José Santos Filho nasceu no dia 2 de março de 1896 no Município de Catolé do Rocha, que está localizado no Sertão paraibano, distante 411 quilômetros da cidade de João Pessoa, sendo filho de Alexandre José dos Santos e de Luíza Maria do Espírito Santo.
Os seus avós paternos se chamavam José Castriciano de Melo e de Rosa Leopoldina da Conceição, já os maternos ainda nos são desconhecidos.
Na época em que veio ao mundo residia com os seus pais em uma localidade denominada de “Sítio Poço do Canto”, próximo de um povoado que era denominado de “Brejo dos Cavalos”, que algum tempo depois, ao receber a sua emancipação política, mudou o seu topônimo para “Brejo dos Santos”.
“O Distrito foi criado com a denominação de Brejo dos Santos, pela lei estadual nº 2.641, de 20 de dezembro de 1961, subordinado ao Município de Catolé do Rocha. Foi elevado à categoria de Município com a denominação de Brejo dos Santos pela lei estadual nº 3.320, de 3 de junho de 1965, desmembrado de Catolé do Rocha, com sede no atual Distrito de Brejo dos Santos. O Município foi instalado em 27 de dezembro de 1966.” (A História do Município de Brejo dos Santos. Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=250290&search=paraiba|brejo-dos-santos|infograficos:-historico. Acesso no dia 29 de outubro de 2017)
No dia 15 de janeiro de 1918, segundo informações existentes no livro de registros do Cartório Civil de Catolé do Rocha, tombo nº 80, folha 56v, contraiu matrimônio com Francisca Delfina do Amor Divino, que nasceu no dia 12 de maio de 1900, sendo filha de José Antônio da Silva com de Delfina Maria da Conceição.
Desse matrimônio foram gerados cinco filhos, três homens e duas mulheres, sendo eles: João dos Santos, Isaura Francisca da Conceição, Benedito dos Santos, Cícera dos Santos e Francisco José da Silva.
Algum tempo depois, no dia 13 de fevereiro de 1927, juntamente com os seus filhos, foi surpreendido pelo inesperado falecimento de sua esposa.
Mais tarde, no dia 30 de agosto de 1929, segundo informações existentes no Cartório José Olímpio Maia de Vasconcelos Neto, da cidade de Catolé do Rocha, contraiu novas núpcias, dessa vez com Joana Carolina dos Santos, que nasceu no dia 24 de abril de 1909, sendo filha de Januário Avelino de Sousa com Maria Carolina de Sousa.
Desse novo relacionamento conjugal nasceram cinco filhos, três homens e duas mulheres, sendo eles: Dinalva dos Santos, Dorgival dos Santos, Dorgiel dos Santos, Dalvaci dos Santos e Dirceu José dos Santos.
Antes de seu casamento, nas proximidades de sua residência, regularmente aconteciam encontros religiosos que eram promovidos por alguns de seus vizinhos, entre eles parentes, e contavam com a presença do Rev. Harry Gerald Briault, um missionário inglês que era pastor da Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande.
Esses vizinhos, que há pouco tempo tinham conhecido às ideias reformadas, nutriam o forte desejo de possuir um templo e costumavam compartilhar de sua fé, não demorando muito para o convidarem a participar dessas reuniões. Nessas reuniões, depois de compreender a mensagem do Evangelho, juntamente com outros parentes, recebeu o sacramento do batismo pelas mãos do Rev. Briault:
“A perseguição aos protestantes de Brejo dos Cavalos, atual Brejo dos Santos, não se limitou à derrubada dos templos evangélicos, mas também às ameaças de morte e espancamentos que deixaram sequelas e, por conseguinte, até a morte. Todas as ações eram comandadas por um sacerdote católico chamado Padre Otaviano. Dentre as ações temerárias, só para deixar patente o nível rasteiro da perseguição imposta aos protestantes, o referido sacerdote chegou a disseminar entre toda a população que o batismo dos crentes se dava da seguinte forma: ‘o indivíduo ficava de ponta-cabeça, berrando igual a um bode, com uma vela preta na mão e um punhado de sal grosso no ânus’. Por este motivo o pastor protestante da época realizou, no final do ano de 1926, vários batismos no pátio externo da congregação, com o fito único de desmistificar o ardil montado pelo padre.” (CARNEIRO FILHO, 2008: p. 1)
Pouco tempo depois, desejando encontrar um local com melhores condições para viver, decidiu migrar para o Estado do Ceará com o seu pai e o seu cunhado, Manoel Antero da Silva, de onde algumas vezes recebeu correspondência do irmão de sua primeira esposa, Martins José da Silva, que havia adquirido uma propriedade em Pitombeira, na zona rural do Município de Boa Viagem.
Chegando a esse Município, habitou durante algum tempo em uma localidade denominada de “Marmilona“, nas proximidades da vila de Domingos da Costa, constituindo-se no primeiro grupo de protestantes a chegarem a Boa Viagem:
“Os cristãos de confissão protestante que se instalaram na localidade de Belmonte, nas proximidades do Cemitério das Lembranças… no Estado do Ceará. Foram eles os pioneiros entre os pioneiros. E, mesmo tendo chegado primeiro, foram os últimos a se estabelecer definitivamente.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 206)
Mais tarde, depois de instalados e perfeitamente adaptados ao novo ambiente, conforme o testemunho de alguns de seus contemporâneos, começaram a compartilhar de sua fé entre os seus vizinhos, ocasionalmente reunindo um pequeno número de pessoas em sua casa.
“Meu avô era incrédulo e se converteu ao Cristianismo nos idos de 1920… ele saiu de Riacho dos Cavalos e veio para o Ceará juntamente com outros fundaram uma uma congregação em Lembranças, hoje estabelecida em Várzea da Tapera. Naquela época o evangelho era pouco aceito no Ceará. Eles se congregavam sempre aos domingos e moravam distantes da congregação, iam sempre a pé ou a cavalo, mas nunca desistiam de pregar o evangelho de Jesus Cristo.” (SANTOS, 2015: p. 1)
Nesse mesmo período, nos primeiros anos da década de 1930, quando receberam a visita do Rev. Briault, decidiram fazer um culto público em uma das praças da cidade de Boa Viagem, fato que por pouco não gerou uma tragédia:
“Revelou que anos antes… quando se dirigia à cidade de Sobral, visitara um grupo de protestantes que se estabeleceu em nosso Município, na localidade de Marmilona… e tentou evangelizar n zona urbana juntamente com José Santos Filho e Manoel Antero da Silva… o culto foi celebrado em frente à Farmácia Cruz Vermelha… Disse ainda que a experiência, só não foi mais desagradável, pelo fato de terem sido protegidos pelo farmacêutico da cidade, Antenor Gomes de Barros Leal”. (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 184)
Depois desse fato, temendo por suas vidas, passaram a ter mais cuidado na exposição de sua fé, até que, por conta dos terríveis efeitos da seca de 1932, esse grupo decidiu se desfazer da pequena propriedade, vendendo-a para Francisco Deoclécio Ramalho, e em seguida encontrar um novo local para habitar.
Nessa oportunidade o seu pai e o seu cunhado foram para o Estado do Pará, onde passaram uma curta temporada no Município de Capanema, enquanto ele resolveu retornar para o Estado da Paraíba, onde passou pouquíssimo tempo residindo na localidade de Tabuleiro Comprido, próximo da cidade de Sousa.
Alguns anos depois, passada à feroz estiagem, decidiu retornar para o Estado do Ceará e por correspondência descobriu a intenção de seus parentes em regressar da decepcionante estadia nas terras paraenses:
“Por volta de 1935, chegando do Estado do Pará, e por questões de parentesco, a família de Manoel Antero da Silva se instalou por um período nas terras de Martins José da Silva. Nesse tempo José Santos Filho, seu cunhado, residia na Fazenda Pitombeira.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 191)
Novamente juntos, por volta de 1937, decidiram mais uma vez regressar ao Estado da Paraíba, passando uma boa temporada no Sítio Brejinho, localizado no Município de Catolé do Rocha, até que, nos primeiros meses de 1942, retornou mais uma vez para o Estado do Ceará.
Residindo novamente no Município de Boa Viagem, conseguiu adquirir uma propriedade em uma localidade denominada de Pedra Branca, nas proximidades da vila de Ibuaçu, onde habitavam alguns conhecidos que mantinham um trabalho religioso, que depois passou a funcionar em sua residência:
“Nas proximidades dessa propriedade, já havia um trabalho protestante na residência de Sebastião Alves da Silva… e costumeiramente recebia a visita dos missionários da UESA… Em 1944, com o retorno e a mudança dos membros da Família Alves da localidade de Pedra Branca, os trabalhos religiosos foram transferidos para residência do casal José Santos Filho e Joana Carolina dos Santos.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 212-213)
Nos últimos meses de 1947, mais uma vez decidiu se desfazer de uma propriedade no Município de Boa Viagem e retornar para o Estado da Paraíba, onde passou uma curta temporada até que, pouco tempo depois, retornou para o Estado do Ceará, passando a morar na localidade de Lembranças, onde deu assistência aos trabalhos desenvolvidos pela Igreja Evangélica Congregacional de Várzea da Tapera, que na época era pertencente à Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira, sendo consagrado diácono pelo Rev. Antônio Francisco Neto depois de uma assembleia de membros que ocorreu no dia 11 de março de 1953.
Algum tempo depois, no dia 1º de julho de 1956, segundo informações existentes no livro de atas da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem, foi reconhecido em seu ofício de diácono quando essa igreja passou a pertencer aos seus campos:
“O pastor da igreja apresentou o pedido de filiação da Congregação de Lembranças. Considerado o assunto, resolveu-se aceitar, com alegria, a Congregação já mencionada, e reconhecer o mandato diaconal do Diácono José Santos Filho.”
Mais tarde, faleceu na cidade de Brasília, Distrito Federal, aos 88 anos de idade, no dia 25 de outubro de 1984.
BIBLIOGRAFIA:
- CARNEIRO, Osmar de Lima. Fotografando o Amor. História de uma igreja perseguida. João Pessoa: JRC, 2006.
- CARNEIRO FILHO, David Vieira. A Perseguição aos Protestantes em Catolé do Rocha. Boa Viagem: Sem Editora, 2008.
- FRAGOSO VIEIRA, Ezequiel. A História da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem. Boa Viagem: Sem Editora, 1997.
- IBGE. A História do Município de Brejo dos Santos. Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=250290&search=paraiba|brejo-dos-santos|infograficos:-historico. Acesso no dia 29 de outubro de 2017.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SANTANA FILHO, Manoel Bernardino de. Viagem ao Nordeste. O CRISTÃO. Rio de Janeiro, 1996. p. 12.
- SANTOS, Edinaldo Alves dos. Autobiografia. Texto não publicado, 2015.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão. A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Fortaleza: PREMIUS, 2015.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Casa Pastoral da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/casa-pastoral-da-igreja-evangelica-congregacional-de-boa-viagem/. Acesso em 10 de junho de 2016.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Benjamim Alves da Silva, através da lei nº 558, de 22 de maio de 1992, uma das ruas do Bairro Osmar Carneiro, na cidade de Boa Viagem, recebeu a sua nomenclatura.
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