João Xavier Guerreiro nasceu no dia 15 de setembro de 1901 no Município de Boa Viagem, que está localizado no Sertão de Canindé, no Estado do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, sendo filho de Francisco Xavier Guerreiro e de Maria de Jesus Guerreiro.
Os seus avós paternos se chamavam João Xavier Guerreiro e Maria do Carmo da Conceição, já os maternos eram Gonçalo Alves Uchôa e Maria dos Prazeres de Jesus.
Em sua adolescência, desde muito cedo, desenvolveu uma destacada habilidade com cálculos matemáticos, tendo provavelmente estudado com a Profª Josepha Forte na escola já existente na vila de Boa Viagem.
Já nesse tempo, diante da sociedade, sendo um garoto de origem humilde, aos poucos conseguiu construir um bom conceito diante de todos, sendo reconhecido mais tarde como um homem trabalhador, bom e honesto.
Mais tarde, no dia 31 de dezembro de 1934, aos 33 anos de idade, segundo informações existentes no livro B-08, pertencente à secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombo nº 83, folha 93v, diante do Mons. Francisco José de Oliveira, contraiu matrimônio com Iraydes Oliveira Guerreiro, que nasceu no dia 30 de dezembro de 1907, sendo filha de José Sales de Oliveira e de Maria Ortulina de Oliveira.
Pouco tempo depois, no dia 23 de fevereiro de 1937, conforme informações existentes no livro B-06, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 226, folha 75, confirmou os seus votos em uma cerimônia de matrimônio civil.
Desse matrimônio foram gerados quatro filhos, dois homens e duas mulheres, sendo eles: João Bosco Guerreiro, Rita Cássia Guerreiro, José Maria Guerreiro e Maria Zélia Guerreiro.
No dia 18 de janeiro de 1939, contando com o apoio do Mons. José Gaspar de Oliveira, juntamente com outros músicos da cidade, participou da fundação da 2º composição da banda filarmônica da cidade, sendo esta pertencente à Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem.
“Participaram dessa banda, dentre outros, os abnegados músicos: Raimundo Avelino Pinheiro, Francisco Ribeiro da Silva (Chico Doth), Sebastião Ribeiro da Silva, Franciné Ribeiro da Silva, Antônio dos Santos, João Xavier Guerreiro, Antônio Lopes de Freitas, Narsales de Oliveira, Antônio Bezerra do Vale, Luiz Ribeiro da Silva, José dos Santos (Galêgo), Raimundo Rosa, Jaime Oliveira e Silva, mais tarde Dr. Jaime Ribeiro e Hermenegildo Oliveira.” (NASCIMENTO, 2002: p. 166)
Nesse período, juntamente com outras pessoas da comunidade, recebeu instrução musical do Tenente José Martiniano Monteiro, chegando a façanha de dominar diversos instrumentos de sopro e na ausência do maestro, assumia também a função de regente e regularmente, com os seus companheiros, animava as festas que aconteciam nas fazendas da zona rural e em outros Municípios, onde costumavam receber as “prendas” como pagamento pela execução de seus serviços.
“Em 1940, com a ajuda imprescindível do Reverendo Vigário Padre José Gaspar de Oliveira, organizamos uma Banda de Música que teve como professor o Tenente Naninho, oficial reformado da Polícia Militar do Ceará, que, sem medir esforços, conseguiu, dentro de escasso tempo, bons instrumentistas, ensinando-os desde as primeiras notas musicais. Muitas vezes foi solicitada para cidades vizinhas, inclusive o coro da igreja, que era um conjunto de moças e rapazes, regido pelo mágico pistão do nosso estimado Maestro Naninho, de saudosa e respeitável memória, que teve sempre ao seu lado o querido clarinetista Mestre Raimundo Avelino Pinheiro.” (BARROS LEAL, 1996: p. 143-144)
Alguns anos depois, no dia 11 de agosto de 1946, sem assistência médica, segundo informações existentes no livro C-06, tombo nº 60, folha 58, pertencente a secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, foi surpreendido pela notícia do falecimento de sua esposa, que um dia antes, por ter se alimentado com um beiju, faleceu aos 38 anos de idade, provavelmente de volvo.
“Ao conseguir a sua autonomia política, ocorrida no dia 21 de novembro de 1864, quem enfrentava algum problema de saúde no Município de Boa Viagem, e tinha condições financeiras para isso, era obrigado a procurar locais mais desenvolvidos em busca de atendimento médico. Quem não possuía recursos suficientes para procurar assistência médica morria a míngua, não havia quem o socorresse, e quando escapava era uma verdadeira obra de milagre. Nesse período a vila de Boa Viagem não tinha nenhum tipo de urbanização e as pouquíssimas casas existentes, muitas delas de taipa ou palha, não possuíam banheiro e o esgoto corria ao céu aberto, deixando um odor fétido e perigoso, que ocasionava muitas doenças… Segundo o testemunho dos mais antigos, não foram poucos os casos de óbito que ocorreram nos muitos caminhos em direção à cidade de Quixeramobim, o local em nossas redondezas que possuía os melhores recursos… durante muitos anos, os únicos profissionais de saúde existentes em nossa região foram às parteiras, mulheres que normalmente recebiam esse aprendizado de forma hereditária, ou seja, a filha de uma parteira acompanhava a sua mãe no atendimento às mulheres em trabalho de parto auxiliando-a de acordo com as necessidades do momento, possibilitando, assim, após algum tempo de prática, o aprendizado para continuidade do ofício.” (SILVA JÚNIOR, 2016: A História da Saúde no Município de Boa Viagem. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/saude/. Acesso em 11 de novembro de 2019)
Por volta de 1948, a pedido de Dom José Terceiro de Sousa, bispo de Caetité, seu amigo de infância, por conta de sua experiência em olarias, passou uma curta temporada no Estado da Bahia coordenando a fabricação de tijolos para construção de alguns dos equipamentos daquela diocese.
Algum tempo depois desse fato, no dia 10 de dezembro de 1952, segundo informações existentes no livro B-14, pertencente ao Cartório Geraldina, tombo nº 2.118, folha 105v, contraiu matrimônio com uma prima de sua primeira esposa, Odélia de Oliveira Guerreiro, que nasceu no dia 18 de janeiro de 1923, sendo filha de João Emídio de Oliveira e de Júlia Altina da Conceição.
Desse matrimônio foram gerados cinco filhos, duas mulheres e três homens, sendo eles: Maria de Jesus Oliveira Guerreiro, Silva Elena Oliveira Guerreiro, Luís Oliveira Guerreiro, Francisco Oliveira Guerreiro e José Iran Oliveira Guerreiro.
Nessa época, nos primeiros anos da década de 1960, no intuito de cuidar do patrimônio herdado por sua esposa, estabeleceu a sua residência da localidade denominada de Almas, onde era um pequeno agropecuarista.
Mais tarde, no intuito de seus filhos estudarem, mantinha uma casa na Praça Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima, nº 75, no Bairro Centro da cidade de Boa Viagem, local para onde se mudou definitivamente nos últimos meses de 1973.
Nos últimos anos de sua vida, depois de realizar uma delicada cirurgia, não conseguiu reverter o problema da cegueira ao qual foi acometido.
Mais tarde, segundo informações existentes no livro C-04, pertencente ao Cartório Geraldina, tombo nº 2.114, folha 161v, veio a óbito no dia 18 de fevereiro de 1990, prestes a completa 90 anos de idade.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi sepultado por seus familiares no mausoléu da família que existe no Cemitério Parque da Saudade, que está localizado na Rua Joaquim Rabêlo e Silva, nº 295, no Bairro Centro da cidade de Boa Viagem.
BIBLIOGRAFIA:
- BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Coletânea – Temas Diversos. Fortaleza: Casa José de Alencar, 1996.
- BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Recordações de um Boticário. 2ª edição. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1996.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. A História da Saúde no Município de Boa Viagem. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/saude/. Acesso em 11 de novembro de 2019.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. A História da Instrução Pública no Município de Boa Viagem: A sua Formação Social e Pedagógica entre 1864 e 1931. 205 p. Dissertação (Mestrado em Educação). Flórida Christian University/UNIFUTURO, João Pessoa, 2019.
HOMENAGEM PÓSTUMA:
- Em sua memória, na gestão do Prefeito Antônio Argeu Nunes Vieira, por meio da lei nº 594, do dia 22 de agosto de 1994, a Banda Filarmônica do Município de Boa Viagem recebeu a sua nomenclatura.
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