Luiz Araújo

Luiz Araújo nasceu no dia 13 de dezembro de 1905 no Município de Canindé, que está localizado na região Norte do Estado do Ceará, distante 115 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de pai ignorado e de Raimunda de Sousa.
Com apenas oito dias de nascido, sem ter conhecido o seu pai, passou a residir na cidade de Boa Viagem, quando foi adotado pelos seus padrinhos, João Batista Araújo e Maria Cândido de Carvalho.
Em sua adolescência, por volta de 1917, no governo do Prefeito Salviano de Sousa Leitão, participou da formação da primeira banda filarmônica existente no Município de Boa Viagem.

“A primeira banda de música de Boa Viagem foi organizada pelo Cel. Salviano de Sousa Leitão, juntamente com o maestro Raimundo Avelino Pinheiro, notável clarinetista. Os músicos, além do maestro, eram: Francisco Deoclécio Ramalho, Luiz Araújo, Davi Venâncio, Raimundo Rosa e mais alguns.” (NASCIMENTO, 2002: p. 165)

Mais tarde, segundo informações existentes no livro B-05, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, folha 63v, no dia 9 de março de 1927 contraiu matrimônio com Maria Judite Uchôa, que nasceu no dia 7 de março de 1910, sendo filha de João Uchôa e de Isabel Targino Uchôa.
Desse matrimônio foram gerados cinco filhos, três homens e duas mulheres, sendo eles: Francisco Roziêr Uchôa de Araújo, Renir Uchôa Araújo, Maria Rosmilda Araújo Brilhante, Rosélia Uchôa Araújo e Luizete Uchôa Araújo.
Residiu com a sua família, durante muitos anos, na Rua José Rangel de Araújo, nº 132, no Centro da cidade de Boa Viagem.
Pouco tempo depois de casado, no dia 12 de outubro de 1928, com apenas 22 anos de idade, conseguiu habilitar-se e passou a trabalhar como motorista profissional em um veículo pertencente ao Cel. José Cândido de Carvalho.
Alguns anos depois, por volta de 1933, adquiriu o seu próprio veículo e exerceu, alguns anos depois, forte influência sobre a profissão escolhida pelo seu filho mais velho, Francisco Rosiêr Uchôa Araújo,  que também se tornou motorista.
Durante muitos anos fez a rota entre a cidade de Boa Viagem e a cidade de Quixeramobim, outras vezes levou passageiros para cidade de São Paulo:

“Uma vez por outra, alguns marchantes retornavam à Boa Viagem no final da tarde de sexta-feira, no caminhão do Luiz Araújo ou do Tupinambá, chegando à cidade no amanhecer do sábado. Muitas vezes, utilizando esse meio de transporte. O normal era a volta pelo trem da manhã do sábado até Quixeramobim, rumando a seguir para Boa Viagem, no lombo de um burro, na época de chuva; e, na estiagem, num caminhão.” (CARVALHO FILHO, 2008: p. 21)

Era muito querido pela população do Município de Boa Viagem, sendo conhecido pelos mais íntimos pelo apelido de o “Empreendedor”, fato que o motivou a entrar na vida pública por meio de uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores.

Na década de 1930 esteve envolvido na fundação de uma célula do partido integralista em Boa Viagem.

No pleito eleitoral ocorrido no dia 3 de outubro de 1950, militando nos quadros políticos do PSP – o Partido Social Progressista, conseguiu ser eleito depois de receber a confiança de 221 votos, ficando entre os cinco vereadores de maior preferência entre os eleitores.
Nessa legislatura, inicialmente prestou apoio aos projetos que foram encaminhados pelo gabinete do Prefeito Aluísio Ximenes de Aragão, sendo eles: aprovação da compra de máquinas agrícolas, que posteriormente foram destinadas ao auxílio de pequenos agricultores; reforma e construção da área interna do Mercado Público Municipal Jessé Alves da Silva, que foi destinado à venda de carne; abertura e pavimentação em paralelepípedo de ruas do Centro da cidade; serviço de abertura e manutenção de rodovias municipais; manutenção do funcionamento de 39 escolas; reforma da cadeia pública; manutenção do motor e do gerador de iluminação da cidade e de campanhas em favor da vacinação do rebanho.
Ainda nessa época, deu parecer favorável a uma consulta que foi encaminhada pelo Governo Federal em favor da estatização do petróleo e acompanhou os trabalhos do Governo Municipal na luta contra um surto de varíola que atingiu o Município.
Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 3 de outubro de 1954, desejando a sua reeleição, não conseguiu retomar a sua cadeira, ficando na primeira suplência de seu partido.
Nessa legislatura, no dia 10 de março de 1956, por conta de uma licença por interesse particular que foi solicitada pelo Vereador Aluísio Ximenes de Aragão, reassumiu a função de vereador por um período de seis meses.
Algum tempo depois, nos últimos meses de 1959, decidiu migrar com parte de sua família para cidade de Brasília, o Distrito Federal, onde existia grandes oportunidades de trabalho.
Mais tarde, no dia 17 de junho de 1963, juntamente com a sua família, foi surpreendido pelo repentino falecimento de seu filho, Francisco Roziêr, que tinha apenas 35 anos de idade e faleceu por conta de problemas cardíacos.
Nos primeiros anos da década de 1970, compondo a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Boa Viagem, prestou os seus valiosos serviços levando dezenas de idosos para o Município de Quixeramobim no intuito de regularizarem as suas aposentadorias até que, em 1979, depois de muita insistência de sua família, foi pressionado a abandonar o volante depois de 51 anos de profissão.
Antes disso, na eleição municipal que ocorreu no dia 15 de novembro de 1976, depois de um tempo fora da vida pública, permanecendo na bancada da ARENA – a Aliança Renovadora Nacional, desejando o seu terceiro mandato eletivo, embora não tenha conseguido ser eleito, conseguiu ficar na segunda suplência de seu partido.
Ainda nessa época, nos últimos meses de 1977, procurando algo para se ocupar e percebendo o gradativo aumento do fluxo de veículos na cidade, resolveu abrir um lava-jato na Avenida Francisco Rosiêr Uchôa de Araújo, onde era constantemente auxiliado por alguns netos, entre eles Olavo de Almeida Brilhante Filho, que algum tempo depois faleceu nesse local vítima de uma descarga elétrica.
Algum tempo depois, no dia 2 de agosto de 1980, por conta de uma licença médica solicitada pelo Vereador Antônio Alves Capistrano, foi convocado para assumir a sua cadeira na Câmara Municipal.
Na eleição municipal do dia 15 de novembro de 1982, dessa vez compondo os quadros políticos do PDS – o Partido Democrático Social, com a legenda nº 1.606, resolveu retomar uma das cadeiras do Poder Legislativo, recebendo nessa ocasião apenas 198 sufrágios, ficando novamente como suplente de seu partido.
No pleito eleitoral seguinte, ocorrido no dia 15 de novembro de 1988, dessa vez pertencendo aos quadros políticos do PMDB – o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, com a legenda nº 15.641, recebeu apenas dois votos, ficando nessa ocasião na última suplência de sua coligação.

Imagem de Benjamim Alves da Silva com o Dep. Marcos Cals.

Imagem de uma reunião ocorrida no Centro Social Urbano Dep. José Vieira Filho, em 1990.

Pouco tempo depois, no dia 17 de setembro de 1990, com muito orgulho, proposição do Vereador Antônio Marques Dias de França, foi agraciado pela Câmara Municipal de Vereadores de Boa Viagem com o título de cidadania.
Mais tarde, no dia 24 de dezembro de 1997, segundo informações existentes no livro C-05, pertencente ao Cartório Geraldina, tombo nº 3.315, folha 162, faleceu em sua residência, na cidade de Boa Viagem, poucos dias depois de completar 92 anos de idade.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Centro da cidade de Boa Viagem.

BIBLIOGRAFIA:

  1. BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Avivando Retalhos – Miscelânea. 2ª edição. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1983.
  2. CARVALHO FILHO, José Cândido de. Boa Viagem da Minha Infância. Rio de Janeiro: Thesaurus/Itiquira, 2008.
  3. FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
  4. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
  5. TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁ. Primeiras Eleições e Acervo Documental. Fortaleza: TRE, 2007.
  6. VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

  1. Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 818, de 12 de dezembro de 2002, uma das ruas do Bairro de Nossa Srª de Fátima, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.