anchieta-paiva-chaves/. Acesso no dia 16 de novembro de 2019.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 1.102, de 20 de maio de 2011, foi alterada a lei nº 763, de 4 de outubro de 2001, onde o CERU – o Centro de Educação Rural, que está localizado no edifício da Escola de Ensino Fundamental Maria Dias Cavalcante Vieira recebeu a sua denominação;
  2. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 1.081, de 4 de março de 2011, sendo orientado pelo Ministério Público Estadual através do Promotor Dr. Marcus Vinícius Amorim de Oliveira, foi alterada a lei municipal nº 763, de 4 de outubro de 2001, por força da lei federal nº 6.454, de 24 de outubro de 1977, que trata sobre a proibição da utilização do nome de pessoas vivas em edifícios públicos, bem como no que está escrito na Lei Orgânica do Município, passando a Escola de Ensino Fundamental Maria Dias Cavalcante Vieira, que está localizada da vila de Ibuaçu, a se chamar Escola de Ensino Fundamental Maria Auzerina Chaves;
  3. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 1.145, de 21 de março de 2012, uma das ruas do Bairro Alto da Queiroz, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.