João Fragoso Vieira nasceu no dia 25 de fevereiro de 1928 no Município de Pombal, que está localizado no Sertão paraibano, distante 371 quilômetros da cidade de João Pessoa, sendo filho de Pompeu Fragoso Vieira e de Maura Antônia do Nascimento.
Os seus avós paternos se chamavam Manoel Maria de Jesus e Antônia Vieira de Freitas, já os maternos eram José Vieira de Freitas e Antônia Egibia do Nascimento.
Algum tempo depois do seu nascimento os seus ancestrais, que eram pequenos agropecuaristas de confissão católica, tiveram contato com alguns missionários da UESA – a União Evangélica da América do Sul, e isso mudou muitos aspectos de suas vidas:
“A UESA nasceu durante uma das célebres convenções de Keswick, na Inglaterra, onde os líderes das igrejas protestantes daquele país não se conformaram com a decisão tomada na Conferência Mundial de Missões Estrangeiras realizada em 1910, em Edimburgo, determinando excluir a América Latina da esfera missionária sob a alegação de que a região já vinha sendo cristianizada pela Igreja Católica Apostólica Romana, igreja de credo cristão.” (S.N.T)
Depois desse fato, a sua família serviu como base para formação da Igreja Evangélica Congregacional de Jacu, na localidade onde residiam, recebendo ali a seu lastro de formação cristã.
Nessa época, nos primeiros anos da década de 1940, por conta da necessidade em possuir uma maior área para plantio e para pastagem dos seus rebanhos, os seus avós paternos decidiram comprar terras no Estado do Ceará, especificamente no Município de Boa Viagem, para onde migraram.
“O protestantismo que inicialmente fincou raízes no solo do Município de Boa Viagem teve início sob o forte impacto de duas vertentes, que ao longo do tempo teve os seus desdobramentos. A primeira, denominada de pacífica, foi movida pelo deslocamento de agricultores do Sítio Jacu, no Município de Pombal, no Estado da Paraíba, para o Estado do Ceará.” (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 169-170)
Ao se estabelecerem no Município de Boa Viagem, na localidade de Cachoeira dos Fragosos, nos últimos meses de 1941, fundaram o primeiro trabalho de confissão protestante do Município, que recebeu o nome de Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira.
Pouco tempo depois, nos últimos meses de 1946, resolveu se estabelecer comercialmente na cidade de Boa Viagem, onde inicialmente instalou uma pequena sapataria e alguns anos depois uma loja de tecidos, que recebeu o nome comercial de “Casa Pompeia”.
“Em 1946, João Fragoso Vieira, um rapaz que era membro da Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira, vem para cidade e, sozinho, começa a fazer o trabalho de evangelização pessoal, enfrentando zombarias e ameaças.” (FRAGOSO VIEIRA, 1997: p. 3-4)
Nessa época, em momentos que tinha oportunidade, compartilhava dos conhecimentos de sua fé com os seus clientes e durante algum tempo, especialmente aos finais de semana, servia de guia para o Rev. Paulo Moody Davidson, que costumava visitar às congregações e os pontos de pregação existentes pela zona rural do Município.
Em uma dessas visitas, ouvindo sempre o mesmo sermão, questionou ao velho missionário desejando ouvir “algo diferente” para o seu aprendizado, de forma carinhosa o pastor lhe respondeu, “o sermão é o mesmo, mas o público é diferente!”
Segundo informações existentes no livro B-13, pertencente ao Cartório Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 1.874, folha 122, contraiu núpcias no dia 17 de novembro de 1950 com Nair Gomes Vieira, que era nascida no dia 29 de junho de 1935, sendo filha de Pedro Gomes de Oliveira e de Isabel Isaurina do Amor Divino.
Desse matrimônio foram gerados sete filhos, seis homens e uma mulher, sendo eles: João Fragoso Vieira Filho, Sandy Fragoso Vieira, Sidônio Fragoso Vieira, Sineidia Fragoso Vieira, Sinésio Fragoso Vieira, Sivanildo Fragoso Vieira e Sirônio Fragoso Vieira.
Depois disso, no dia 24 de junho de 1956, por ser considerado como uma das pilastras para fundação e manutenção da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem, foi eleito por sua assembleia ao exercício do diaconato e em seguida consagrado pelo Rev. Antônio Francisco Neto.
Segundo informações existentes em uma assembleia ocorrida no dia 6 de junho de 1958, juntamente com outros comerciantes, foi afastado da comunhão por insistir em abrir o seu estabelecimento comercial aos domingos, contrariando o artigo 37 do Regimento Interno da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem.
“Não tendo, porém, a assembleia se pronunciado sobre a matéria em foco, o sr. presidente sugeriu que se reformasse o Regimento Interno da igreja, revogando-se o parágrafo 5º do artigo 37 do mesmo, a fim de que a igreja não fosse constrangida a disciplinar tantos e tão úteis membros”.
Pouco tempo depois dessa polêmica, graças a um projeto de lei encaminhado à Câmara Municipal pelo Vereador Joaquim Vieira da Silva, foi sugerido o fechamento do comércio aos domingos, algo que não foi aprovado no primeiro momento, mas que retornou à pauta da legislatura que se seguiu e foi aprovado sem suscitar muitas divergências.
No pleito eleitoral ocorrido no dia 7 de outubro de 1962, desejando entrar na vida pública por meio de uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, estando filiado nos quadros políticos do PSD – o Partido Social Democrático, conseguiu ser eleito ao exercício de seu primeiro mandato.
Depois disso, no exercício de seu primeiro mandato, em uma sessão ocorrida no dia 17 de maio de 1963, que está escrita nas páginas 4 e 5 do livro destinado ao registro das atas da Câmara de Vereadores, representou o bloco de parlamentares que foi contra um projeto de lei apresentado pelo Vereador Eduardo Patrício de Almeida, que extinguia o subsídio dos vereadores, matéria que foi aprovada por maioria, sendo contestada por três vereadores:
“Logo em seguida, aquele edil apresentou à mesa diretora um projeto de lei, o qual tomou o nº 2, extinguindo o subsídio dos vereadores… Aos 24 dias do mês de maio… Pedindo a palavra, o Vereador João Fragoso Vieira contestou veementemente o parecer da comissão… e insistiu que o mesmo tivesse vista… Apartado pelo Vereador Eduardo Patrício, que insistiu em seu ponto de vista… o sr. presidente chamou atenção dos vereadores que encerrassem a discussão, no que foi atendido… Depois que a matéria foi aprova por 4 a 3, em primeira discussão, o Vereador João Fragoso Vieira retirou-se.”
No dia 26 de junho de 1965, na gestão do Prefeito José Vieira Filho, votou em favor da reimplantação do pagamento do subsídio dos vereadores, pouco tempo depois, no dia 28 de outubro, deu parecer contrário à consulta realizada pela Assembleia Legislativa do Estado sobre o interesse do Município de Boa Viagem entregar o Distrito de Jacampari ao Município de Monsenhor Tabosa.
Nessa legislatura, que foi bastante tumultuada pelo número de prefeitos, prestou apoio aos projetos que vieram do Poder Executivo, foram eles: a implantação do Posto de Saúde Dr. Pontes Neto; a implantação do sistema de telefonia que interligou à cidade de Boa Viagem às vilas de Guia e Ibuaçu; a implantação da Escola de Ensino Fundamental Osmar de Oliveira Fontes, que na época recebeu o nome do Presidente John Fitzgerald Kennedy; a implantação do projeto de organização da nomenclatura das ruas e da numeração das casas da cidade; a implantação de um matadouro público, que foi construído no Bairro Alto do Motor; a construção da Escola de Ensino Médio Dom Terceiro; a instalação do sistema d’água na cidade de Boa Viagem; a construção do Obelisco em comemoração do 1º centenário do Município de Boa Viagem; a reforma administrativa da Prefeitura de Boa Viagem; a instalação de energia elétrica na vila de Guia; a abertura e a manutenção de rodovias municipais e a construção do Açude Monsenhor José Cândido de Queiroz Lima.
Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 15 de outubro de 1966, dessa vez compondo à bancada da ARENA 2 – a Aliança Renovadora Nacional, conseguiu ser reeleito depois de receber 585 votos, a segunda maior votação de sua coligação.
Pouco tempo depois, em uma sessão ocorrida no dia 24 de março de 1967, foi eleito por seus pares para presidir à mesa diretora da Câmara Municipal para o período legislativo de 1967.
Nessa legislatura, dando apoio aos projetos vindos do gabinete do prefeito, aprovou dotação orçamentaria para implantação de um tiro de guerra no Município de Boa Viagem; aprovou a aquisição de uma propriedade e a posterior construção do Hospital e Casa de Saúde Adília Maria de Lima; aprovou a doação da propriedade em que foi construída a Agência do Banco do Estado do Ceará e aprovou a implantação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto na cidade de Boa Viagem.
Depois disso, resolvendo sair da vida pública para se dedicar aos seus negócios, apoiou ao seu irmão, Misrain Fragoso Vieira, que foi eleito com uma expressiva votação a uma das cadeiras do Poder Legislativo:
“Algum tempo depois, no dia 15 de novembro de 1976, compondo os quadros políticos da ARENA, a Aliança Renovadora Nacional, legenda nº 2.112, ingressou na vida pública pleiteando uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, quando foi eleito ao receber à confiança de 1.435 eleitores, sendo o vereador com a segunda maior votação desse pleito.” (SILVA JÚNIOR, 2016: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/misrain-fragoso-vieira/. Acesso no dia 30 de novembro de 2016)
Alguns anos depois, mesmo estando fora da vida pública durante muito tempo, foi a vez de prestar o seu valioso apoio ao seu filho, Sidônio Fragoso Vieira, que também foi conduzido ao Poder Legislativo em duas oportunidades:
“No pleito eleitoral ocorrido no dia 15 de novembro de 1988, desejando entrar na vida pública por meio de uma das cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores, estando filiado nos quadros políticos do PMDB – o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, com a legenda nº 15.605, conseguiu ser eleito ao seu primeiro mandato depois de receber à confiança de 455 eleitores, estando entre os oito vereadores de maior votação dessa eleição… Na eleição municipal seguinte, que ocorreu no dia 3 de outubro de 1992, compondo a bancada do PDT – o Partido Democrático Trabalhista, dessa vez com a legenda nº 12.612, conseguiu ser reeleito depois de receber 471 votos, ficando entre os quatorze vereadores de maior preferência dos eleitores.” (SILVA JÚNIOR, 2016: Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/sidonio-fragoso-vieira/. Acesso no dia 30 de novembro de 2016)
Mais tarde, em outras eleições, apoiou o ousado projeto de outro de seus filhos, Sandy Fragoso Vieira, que desejava seguir o mesmo caminho de seu pai e de seu irmão, colocando nessa ocasião o seu nome para escolha popular buscando espaço na Assembleia Legislativa do Estado, como também na Câmara Municipal de Fortaleza, não obtendo êxito em nenhum de seus propósitos.
Antes disso, nos últimos anos da década de 1990, insatisfeito com a nova liderança da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem, juntamente com a sua família, apoiou o grupo que iniciou os trabalhos da Igreja Evangélica Boa-viagense, passando a congregar nela.
Algum tempo depois, passando por problemas cardíacos, passou por duas delicadas cirurgias de ponte de safena.
Na manhã do dia 19 de fevereiro de 2017, animado pelas primeiras chuvas da quadra invernosa, juntamente com a sua esposa e um amigo, resolveu observar a carga d’água tomada por uma de suas represas na “Fazenda Facão”, ao retornar para cidade, quando entrava na Rodovia Federal Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, a BR-020, não atentou para vinda de um ônibus, conforme matéria publicada na página on-line do Jornal o Povo:
“Mais um acidente foi registrado na manhã deste domingo, desta vez na altura do km 187 da BR-020, na localidade de Facão, na zona rural de Boa Viagem. O comerciante conhecido por João Fragoso Vieira, de 88 anos, ao lado de sua esposa, Dona Nair Fragoso, e um amigo da família, Rosálio Marinho, seguiam em uma caminhoneta modelo Hillux, com direção a uma fazenda naquela localidade e pararam o veículo em um acostamento, ao tentar atravessar a via para o seu destino, acabaram sendo surpreendidos por um ônibus da banda ‘Gaviões do Forró’, que acabou colidindo na caminhoneta… O forte impacto arrastou o veiculo por cerca de 10 metros que ficou danificada bem como a frente do ônibus, apesar do ocorrido, a acompanhante do motorista da caminhoneta – Dona Nair, acabou tendo uma das costelas fraturadas segundo boletim médico, já o acompanhante, Rosálio Marinho saiu ileso. Seu João Fragoso foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, para o hospital municipal de Boa Viagem com suspeita de fratura em uma das pernas e pequenas escoriações, porém, não corre risco e foi transferido para um hospital particular na capital cearense.”
Na madrugada do dia 25 de fevereiro de 2017, depois de alguns dias em coma por conta de uma delicada cirurgia no baço, a sua esposa veio a óbito, sendo velada por seus amigos e familiares no templo da Igreja Evangélica Boa-viagense, sendo em seguida sepultada no Cemitério Parque da Saudade.
BIBLIOGRAFIA:
- FRAGOSO VIEIRA, Ezequiel. A História da Igreja Evangélica Congregacional de Boa Viagem. Boa Viagem: Sem Editora, 1997.
- NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
- PINTO, Cleumio. Final de semana de inúmeros acidentes. Disponível em https://www.portaldenoticiace.com.br/2017/02/final-de-semana-de-inumeros-acidentes.html?m=0. Acesso no dia 20 de fevereiro de 2017.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Misrain Fragoso Vieira. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/misrain-fragoso-vieira/. Acesso no dia 30 de novembro de 2016.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Sidônio Fragoso Vieira. Disponível em https://www.historiadeboaviagem.com.br/sidonio-fragoso-vieira/. Acesso no dia 30 de novembro de 2016.
- SILVA JÚNIOR, Eliel Rafael da. Andarilhos do Sertão: A Chegada e a Instalação do Protestantismo em Boa Viagem. Boa Viagem, CE: Premius, 2015.
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