José Vieira de Lima nasceu no dia 28 de agosto de 1896 no Município de Catolé do Rocha, que está localizado no Sertão paraibano, distante 411 quilômetros da cidade de João Pessoa, sendo filho de Quintiliano Vieira Lima e de Felisbela Vieira de Freitas.
Os seus avós paternos se chamavam Francisco Pereira Lima e Maria Vieira da Conceição, já os maternos eram Pedro Vieira Carneiro e Maria Floriana de Morais.
Para falarmos de sua existência é de suma importância que compreendamos alguns dos fatos que precederam a sua ligação com o Município de Boa Viagem.
Como sabemos a vida do nordestino está fortemente ligada ao fenômeno natural das secas, essa região ficou conhecida em todo o Brasil, senão no mundo, pelos constantes deslocamentos de sua população, que muitas vezes, por falta de opção, buscam refúgio nos grandes centros do sudeste do Brasil.
Preocupados com isso, durante muito tempo, os seus governantes colocaram como pauta de suas ações a solução desse grave problema. Muito já se fez e aos poucos vem se fazendo, ao longo dos anos, para amenizar o sofrimento da população nordestina brasileira.
Entre os Estados do Nordeste a Paraíba é um dos menores, mas, em compensação, era um dos mais populosos, possuía uma alta densidade demográfica e uma pequena área territorial. Por esses motivos, muitos paraibanos, a partir do final do século XIX, saíram do seu Estado arriscando conseguir encontrar um lugar melhor para viver.
Desde o final da República Velha o Governo Federal tentava amenizar os efeitos da desigualdade social entre as regiões de nosso país. Ambicionávamos seguir o exemplo de nosso grande “irmão do Norte”, os Estados Unidos da América, que conseguiu a façanha de unir o Oceano Atlântico ao Pacífico através da estrada de ferro. O Brasil traçava planos de ligar todas as suas regiões através da malha ferroviária, o trem seria o condutor do tão desejado progresso.
Em 1919 houve uma feroz estiagem no Sertão nordestino e esse fato motivou ao jovem José Vieira de Lima a aventurar-se pelo Brasil em busca de trabalho, ao contrário de muitos desejava conhecer o Estado do Pará e o famoso Rio Amazonas.
Movido pelo interesse de fazer fortuna saiu de sua terra natal e foi para cidade de São João do Rio do Peixe, que também está localizada no Sertão paraibano, no intuito de embarcar no trem que seguia para cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará, na intenção de encontrar um primo, sobrinho de sua mãe, que era o coletor da alfândega no porto, e que, imediatamente, o embarcaria em um navio para o destino previamente desejado:
“Meu pai, José Vieira de Lima, era um paraibano muito tranquilo e calmo que chegou a Boa Viagem, vindo de Catolé do Rocha, no Estado da Paraíba, pelos idos de 1921. Trabalhando na antiga Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas. Chegou a Boa Viagem trabalhando como agrimessor num grupo de servidores que estudavam uma estrada que deveria ser construída ligando o Município de Tamboril ao Município de Boa Viagem.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 27-28)
No Estado do Pará, durante dois anos, viveu na cidade de Santarém, que é conhecida pelos seus habitantes como a “Pérola do Tapajós”, até que, em 1921, não sabemos por qual motivo, resolveu retornar de navio da cidade de Belém para o Estado do Ceará.
Chegando à cidade Fortaleza decidiu passar novamente na casa de seu primo, que era localizada na Vila Romero, nº 71, Centro, onde em seguida tomaria condução para à casa de seus pais no interior paraibano.
Lembramos que, embora tenha nascido no Município de Catolé do Rocha, tinha fortes ligações com o Estado do Ceará, pois há muitos anos antes do seu nascimento o seu bisavô, José Alexandre de Freitas Filho, que era natural da região da Serra do Baturité, havia sido acusado de cometer um crime e por conta desse fato migrou com parte de seus filhos para o Estado da Paraíba, onde encerrou os seus dias.
Na cidade de Fortaleza, depois de algum tempo hospedado, enquanto aguardava o transporte para a sua terra natal, encontrava-se na rua observando as novidades do comércio local quando foi surpreendido por um assalto, perdendo toda a sua fortuna ganha na aventura no Norte.
Sem dinheiro, triste por perder as suas economias, solicitou um empréstimo ao seu primo para que pudesse retornar para a casa de seus pais e o dinheiro emprestado seria devolvido posteriormente quando chegasse à Paraíba através de uma carta, hábito comum na época.
O seu primo, José Carneiro Neto, mais conhecido como “Dé Carneiro”, era um homem influente, possuía prestígio e acesso direto ao Dr. Justiniano de Serpa, que nessa época era o governador do Estado do Ceará.
Nesse período, o Governo do Estado estava realizando diversas obras com o intuito de amenizar o problema da seca e estava precisando de pessoas corajosas e disponíveis para as frentes de trabalho no Sertão. Sabendo disso, José Carneiro fez-lhe a proposta de arrumar-lhe um emprego e logo a oferta foi aceita sem hesitação.
No inicio da década de 1920 a pequena cidade de Boa Viagem não sonhava em possuir uma estrada com manta asfáltica, o seu acesso, em todas as direções, era feito através de estradas carroçáveis. Para termos uma ideia Carvalho Filho (2008: 52) nos informa que, nessa época, “a viagem entre Boa Viagem e o Quixeramobim era feita em dois dias”.
Pensando nisso o Governo Federal, através do Instituto Federal de Obras Contra as Secas – o IFOCS, equivalente ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – o DNOCS, em nossos dias, e em parceria com o Governo do Estado, verificou-se a possibilidade de ampliar a estrada de ferro que saia da cidade do Quixeramobim e se estenderia até o Município de Tamboril. Entre as duas estações a cidade de Boa Viagem seria uma parada certa.
O trem facilitaria o transporte de nossas riquezas, escoaria a produção de algodão e de outras sementes para nossa capital, a cidade de Fortaleza. Ainda nessa época, por conta das secas, uma grande quantidade de reservatórios de água estavam sendo construídos pelo interior do Estado.
Diante disso, costumeiramente, o Governo Estadual enviava equipes de técnicos no intuito de fazerem estudos e verificar a viabilidade desses projetos e entre esses técnicos enviados ao Sertão encontrava-se José Vieira de Lima, que trabalhava no ofício de agrimensor, equivalente a topógrafo em nossos dias.
Envolvido nessas frentes de trabalho, quando estava no Município de Tamboril fazendo os estudos topográficos para a instalação da estrada de ferro, foi enviado pelo seu superior a fazer estudos para o represamento de um riacho e a futura construção de um açude no Município de Boa Viagem na propriedade de um próspero agropecuarista da região.
Nessa oportunidade, quando já estava em Boa Viagem, ficou hospedado juntamente com toda a sua equipe na Fazenda Triunfo, residência do Agropecuarista Theóphfilo da Costa Oliveira, que era popularmente conhecido como “Teófilo Amaro”.
Dessas paradas para o descanso surgiu o mutuo interesse entre o visitante e a bela filha de seu anfitrião, que era chamada de Adília Maria de Oliveira, nascida no dia 22 de junho de 1904.
No início desse romance Teófilo Amaro e a sua esposa, chamada de Francisca Juliana da Conceição, não aprovavam o namoro, pois temiam que o seu visitante fosse casado, um jagunço ou quem sabe um desertor do cangaço, algo comum naquela época.
O jovem era bem afeiçoado, de boa aparência, costumava sempre andar bem vestido. Certo dia, não sabemos se por esquecimento ou de propósito, deixou o seu paletó no encosto de uma cadeira na casa de seu anfitrião, que logo foi cuidadosamente revistado pela sua curiosa futura consorte.
Em um dos bolsos do paletó foi encontrada a prova tão desejada, uma carta que havia sido enviada recentemente do Estado da Paraíba e que fora escrita por sua mãe. Sem demoras Adília Maria de Oliveira procurou quem soubesse ler, pois queria saber o teor daquela misteriosa carta, pretendia juntar as provas que confirmassem a boa índole de seu amado.
Feliz pela valiosa descoberta e pelo sucesso de sua astúcia a moça chamou ao seu pai e lhe apresentou a preciosa prova, que após uma nova leitura, feita por Luzia Amaro, irmã de Teófilo, o namoro foi finalmente permitido.
Pouco tempo depois de tudo isso, segundo informações existentes no livro B-06, pertencente à secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombo nº 76, folha 14, no dia 19 de outubro de 1922, diante do Mons. José Cândido de Queiroz Lima e de toda comunidade, a cerimônia de casamento foi celebrada na Fazenda Jantar.
Alguns dias antes o casal recebeu como presente uma propriedade que serviria para a criação de gado e o cultivo da terra, pois o seu sogro não queria que a sua filha partisse e sim que o seu genro se estabelecesse no Município.
Dessa união foram gerados nove filhos, seis homens e três mulheres, sendo eles: Enéas Vieira Lima, José Vieira de Lima Filho, Zeneida Vieira Bruno, Zeleida Vieira Carneiro, Maria Vieira de Lima Saintrain, Francisco Vieira Carneiro, Antônio Vieira Carneiro, José Maria de Lima e José Vieira Filho.
Poucos dias depois da celebração de seu matrimônio, já em 1923, o novo casal viajou para o Município de Riacho dos Cavalos, pois tinha o interesse em apresentar a sua esposa para os seus pais e também compartilhar das aventuras vividas por ele durante os últimos anos.
Nessa ocasião, informou aos seus pais das vantagens e da beleza das terras do Ceará, até que, depois de algumas semanas em meio aos seus familiares, decidiu retornar para a sua fazenda no intuito de dar continuidade a sua vida.
Nos últimos meses do ano seguinte, teve o conhecimento do interesse de seus pais virem morar também na “Joia do Sertão Central”, notícia que lhe trouxe grande felicidade.
Depois disso, durante anos, em sua propriedade, foi um dos grandes produtores de algodão e milho de nossa região, possuindo um invejável rebanho bovino e caprino, que lhe davam uma abundância de leite e derivados, mas a fartura de posses não se comparava à bela e bem estruturada família que conseguiu construir com a sua esposa.
Nos primeiros meses de 1945, depois de anos habitando no Estado do Ceará, não escondia o desejo de entrar na vida pública pleiteando um mandato como vereador, caso houvesse abertura política, mesmo sabendo dos riscos que corria:
“A grande maioria das administrações anteriores, muitas vezes, por falta de recursos, por despreparo dos administradores para o cargo ou por falta de aptidão para as causas populares, pouco realizaram. Ficavam sempre na mesmice, no ‘feijão com arroz’ como se diz. Perdiam boa parte do tempo para atender aos problemas de delegacia, resolver questões de terras que envolviam proprietários rurais, cobrar impostos até de cancela nas estradas e fazer politicagem de baixo nível, que nada rendia para o futuro do Município. Fazer política aqui era coisa perigosa.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 52)
Nessa ocasião, a sua posição política não era a das mais fáceis, pois apoiaria João Barbosa Lima, o “Noca Barbosa”, que era potencial candidato a prefeito pela UDN – a União Democrática Nacional, não tendo a simpatia da “Oligarquia Araújo”, até então a família que dominava o cenário político do Município.
“Os Araújos, família rica e filiada a outras das mais antigas do norte do Ceará, vivia na mesma região [Sertão de Canindé], tendo como sede principal a povoação de Boa Viagem.” (SIMÃO, 1996: p. 190)
Mais tarde, no dia 28 de dezembro de 1946, conversando sobre as projeções políticas da eleição estadual que se aproximava, estando na calçada da residência de José Inácio de Carvalho, líder da oposição a “Oligarquia Araújo”, teve a triste sorte de servir de testemunha de um bárbaro crime que até hoje deixa mágoa no coração de alguns boaviagenses:
“Com os depoimentos da viúva da vítima, da mulher de Caledônio, da filha de Caledônio, de José Vieira de Lima, de Fausto Costa e mais cinco amigos de José Inácio, o Major Leite representou ao Dr. Lourival Soares, juiz de direito, requerendo a prisão preventiva para o autor material, Francisco Pereira Lima e para os autores intelectuais, Delfino de Alencar Araújo e Aluísio Ximenes de Aragão.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 71)
Pouco tempo depois desse fato, no dia 5 de maio de 1947, um de seus irmãos, Joaquim Vieira Lima, foi nomeado interventor no lugar do Tenente José Silvino da Silva pelo governador do Estado do Ceará, o Dr. Faustino de Albuquerque e Sousa, permanecendo nessa função até o dia 25 de março de 1948, data que marcou o início da abertura política e a reinstalação das câmaras municipais no Ceará.
Antes disso, apesar desse cruel assassinato e da escolha de seu irmão para assumir a interventoria o resultado do pleito eleitoral não foi outro, no dia 7 de dezembro de 1947, após uma acirrada campanha, as urnas declararam o seu candidato a prefeito como derrotado e Manoel Araújo Marinho, candidato do PSP – o Partido Social Progressista, como novo prefeito do Município de Boa Viagem.
Mesmo tendo sido o seu candidato derrotado nas eleições ele conseguiu ser eleito para uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores ao receber a confiança de 79 eleitores, desde cedo percebeu que o seu mandato seria de oposição ao novo gestor, mas os desafios não lhe desanimaram e logo pôde colher os frutos de suas posições.
Para o pleito seguinte, ocorrido no dia 3 de outubro de 1950, ainda militando nos quadros políticos da UDN e exercendo um mandato diferenciado dos demais, foi indicado pela convenção de seu partido a representar a sua bancada no executivo contra a candidatura do Coletor Aluísio Ximenes de Aragão, candidato indicado pelo PSP.
Nesse pleito, os candidatos a prefeito não possuíam vice e ele enfrentou a corrente política que tinha em suas mãos a máquina administrativa e uma grande e poderosa família:
“Em 1950, meu pai era candidato a prefeito e sofreu várias ameaças, tais como: altas horas da noite bateram nas porteiras, anexas à casa da fazenda. Certamente, eles esperavam que meu pai saísse no escuro, pensando que os animais estivessem fugindo do curral, mas isso não aconteceu. Então eles bateram em uma janela da casa. O meu pai estava armado, dentro da casa; a minha mãe acendeu a lamparina e os bandidos fugiram.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 52)
Nessa campanha, seguindo o ritmo da música “Forró de Mané Vito”, uma composição de Luiz Gonzaga do Nascimento, que fazia grande sucesso nessa época, algumas pessoas ainda guardam na memória a quadrinha de insulto que foi feita contra ele pelos eleitores do Aluísio:
“Seu Zé de Lima se esqueça da prefeitura;
ponha a faca na cintura
e vá pra roça trabaiá.”
Como era de esperar, a empreitada dessa campanha eleitoral foi gigantesca, sem dinheiro e sem apoio político suficiente não conseguiu obter êxito que esperava:
“Para prefeito municipal: I – Aluísio Ximenes de Aragão 2.031 votos. II – José Vieira de Lima 1.314 votos, votos em branco 111, votos nulos 32, total de votantes 3.488. Foi proclamado prefeito eleito pelo processo majoritário o candidato Aluísio Ximenes de Aragão, com a diferença de 717 votos a mais sobre o seu competidor, José Vieira de Lima. Para vereadores: Votação por legendas na eleição para a Câmara Municipal. PSP 1.400 votos, UDN 1.333 votos, PSD 623 votos. O quociente eleitoral foi de 382, assim obtidos: número de votos apurados, inclusive os em branco, 3.437, divididos por 9 (número de lugares de vereadores a serem preenchidos nesse Município), resultado da divisão aludida 3.818, aplicando-se então a parte final do artigo 35 das instruções para a apuração do Tribunal Superior Eleitoral… Os quocientes partidários foram dos três partidos políticos registrados, o seguinte: PSP 3 vagas; UDN 3 vagas e PSD 1 vaga, soma 7. Não ficando preenchido todos os lugares com a aplicação dos quocientes partidários… determinado no artigo 36 das instruções… concluindo-se para a eleição de mais um vereador para o PSP e outro para a UDN.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 45-46)
Durante os quatro anos que se seguiram, embora sem um mandato eletivo, permaneceu firme em sua posição de adversário, mas sempre buscando fazer uma oposição inteligente.
Na eleição municipal do dia 3 de outubro de 1954, ainda nos quadros políticos da UDN, entrou novamente na disputa por uma das nove vagas do Poder Legislativo municipal, conseguindo ser eleito entre os três vereadores de maior votação dessa disputa.
Nessa ocasião o seu partido coligou-se com o PSD – o Partido Social Democrático, e juntos elegeram a prefeito o Agropecuarista Delfino de Alencar Araújo:
“Em Boa Viagem a coligação governista era representada pela família ‘Araújo’ sob a liderança do ex-prefeito Manuel Araújo Marinho (PSD) e pelo PSP, presidido pelo Prefeito Aluísio Ximenes Aragão. Enquanto as oposições coligadas seguiam o Vereador José Vieira de Lima.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 11)
Nessa legislatura, no dia 24 de março de 1955, juntamente com a sua bancada, deu total apoio ao projeto do Governo Municipal para construção do Açude Público José de Alencar Araújo, na localidade de Capitão-mor.
Antes disso, conseguiu ser eleito pelos seus pares como presidente da mesa diretora da Câmara Municipal no primeiro período legislativo, seguindo de um novo mandato nessa mesma função, pouco tempo depois, no dia 26 de março de 1957.
Mais tarde, já em 1958, o cenário político sofreu algumas modificações, quando antigos adversários passaram para o campo aliado no intuito de eleger o Dr. Gervásio de Queiroz Marinho, advogado que foi candidato pelo PSD, sendo filho de Manuel Araújo Marinho, ex-prefeito do Município e um importante cabo eleitoral:
“Em Boa Viagem, o PSP era liderado pela família Araújo e pela família Ximenes de Aragão. A UDN por José Vieira de Lima.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 60)
Nessa eleição, novamente o seu nome retornou à Câmara Municipal, tomando posse dessa função apenas no dia 13 de abril de 1959, até que, pouco tempo depois, no dia 11 de maio de 1959, padecendo com graves problemas em sua saúde, solicitou uma licença por tempo indeterminado para tratamento médico, quando em seu lugar assumiu o suplente, o Vereador Antônio Tupinambá de Araújo.
Nessa legislatura, quando regressou de sua licença médica, deus apoio a vários projetos encaminhados pelo Gabinete do prefeito, sendo eles: a compra de um trator, que tinha o intuito de servir aos agricultores do Município; o apoio a realização de convênio com o Governo Federal para fomentar o Ensino Primário; o apoio a criação do serviço de manutenção de estradas municipais; a modificação da nomenclatura das ruas da cidade; a doação de um lote urbano para construção da Associação Atlética Boaviagense; a delimitação da zona urbana da cidade e das vilas de Domingos da Costa, Ibuaçu e Jacampari.
Pouco tempo depois, em 1962, os ventos da política local começam a tomar um novo movimento, dessa vez com um sopro diferente. A paisagem política passou a receber novos atores e um deles era o seu principal herdeiro político, José Vieira Filho, que era conhecido pela alcunha de “Mazinho” e pleiteava entrar na vida pública na eleição que se aproximava:
“Foi uma porta aberta para minha candidatura a vice-prefeito do Município no ano de 1962. O meu pai, que já exercera três mandatos de vereador e em 1950 disputou o cargo de prefeito municipal, perdendo para seu compadre, Aluísio Ximenes de Aragão, enfrentava alguns descontentamentos dentro do seu partido e estava sem ânimo para continuar na política.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 34)
Pouco tempo depois, no dia 7 de outubro de 1962, finalmente aconteceu a eleição que sacramentou a vitória para prefeito do Dr. Manuel Vieira da Costa, o Nezinho, candidato da UDN que fazia oposição ao Governo Municipal.
Nessa ocasião, dessa vez pelo PSD, conseguiu novamente a sua cadeira no Poder Legislativo municipal, sendo eleito alguns meses depois como o primeiro vice-presidente da mesa diretora da Câmara Municipal, contemplando antes disso a vitória de seu filho, José Vieira Filho, para o exercício do mandato de vice-prefeito:
“Houve a eleição e, quando apuraram os votos, o Dr. Manuel Vieira da Costa (Nezinho) venceu o Sr. Deodato por uma diferença de 226 votos. Houve mais de 800 votos nulos do Sr. José Vieira Filho, e consegui vencer o Sr. Aluísio com 77 votos a mais de diferença. Valeu a vontade do povo, sufragando os candidatos, Nezinho e Mazinho, dois primos carnais, embora de partidos e palanques opostos.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 37)
Essa alegria no campo político veio a contrastar com uma profunda tristeza acontecida anos antes, pois no dia 15 de março de 1960 ele perdeu a sua esposa, que faleceu vítima de um tumor maligno na cabeça.
Pouco tempo depois desse episódio, no dia 2 de outubro de 1962, com 66 anos de idade, contraiu núpcias com a jovem Raimunda Iza Fernandes Lemos, de apenas 37 anos, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, em uma celebração que foi dirigida pelo Pe. José Patrício de Almeida e contou com a presença e apoio de todos os seus filhos.
Nessa legislatura, que foi bastante tumultuada pelo número de prefeitos, entre eles o seu filho, prestou apoio aos projetos que vieram do Poder Executivo, foram eles: a implantação do Posto de Saúde Dr. Pontes Neto; a implantação do sistema de telefonia que interligou à cidade de Boa Viagem às vilas de Guia e Ibuaçu; a implantação da Escola de Ensino Fundamental Osmar de Oliveira Fontes, que na época recebeu o nome do Presidente John Fitzgerald Kennedy; o projeto de organização da nomenclatura das ruas e da numeração das casas da cidade; a implantação de um matadouro público; a construção da Escola de Ensino Médio Dom Terceiro; a instalação do sistema d’água na cidade de Boa Viagem; a construção do Obelisco em comemoração do 1º centenário do Município de Boa Viagem; a reforma administrativa da Prefeitura de Boa Viagem; a instalação de energia elétrica na vila de Guia; a abertura e manutenção de rodovias municipais e a construção do Açude Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima.
No dia 4 de maio de 1965, necessitando novamente de tratamento médico, solicitou licença de seu mandato, sendo substituído até o final dessa legislatura pelo suplente, o Vereador José Pereira de Almeida.
Mais tarde, no dia 2 de junho de 1966, juntamente com os seus familiares, partilhou da perda de sua mãe. Antes disso, logo após o seu casamento, voltando a ser perturbado por alguns problemas de saúde, decidiu mudar-se definitivamente para a sua residência na cidade, que estava localizada na Rua Antônio Domingues Álvares, nº 323, esquina com a Rua José Leal de Oliveira, no Centro, onde teria melhores possibilidades de assistência médica até que, no dia 27 de março de 1967, na cidade de Fortaleza, veio a óbito vítima de eczema.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no Cemitério São João Batista, que está localizado na Rua Pe. Mororó, s/nº, Centro, na cidade de Fortaleza.
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. Boa Viagem, Realidade e Ficção. Fortaleza: MULTIGRAF, 1995.
- FRANCO, G. A. & CAVALCANTE VIEIRA, M. D. Boa Viagem, Conhecer, Amar e Defender. Fortaleza: LCR, 2007.
- MARINHO, Antônia de Lima. A Filha do Nordeste e Frutos Nordestinos. Boa Viagem: Máximos Impressões Gráficas, 2015.
- SIMÃO, Marum. Quixeramobim, Recompondo a História. Fortaleza: MULTIGRAF, 1996.
- MUNIZ, Altemar da Costa. Trajetórias de Vida, Espaços de Sociabilidade e Projeto Político da Burguesia ‘Mudancista’ Cearense (1978-1986). Dissertação apresentada ao departamento de pós-graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de tombo dos casamentos. 1922-1924. Livro B-06. Tombo nº 76. Página 14.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão. A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Fortaleza: PREMIUS, 2015.
- TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁ. Primeiras Eleições e Acervo Documental. Fortaleza: TRE, 2007.
- VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na administração do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, através da lei nº 127, de 18 de abril de 1969, projeto do Vereador Samuel Alves da Silva, por descuido dessa gestão, uma das praças da cidade de Boa Viagem recebeu a sua nomenclatura sem que se tenha observado que ali já havia uma denominação. Nessa época, pouco tempo antes, na administração do Prefeito Cícero Carneiro Filho, através da lei nº 80, de 28 de maio de 1966, esse mesmo equipamento público já tinha recebido o nome de Praça Capitão José Ribeiro e Silva;
- Em sua memória, ainda nessa época, com recursos públicos, foi colocado um busto em sua homenagem em um dos principais pontos da cidade de Boa Viagem, a Praça Vereador José Vieira de Lima;
- Em sua memória, na administração do Prefeito José Vieira Filho, através da lei nº 139, de 12 de março de 1970, uma das ruas do Bairro Alto do Motor, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua denominação;
- Em sua memória, na administração do Prefeito José Vieira Filho, através da lei nº 451, de 6 de outubro de 1987, a sua nomenclatura foi colocada também no parque de exposições agropecuárias do Município;
- Em sua memória, na administração do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei nº 718, de 23 de março de 2000, uma das dependências da Câmara Municipal de Vereadores de Boa Viagem recebeu o seu nome;
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, através da lei n° 763, de 4 de outubro de 2001, uma escola da rede municipal de educação recebeu a sua denominação.
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