José Targino da Silva nasceu no dia 15 de outubro de 1842 no Município de Quixeramobim, que está localizado no Sertão Central do Estado do Ceará, distante 203 quilômetros da cidade de Fortaleza.
Na época do seu nascimento a cidade de Boa Viagem, que também era conhecida pela alcunha de “Cavalo Morto”, era apenas um pequeno povoado existente dentro dos limites geográficos do Município de Quixeramobim.
“Distrito criado com a denominação de Boa Viagem, ex-povoado de Cavalo Morto, pela lei provincial nº 1.025, de 18 de novembro de 1862. Elevado à categoria de vila com a denominação de Boa Viagem, pela lei provincial nº 1.128, de 21 de novembro de 1864, desmembrado de Quixeramobim.” (IBGE, 2000: Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017).
No dia 29 de outubro de 1864, de acordo com as informações existentes na página 15 do livro B-01, destinado ao tombo dos casamentos da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, em uma cerimônia que foi celebrada pelo Pe. João Antônio do Nascimento e Sá, contraiu matrimônio com Custódia Engrácia de Jesus.
Desse matrimônio foi gerada Izabel Targino da Silva e Anna Joaquina da Silva, que foi esposa de Theopésio Rodrigues da Silva, secretário da Câmara Municipal de Vereadores e filho do Vereador Aristóteles José da Silva Lobo.
Desempenhou serviços em favor do Município de Boa Viagem como político, delegado e alferes do 52º batalhão de infantaria da Guarda Nacional, uma companhia de homens que estava disponível para qualquer ação militar determinada pelo Governo da Província.
O 52º Batalhão de Infantaria foi criado através do decreto nº 4.520, de 28 de abril de 1870, quando foi desmembrado do Município de Quixeramobim, tendo como comandante o Tenente Coronel José da Silva Bezerra:
“A Guarda Nacional foi uma força paramilitar organizada por lei no Brasil durante o período regencial, em agosto de 1831, para servir de ‘sentinela da constituição jurada’, e desmobilizada em setembro de 1922. No ato de sua criação lia-se: ‘Com a criação da Guarda Nacional foram extintos os antigos corpos de milícias, as ordenanças e as guardas municipais.’ Em 1850 a Guarda Nacional foi reorganizada e manteve as suas competências subordinadas ao ministro da Justiça e aos presidentes de província. Em 1873 ocorreu nova reforma que diminuiu a importância da instituição em relação ao Exército Brasileiro. Com o advento da República a Guarda Nacional foi transferida em 1892 para o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Em 1918 passou a Guarda Nacional a ser subordinada ao Ministério de Guerra através da organização do Exército Nacional de 2ª Linha, que constituiu de certo modo sua absorção pelo Exército.” (S.N.T)
De acordo com as informações existentes no periódico O Cearense, ano XXV, nº 65, edição do dia 7 de agosto de 1872, era o vice-presidente do diretório do PL – o Partido Liberal do Município de Boa Viagem.
Em 13 de agosto de 1874, em meio a uma grande polêmica, substituiu a Delfino Alves Pinheiro e Lima como escrivão da Câmara Municipal de Vereadores de Boa Viagem, algo que gerou acalorada discussão entre os vereadores por conta do conflito de interesses:
“Na legislatura seguinte, já na presidência da mesa diretora da Câmara, através de um ofício emitido no dia 13 de agosto de 1874, um ‘fato desagradável’ ficou registrado nos anais da história envolvendo o seu nome naquilo que consideramos ser o primeiro escândalo político do Município. Nessa data o escrivão da Câmara, que se chamava Delfino Alves Pinheiro e Lima, solicitou demissão de sua função por conta de sua mudança de domicílio e um dos vereadores prontamente propuseram a sua substituição. Na ocasião o Vereador Joaquim Marinho Falcão indicou o nome de José Targino da Silva, conhecido como “Silveirinha”, que era seu genro e cunhado de outro vereador, algo que não era permitido, fazendo com que o presidente da mesa alertasse aos seus pares da possível improbidade administrativa. No mesmo instante, insatisfeito com a recusa de sua proposta, o ignorante edil o fez inúmeros insultos, fazendo com que imediatamente interrompesse a sessão, propondo a sua reabertura em outra data.” (SILVA JÚNIOR, 2017: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/vicente-alves-da-costa/. Acesso no dia 1º de junho de 2020)
Nessa ocasião o presidente da mesa diretora, Vicente Alves da Costa, que não queria cometer uma improbidade administrativa, foi literalmente jogado no meio da rua e a sessão foi reaberta em seus trabalhos.
Mais tarde, no dia 11 de agosto de 1890 foi indicado pelo Presidente do Estado para ocupar uma das cadeiras do Conselho de Intendência do Município de Boa Viagem, que nessa época era ocupada por Manoel Mendes Correia Lima, função exercida até o dia 31 de março de 1892.
Nesse período o Conselho de Intendência do Município manteve constante correspondência com o Governo do Estado informando sobre a quantidade de escolas, igrejas e outros patrimônios públicos do Município; responderam relatório sobre obras públicas e a Comissão de Socorros; organizaram as mesas eleitorais para escolha dos deputados; reorganizaram a coleta de impostos.
Nessa legislatura os funcionários públicos passaram meses sem receber os seus pagamentos e ocorreu a autorização para formação de uma Guarda Municipal, ocorrendo também algumas intrigas relacionadas a sua presidência, que era assumida mensalmente por um dos membros da intendência.
“Art. 1º – Até definitiva Constituição dos Estados Unidos do Brasil e do Estado Confederado do Ceará, ou antes, se assim convier, o poder municipal nesse Estado será exercido por um Conselho de Intendência Municipal, composto de cinco membros, sob a presidência de um deles, eleito na primeira sessão de cada mês…” (RIBEIRO, 2005: p. 12)
Pouco tempo depois disso, possivelmente por conta de uma seca, resolveu migrar com a sua família para o Amazonas, onde acreditamos terminou os seus dias.
BIBLIOGRAFIA:
- CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará (1889-1930). ABC: Fortaleza, 1996.
- FERREIRA NETO, Cicinato. A Tragédia dos Mil Dias: A seca de 1877-79 no Ceará. Premius: Fortaleza, 2006.
- IBGE. Histórico do Município de Boa Viagem. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=230240&search=ceara|boa-viagem|infograficos:-historico. Acesso no dia 13 de julho de 2017.
- PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Livro de tombo de casamentos. 1963-1986. Livro B-01, Página 15.
- PEIXOTO, João Paulo M. & PORTO, Walter Costa. Sistemas Eleitorais no Brasil. Brasília: Instituto Tancredo Neves, 1987.
- RIBEIRO, Valdir Uchôa. Conselhos de Intendência no Ceará. Fortaleza: Premius, 2005.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Vicente Alves da Costa. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/vicente-alves-da-costa/. Acesso no dia 1º de junho de 2020.
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